Bittersweet escrita por Ana Paula Puridade, Lua


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Então preparadas para mais um capítulo?
Este capítulo está cheio de fortes emoções, esperamos que vocês gostem de mais uma parte de nosso trabalho!



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NARRAÇÃO DA BONNIE

Ainda era noite e Matt tinha acabado de me deixar na faculdade. Eu estava andando pelo campus para chegar ao bloco onde ficavam os dormitórios e, por hábito, quase entrei no prédio onde ficava meu quarto antigo, o quarto que dividia com Elena. Caroline e eu decidimos mudar de quarto depois que Elena foi enfeitiçada. O antigo tinha muitas lembranças e nem Care, nem eu, conseguíamos evitar ficar tristes ao olhar para a cama que era de Elena e vê-la vazia. Caroline até tentou usar sua compulsão para conseguir um bom lugar, e conseguiu, mas o de agora não era tão grande como o antigo e não tinha uma lareira.

Dei meia volta e voltei pelo corredor, indo pelo caminho certo dessa vez, mas meus pés cessaram os passos imediatamente quando avistei uma cabeleira castanha perto do novo quarto. Apertei os olhos, tentando verificar se aquilo era mesmo real ou apenas uma miragem. A pessoa de pé, batendo em minha porta, era muito parecida com...

— Elena? — perguntei.

Ela virou pra mim e seus lábios se abriram num sorriso instantâneo.

— Bonnie! — ela disse meu nome com certo alivio, não sei direito, eu ainda estava sem reação. — Eu não sabia onde te encontrar. Fui até nosso dormitório, mas me disseram que você e a Care não estavam mais lá, me falaram que vocês estão aqui agora.

Eu sabia que ela estava falando, pois via sua boca se mexendo, mas a situação era inacreditável demais, impossível demais, e eu não conseguia prestar atenção, meus olhos estavam arregalados e minha respiração parada. Eu queria muito que aquilo fosse verdade, que ela estivesse mesmo ali, mas era impossível. Kai podia ser louco, porém não era burro. Se ele fez um feitiço inquebrável que dizia que Elena só acordaria quando eu morresse, não tinha como ela estar aqui se eu ainda estava viva. Tinha que ser um sonho.

— V-você... — gaguejei, erguendo a mão trêmula para tocar nela. — Você é real?

— Veja por si mesma. — ela respondeu, erguendo a mão para tocar na minha também.
Quando o toque aconteceu eu senti meus olhos lacrimejarem pelo simples fato de que não houve toque. Nenhuma sensação surgiu, meu tato continuou inerte, minha mão não ficou quente, nem fria, apenas atravessou a dela como fumaça.

— Isso é um sonho. Você não está aqui de verdade. — murmurei.

— Eu sei. — disse ela com pesar na voz. — Mas eu queria estar. Queria muito, Bon.

— Elena...

— Por favor, — ela me interrompeu com os olhos começando a ficar úmidos. — Por favor, me deixa te pedir o que eu vim te pedir, ou eu vou perder a coragem. Por favor.

Lentamente eu assenti com a cabeça, então ela começou.

— Você é minha melhor amiga, Bon, por isso eu tentei ser forte, eu tentei suportar tudo isso porque me importo com você, mas não aguento mais. — ela fechou os olhos para impedir as lágrimas que já estavam rolando pelo seu rosto. — Estar aqui é horrível. Eu estou presa nesse limbo estranho e é tão solitário, vazio, longe de todos que amo, longe de tudo o que eu poderia ter. É mais do que eu consigo suportar, Bonnie. Eu não quero mais isso.

— Elena, — murmurei para tentar consolá-la, mas não tinha palavras pra isso. Não tinha o que dizer. Só tinha um nó na minha garganta, a expressão quebrada em meus olhos e a culpa me corroendo.

— Eu quero minha vida de volta, Bon. Por favor, me deixa viver. — ela enxugou os olhos e voltou a me olhar. — Todos dizem que eu sou forte por causa das coisas que passei, mas nós duas sabemos que você é mais forte do que eu. Eu não suporto, mas você suportou. Você já passou por isso antes, Bon. Então, por favor, faz por mim o sacrifício que eu não consigo mais fazer por você. — de repente a voz dela ficou mais baixa e ela baixou o olhar. — Por que você irritou o Kai? Por que você não aceitou os pedidos de desculpa dele? Se tivesse aceitado, poderíamos ter mantido ele por perto e ficar de olho nele. Por que teve que se vingar o deixando preso? Não é justo, Bon. Não é justo que eu tenha que pagar por algo que você fez.

Eu finalmente deixei caírem as lágrimas que estavam lutando nos meus olhos. Alguma coisa estava afundando no meu peito, empurrando meus ombros, prendendo minha respiração. Devia ser a culpa. Sim, a culpa era toda minha. Eu fiz algo pensando só em mim mesma, pensando apenas na vontade de me vingar de Kai e agora minha melhor amiga é quem estava pagando o preço pelas minhas escolhas.

— Eu quero viver, Bonnie.

[...]

NARRAÇÃO DO DAMON

Por causa do vampirismo, tecnicamente, demoro um pouco mais do que o normal pra ficar bêbado, então eu passei a ter o costume de abusar do álcool mais do que o comum, apenas na esperança de chegar ao estado em que o topor da bebida se sobrepõe a todos os outros problemas que eu tenho. Funcionava quase sempre. Quase.

— Por que você está aqui? — perguntei, encarando dolorosamente a imagem de Elena que estava deitada ao meu lado na cama. — Eu bebo pra esquecer sua ausência, pra tentar esquecer que você não está aqui, pra esquecer que eu escolhi salvar sua amiga e agora minha vida é miserável porque você não está nela. Será que ainda não bebi o suficiente?

— Eu passo um tempinho fora e você já está uma bagunça. — ela ergueu a mão e tocou meu rosto, mas sua mão atravessou minha face como se não fosse nada, então ela abaixou o olhar tristemente.

— Estou sonhando. Você não é real.

— Eu sou real. — ela murmurou. — Só não estou aqui agora.

— Eu queria que estivesse.

— Eu sei. Também quero estar. Muito. — ela suspirou. — É tão ruim não poder te tocar, te beijar. Eu sinto tanto a sua falta, Damon.

— Também sinto a sua. — murmurei, me lembrando de nossos toques, nossos beijos, nossos momentos. E me causava dor não poder repeti-los agora. — Eu me arrependo, Elena. Não posso esconder isso de você. Queria voltar no tempo e ter te escolhido.

— Eu te amo tanto, Damon, tanto!

— Eu te amo mais que tudo, Elena. E me culpo por não ter te escolhido.

— Eu não culparia você.

— Não?

Ela desviou o olhar, se preparando para dizer algo.

— Foi Bonnie quem irritou Kai, porque eu tenho que ser punida por isso? — seus olhos lacrimejaram e ela me encarou num pedido de desespero. — Eu não aguento mais isso, Damon. Não aguento mais ficar longe das pessoas que amo, longe de você. Quero minha vida de volta, quero minha vida ao seu lado. Você não?

— Quero isso mais que tudo.

— Então me liberte.

— O único jeito de fazer isso seria... — engoli em seco.

— Bonnie é minha amiga. — Elena chorou, as lágrimas rolaram pelo seu rosto com força e ela fechou os olhos para impedi-las de cair. — Me importo com ela, mas eu amo você mais do que qualquer coisa, Damon. — ela colocou a mão em cima da minha. — Você não quer sentir isso outra vez? Não quer sentir minhas carícias? Não que sentir meus beijos?

— Quero. É claro que quero mais que tudo nessa vida. Você sabe.

— Então me escolha, Damon. Você prometeu que me escolheria sempre, mas não cumpriu sua promessa. Eu estou te implorando que me escolha porque só assim poderemos ficar juntos novamente e sermos felizes pelos restos de nossas vidas.

— Eu vou.

— Promete? — ela sussurrou.

— Prometo. E dessa vez cumprirei minha promessa.

[...]

NARRAÇÃO DA CAROLINE

Esses dias têm sido muito turbulentos para todos nós, na verdade sempre é turbulento, mas com a maldição que o Kai lançou sobre Elena e Bonnie tudo mudou, depois da despedida de Elena, todos mudamos. Eu não conseguia mais ser a mesma com Bonnie, na verdade, nenhum de nós. Tentávamos ao máximo disfarçar, mas era inevitável, olhar para ela sempre nos traria a lembrança de Elena, e isso ainda doía em nossa ferida recém feita e malmente cicatrizada.

Decidi dar uma chance ao Stefan, estávamos em um momento difícil e necessitávamos de amparo, amor e compreensão, e encontramos isso um no outro. Na verdade, estar com o Stefan foi a melhor coisa que me aconteceu nesses últimos tempos, podemos dizer que somos as únicas duas pessoas felizes.

Damon voltou a ser o mesmo de antes, ele não se importava com nada, nem com ninguém. Apesar de nos tratar bem, ele simplesmente não deixava ninguém se aproximar, se fechou para todos. Stefan e eu tentamos falar com ele, mas ele simplesmente não nos permitiu. A nossa ultima esperança era Bonnie, ela já havia se sacrificado por ele e achávamos que isso contaria alguma coisa a favor dela, porém foi mais uma tentativa fracassada. Mesmo assim tínhamos esperança que o Damon voltaria a ser o mesmo de pouco tempo atrás, ele é um homem de fases e sabemos que essa fase dele um dia passará e esperamos que isso seja logo.

Havia acabado de chegar de um jantar com Stefan, estava andando em direção ao meu dormitório quando Alicia, uma colega de turma, gritou meu nome:

— Caroline. — Gritou ela e eu parei para espera-la.

— Olá, Alicia, aconteceu alguma coisa? — perguntei.

— Faremos uma festa no próximo fim de semana e, como sabemos de seu talento para organizar festas, queríamos saber se você pode nos ajudar com essa? — perguntou ela, sorrindo.

Uma festa, algo com que eu ocupasse a mente por alguns dias e ainda poderia me divertir, era disso que eu precisava.

— Claro, — sorri. — Podem contar comigo, amanhã mesmo já começamos os preparativos. E obrigada pela confiança.

— Nós que agradecemos. Então até amanhã, Caroline.

— Até amanhã, Alicia. — disse, me dirigindo ao meu dormitório.

Abri a porta e encontrei Bonnie parada olhando para a janela, logo estranhei essa atitude dela, parecia distante, como se algo ruim tivesse acontecido. Ela me viu chegar e nem se moveu.

— Bonnie? — chamei.

Ela se virou para mim com uma expressão triste.

— Aconteceu alguma coisa? — perguntei.

— Não, está tudo bem, Care. — ela forçou um sorriso.

— Tem certeza? — insisti.

— Tenho sim, — ela acenou. — Mas parece que você quer me contar alguma coisa.

É claro que percebi que ela estava desconversando, mudando de assunto pra que eu não continuasse insistindo. Eu a conhecia desde pequena, sempre foi minha melhor amiga, conhecia o humor dela, sabia quando não estava bem. Naquele momento senti uma pequena angústia, pois desde que ela voltou do Mundo Prisão, a tratei de todo jeito, menos como se trata uma melhor amiga.

— Bonnie, — murmurei, tentada a fazê-la conversar comigo, mas do mesmo jeito que a conheço, sei muito bem que se ela não quiser falar de algo, ela não irá falar. Então tentei outra tática. — Acabaram de me convidar para organizar uma festa!

— Que bom, Care, fico feliz por você.

— Nem venha, Bon! — coloquei a mão na cintura. — Você não irá fazer essa desfeita comigo, você irá a festa!

— Sabe que não tenho clima para festas, Caroline. Mas se precisar de minha ajuda...

— Você irá, Bon, por favor! Será a nossa primeira festa sem a Elena e não quero estar só, você tem que ir, eu preciso que minha melhor amiga esteja comigo como sempre esteve! — dei um empurrãozinho nela e ela sorriu.

— Tudo bem, tudo bem, — ela revirou os olhos e sorriu. — Você me convenceu Care, vou a essa festa!

Eu sorri também. Mesmo que ela só estivesse aceitando pra que eu parasse de insistir, precisava me aproximar de Bonnie e esta festa seria um bom motivo. Ela precisa de mim e eu dela, agora eu só preciso tentar ser a mesma de sempre com a minha amiga que sempre se sacrificou pela minha felicidade.

[...]

NARRAÇÃO DO STEFAN

Estava terminando de me arrumar para ir à festa que Caroline estava organizando e senti um forte cheiro de perfume. Não, não era possível que Damon iria, não o convidamos por que sabíamos que ele ia acabar saindo de lá com alguma humana e, bom, o final já sabemos.

— Vai para onde, Damon? —perguntei, me encostando na porta do quarto dele.

— Para a festa, irmãozinho. Sei que você e a Caroline estavam ocupados com os preparativos e se esqueceram de me convidar, mas não se preocupem, eu perdoo vocês.

Suspirei.

— Damon, você não vai.

— Stefan, — ele me encarou em desafio. — Você tem duas opções: deixar eu ir, me divertir e beber do jeito que pretendo ou tentar me impedir, mas aí eu vou ter que quebrar seu pescoço, não vai ser nada agradável, vai te atrasar e a sua querida Caroline não vai gostar que o namoradinho dela chegue atrasado na festa que ela está organizando. E aí, qual vai ser?

Damon + Álcool - Elena = Problemas na certa.

Eu queria impedi-lo, sabia que a definição de divertimento de Damon não era nada divertida e na maioria das vezes era eu quem tinha que limpar a sujeira que ele deixava. Porém ele estava se alimentando de sangue humano, de novo, então era óbvio que estava mais forte que eu, se ele realmente tentasse ir contra mim, eu não conseguiria impedi-lo.

— Damon, não estrague tudo... De novo.

— Stefan, só vou me divertir, dançar, beber e, é claro, seduzir algumas humanas. — Ele vestiu sua jaqueta preta.

— Fiquei sabendo sobre a Bonnie, — mudei de assunto. — Não deveria tratá-la assim, sabe que pode se arrepender depois.

— Damon, não faça isso. Damon, não faça aquilo. — ele revirou os olhos. — Por que insiste em me dizer o que fazer?

— Deve ser porque você insiste em agir como um adolescente inconsequente de 15 anos.

— Não se meta no que não te interessa, Stefan. — Damon grunhiu. — Eu sei o que faço. E só por que fui, em algum devaneio de minha vida, amigo da bruxa, não quer dizer que continuaria a ser por toda a vida. Não aja como se me conhecesse, por que não, você não me conhece.

— Te conheço muito bem a ponto de saber que, quando essa fase passar, você se arrependerá por ter feito o que está fazendo com Bonnie. Não me interessa se você não quer me ouvir, apenas te aviso que não a machuque, pode ser que quando você cair em si, Bonnie já não queira mais permanecer ao seu lado.

— Como você mesmo disse, isso não te interessa. Eu até iria te dar uma carona, mas como hoje você está chato demais não quero ouvir suas ladainhas. Nos vemos na festa, irmãozinho.

Ele saiu, ignorando toda a conversa. Mas eu já sabia que isso iria acontecer, então terminei de me arrumar e fui rumo a festa, estava no horário, sabia que se eu chegasse atrasado Caroline me mataria por ter perdido minutos da Festa do Ano. Ela estava muito empolgada, havia utilizado isso como uma maneira de se aproximar de Bonnie e estava feliz por ter conseguido seu objetivo, o que me preocupava no momento era Damon, todos havíamos encontrado uma maneira de tentar superar a falta da Elena, mas ele era o único que não estava nem tentando. Para ele, se afundar na bebida e não se importar é superar a dor, mas isso só faz com que a dor permaneça ali dentro por mais tempo do que deveria.

[...]

Assim que adentrei ao local vi Caroline chegando, mais um sinal de que eu estava no horário.

— Stefan! — disse ela, vindo até mim e me beijando.

— Olá, Organizadora de Festas Mais Linda do Mundo!

— É, eu sei. — Ela sorriu e me encarou. — Você parece preocupado, Damon fez alguma burrada?

— Na verdade, Damon está aqui.

Caroline arregalou os olhos e olhou em volta.

— O que? Por que você o deixou vir? Nós dois sabemos que o Damon estraga tudo!

— Eu sei, Caroline, mas você sabe que não dá pra impedir Damon de fazer algo. — passei o braço em volta da cintura dela, a levando comigo até a mesa pista de dança. — Damon estava disposto a vir e viria de qualquer maneira. Se ele aprontar algo, temos a Bonnie que pode enchê-lo de Aneurismas.

— Tomara que você tenha razão, por que se o Damon aprontar alguma, eu juro que perco completamente a consideração por ele ser seu irmão e o mato.

— Não se preocupe com isto agora, minha linda dama. — disse, segurando a mão dela e a girando no lugar. — Vamos dançar!

[...]

NARRAÇÃO DA BONNIE

Caroline já havia ido para a tal festa fazia um tempo, acabei me atrasando por ajudá-la nos últimos preparativos e por ajudá-la a se arrumar, mas agora eu estava quase pronta. Dei uma ultima olhadinha no espelho, contornando lápis nos meus olhos e gostei do que vi. Fechei o quarto e sai apressadamente rumo à festa. Se Caroline percebesse meu atraso, ela com certeza iria dar aquela reclamadinha básica.

A primeira coisa que tentei fazer ao chegar no local foi falar com ela, mas estava difícil encontrá-la no meio da multidão, a música alta e os jogos de luzes só dificultavam ainda mais.

— Desculpe! — disse eu, esbarrando em alguém, sem ver o rosto da pessoa, mas pelas garrafas de bebida na mão no mínimo era algum calouro bebum querendo se soltar.

— Olhe por onde anda, Bruxa! — reconheci de imediato o dono daquela voz ríspida.

— Vampiros não costumam ser tão desastrados. — debochei.

— Não irei perder meu tempo com coisas tão insignificantes quanto você! — ele sussurrou no meu ouvido e foi embora pra longe de mim, assim como vinha fazendo há dias.

Encontrei com Matt e nós dois juntos encontramos com Caroline e Stefan. Como eu previa, Caroline reclamou do meu atraso, mas Stefan conseguiu contornar a situação, não comentei sobre o episódio com o Damon, não queria estragar a felicidade de Caroline. A festa ocorria as mil maravilhas, estávamos até nos divertindo, mas minhas pernas já doíam, Matt dançava muito bem, só que estava bem mais agitado do que eu e estava ficando difícil acompanha-lo.

— Vou me sentar. — gritei por cima do som alto pra que ele pudesse ouvir.

— Vou com você.

Fomos até Stefan e Caroline para avisar que íamos parar um pouco, mas eles não estavam com cara de muitos amigos.

— O que está acontecendo? — perguntou o Matt.

— Olhem por si mesmos. — Stefan apontou.

Olhei para onde ele indicava e vi Damon dançando com umas quatro garotas da faculdade. Na verdade, elas estavam quase tirando a roupa e transando com o Damon ali no meio de todo mundo, mas sabíamos que isso não aconteceria por que Damon tem um plano traçado para suas caças. Levá-las para lhe darem prazer em sua cama e depois drenar até a última gota de sangue de cada uma delas. E, neste caso, Damon não faria isso com um grande publico assistindo.

— Temos que fazer alguma coisa, Damon irá matá-las. — advertiu Matt, preocupado.

— O que podemos fazer? É o Damon. — disse Caroline.

— Ah, então temos que o deixar fazer o que quiser?

— Se o proibirmos de matar uma aqui, ele mata três no lado de fora.

Respirei fundo, interrompendo a discussão.

— Vou falar com ele. — disse eu.

— Bonnie, — começou Matt. — Você é a menos indicada, tudo o que tenta dizer ao Damon só deixa ele com mais raiva de você. Aposto que ele vai querer começar uma briga.

— Matt tem razão, Bon. — Care concordou.

— Não tenho medo do Damon. — respondi.

Fui em direção ao Vampiro que continuava dançando ainda mais empolgado com aquelas garotas. Aquela cena já estava me dando asco, as atitudes de Damon estavam me dando asco. Era sempre assim, ele sempre achava que os problemas dele eram maiores do que os problemas dos outros e descontava isso em inocentes.

— Damon! — chamei sua atenção.

— O que quer, Bruxa? — perguntou ele, sem parar de dançar.

— Precisamos conversar.

— E eu estou com cara de quem quer conversar? Tenho coisa melhor pra fazer. — disse ele, beijando uma das garotas. Tive que cerrar os punhos pra me controlar, pois aquilo me incomodava demais.

— Mesmo assim iremos. — segurei em seu braço e tentei puxar ele pra longe da pista de dança, mas a garota que ele beijou o segurou.

— Ele está com a gente, não percebeu?

— Se você não soltá-lo agora mesmo, eu arranco todos os fios de cabelo dessa sua cabeça inútil um a um! — a encarei furiosa e acho que a intimidei por que ela o soltou sem nem questionar.

— O que você tem na cabeça? — perguntei, levando-o para perto de nossos amigos.

— Bonnie, me deixe em paz, entendeu? Não te interessa o que eu faço ou deixo de fazer, o problema é meu!

— Damon, apesar de você ser essa criatura imbecil, cretina e miserável, eu me preocupo com você e não quero que se afunde mais ainda.

— Ai está o centro da questão: Eu. Não. Quero. Sua. Amizade. — disse ele, quase soletrando. — Para mim você não é absolutamente nada, apenas uma pessoa que eu desejo ardentemente que morra para ter Elena de volta.

— Damon, — murmurei, tentando convencer a mim mesma que ele não queria dizer aquilo, aquelas palavras que me magoaram eram nada mais que efeito do álcool. — Não vou ter essa discussão com você outra vez.

— Não era você quem queria conversar? Então agora irá me ouvir! Bonnie Bennett, você é o ser que eu mais desprezo e odeio no mundo, você me tirou o que eu mais amava, tudo por que não quis ceder aos caprichos do Kai. Se você tivesse sido um pouco menos rancorosa, nada disso teria acontecido! Eu teria a Elena aqui e o Alaric iria ter seu casamento dos sonhos, ele construiria a família dele ao lado de Jo e eu a minha ao lado de Elena. Mas você foi egoísta, não pensou em mais ninguém além de você mesma e o seu rancor pelo Kai, então se eu estou assim hoje a culpa é sua. E não tente me mudar nem nada do gênero por que eu não irei te ouvir. É capaz de que em uma dessas vezes eu acabe sujando minhas mãos e te matando da maneira mais torturante que eu conseguir!

Quando ele parou de falar, eu fiquei calada, apenas o fitando. Eu queria dizer algo, queria lembrá-lo de todas as vezes em que salvei a bunda dele, do irmão, da namorada e de todo o resto daquela cidade. Queria lembrá-lo de como não pensei duas vezes antes de me sacrificar e dar a ele minha chance de sair do Mundo Prisão, só pra que ele pudesse reencontrar as pessoas que se importava outra vez. Eu queria lembrá-lo de tudo aquilo. Mas fiquei calada, porque, se ele não era capaz de se lembrar daquelas coisas e reconhecer todas elas, então não merecia todos aqueles sacrifícios.

Ainda sem dizer uma palavra, dei as costas pra ele, pronta pra ir embora daquele lugar. Talvez Matt tivesse razão, talvez eu devesse ir embora pra longe, talvez...

— Atenção, galera. — minha linha de pensamentos foi interrompida pelo DJ, que começou a fazer um anúncio. — Parece que tem um homem apaixonado entre nós, temos uma dedicação aqui, uma música dedicada à Bonnie Bennett!

Algumas pessoas gritaram oohs e awws, interrompendo o DJ por alguns segundos.

— Olha só, um humano apaixonado pela Bruxa. Dá pra ficar mais patético? — disse Damon, tomando um gole de sua bebida.

Ignorei seu comentário e voltei minha atenção para o DJ, enquanto os primeiros versos de uma música começavam tocar.

— Quem está oferecendo a música para Bonnie é Malachai Parker.

Algumas pessoas soltaram gritinhos maliciosos novamente, mas eu só consegui sentir minhas pernas fraquejarem. Devia ser algum devaneio da minha mente, algum trauma estava me fazendo ouvir o nome e Kai por causa discussão que tinha acabado de ter com Damon.

— Isso não pode ser possível, eu matei esse desgraçado! ― Damon praguejou, o que significava que não tinha sido coisa da minha cabeça.

Num segundo Caroline estava ao meu lado, seguida de Stefan e Matt.

― Care, isso é alguma piadinha? ― a encarei ainda desnorteada. ― É cedo de mais pra brincadeiras envolvendo Kai. Não tem graça nenhuma.

― Não fui eu, Bon. Juro! Sabe que eu não faria isso. ― ela me encarava tão assustada quanto eu e soltei murmúrio de lamentação, pois esperava mil vezes que aquilo fosse apenas uma piada de mau gosto do que outra coisa.

― Quem faria isso? ― murmurei.

Caroline falou algo, Matt também e depois Stefan falou e Damon praguejou e xingou. Mas eu não ouvi nada, consegui apenas olhar em volta, reparando em cada lugar, cada pessoa e cada rosto à procura de Kai. Stefan, Damon e Matt saíram, cada um em uma direção, enquanto Caroline me levou até uma das mesas e a segui mecanicamente, ainda sem conseguir parar de olhar ao redor.

― Ele está aqui, Care.

― Ainda não temos certeza, Bonnie.

― Olha essa música, Caroline. É um aviso! Ele está aqui. ― falei, voltando meu olhar para ela. ― Já vimos esse filme antes, lembra? Ninguém estava esperando, então ele apareceu e acabou com tudo. Mas se esse desgraçado acha que as coisas vão sair como da última vez está muito enganado!

Apertei os punhos enquanto a fúria pelas coisas que aquele maldito tinha feito me invadiu. Lembrar de toda dor e ruína que ele causou foi como combustível para minha ira, eu queria fazê-lo pagar por tudo, torturá-lo até que ele implorasse pela morte, então eu o torturaria ainda mais, pois a morte seria muita bondade pra aquele desgraçado.

Dei as costas para Caroline.

― Bonnie, espera. ― ela me segurou. ― O que você vai fazer?

― Vou encontrar Kai, ele não vai vencer dessa vez.

[...]

NARRAÇÃO DO DAMON

Todos os meus sentidos ficaram em alerta quando ouvi o nome de Kai. Eu tinha arrancado a cabeça dele com minhas próprias mãos e arrancaria de novo quantas vezes fossem necessárias, mas naquele momento me lembrei de todas as mortes que ele causou na última vez que apareceu de surpresa, incluindo o feitiço em Elena, e minha raiva se tornou astronômica. Eu apertei a garrafa de cerveja na minha mão com tanta força que acabou quebrando, mas nem o vidro afiado perfurando minha pele foi capaz de diminuir a raiva.

Eu xinguei, Stefan tentou me acalmar, Matt disse algumas besteiras, Caroline não fez nada de significante e Bonnie não parou de olhar para os lados. No fim das contas, Stefan, Matt e eu nos separamos para tentar encontrar o filho da puta do Kai. Eu estava em um dos corredores, num dos prédios próximos de onde estava ocorrendo a tal festa, quando o bastardo simplesmente apareceu na minha frente.

― Surpreso? ― perguntou ele, com aquele sorriso repugnante que nunca tirava.

― Na verdade, estou. ― falei. ― Quando eu arranco a cabeça de alguém, é por que não quero ver ela por aí novamente.

― Não achou que as coisas acabariam daquele jeito, não é Damon? Eu já disse uma vez, eu sempre venço.

― Não hoje. ― murmurei, usando minha velocidade vampiresca e avançando nele, mas quando minhas mãos estavam a centímetros de seu rosto, senti meu cérebro explodir várias e várias vezes. Aneurismas. A dor lancinante me parou.

― É ótimo ser vampiro e ainda poder usar meus poderes de bruxo. ― Kai riu.

Curvei-me no chão, fingindo que a dor era um pouco mais forte do que realmente era, esperando que assim ele baixasse a guarda e eu pudesse atacá-lo. Não funcionou. Ele aumentou a intensidade das dores, as veias estouraram na minha cabeça com mais freqüência e meu fingimento passou a não ser mais tão fingido assim.

― Você me atacou quando eu estava desprevenido na outra vez, Damon. Não vai acontecer de novo. ― Minha vista embaçou, mesmo assim olhei pra cima, forçando-me a encará-lo. Consegui distinguir sua forma de pé se aproximando com algumas coisas nas mãos. ― Sorria para a câmera, vamos gravar um recadinho pra Bonnie. ― disse ele. ― Aliás, fiquei sabendo que não estão mais tão amigos, isso é uma pena porque sua vida está nas mãos dela.

Os aneurismas pararam. Eu supus que começariam outra vez, mas não começaram. Estranhei. Ergui o olhar e vi a câmera de Kai posicionada próxima a mim, mas nem sinal dele. Engoli em seco, ainda com o efeito da dor na minha cabeça e sentei no chão, assim que fiz isso, algo me perfurou pelas costas. Vi a ponta do objeto metálico e pontiagudo sair pelo meu peito e sufoquei com meu próprio sangue.

― Eu sempre tive uma curiosidade, qual será que dói mais: ácido sulfúrico ou soda cáustica? ― ele segurou em minha frente dois recipientes diferentes, sem mostrar o que tinha dentro, mas tenho certeza que logo eu iria descobrir. ― Vamos ver... ― Kai puxou a barra de ferro e meu peito e, antes que o ferimento sequer começasse a cicatrizar, derramou o conteúdo de um dos vidros em cima. Eu grunhi. O ardume que queimava meu peito foi como luz do sol nos meus órgãos. ― Hm, acho que esse não. Vamos ver o outro... ― dessa vez, Kai segurou minha cabeça e jogou o líquido direto dentro de minha boca, todo o conteúdo de uma só vez. Se possível, a sensação foi duas vezes pior que a anterior. Minha língua derreteu, literalmente. O líquido que desceu pela minha garganta me sufocou. Não consegui cuspi-lo e também não consegui respirar, era como ter lava vulcânica liquida descendo pro meu estômago e derretendo minhas veias uma a uma. ― Estou decepcionado, parece que nenhum dos dois dói como eu esperava. ― ele fingiu decepção e se virou para a câmera. ― Está vendo, Bonnie? Estou sendo bonzinho, nem o fiz gritar.

― E-eu vou mat-tar você. ― sussurrei, com o restante de voz que ainda tinha.

Kai me olhou sorrindo.

― Não se eu matar você primeiro.

[...]


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Notas finais do capítulo

E ai gostaram?
Comentem o que acharam do capítulo, o que precisamos melhorar, estamos abertas a criticas e opiniões.
Beijos, Até o próximo Capítulo.