Dias atuais...

Acordei com o peso da cabeça de Melissa sobre meu peito, ela estava quieta e eu não queria atrapalhar seu sono, mas quando eu olhei o relógio na cabeceira da cama me espantei e ela levantou em um susto.

— O que aconteceu Lucas? – Ela me perguntou esfregando os olhos.

— Estamos atrasados, muito atrasados! – Ela arregalou os olhos e correu para o banheiro.

— Eu vou tomar banho e você arruma as coisas! – Ela gritou fechando a porta.

Eu não iria discuti com Melissa, um ano e meio de namoro era o suficiente para eu saber como é a fera, então eu peguei minhas roupas no chão e comecei a arrumar o quarto dela. Ela voltou só de toalha e eu ri baixinho.

— O que foi? Nunca viu? – Ela colocou a mão na cintura me encarando.

— Claro que já, só estou apreciando a vista e imaginando o que tem por baixo da toalha!

— Safado! – Ela riu de mim e jogou sua toalha na minha cara, mas quando eu ia a agarrar, ela me empurrou. – Vai tomar banho cascudo! Não quero namorado nenhum me agarrando até tomar um belo banho!

— Mas você me tenta com esse seu corpo a nú! – Fiz uma cara de cachorrinho pidão.

— Lucas, a gente já ta atrasado pro primeiro dia de aula, vai tomar teu banho e mais tarde a gente conversa. – Ela me deu um selinho e me empurrou pro banheiro.

Não demorei muito no meu banho, pois estávamos mesmos atrasados, peguei uma cueca e uma calça qualquer no guarda-roupa dela, mas não encontrava meu uniforme em lugar nenhum.

— Mel, viu meu uniforme? – Perguntei entrando na cozinha.

— Ta aqui, ta aqui, ta aqui! – Ela me entregou a blusa e enfiou um pedaço de pão na minha boca. – Vai se vestir que a gente tem que chegar logo naquele inferno!

Tirei o pão da minha boca e vesti meu uniforme.

— Só falta você amor.

— Eu já to pronta! Vamos! – Melissa segurou minha mão e me puxou para fora da sua casa.

Nós corremos da casa dela até o colégio, nossa sorte que era apenas dois quarteirões de distancia, mas isso não fez a gente chegar a tempo de não receber um sermão da dona Claudia, a nossa professora de geografia. Sentei-me na cadeira vaga atrás do Edu e a Melissa se sentou do lado da sua melhor amiga, acho que o nome dela devia ser Ana.

— Fala mano! – Bati no ombro do Edu e ele virou de costa.

— E aí! Dormiu com a Mel hoje? – Ele me olhou com seu olhar “ontem teve”.

— O que você acha?

— Que você é um homem de sorte! – Ele sorriu e voltou a sua antiga posição.

Olhei em volta e não tinha muitos alunos novos, apenas sete ou oito, as garotas até que eram bonitinhas, mas não barravam a minha namorada. Melissa era aquela beleza que se destacava sem fazer muito esforço, ela era considera uma das meninas mais bonitas do terceiro ano e ninguém podia contrariar. Contra aquela morena ninguém podia.

A aula havia começado há dez minutos quando uma monitora entrou na sala com uma garota loira, muito linda por sinal, e eu juro que já tinha a visto em algum lugar, mas não lembrava. Seus olhos castanhos percorreram toda sala até encontrar os meus, ela pareceu está me analisando e pensando o mesmo que eu.

A professora ficou conversando um pouco com a monitora, até que a monitora foi embora e deixou a menina. A professora conversou com a menina e logo se virou para turma.

— Bom gente, temos mais uma aluna nova e essa é especial, porque ela devia está no segundo ano, mas, felizmente ela é inteligente o suficiente para ficar aqui conosco, espero que vocês são sejam maldosos! Por favor, se apresente. – A professora segurou os ombros da garota, que já estava um pouco corada.

— Olá! B-Bem... Meu nome é Luiza Dutra, tenho dezesseis anos e acho que é só isso. – Ela se virou sem graça para professora e depois seguiu para uma mesa vazia.

Luiza Dutra... Luiza... Eu já havia escutado esse nome, mas não conseguia me lembrar, então não dei a mínima importância, até porque eu não tinha tempo a perder com qualquer uma.

Ela se sentou no outro lado da sala, perto de uma galera meio fresca, e a professora voltou a chamar nossa atenção para aula.

Os três primeiros horários passaram rápido e logo já estávamos no intervalo. Mel se sentou do meu lado e ficou conversando com a amiga, que agora eu tinha certeza que se chamava Ana, e o Edu se sentou na minha frente.

— O que você achou da nova aluna? – Ele falou todo entusiasmado.

— Edu, tem um monte de alunas novas, seja mais especifico.

— Acho que ele ta falando da loirinha, amor.

— Achei ela estranha, por quê?

— Estranha? Ta doido caralho? Ela é o maior amorzinho!

— Se você ta dizendo... – Dei uma olhada no refeitório e a encontrei sentada com um grupo de novatos. – Vai lá e conversa com ela, tenho certeza que ela vai ser o maior “amorzinho” com você.

Ele olhou para onde ela tava sentada e me olhei com seu olhar “desafio aceito”, esse garoto é muito pirado, nem sei o porquê dele ser meu melhor amigo.

Mentira. Eu sei sim. Eu sou doido que nem ele.

Ele se levantou e foi até a guria, pelo jeito que a conversa estava indo ele devia ta se dando bem, mas eu só achei que estava indo bem, pois do nada ela se levantou e jogou seu copo de suco nele.

“Vai se foder, entendeu?” Ela gritou para ele e saiu andando com raiva.

O que ele deve ter feito para ela ter saído tão puta do refeitório eu não sei, mas aquela cena foi engraçada pra caralho e todo colégio começou a rir dele.

“Isso! Podem rir! Quando forem me pedir um aumento no salário eu vou jogar suco em vocês, bando de burro!” Edu gritou e eu não tive como conter minha gargalhada, ele chegou na nossa mesa me olhando de cara feia e eu comecei a rir muito mais.

— Pode continuar rindo Lusca, eu deixo, mas não te esquece que a tua ex-irmãzinha não vai deixar barato pra você também. – Eu parei de rir na hora e o encarei.

— É o que?

— Luiza, meu amigo, Luiza... Sua querida ex-irmã voltou.