Protegida escrita por Saulo


Capítulo 2
Capítulo 2: Fuga




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Notou que a porta não estava aberta, e o que quer que tivesse entrado havia simplesmente atravessado a parede.

–Peço que me acompanhe. Não estou sentindo a presença de Beliel aqui na terra. Você precisa sair deste lugar agora! Está cheio de anjos.

–Q...Quem é você?!

–Sou Serafim. O guardião de Emily. Preciso te levar para longe daqui antes que algum anjo perceba que você não é humana.

–Mas você é um anjo.

–Sim. E você tem sorte de eu estar do seu lado, bruxa.

Anna não gostou de como ele a chamou.

–Eu não sou uma bruxa!- Disse gritando.

–E eu não sou um anjo. Obedeça todas as minhas ordens se quiser viver! Agora, vamos embora daqui. Seus amigos estão prestes a abrir a porta graças a sua gritaria.

Ouviu a porta se abrindo quando sentiu seus pés saírem do chão. Sentiu um frio na barriga e percebeu que o vilarejo ficava cada vez mais distante.

–Me solta! Eu quero voltar para minha casa!

Sua voz parecia abafada e o ar ficava cada vez mais rarefeito na medida em que subiam para o céu.

–Se eu fosse você não desejaria isso.

A palma da mão de Serafim parecia gigante e apertava firmemente a barriga de Anna. Mexia suas asas brancas e grandes que pareciam brilhar de forma cada vez mais veloz. Possuía um cabelo loiro cacheado e uma calça de ouro, e seu peito estava nu.

–Se eu sou mesmo uma bruxa, porque está me ajudando?- Questionou Anna.

–Já disse que estou do seu lado. Estou fingindo estar do lado do bem, quando na verdade estou servindo aos seres das trevas. Pretendia revelar isso apenas depois da guerra. Vocês bruxas terão um importante papel nela.

–Então você é um traidor. Como Judas?

–Exatamente. E é melhor nós irmos para bem longe antes que algum anjo chegue. Já devem estar sentindo sua presença.

–Você não deveria estar protegendo Emily?

–Ela pode ficar sem proteção por alguns momentos. Não vai morrer. Ficar sem guardião deixa a pessoa mais suscetível a demônios, mas mesmo assim ela deve ficar bem. Deveria se preocupar consigo mesmo, menina.

Anna mordeu os lábios e tentou reprimir o choro. Não acreditava que era uma ferramenta para o mal. Já conseguia visualizar a cidade no horizonte. Olhou para trás para ver o vilarejo onde viveu desde a infância pela ultima vez. As nuvens tampavam um pouco a sua visão, e também um grupo de anjos. Eles faziam várias manobras pelo céu e ficavam cada vez mais próximos de Anna. Alguns usavam espadas de ouro e outros arcos.

–Olha ali!- Ela apontou com o indicador e Serafim olhou para trás.

–Eu sabia- Disse com uma voz de descontentamento e acelerou seu voo no mesmo instante- Segure-se em mim e não solte!

Ele moveu a mão para trás e colocou Anna sobre suas costas. Ela envolveu as mãos sobre seu pescoço e segurou com toda a sua força. Um arco apareceu na mão dele, e Anna não sabia como. Serafim começou a atirar flechas que apareciam conforme queria e eram atiradas pelo céu na direção dos perseguidores.

–Por que eu só consigo ver vocês agora?!

–A proteção de Beliel bloqueava seus poderes de bruxa e impedia que anjos notassem a sua presença. Mas agora que você cortou a ligação que tinha com ele, consegue ver o mundo espiritual. Apenas alguns humanos tem o mesmo poder, mas todos podem se comunicar através de rituais, que foi o que vocês fizeram.

–E por que você não impediu que eu falasse com Beliel? Isso evitaria que algo de ruim acontecesse. E como sabe que eu cortei ligação com ele?

–Eu não sabia que você era a bruxa. Contaram-me algo sobre uma bruxa que estava no vilarejo, mas não confiavam em mim o suficiente para contar quem era. Mas agora acho que vão confiar, se eu sobreviver. Não imaginei que fosse você. Sinto muito. Quando senti a sua presença de longe, Beliel me enviou um chamado de emergência do sheol dizendo para salva-la imediatamente. E agora estou aqui. Os anjos estão mais próximos. Não me atrapalhe mais com perguntas!

E Anna estava cansada de fazer perguntas. Tudo aquilo era demais para ela. Segurou com mais firmeza em seus ombros quando Serafim começou a voar fazendo manobras pelo céu.

Começou a atirar flechas novamente. Uma delas acertou de raspão na costela de um dos anjos.

–Quase! Tenta atirar mais de uma flecha ao mesmo tempo!

–Boa ideia.

Apesar de tudo, Anna descobriu que ainda queria viver. Serafim começou a lançar várias flechas ao mesmo tempo. Elas atravessavam a parede dos prédios e iam na direção dos adversários. Duas delas acertaram uma das asas de um dos anjos e uma delas acertou no pé de um deles. O anjo de cabelo escuro começou a cair, já que uma de suas asas falhou. Ele pegou sua lança e arremessou contra eles antes que caísse em um gramado de um parque, e esta atingiu e perfurou a barriga de Serafim. Ele cuspiu um sangue doce e angelical.

–Você está bem?- Perguntou para Anna, mas percebeu que o sangue que escorria em suas vestes não era só dele. Ela começou a cuspir sangue também. –Você vai ficar bem. Estamos quase chegando.

Ela se perguntava aonde iriam, já que não conseguia dizer uma frase sem o que parecia ser litros de sangue jorrassem da sua boca. Serafim começou a voar com muito desequilíbrio, e qualquer um podia notar seu esforço. Ele parou de atacar e começou a apenas fugir. Balançou suas asas o mais rápido possível. Anna via a cidade de forma embaçada devido ao fato de estar chorando.

–Segure-se em mim com o máximo de força- Disse ele fazendo pausas para excretar saliva e sangue.

Anna obedeceu a ordem e se preparou para o que quer que o anjo fosse fazer. Em um instante, todos os prédios, casas e locais públicos eram apenas borrões que passavam rapidamente pela visão. Ela foi obrigada a fechar os olhos que doíam junto com o resto do corpo. Ambos afundaram em algum lugar e Anna só abriu os olhos quando sentiu seus pés no chão. Serafim começou a desenhar um símbolo na parede com o sangue dela que estava em suas costas, e esta não conseguiu ver o que era devido a fraca iluminação. Ele concluiu o desenho e olhou para ela, que sentiu pena olhando para aquele corpo ferido. Não devia estar em uma situação muito diferente.

–Acho que vou ter que fazer isso. Não tem como chegar aonde queríamos.- Disse-Toque no meio do símbolo! Agora!

A última coisa que viu foi os anjos voando logo atrás de Serafim.


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