Christmas Lights escrita por Luh Marino


Capítulo 1
Capítulo único




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Melanie saía da loja com três sacolas grandes nas mãos e um sorriso gigante no rosto. Ah, como adorava o Natal! Melhor época do ano. Podia fazer festas, comer até explodir, receber e dar presentes, e a melhor parte: a decoração. Mel amava a decoração do Natal. As coisas ficavam tão mais lindas, coloridas e brilhantes!
Fez um esforço descomunal para levantar o braço e chamar a atenção de um taxi, que logo parou. Ela correu até o carro e entrou no mesmo, logo dando o endereço de casa ao taxista e relaxando no banco traseiro.

Mel terminava de pendurar algumas luzes na entrada de casa quando ouviu o telefone tocar do lado de dentro. Ainda bem que tinha deixado a porta da frente aberta, ou com certeza não ouviria. Desceu da escada, entrou em casa e, pegando o telefone e atendendo a chamada, voltou para o lado de fora – tinha que ficar de olho nas coisas.
— Alô? — Perguntou. Ouviu um chiado do outro lado da linha e fez careta. Ia desligar quando, finalmente, a pessoa do outro lado respondeu.
Mel? Melanie, tá aí? — Identificou a voz da sua irmã, Jade.
— Oi! To sim, o que foi? — Perguntou enquanto se sentava nas escadinhas na frente da porta.
Mel, vem aqui pra casa, a mãe vai dar um jantar.
— Adoro essas reuniões Pré-Natal dela! — Respondeu entusiasmada, já se levantando. — Já chego aí!
Ok, até logo! — Se despediram e Melanie foi tomar um banho se se arrumar.
Demorou o mínimo possível para tomar o banho, escolher uma roupa e passar uma leve maquiagem. Logo já entrava em seu carro, querendo chegar o mais cedo que dava para poder aproveitar as deliciosas comidas da mãe. As tias e avós também eram ótimas cozinheiras, mas ninguém da família poderia negar que a mãe de Mel era a melhor.
Dirigia pelas ruas de Nova York observando as luzes penduradas nas árvores e os prédios cintilantes. Sua cidade ficava tão linda nessa época do ano. Podia se orgulhar de ser dali. Aquela decoração brilhante era, talvez, o principal motivo de Mel amar tanto o Natal. Nasceu e cresceu em NY, sempre presenciando o feriado que considerava como um dos mais lindos do mundo, se não o mais lindo.

Mel’s POV
Peguei o desvio para a autoestrada, já que minha mãe morava do outro lado da cidade e seria mais fácil chegar lá se não tivesse que parar em faróis. Entretanto, depois de pouco mais de um minuto dirigindo, percebi um transito absurdo à minha frente. Parei o carro e soltei uma bufada. Um conversível parou ao meu lado e o cara bateu de leve na buzina apenas para descontar sua raiva. Abaixei o vidro e ele olhou para mim ao perceber a movimentação.

— Será que isso vai demorar? — Acenei com a cabeça para o trafego à nossa frente. Ele deu de ombros.

— Espero que não, já estou um pouco atrasado. — Ia concordar com ele quando meu celular tocou. Pedi licença e atendi.

— Mel, não vá pela autoestrada! Está completamente parada e, segundo os jornais, não vai liberar pelas próximas horas. — Foi a primeira coisa que eu ouvi. Jade sequer falou “Alô”.

— Obrigada por avisar depois de eu já estar na autoestrada, Jade.

Ah... Foi mal, então. Parece que só vamos te ver amanhã. — Ela riu. Maldito seja esse bom-humor inacabável dela.

— Sabe por que está tudo parado?

Parece que teve um acidente com um caminhão e ele tá tomando a via toda. E pegando fogo.

— Ah, mas que inferno. Obrigada, Jade. — Me despedi e joguei o celular no banco de trás.

Apoiei o rosto no volante e, sem querer, apertei a buzina. Soltei um berro pelo susto e o cara do conversível riu alto. Olhei feio para ele, que tentou segurar a risada em vão. Logo estávamos rindo juntos.

— Qual seu nome? — Perguntou, após cerca de meia hora que estávamos ali. Desviei o olhar do joguinho da cobra no meu celular.

— Mel. Na verdade, é Melanie, mas prefiro o sobrenome. — Sorri. — E o seu?

— Landon.

— É um prazer, Landon. Pena termos nos conhecido em uma situação tão... Desagradável.

— Realmente. — Concordou, e seu rosto tomou uma feição cansada. — Eu tinha um jantar com meu chefe e alguns outros caras da empresa, mas perdi. Acho que ia ser promovido, mas ele deve ter escolhido outro em meu lugar. Alguém que compareceu à merda do encontro. — Soltou um suspiro frustrado, e eu senti muito por ele.

— Bom, meu caso não era tão importante. Eu ia jantar com a minha família, e normalmente uso a autoestrada para chegar à casa da minha mãe, já que é do outro lado da cidade.

— Entendi. Bom, a minha família está do outro lado do país. — Sorriu triste, e eu o acompanhei, soltando um muxoxo. — Eu ia pegar o avião assim que saísse do jantar, mas vou para o aeroporto assim que esse trânsito do inferno se dissipar.

Ficamos em silêncio por mais um tempo e eu voltei minha atenção ao jogo da cobrinha. Percebi pela visão periférica que o tal Landon revirou seu porta-luvas em busca de algo, e quando não achou bateu as mãos nas pernas, em frustração. Sorri de canto e continuei jogando aquela desgraça de Snake3D.

Fazia mais de três horas que eu estava parada na autoestrada, e não aguentava mais jogar o treco da cobrinha. A bateria do meu celular estava quase acabando e eu não quis deixar o carro ligado porque iria consumir todo o combustível.

— O que será que aconteceu, hein? — Ouvi o cara do conversível perguntar e me virei para ele.

— Segundo minha irmã, um acidente envolvendo um caminhão, que tombou e está pegando fogo e tomando as duas pistas.

— Que merda! — Xingou, soltando um suspiro depois.

Ficamos em silêncio por mais um tempo. Olhei para o outro lado e vi que o motorista à minha direita tinha dormido e dois adolescentes estavam num amasso louco no banco de trás. Ri e voltei a atenção a Landon, que verificava algo no celular.

— Quer conversar? — Perguntei.

Dizem que contato humano é altamente necessário para evitar a loucura.

— Claro. — Landon sorriu e passou para o banco de passageiro, provavelmente para ficar mais próximo. — Sobre o que quer falar?

— Hm... Música!

Em meia hora, Landon já estava no banco passageiro do meu carro, eu já sabia seu gosto musical de cor e sentia como se o conhecesse há anos. Ele era muito extrovertido, uma característica que eu tenho em comum, e nos demos muito bem em pouco tempo.

— E aí quando a porta do elevador abriu, ela estava lá! — Rimos alto. — Nem sei como ela chegou mais rápido que eu! — Ele contava a história de como terminou com sua a morada anterior.

— Uma mulher furiosa faz qualquer coisa, meu bem. — Expliquei, fingindo lixar as unhas, e ele riu.

— Mas e você? Nenhum interesse romântico? — Perguntou, e eu notei que não foi por flerte, foi apenas para continuar o assunto.

— Bom, eu estava quase noiva, mas ele... Ele acabou falecendo.

— Nossa! Uau, me desculpe, eu não queria trazer isso à tona, eu... — Não aguentei e ri da sua cara.

— Eu sei que não se deve brincar com isso, mas você tinha que ver a sua cara! — Praticamente berrei, caindo na gargalhada em seguida. Ele soltou um suspiro profundo e me olhou com cara de quem comeu e não gostou. — Estou brincando!
— Altamente desnecessário. — Comentou, em um murmúrio, e eu ri mais ainda.

— Não, faz uns bons cinco anos que eu não namoro sério. — Falei, depois de sair do ataque de risos. — E não poderia estar mais feliz. A vida de solteira é uma delícia! — Soltei um risinho fraco e ele sorriu em resposta.

— Você disse que estava indo ver sua mãe, não é?

— Isso. Ela gosta de fazer um jantar pré-natal no dia vinte três. Assim a família toda já vai pra casa dela e, depois, passamos os dias vinte quatro e vinte cinco juntos. — Sorri com a ideia. Eu gostava muito de passar um tempo com a minha família, todos eles eram muito queridos. E, modéstia à parte, acho que a melhor família que existe. Eles apoiam muito cada um de nós, não importa o que façamos. A minoria tem preconceitos, e isso faz o clima nos jantares muito mais leve, até porque somos todos bem... Incomuns. Quase nunca brigamos e, quando o fazemos, nos reconciliamos em dois dias.

— Ah, é uma ideia muito legal. Pelo menos eles moram aqui em Nova York mesmo. Minha família toda está em Oregon. — Falou, parecendo um pouco aborrecido.

— Deve ser difícil... Você os vê quantas vezes por ano?

— Poucas. Nos aniversários dos meus pais e no meu, apenas. Tenho irmãos, mas eles moram em Nova York também, então os vejo com mais frequência.

Continuamos falando daquilo por um bom tempo, e nada de liberar a autoestrada. Eu estava começando a ficar com fome, e quando falei isso a Landon, ele saiu do carro, foi até seu conversível e pegou uma sacolinha. Voltou, sentou-se novamente ao meu lado e tirou da sacola dois sanduíches.

— Meu Deus, você é um anjo! — Praticamente berrei, tirando o sanduba da embalagem. — Obrigada, muitíssimo obrigada!

— Que isso! — Riu. — Eu sempre levo lanchinhos comigo. Ainda bem que sou prevenido.

Landon’s POV

A garota era realmente muito gente boa. Tinha um bom papo e uma risada adorável.

E, não posso deixar de notar - afinal, ainda sou homem -, era linda.

E gostosa, digamos de leve.

— Mas depois eu cheguei à conclusão que gostava mais de baunilha. - Ela terminou de explicar algo no qual não havia prestado a mínima atenção e eu apenas sorri e concordei com a cabeça.

— Mas então... Solteira, né? — Perguntei, não aguentando mais.

Qual é, eu estava carente!

Ela levantou uma sobrancelha e sorriu de canto, desviando o olhar rapidamente e logo voltando a atenção para mim.

— Da primeira vez que você perguntou isso, eu notei que foi apenas para continuar o assunto. Mas agora já deu para notar o flerte. — Fiz cara de culpado e ela riu. — Você não é muito suave, Landon.

— Ah, sabe como é. Faz um tempo que não pratico. — Dei uma desculpa qualquer, passando as mãos pelos cabelos e sorrindo de canto.

Ficamos em silêncio por um tempo, e eu peguei meu celular para ver que horas eram e percebi que já estávamos parados ali por quase três horas. Bufei alto, fazendo com que Mel voltasse sua atenção até mim. Fingi que não percebi e continuei mexendo no iPhone, vendo o facebook e qualquer coisa que tirasse minha atenção da bela garota ao meu lado.

Ate que ela cutucou de leve meu ombro e, quando olhei pra ela, me puxou pela camisa e colou nossos lábios. Depois de passada a surpresa, coloquei uma mão em seu rosto e a outra em sua cintura. Ela me abraçou pelo pescoço e continuamos me beijando por um bom tempo, até que o ar faltasse.

Nos separamos e ela ligou o rádio, provavelmente para impedir que ficasse um silêncio constrangedor entre nós. Apertou um dos números no aparelho, que devia ser uma de suas estações favoritas, e logo a mesma foi sintonizada.

So please just fall in love with me this Christmas

(Então, por favor, se apaixone por mim nesse Natal)

There's nothing else that I will need this Christmas

(Não nem mais nada que eu queira nesse Natal)

Won't be wrapped under a tree

(Não estarei reguardado debaixo de uma árvore)

I want something that lasts forever

(Quero algo que dure para sempre)

So kiss me on this cold December night

(Então me beije nessa noite fria de Dezembro)

— Constrangedor... — Ela soltou, baixinho. Nos encaramos por alguns segundos e então caímos na gargalhada.

— E as decoração? — Ela perguntou, animada. Estávamos falando o que mais gostávamos no Natal. — Ah, a decoração é minha parte favorita. As luzes, principalmente. A iluminação natalina é a coisa mais linda que eu já vi...

— Seus olhos brilham tanto que praticamente viram estrelas com você falando das tais luzes. Gosta mesmo, hein? — Comentei, e ela riu fraquinho.

— Gosto. Nossa, não. Amo. — Sorriu, e eu acompanhei.

Continuamos conversando sobre isso e diversos outros tópicos, e parecia que o assunto nunca terminava. Até porque Mel sempre achava outro, acho que ela tinha alergia a ficar quieta. Pelo menos ela tinha um bom papo. Até que um guardinha bateu na minha janela e, quando eu abri, ele nos avisou que já podíamos ir nos aprontando para continuar a viagem, porque o trânsito já estava liberado. Olhei para ela, que soltou um sorriso meio triste. Segurei seu rosto e encostei meus lábios no dela. Inicialmente, era para ser apenas um selinho, mas ela abriu a boca e eu não pude deixar de aprofundar o beijo.

Landon’s POV off

Eles se beijaram e se agarraram àquela sensação como uma criança se agarra a um cachorrinho fofo. Era um ótimo beijo de Natal, uma pena que não tivesse um visco acima de suas cabeças - seria o beijo de Natal perfeito.

— Foi um prazer te conhecer, Mel. — Landon disse, assim que partiram o beijo. Mel sorriu novamente.

Trocaram contatos, número de telefone e facebook, e logo Landon saiu do carro da garota. Entrou em seu próprio veículo e acenou para ela antes de ligar o carro e acelerar. Seu lado da pista já estava liberado, mas a mais nova continuava parada.

Mel fincou os olhos no carro do garoto até que o perdesse de vista.

E os faróis do conversível se tornaram suas novas luzes de Natal favoritas.


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Notas finais do capítulo

Segunda short da série que vou postar aqui. Revisei muito por cima, então perdoem qualquer erro - aliás, podem me avisar por MP se virem alguma coisa errada.
Vou postar o resto das shorts ao longo das minhas férias, que só acabam no próximo dia 3. Tenho várias, então podem me aguardar heheh.
Não esqueçam de deixar um comentário! ^-^
Beijos! ♥



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