O Diário de Alexandre Magnus escrita por Viscond3


Capítulo 2
Capítulo 1 - Ethos


Notas iniciais do capítulo

Este fragmento é uma memória do passado de Alexandre,



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– O que tomas por mais importante quando vais conquistar um território, Alexandre? – Indagou Aristóteles ao jovem discípulo anos atrás. O velho jazia cansado ante uma enorme cadeira de madeira persa, talhada com inúmeras escrituras em alto relevo; os olhos verdes e desbotados do mestre pendiam ante seu rosto cansado, mas emitiam uma aura sábia que poderia ser reconhecida por qualquer pessoa no mundo.

– Não sei, Mestre – respondeu o jovem Alexandre, ajeitando seus cabelos por detrás da orelha. O Mestre o encarou por longos segundos. O mancebo estava no auge de seus treze anos e acabara de iniciar seus estudos práticos e filosóficos a mando de seu pai, Filipe II.

– És loiro, não? – O mestre cravou seus olhos aos de Alexandre, impedindo que o aprendiz desviasse seu olhar.

– Sim... – respondeu inseguro. O mestre levou a ponta dos dedos a têmpora e pareceu entrar em um estado de pura reflexão.

– Se encontrar alguém que não és loiro como você, o que vais fazer?

– Mas por que a cor do cabelo iria importar? – As palavras escapuliram vacilantes pelos lábios do aprendiz, que corou logo em seguida.

Ethos – explicou o mestre, afagando os cabelos do príncipe. Alexandre não conseguira encontrar a linha de raciocínio de seu mestre e se vilipendiava por isso. Ele pensara não ser sábio o suficiente. – Não se culpe agora, pois não tens a obrigação de saber. Culpe-se após saber o correto, e falhar. Durante suas aventuras irá encontrar pessoas muito diferente das pessoas que estás acostumado a ver e se quiser ser sábio, terá que aprender com as verdades diferentes da sua. E se quiser ser amado por eles, terá que deixar que sejam como são. Isto é Ethos.

Os olhos azuis do garoto brilharam maravilhados quando as premissas de seu mestre se alinharam numa linha tênue de pensamento e sentido.

– Na moeda, não irá aumentar impostos. Na política, não irá questionar as leis básicas. Na cultura, não irá impor as práticas – finalizou o mestre.

– E devo sujeitar-me as práticas dos que eu conquistar? – Indagou Alexandre, imaginando-se inerte nas práticas culturais de povos estranhos e desconhecidos.

– Quando tu os conquistar, eis que serão seu povo e tu o rei deles. Que rei não participa dos cultos de seu povo?

– Obrigado, meu mestre – Alexandre fez uma reverência formal. Aristóteles o olhou com reprovação.

– Aqui, somos iguais – explicou o sábio, trazendo o garoto para próximo de si e dando-lhe um abraço fraternal.

As lembranças dos encontros com seu mestre eram as mais recentes em sua memória. Alexandre aprendera a refletir sobre cada gesto, ensinamento ou atitude de Aristóteles, pois sabia que aquele homem era um sábio.

– O que vais fazer quando desembarcar na Ásia, Alexandre? - Indagou o mestre, ainda mais velho do que no passado, com os mesmos olhos verdes desbotados e a mesma expressão sábia e cansada.

– Ethos, mestre. Ethos! - Comentou Alexandre, saudando o mestre com um caloroso abraço.


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