Luna e Victor escrita por LarissaLindolpho


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Curiosos para saberem quem será o par de Luna??



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Nós fomos enfileiradas, lado a lado. A fila dos garotos fora formada diante de nós, de modo que surgiu um corredor entre as duas filas, por onde provavelmente Sthefane passaria.

Na minha direção, alguns metros a frente, na fila havia um lugar vago. Não importava quem o meu par fosse, eu diria algumas coisinhas a ele por me deixar esperando. Já bastava a forma como todos me olhavam. Estar sem par parecia piorar tudo.

A música instrumental, ao fundo, deu lugar a uma outra música que me lembrava uma marcha nupcial. Minha tia, um pouco mais agitada do que o comum, entregou a cada garota uma vela decorada com rosas.

Achei aquilo um pouco patético, mas me controlei para não rir. Por mais que parecesse impossível, uma garota soluçou ao meu lado. Não acreditava que ela estava chorando, exatamente como convidados se veem obrigados a chorar em casamentos.

Havia toda aquela esquisitice de apresentar a filha a sociedade. Parecia até nobre, se parássemos para refletir. Mas isso funcionaria bem no século passado. Minha prima não precisava que seu pai a apresentasse ao mundo, ela já o conhecia a muito tempo. Já conhecia praticamente o beijo de todos os garotos da cidade.

Enquanto minha prima caminhava pelo o corredor humano, e iluminado pelas velas que segurávamos, meu celular tocou. Por sorte eu o havia deixado no modo vibratório. Como eu não dava a mínima para esse momento tão especial na vida de Sthefane, resolvi atender.

Era Victor.

Pensei que não seria certo atender, principalmente por ele ter se recusado a falar comigo. Mas poderia ter acontecido algo. Olhei em volta. Sthefane já havia chegado ao centro do salão, e longe o suficiente para me ver.

– Oi - atendi.

– É vinte horas. O livro, lembra?

– Estou em um momento bem difícil, precisei de você o tempo todo, e você saberia de tudo se tivesse me respondido - minha voz havia atingindo um tom mais alto e magoado. Não queria que ele soubesse que eu precisava dele. Ao mesmo tempo, parecia correto dizer a ele que eu sentia sua falta quando ele não vinha falar comigo.

Sempre me senti sozinha, nunca tive alguém para conversar que não fosse meus pais, e meu enfermeiro. Mesmo eu estando acostumada à solidão, a solidão pela ausência de Victor parecia mais dolorosa e irritante. E isso era novo para mim.

– Eu estive ocupado.

Quando ouvi a frase, em seu tom gélido que não conhecia, senti uma vontade imensa de xinga-lo.

– Agora eu também estou ocupada, não vou poder te ouvir falar do livro. Talvez você nem precise mais dessa tarefa.

Ouvi aplausos calorosos na festa, e me dei conta que estava alheia o suficiente para não saber o motivo deles.

Victor gargalhou do outro lado da linha.

– Você está linda.

Como assim, eu estava linda? Ele não podia me ver. Talvez estivesse querendo dizer que fico linda quando estou zangada. Mas não fazia sentido.

– Não entendi - murmurei.

– Eu disse que você está linda - ele disse. Como por um milagre, não fora através de nossos aparelhos telefônicos que ouvi sua voz grave. Estava próxima, e ecoava bem atrás de mim.

Não era possível. Desliguei meu celular e girei o corpo.

Victor estava ali. Vestido com um terno escuro e sapatos de couro. Controlei o riso ao perceber que era a primeira vez que o via sem boné. Seu cabelo era bem curto, como se ele gostasse de mante-lo assim, mas eu sabia que aquilo era consequência do câncer.

Mas estar quase careca, não o deixava feio, ao contrário.

– Não acredito que está aqui - eu me joguei em seus braços, abraçando-o. E correspondendo ao meu abraço repleto de saudades, ele envolveu seus baraços por minha cintura, me erguendo alguns centímetros do chão.

– Eu que não acredito que você ainda não percebeu que eu sou o seu par.

– O quê? - eu perguntei, com a cabeça enterrada em seu peito.

– A senhorita vai dançar comigo a noite toda. Sua mãe me fez essa proposta na quarta-feira. Eu não podia deixa-la dançar com qualquer cara.

Meu rosto fervia e meu coração batia mais acerado do que o normal.

– Então, seu sumiço foi de propósito? Eu devia matar vocês dois. Mas antes de eu cometer qualquer crime, devemos ir para nossos lugares.

Ele assentiu, e se posicionou no lugar vago, na fila dos garotos, bem a minha frente. Seria impossível me concentrar com ele sorrindo para mim o tempo todo.

Então lembrei de Sthefane, quando me mandou mensagem dizendo que meu par era uma gato. Eu precisava concordar, ele realmente era. Mas eu jamais permitiria que ela se aproximasse dele com suas garras.

Levou um tempo, até que chegasse o momento certo para a valsa. Antes disso, Sthefane trocou de sapato e de vestido, dançou com o pai , e depois meu tio entregou-a a um garoto que também usava terno. O príncipe de Sthefane parecia um deus grego, alto e musculoso. Combinava com ela, pelo menos o olhar esquisito era idêntico.

Minha tia fez um sinal para nós, então os garotos vieram nos buscar para dançar. Enquanto caminhava com Victor para o centro do salão, repassava mentalmente os passos.

Eu não iria errar. Não pisaria no pé de Victor com meu salto. E nem sentiria vergonha dos olhares a minha volta.

Quando paramos um em frente ao outro, Victor diminuiu a distância entre nós, pousando a mão em minha cintura. Instintivamente levei minha mão esquerda até seu ombro, e nossas mãos livres de uniram.

– Eu não vou conseguir - sussurrei, notando como os outros casais flutuavam pelo o salão.

– Confie em mim. Você só precisa deixar que eu te conduza.

– Já notou quantas pessoas estão aqui? Eu não consigo fazer isso, não diante de tantas pessoas que vão presenciar meu fracasso.

– Ei - Victor inclinou-se para aproximar-se de meu ouvido - eu estou aqui. Seu amigo idiota. Olhe apenas para mim, só existem nós dois dançando essa valsa tosca.

Respirei fundo diversas vezes.

– Apenas nós dois. Certo. Você me conduz. Okay. Comece logo antes que eu saia correndo.

– Um, dois, três...e já.

Não foi tão horrível, bem, não foi nada horrível. A pior noite da minha vida, estava se transformando em um sonho para mim. Era quase como se eu fosse a debutante. E Victor meu príncipe.


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