Herdeira do Trono - Parte I escrita por NandaHerades


Capítulo 14
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo capítulo!
E é o maior! hahaha
Está acabando...
Aproveitem!



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Irriel estava em minha casa. Minhas pernas tremeram e quase cai ali mesmo, ele estava dividindo o mesmo espaço que minha tia, olhei para ele e para ela e senti que estava pálida...

— Você está bem? — Lavínia correu para me acudir.

— Estou... Eu estou — falei gaguejando.

—Por que não disse que iria acompanhada? — ela perguntou e eu quase abri a boca de tão surpresa que eu estava. Irriel era meu acompanhante, por essa eu não esperava.

— Ah... Eu... Eu esqueci — forcei as palavras a saírem.

— Marco disse que haviam combinado — Marco? Esse era o nome que ele usava? —Bom, ele se apresentou...

—Eu sabia que você esqueceria — Irriel riu e jogou todo seu carisma para cima de Lavínia — Por isso vim mais cedo.

— Você tem razão — tentei parecer natural — Marco me ofereceu carona, já que não sei onde fica a casa de Scarlet...

—Nunca vi você na cidade, Marco... É de onde? — ela o interrogava.

— Sou da capital. Vim passar um fim de semana aqui e acabei conhecendo Saraí em um lual — ele falou com calma, parecia bem convincente.

— Ah você conheceu Saraí no lual... —Lavínia repetiu desconfiada.

— Não se preocupe — falei — Ficarei bem.

— Eu sei que sim — ela respondeu olhando diretamente para os olhos pretos de Irriel, que poderiam assustar quem não estava acostumado com a intensidade deles, mas não tia Lavínia.

— Vou pegar o presente — avisei e voltei para o quarto para pegar a sacolinha que estava sobre a cama — Pronto... Acho que podemos ir!

Lavínia sorriu para mim. Irriel abriu a porta para que eu passasse e veio logo atrás. Andei devagar, ao poucos eu voltava ao normal, minhas pernas estavam firmes novamente. Irriel me guiou até um SUV preto que estava estacionado do outro lado da rua. Eu estava totalmente atordoada, não conhecia essa face dele. Ele abriu a porta do passageiro para mim e eu entrei, na entrada da casa eu via Lavínia nos observando como uma mãe, ela queria ter certeza que eu não estava sendo atacada por um homem desconhecido. Irriel entrou e deu a partida imediatamente.

— O que foi isso? — perguntei — Marco? Que nome é esse? Eu não entendo...

—Você não poderia ir sozinha e... Bom, não seria fácil te convencer do contrário. Então resolvi te acompanhar. E só para você saber, meu nome é Marco... Em Eretz meu sobrenome é Irriel.

— Como conseguiu ser convidado? Você não vai de penetra não, né?

— Tenho meus contatos... Ou você acha que eu passei toda a minha vida aqui em Eretz te procurando?

— Sinceramente? Eu achei. Você é tão obcecado com essa história de profecia que pensei que você vivesse para isso, mas olhando para você agora vejo que estava enganada.

— Eu passei muito tempo aqui para juntar riquezas — ele falou.

—Então você é rico? — perguntei.

—Tão rico quanto Scarlet— ele respondeu —E você sabe como ricos são bem vindos em todos os eventos sociais...

— Tudo bem — falei convencida — Só não quero que você fique do meu lado o tempo todo, as pessoas podem desconfiar.

—O seu amigo pode não gostar também — ele falou com frieza, olhei para ele. Irriel prestava atenção na estrada, suas mãos estavam tranquilas no volante, mas havia uma ponta de ciúmes em sua expressão.

—Você entendeu o que eu disse — mudei de assunto. Falar de João me lembraria do episódio no cinema, e lembrar-me disso faria com que eu falasse do nosso beijo.

— Claro que sim — ele piscou para mim e deu um sorriso forçado, ele não estava facilitando as coisas — Você está linda com esse vestido... — ele falou sussurrando, meus pelos se arrepiaram.

Não falei nada. Apenas olhei para estrada. Estava aliviada por Irriel ter me oferecido carona, já que Aline havia decidido ir mais tarde e eu não sabia o caminho até a casa de Scarlet. Paramos em frente a um portão gigante, com as letras FM cravadas bem na frente. Um segurança perguntou nossos nomes e assim que os encontrou na sua lista no Ipad, nos permitiu entrar. Paramos em um estacionamento que já estava cheio, por sorte havia uma vaga, um pouco distante da mansão, mas já estava bom. Irriel me ofereceu o braço e fomos até a entrada. Tudo estava muito lindo, as luzes iluminavam a fachada da mansão dando um ar sofisticado, no fundo do jardim eu conseguia ver uma pista de dança que estava vazia, a música que tocava era bem calma. Estranhei Scarlet organizar esse tipo de festa, ela parecia ser o tipo de garota que não perdia uma balada. Irriel me ajudou a subir os degraus e paramos em frente à porta.

—Podemos nos separar agora — falei, mas a porta já estava escancarada. Scarlet nos encarou sorrindo.

—O segurando avisou que vocês haviam chegado juntos e eu vim ver com meus próprios olhos — ela disse tudo isso com um sorriso no rosto, mas no fundo eu sentia uma pontada de ciúmes da parte dela. Será que ela e Irriel tinham algo? Fiquei desconfortável, mas disfarcei com um sorriso cínico.

— Foi uma coincidência — Irriel sorria para ela — Não sabia que vocês eram amigas!

—Que coincidência — Scarlet estava mais relaxada — Entrem! — ela deu espaço para que passássemos, Irriel ainda segurava meu braço.

A sala da mansão de Scarlet era ainda mais linda que a entrada. Olhei para as paredes e fiquei maravilhada com as obras de arte, identifiquei um Tarsila do Amaral e senti meus olhos brilharem. Uma grande escadaria levava para o segundo andar e uma porta lateral levava para o jardim. Irriel ainda segurava meu braço quando Scarlet voltou a falar.

— Teremos um jantar antes da festa — ela falou fitando nossos braços, mas logo desviou — Meus pais queriam algo mais formal, por isso convidei vocês mais cedo... Os outros convidados chegarão à meia-noite. A sala de jantar é ali — ela apontou para uma porta, olhei rapidamente e vi que já estava cheia — Colocarei você perto de Marco, Sara...

Assenti. Tenho certeza que ela pensou que eu sentaria ao lado de João, eu vi quando seus olhos me acusavam, como se ela quisesse me expulsar da sua casa. Irriel me conduziu até a sala de jantar, soltei o braço dele e me afastei, por mais que João já estivesse chateado eu não queria o machucar mais. Fui até Scarlet e a desejei feliz aniversário, depois lhe entreguei o presente. Ela agradeceu pelo batom rosa e o entregou a uma empregada.

— Como conheceu Marco? — ela me perguntou, não entendia o motivo de tanta curiosidade — Desculpe a intromissão, mas há alguns meses, só eu o conhecia nessa cidade.

Fiquei pensando em uma resposta. E ela me olhava com um sorriso complacente que me deixava muito desconfortável. Scarlet estava muito interessada em saber tudo sobre Irriel e eu, como se ele fosse dela.

— Eu a conheço da capital —Irriel apareceu atrás de mim —Eu frequentava a lanchonete do tio dela, ficamos amigos.

Scarlet ficou vermelha de vergonha, ela não esperava que Irriel fosse aparecer para responder por mim. Fiquei em silêncio apenas concordando com o que ele disse.

— Ah sim — ela respondeu devagar.

— E vocês? Conhecem-se de onde? — perguntei. Eu também estava curiosa para saber, não que eu estivesse com tanto ciúmes quanto Scarlet, mas eu precisava entender aquilo.

—Nos conhecemos em Paris — Scarlet respondeu prontamente, diferente de mim — Eu estava estudando francês e um dia fui ao Louvre ver a famosa Monalisa. Encontrei Marco admirando a obra e quando vi que ele era brasileiro ficamos amigos...

Levantei a sobrancelha quando ouvi como ela pronunciou a palavra amigos, eles tiveram algo, eu tinha certeza. Irriel pigarreou de leve, como se estivesse querendo avisar algo a Scarlet, ela voltou a sorrir e pediu licença. Voltei-me para Irriel.

—Procure ficar longe de mim — falei e corri para o outro lado da sala.

Vi João descendo as escadas, ele veio até a sala de jantar e quando me viu sorriu discretamente, eu acenei cordialmente. Ele parou para conversar com alguns de seus amigos, depois veio em minha direção. Respirei fundo porque não sabia o que falar para ele.

— Sara — ele me puxou para um abraço — Obrigado por ter vindo... Você está maravilhosa!

—Obrigada — sorri aliviada por ele não parecer chateado.

— O jantar será servido — Scarlet disse acabando com qualquer chance de constrangimento entre João e eu — Lugares marcados, pessoal — ela levantou uma plaquinha com o nome dela em destaque — Encontrem seus nomes e fique a vontade.

Corri os olhos pela mesa e encontrei meu nome perto de uma das pontas. Do meu lado estava Irriel, fiz uma careta de desprezo e me sentei. Não era agradável tê-lo perto de mim, principalmente quando João me encontrou longe dele. Fiquei olhando para qualquer lugar, desta forma não o veria. Com a visão periférica percebi que Irriel estava me olhando e aquilo me irritou. Olhei para ele:

— Por favor! Deixe-me em paz, não quero que pensem que temos algo — falei baixo.

— Não estou fazendo nada. Mas se preferir, eu posso trocar de lugar com seu namorado —ele enfatizou a última palavra e eu ri.

— Isso não é uma discussão. Só quero que você pare de ficar me encarando... Mas se preferir você pode ficar mais perto da Scarlet — respondi e voltei a olhar para o nada, Irriel estava rindo do meu lado.

Os garçons chegaram e serviram a todos com o prato de entrada. Olhei para aquela comida e já sentia vontade de comer um hambúrguer. O prato era gigante, mas a comida não ocupava nem um quarto do espaço. Tudo muito bonito, mas nada que realmente matasse a fome. Já estávamos terminando o prato principal quando Scarlet fez um brinde. Brindei com uma falsa animação e fui comer minha sobremesa. Todos conversavam, exceto Irriel e eu. Era estranho ver todos sorrindo e contando piadas enquanto eu apenas colocava o sorvete de creme na boca e tentava fingir que estava sozinha na sala de casa vendo mais um episódio de The Walking Dead. Suspirei. Lembrar-me de casa não era agradável, principalmente quando eu poderia nunca mais voltar para lá.

— Agora que terminamos podemos nos juntar aos outros convidados na minha fantástica pista de dança no jardim! Welcome to Scarlet World! —Scarlet falou e todos bateram palmas. Alguns saíram correndo para o jardim.

Estava tocando Avicii. Andei devagar até uma mesa e sentei. Claro que não pensei que ficaria animada para essa festa, eu nem queria estar ali. Fiquei batendo o pé acompanhando o ritmo da música. Eu era a visão mais deprimente da festa. Olhei ao redor e não vi Irriel, pelo menos ele estava me dando espaço.

— Vamos dançar? — João apareceu atrás de mim e me puxou para a pista — Não acredito que você estava pensando em ficar sentada a noite toda — ele gritou para mim assim que fomos dançar, a música estava muito alta.

Prestei atenção só na música e me mexia como uma doida. João dançava bem perto de mim, às vezes colocava a mão na minha cintura. Eu estava enfeitiçada pela música alta. Aquilo era bom.

— Vou pegar algo para beber — ele gritou e eu assenti.

Continuei a dançar. A pista estava lotada, não conseguia reconhecer os rostos. Mas uma garota com um vestido vermelho e justo me chamou atenção, era Aline.

— Oi — gritei no ouvido dela e ela virou assustada.

— Oh Sara, não te reconheci com esse vestido — ela gritou exagerada, estava bêbada — Por que não me falou que iria ficar tão linda?

— Você também está linda! — falei sorrindo.

— Estou parecendo uma vadia — ela disse e tomou mais um gole de sua bebida — Mas não me importo. Você está vendo esses homens?

Ri dela. Aline estava muito alterada, eu devia ficar de olho nela. Senti alguém segurar meu braço, pensei que fosse Irriel, mas não era.

— E ai gata, vamos nos divertir? — João me ofereceu um copo com uma bebida vermelha. Sorri para ele e aceitei, queria sentir-me mais leve. Tomei um gole e me surpreendi com a doçura daquela bebida, eu poderia beber a noite toda.

Voltamos a dançar. Eu já havia tomado uns três coquetéis e não me sentia mal. João estava cada vez mais perto. Não me afastei, o álcool me deixava mais leve.

— Vamos para outro lugar — João disse.

Ele me pegou pela mão e fomos para uma parte mais distante do jardim. Fiquei encostada em uma árvore, enquanto ele se livrava de nossos copos vazios.

— Voltei — João disse e me beijou. Foi um beijo tão rápido e feroz, a mão dele passava pela fenda do meu vestido. Eu correspondia porque meu corpo queria aquilo, mas minha mente mandava sinais de perigo. João ficou mais ousado e começou a apertar minha coxa, fiquei presa entre ele e a árvore.

— Melhor pararmos — falei ofegante, tentei me desvencilhar dele.

— Mas acabamos de começar — ele falou com um tom de brincadeira, mas seus olhos estavam me assustando — Você não veio até aqui pra me deixar chupando dedo, né?

Consegui sair de perto da árvore e andei em direção à pista de dança. Minha visão estava rodando, eu havia bebido muito, isso era óbvio. Acabei tropeçando e caindo de joelhos na grama.

— Nós podemos continuar daqui — João me virou no chão e me agarrou a força.

— Não, João! Por favor... — Gritei — Socorro.

­

Há seis anos...

— Seja uma garotinha boa — o homem disse para mim —Você não quer ser mandada para outro orfanato por ter me desobedecido.

Chorei lembrando-me de nosso último encontro. Doía tanto. Ele era tão mal comigo. Por que isso acontecia?

— Não me machuque de novo. Por favor! — falei entre soluços.

— Não vou te machucar, meu anjo — ele falou com o rosto bem próximo ao meu. Eu conseguia sentir seu bafo de cigarro e café. Meu estômago embrulhava com esse cheiro — Vai ser só uma brincadeira.

—Não — gritei, mas a dor tomava conta de mim novamente.

—Me solta — gritei para João entre lágrimas — Não faça isso.

Mas João não me escutava. Ele estava tomado por um desejo que o deixava sem sentidos. Remexi-me debaixo dele, porém não era forte o suficiente. Lembrei-me de uns golpes que Irriel havia me ensinado. Dei um chute em João e ele me soltou com o desespero. Levantei o mais rápido possível.

— Volta aqui — ele me segurou.

— Solte ela — ouvi Irriel gritar. Fiquei aliviada em ouvir a voz grave dele.

— Saia daqui, amigo. Isso não é da sua conta — João falou e tentou me arrastar. Preparei-me para dar outro golpe nele, mas Irriel já estava o agarrando.

Em menos de dois minutos, João já estava desmaiado. Ninguém havia escutado por causa da música alta. Sentei na grama e abaixei a cabeça. Não queria que Irriel me visse chorando. O que João tentou fazer me levou para a pior fase da minha vida e agora eu não conseguia mais tirar a voz daqueles homens da minha cabeça. Seja uma garotinha boa...

Senti o braço de Irriel me confortando. Apoiei minha cabeça em seu ombro e ficamos ali, apenas ouvindo a respiração um do outro.

—Vou te levar para casa — ele falou com calma.

— Não quero ir para lá. Não sei se vou conseguir encarar Lavínia e há essa altura os anjos devem estar me esperando. Por favor... Me leve para outro lugar — minhas lágrimas molhavam o smoking dele.

Ele me ajudou a levantar. Apoiou-me e saímos à francesa da festa. Ele abriu a porta do carro e eu fiquei mais tranquila. Quando entrou Irriel não saiu imediatamente. Ele estendeu o braço e secou uma lágrima que insistia em sair do meu olho.

—Não chore — ele falou levemente —Vou cuidar de você. Sempre.

Sorri. Eu precisava acreditar que alguém cuidaria de mim. Irriel começou a dirigir. Olhei para o relógio e vi que já era uma hora da madrugada. Ele dirigiu por meia hora em silêncio. E depois parou em frente a um prédio com uma fachada desgastada. Saímos do carro e ele me guiou até um apartamento no terceiro andar.

— Bem vinda a minha casa — ele falou abrindo a porta e indicando para que eu entrasse.

O apartamento era muito pequeno. Não conseguia imaginar como alguém poderia morar em um lugar tão pequeno. A sala era ocupada por uma cama de casal e um sofá manchado. Fiquei parada no cômodo e esperei que ele trancasse a porta.

— Vou fazer um chá para você — ele falou sem nem mesmo saber se eu queria.

—Não precisa — murmurei.

—Você está um pouco bêbada. É melhor sentar aí e esperar até que eu apareça com um bom chá — ele mandou e eu assenti. Não estava com força para argumentar, não agora.

Sentei-me na cama e tirei o salto que apertava meu pé. Fiquei esperando por uns dez minutos até que Irriel apareceu com uma xícara cheia de chá quente. Sorri agradecida e tomei um pouco.

— Você tem que ligar para sua tia — ele advertiu — Diga que foi dormir na casa de uma amiga.

— E os anjos? — perguntei apreensiva.

— Eles sabem onde você está.

Suspirei. Claro que eles sabiam.

— Você tem um telefone por aqui? — dei uma olhada pelo apartamento.

— Pode usar meu celular — ele me entregou um aparelho moderno e voltou para a cozinha.

Disquei o número de Lavínia e esperei. A chamada foi direto para a secretária.

— Lavínia, é a Sara. Não vou voltar para casa, mas está tudo bem! Aline me convidou para dormir na casa dela. Te vejo amanhã! — Desliguei. Fiquei aliviada por ela não ter atendido, não iria conseguir mentir com facilidade.

Irriel voltou e ficou me observando. Levantei a cabeça e o fitei de volta. Que situação constrangedora!

— Pode dormir na cama. Eu fico com o sofá — ele falou.

— Esse sofá é muito pequeno para você — comentei — Eu fico no sofá.

— Não. Você é minha convidada — ele franziu a testa.

— Vamos ficar discutindo isso? — perguntei levemente irritada — A cama é grande, acho que podemos dividi-la.

Ele hesitou, mas pareceu convencido. Finalmente!

— Tudo bem — ele concordou — Vou pegar umas roupas para você.

Ele foi até um armário e me entregou uma blusa e um short. Peguei-os e fui até o banheiro me trocar. Quando sai ele já havia preparado a cama. Aproveitei o momento para tentar me distrair.

—Você e Scarlet... Vocês tem alguma coisa? — perguntei e me arrependi quando a última palavra saiu. Que droga. O que eu estava fazendo?

Tentando me distrair, eu acho. Irriel sorriu. Não parecia irritado e nem surpreso.

— Isso te preocupa? — ele perguntou.

— Não. Só não quero deitar na mesma cama que o namorado da minha amiga — respondi tentando parecer descontraída.

— Você tem um milhão de problemas e se preocupa com quem estou saindo? — ele perguntou e eu senti a frustração tomar conta de mim — Isso é uma declaração de amor?

— Rá rá rá... Vai sonhando — respondi sarcástica — Tudo bem... Estou cansada! — deitei-me e fiquei encolhida. Irriel também se deitou.

As imagens de João e da minha infância voltavam em minha mente, era inevitável. As lágrimas já se formavam. Respirei fundo, mas não consegui parar. Por sorte, eu estava de costas para Irriel, depois de vários papéis de trouxa, eu não queria mais um.

— Você está chorando — não foi uma pergunta, ele já havia percebido. Porcaria. Irriel colocou uma mão no meu braço, como se estivesse tentando me consolar, aquilo era bom. — Vou dar um jeito naquele garoto — ele ameaçou a João, porém isso não me ajudaria.

— Vou ficar bem — eu disse isso mais para me acalmar do que para Irriel.

— Fique tranquila. Eu nunca vou deixar que façam mal a você de novo — ele disse. Então ele também sabia o que eu tinha sofrido no orfanato. Até ele. Todos sabiam. Chorei frustrada por minha falta de privacidade.

Ele se aproximou mais de mim. Já estávamos quase dormindo de conchinha. Em um movimento súbito me virei e fiquei de frente para ele. Bem próximos. Sua mão envolvia minha cintura, nossa respiração estava acelerada e mesmo no escuro eu conseguia ver seus olhos pretos me fitando.

— Não chore — ele pediu novamente, mas eu não chorava mais. De alguma forma eu me sentia segura ali, em seus braços. Como se meu passado não existisse.

— Me beija — eu sussurrei e aquilo soou tão proibido e desesperado.

Ele me beijou. Seus lábios estavam quentes e saborosos. Não estávamos assustados como em nosso primeiro beijo, estávamos envolvidos.

—Acho que gosto de você — eu falei dando um tempo para respirar e voltei a beijá-lo.

Irriel subiu sua mão pela minha barriga e fez todos meus pelos se arrepiarem, uma sensação boa subia pelo meu ventre. O desejo tomou conta de nossos corpos e pela primeira vez eu não sentia medo de ser tocada tão intimamente.

— Não podemos fazer isso — Irriel falou e se afastou.

— Não — tentei impedi-lo — Não há nada de errado.

—Preciso te falar uma coisa... — ele começou a dizer, mas parou — Temos companhia — ele falou e imediatamente senti a presença de Merl e Lukiel. O que eles estavam fazendo? Eles iriam invadir minha privacidade de novo?


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Notas finais do capítulo

Ah Irriel... Sem palavras!
O que acharam?

O último capítulo demorará um pouco mais para sair. Postarei em setembro!
Beijos!



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