O único tom de cinza escrita por Kizimachi


Capítulo 1
One.


Notas iniciais do capítulo

Enjoy.



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P.O.V Nico di Angelo

– Bem, senhores, por hoje é só. Para a próxima aula, quero que venham sabendo um pouco sobre Max Weber, suas obras e teorias. Até mais. – Falou o professor de sociologia. Da turma de 30 pessoas, acho que somente 3 prestavam atenção na aula dele, e eu era um desses; sabia valorizar cada disciplina, mesmo querendo me formar em engenharia. A propósito, estava no último ano na Goode High School. A propósito (novamente), estamos na penúltima semana de aula, e como alguns professores já encerraram a matéria, meu próximo horário era vago, e resolvi ir pra sala de música.

Chegando lá, deixei minha bolsa em qualquer canto da sala, amarrei meu longo cabelo em um coque e peguei um dos violões disponíveis. Me sentei num canto de parede e comecei tocando músicas leves, como Paradise e Viva la Vida, do Coldplay, Roulette, do System of a Down e entrei em músicas mais agitadas, como Supermassive Black Hole, do Muse, e Holiday, do Green Day. Ao terminar o solo de Holiday, ouvi leves aplausos. Provavelmente, estava muito empolgado nas músicas e não vi a pessoa entrar.

– Temos o novo rei do rock. – Lá estava uma loira que eu nunca tinha visto nessa escola. Uma belíssima loira, por sinal, com uma aparência meio “geek”, ou alternativa. Enquanto eu estava com uma calça branca, tênis pretos e uma camisa de manga longa também preta, ela estava com Jeans envelhecidos, um par de sapatilhas brancas e uma blusa branca, com as letras “AM” pretas, provavelmente de Artic Monkeys, e óculos de grau Rayban. Desfiz meu coque e cruzei os braços sobre o violão, olhando-a curiosamente.

– Desculpe, te conheço? – Ela deu de ombros e expressou um leve sorriso.

– Pergunta retórica, não? Se você me conhecesse, saberia, não é? – Tá. 1 a 0 para ela. Continuei olhando-a com certa incredulidade, enquanto ela mantinha seu olhar (acho que) característico de desafio.

– Vamos tentar de novo. Você estuda aqui? – Ela então se sentou numa das cadeiras da sala, pegou um violão e começou a dedilhar qualquer coisa. Pelo visto, ela toca bem.

– Sim. – Respondeu enquanto continuava a tocar.

– ... Só isso?

– Sim, eu respondi sua pergunta, não? – Tá, 2 a 0 para ela.

– Você não está facilitando o diálogo, loira poser de Arctic Monkeys. – Acho que coloquei o dedo na ferida, pois ela parou de tocar e me encarou com um olhar capaz de sugar todas as almas do mundo. – Também faz cosplay do motoqueiro fantasma?

– Hahaha. Muito engraçado. – E voltou a tocar. Percebi que seus olhos tinham uma rara (e belíssima) coloraçao acinzentada. – Tá, estudo aqui faz pouco tempo, desde o início do ano, na verdade. Estou no Quarto ano B. E você?

– Estudo aqui há 10 anos. Tô no Quarto Ano C.

– Espera, o lendário Quarto ano C? Antigo Terceiro ano D? Que quase explodiu um dos laboratórios de informática? – Ela parou de tocar e repetiu minha postura, cruzando os braços sobre o violão. Sorri, me lembrando daquele fatídico 11 de Abril de 2014, em que 3 meninos da turma quase explodem o laboratório. No fim das contas, foram “apenas” 8 computadores.

– Esse mesmo. Pelo visto, te contaram algumas histórias da escola.

– Tá brincando? Essa aí é uma lenda. Quantos anos você tem? – Ela perguntou.

– 19. E você?

– 18, meu aniversário de 19 é amanhã. Quero um presente. – Sorri levemente.

– Vou pensar no seu caso. – Coloquei o violão que tinha pegado no seu lugar e peguei minha bolsa. – Tenho que ir, loira. A próxima aula já vai começar. Até mais.

– Até, rei do rock.

E o resto das aulas passaram num piscar de olhos, sendo que às vezes eu me pegava pensando ainda naqueles olhos acinzentados desafiadores. Ainda me lembrei que não dissemos nossos nomes. Por ora, me lembrarei dela apenas como “a Loira”.

E assim, o dia e a tarde também passaram voando, até às 11 e meia da noite, quando eu estava pondo uma calça jeans bem escura, uma camisa de gola V branca e um par de sapatênis branco. Estava pronto para a tradicional balada de sexta-feira da Red Moon Club, que começou há 30 minutos. Desci as escadas do primeiro andar, onde ficava meu quarto, e, pela baixa luminosidade da casa, provavelmente meus pais estavam dormindo. Já que beberia para caralho, resolvi não ir no meu carro. Não quero um acidente ou uma multa. Peguei a minha chave de casa e saí, fechando-a por fora.

Caminhei uns 200 metros até o ponto de táxi mais perto, que ficava num calçadão na beira do mar.

– Um táxi pra estação lunar, por favor. – Pedi, sorrindo.

– Desculpe, não entendi. – É, o taxista não entendeu a referência.

– Esquece. Me deixa lá na Red Moon Club, por favor.

– Então tá, né... entra aí. – E destravou a porta, ainda com uma cara de confusão.

Ao descer do táxi e pagar, a primeira coisa que fiz foi ir até a bilheteria e pegar uma fila de uns 5 minutos, sem stress. Ao entrar na boate, coloquei o celular no modo avião; não queria o incômodo de ex-namoradas ou apaixonadas por mim. E a noite tem início, exatamente às 00h08.

Como sempre, a música estava estrondante. Um DJ mixava freneticamente, enquanto as pessoas dançavam enlouquecidamente. Antes de começar a dançar, resolvi dar uma passadinha no bar.

– O que manda, chefe? Tequila? Campari? Algum drink básico? Um mais refinado? – O barman, bastante carismático, perguntou. Eu o conhecia muito: Leo Valdez. Estuda comigo, e trabalha aqui nas sextas e sábados.

– Por ora, duas doses de Tequila, Leo.

– É pra já, Nico. – Em questão de segundos, dois pequenos copos estavam na minha frente. Virei um em dois goles, e o outro, de uma vez. Fechei os olhos enquanto sentia uma leve e rápida tontura e meu corpo queimando.

– Valeu, cara. Por ora só isso.

– Have fun, man. – Ele falou e foi atender outros clientes.

Me virei e segui em direção à pista de dança. Fui passando entre as pessoas que estavam dançando ou chupando outras pessoas, até me fixar mais ou menos no meio da pista de dança. Depois de umas 6 músicas, sendo uma delas um mix de Supermassive Black Hole, sinto uma mão no meu ombro. Pelos meus cálculos, era a terceira só nesse tempo. Estava pronto para dar mais um fora, mas me surpreendi com quem era.

– Olá, Rei do Rock. – E lá estava a Loira, com uma saia rodada branca, uma blusa cropped de renda e manga longa bege e um salto combinando com a blusa. Estava sem os óculos, dando uma visão mais pura dos seus belos olhos. Acho que passei alguns minutos admirando-a, e quando fui me dar conta, ela estava estalando os dedos na frente dos meus olhos, ainda com o seu olhar desafiador. – Pode parar de babar, moreno.

– Bem... é... é. Tá, olá, loira. – Ela sorriu e revirou os olhos.

– Vem, vamos dançar. – E me puxou para mais perto dela. Obviamente, não protestei. Dançamos umas duas músicas individualmente, e tenho que admitir que sua sensualidade dançando era enorme.

– Não sabia que dançava assim tão... bem, loira. – Comentei.

– Pensava o quê? Que sou uma nerd, que passa o dia inteiro lendo ou jogando LoL? – Ela perguntou, muito próxima do meu ouvido, em seguida, mordeu meu lóbulo, fazendo-me arrepiar.

– Na verdade, sim – Respondi da mesma maneira, inclusive com a parte da mordida.

– É, sou meia nerd mesmo, mas também tenho vida social, moreno. – Ela replicou e me puxou para mais perto ainda, colando-me nela. Pousei a mão na curva entre suas costas e sua bunda. Tentei descer a mão, mas ela apertou a minha bunda com uma certa força. – Cuidado onde põe a mão.

– Mas você acabou de apertar minha...

– Apenas tome cuidado. – E esbanjou uma expressão debochada, enquanto eu gostava cada vez mais do seu jeito. – Você dança bem, então vamos dançar juntos.

– É pra já, senhora.

E dançamos umas 4 músicas juntos, e eu já não me continha mais perante a sua sensualidade.

– Estamos nos encontrando demais. - A Loira falou.

– É sério? - Perguntei retoricamente, fazendo-a revirar os olhos.

– Mas eu nunca esperaria te encontrar aqui, moreno - Ela prosseguiu. Dei de ombros.

– Eu nunca fui o rei do rock, loira. - Falei, fastando uma mecha dos seus cabelos para trás da sua orelha.

– Hm. A propósito, me chamo Annabeth Chase.

– A propósito, meus parabéns, Annie. Meu nome é Nicolas di Angelo.

– Gostei do nome, Nico. E obrigada. Já comprou o presente?

– Ainda não tive tempo de pensar nisso, Annie. Alguma dica?

– Na verdade, até tenho. – Então ela colou seus lábios no meu ouvido e sussurou – Apenas eu e você, meu rei do rock. Essa noite. – Não pude deixar de sorrir.

E então, colei nossos lábios.


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Notas finais do capítulo

Então, é minha primeira experiência com One-Shot e com Nicabeth. Dependendo da aceitação de vocês, posso continuar a Fic. Mas por ora, é só uma one-shot.