Eu vou aonde ele for escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 1
Capítulo 1 - Foi por você


Notas iniciais do capítulo

Até agora não sabemos ao certo o que aconteceu. Alfredo pode estar morto, ou Sherlock pode ter se drogado, o que é o mais provável de acordo com as notícias de que Holmes pai irá a Nova York na 4ª temporada para cuidar das consequências do vício de Sherlock.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/631776/chapter/1

Capítulo 1 – Foi por você

– Já faz três dias... Eu achei que estivesse pronto pra conversar.

Não houve resposta.

– Seu pai ligou. De alguma forma ele descobriu o que aconteceu. Ele vai chegar aqui amanhã. Está entrando no avião agora.

Sherlock continuou mudo. Joan observou o céu noturno e as poucas estrelas que conseguia ver, como se esperasse que a qualquer momento alguma delas lhe dissesse o que fazer. Sherlock continuou imóvel e sentado de costas para ela, ao lado do banco onde ela sempre se sentava. Ao invés de sentar-se, se colocou na frente dele, percebendo que o consultor não estava realmente ali. O olhar de Sherlock parecia atravessá-la, parecia perdido e destruído ao mesmo tempo. O coração da chinesa doeu quando ela imaginou que ele devia ter ficado em estado parecido no começo de seu vício anos atrás.

– Sherlock...? – Perguntou num sussurro, sem intenção, só então percebendo o quanto vê-lo daquele jeito a estava alterando.

{Flash back}

Joan havia acabado de chegar em casa. Alfredo estava no hospital, lutando para viver, mas ao menos haviam sido capazes de estabiliza-lo. Agora o novo problema era localizar Sherlock. Gregson e Bell estavam apurando os acontecimentos e procurando não só Sherlock, mas também Oscar. Haviam voltado para a delegacia e Joan seguira para o sobrado, Sherlock podia estar de volta.

– Sherlock? – Chamou enquanto pendurava seu casaco na entrada – Sherlock?! – Gritou para as escadas enquanto as subia.

Revirou o sobrado durante mais de meia hora e não encontrou nenhum sinal dele, nem mesmo no telhado com as abelhas. Estava ficando escuro. Joan começava a considerar seriamente telefonar para Bell e Gregson, quando escutou um barulho na porta de entrada e correu o mais rápido que pode para encontrar Sherlock entrando.

– Sherlock!! Estávamos preocupados! Onde esteve esse tempo todo?! Porque não ligou pra nenhum de nós?

Ela parou de falar ao perceber que ele não parecia vê-la. O consultor tinha um olhar completamente alheio e parecia uma carcaça vazia.

– Sherlock...? – Perguntou baixinho, se aproximando – O que aconteceu com você? Alfredo não está bem, mas está vivo e tem chances.

Sherlock pareceu acordar um pouco, mas sua única reação antes de deixa-la foi um breve olhar de gratidão e alívio. O detetive seguiu para a sala, e levou algum tempo acendendo a lareira. Depois sentou-se no chão em frente ao fogo e ficou lá sem dizer uma única palavra, fitando as chamas como se sua vida dependesse daquilo.

– Sherlock? – Joan perguntou novamente, caminhando até ele e hesitando um instante antes de tocar seu ombro.

Ele fez menção de virar a cabeça para olhá-la, mas não aconteceu. Parecia querer lhe falar, mas estava em choque. Ainda hesitante, Joan se ajoelhou na frente dele para desabotoar seu casaco e removê-lo junto ao cachecol. Pendurou-os na entrada e voltou para sentar-se ao seu lado.

– Sherlock... Precisa me dizer o que ele fez com você – ela falou num tom um tanto suplicante, não saber o que acontecia a estava matando, temia o pior – Está ferido?

Meia hora passou-se daquele jeito. Joan permaneceu ao seu lado, levantou-se, fez chá, tentou provoca-lo, mas nada aconteceu. Ainda assim continuou falando com ele, tinha que trazê-lo de volta de onde quer que ele estivesse. Quando ela já pensava em ligar para Gregson notou um brilho diferente nos olhos do consultor, parecia estar ficando lúcido de novo. Mesmo ainda não sendo o momento adequado, ela precisava saber se suas suspeitas estavam certas. Seu coração estava disparado de medo com a possibilidade de ser verdade. Ausentou-se por algum tempo e voltou com um teste de drogas que já estava jogado há algum tempo em suas coisas. Mostrou-o a ele. Sherlock seguia sua mão com o olhar, mas sem nenhuma outra reação, nem reclamação.

– Sherlock. Eu sei que não é o momento adequado, mas sei que está me ouvindo. Preciso saber o que ele fez com você.

Joan esperou mais alguns minutos, mas sem nenhuma reação dele, levou o cotonete a sua boca e para o alívio da oriental ele não resistiu ao teste. Poucos segundos depois o pequeno tubo confirmou, Sherlock estava sóbrio, nem um miligrama de qualquer droga. Joan o olhou da cabeça aos pés, procurando algum ferimento que podia ter deixado escapar.

– Sherlock, por favor! – Pediu um tanto desesperadamente, mas sendo o mais suave possível – Me diga o que há de errado.

A resposta foi algo que a chocou. Havia lágrimas correndo pelo rosto de Sherlock Holmes?!

– Sherlock?!

O choro tornou-se mais intenso com os segundos e ele começou a tremer. Joan começava a sentir-se em pânico quando ele tirou sabe-se lá de onde uma caixa de metal enferrujada e a entregou a ela, sua mão tremendo bastante como se ali dentro houvesse algo capaz de destruir o mundo. Joan congelou ao receber aquilo, sabia muito bem o que tinha ali, vira a caixa em uma visita anterior a Oscar. A abriu contra sua vontade e encontrou o que mais temia lá dentro. Fechou e abriu a caixa várias vezes procurando sinais de que havia sido usada. Com certeza Sherlock a havia aberto e fechado várias vezes e até mexido nas coisas ali dentro, mas ver os pacotes minúsculos, uma borracha e a seringa intocados aliviou um pouco seu coração. Na verdade um dos pacotes estava aberto, mas era evidente que todo o seu conteúdo continuava ali. Joan percebeu que suas mãos também tremiam quando largou a caixa no chão e tentou pôr os pensamentos em ordem. A essa altura Sherlock deixava as lágrimas correrem livremente e apoiava-se com as mãos para não encontrar o chão.

– Sher... Sherlock... – ela dizia tentando mostra-se controlada e lhe passar algum conforto – Está tudo bem. Você não fez nada. Você resistiu. Vai ficar tudo bem.

Sem pensar duas vezes, inclusive porque seu cérebro havia parado de pensar no momento em que o viu chorar, Joan se aproximou dele e o puxou para ela, fazendo com que Sherlock se apoiasse de costas contra seu tórax e o abraçou. Sentiu a cabeça dele encostar em seu rosto quando ele olhou para o lado. Era do conhecimento de todos o quanto contato físico era algo assustador para Sherlock, mas nesse momento ele sequer pareceu se afetar com o aperto firme e gentil de Joan. Ela soluçou quando passou a chorar junto com ele ao imaginar os horrores que devia ter passado.

– Watson... – ele falou tão baixo que ela só viu seus lábios se mexerem.

– Não precisa dizer nada agora – ela sussurrou de volta – Nunca estive tão orgulhosa de você.

– Foi... – ele disse, ainda tão baixo que ela estava apenas fazendo leitura labial – Por você... Joan. Obrigado.

Joan ficou abismada com as palavras dele e sentiu seus olhos ficarem ainda mais úmidos. Não tinham ideia de por quanto tempo permaneceram ali, mas já era noite quando a situação se controlou. Joan conseguiu fazê-lo se alimentar um pouco e beber chá, depois teve que arrastá-lo em passos fracos até o andar de cima e fazê-lo tomar banho e se trocar. E sem muita ideia do que fazer, levou-o para seu próprio quarto, onde ele deitou-se e dormiu sem dizer mais nenhuma palavra depois de sua confissão. Mesmo com o resultado do teste de drogas, ela havia pedido para examiná-lo antes que vestisse a camisa de flanela do pijama. Sherlock não fez objeções e Joan não encontrou um rastro sequer de que ele havia sido espetado por uma seringa, encontrou apenas arranhões nos braços, que ela deduziu terem sido causados pelas unhas de Sherlock. Colocou uma cadeira ao lado da cama, onde o observou enquanto ligava pra Gregson e Bell para relatar o ocorrido, convencendo-os de só aparecerem depois. Nem ela, nem Sherlock estavam com ânimo, nem plenas condições de receber uma longa visita no momento. Bell passou no sobrado apenas para recolher a caixa de metal e desejar melhoras a ambos, prometendo discrição e que conversariam apenas quando se sentissem melhor. Joan retornou ao andar de cima e sentou ao lado da cama novamente, enrolando-se num grosso cobertor para se proteger do frio da madrugada. Observou Sherlock até o sono a tomar e dormiu ali mesmo.

{Fim do flash back}


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Eu vou aonde ele for" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.