Como sobreviver ao coração partido escrita por Miss Acre


Capítulo 2
Nunca subestime a Fúria Nerd.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :3



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Eu tinha razão. Não foi tão ruim. Foi muito pior. Acordei em um colchão inflável boiando em uma piscina, agarrada a um anão de jardim. Meu Deus, em que dimensão paralela estou?? Remei até a escadinha da piscina e então percebi que estava com um vestido. Mais precisamente uma fantasia da Branca de neve. Caralho. Preciso achar as meninas... Estava em alguma mansão de algum bilionário de Sidney ou sei lá, só sei que tinha mais umas dez pessoas desmaiadas no chão e a casa estava um caos. Comecei a considerar a possibilidade de estar em um clipe, mas minha cabeça doía a qualquer tentativa de raciocínio. Passei por um espelho com alguns sutiãs pendurados e então gritei. Meu cabelo estava azul. AZUL. Puta que pariu meu cabelo estava azul!!! E ainda estava muito mais curto...

–Caralho para de gritar... - Resmungou uma voz vinda da montanha de almofadas. Era Irina.

–Irina!!- Gritei ainda mais alto.- O que diabos aconteceu aqui?!

– Sei lá... A gente foi pra boate, ai começamos a beber...

–E...

– Você beijou uma garota e...

– O QUÊ?!- Meu Deus como minha cabeça doía...

– Ok, essa parte é zuera. Mas sério não me lembro de muito... Cadê a Mei?!

– Vamos procurar...

–Cabelo legal a propósito...

Mostrei o dedo do meio pra ela e começamos a procurar por Mei. Dez minutos depois, depois de atravessar um labirinto forrado de bonecas infláveis, copos de bebida, pessoas desmaiadas e todas aquelas coisas típicas de festas muito loucas... Achamos a criatura deitada em cima de um cara muito lindo. Graças a Deus ela estava de roupa.

–Desgraçada... - Xingou Irina.- Parece que só ela teve sorte...

–Mei...- Disse chacoalhando seu ombro.- Acorda...

Ela abriu os olhos lentamente, mas quando percebeu onde estava, arregalou os olhos de tal forma que ficaram do tamanho de uma pessoa não asiática.

–Mas que porra aconteceu aqui?!- Ela gritou numa voz fininha. Ok, Mei Lin falando “porra” é sinal de que ela está prestes a explodir.

–Calma...- Eu disse cautelosamente.- Vamos embora e...

–SEU CABELO ESTÁ AZUL!!- Ela gritou ainda mais fino e possivelmente quebrando algumas janelas.

–Sim, eu sei... Ele está azul... Valeu por lembrar... - Respondi sarcástica.

– AI MEU DEUS!!- Ela gritou olhando para o deus grego em que estava sentada. -QUEM É ESSE AI??

–Nós temos mesmo que ir... - Interveio Irina puxando Mei para fora daquele lugar.

– Mas onde que está o carro?!

–Ali... - Então avistei “nosso” carro: no meio do saguão. Com um monte de gente desmaiada no capô. Irina entrou no banco da frente e enterrou sua mão na buzina; fazendo com que as pessoas ali desmaiadas tivessem um ataque cardíaco e com que minha cabeça explodisse:

–VAMBORA SEUS OTÁRIOS!!- Ela gritava.

Eu tapava meus ouvidos com força e torcia para minha cabeça não explodir junto. Assim que ela parou de buzinar; sentei no banco da frente e Mei, atrás. Irina acelerou como se estivesse no “Velozes e Furiosos” e por incrível que pareça, conseguimos passar pelo grande arco que dividia o saguão e o quintal. Após quase atropelar algumas pessoas, conseguimos sair daquela mansão e quando percebi; estávamos na estrada.

–MAS QUE PORRA ACONTECEU?!- Gritou Mei.

– EU LÁ VOU SABER?!- Retrucou Irina irritada com os gritos.

– ERA SÓ PRA GENTE IR À BOATE E DANÇAR!!! NA VERDADE NÃO ERA PARA TERMOS FEITO NADA, EU DISSE QUE A GENTE IRIA SE FUDER!! E O CABELO DA HARLEY ESTÁ AZUL!!!

– EU SEI QUE ELE ESTÁ AZUL!! VOCE JÁ DISSE ISSO DUAS VEZES!!!- Gritei de volta com mais raiva do que pretendia.

– ALÉM DO MAIS... - Gritou Irina.- PRA QUE TANTO ESCÂNDALO?! NÓS SAIMOS DAQUELE INFERNO E ACABOU!! E SE ALGUMA QUENGA AQUI, TOCAR NESSE ASSUNTO MAIS UMA VEZ, EU COMO O FÍGADO DELA NO ALMOÇO, ENTENDERAM?!

–ACABOU?!- Indignou-se Mei.- ESSA MERDA ESTÁ APENAS COMEÇANDO!! VOCÊS SABEM QUE DIA É HOJE?! É DIA DE AULA!!! DAQUI QUINZE MINUTOS!! VÃO SABER QUE SAÍMOS E QUE AINDA ROUBAMOS O MASERATI DO DIRETOR NATAS!!!

Tanto Irina como eu nos entreolhamos com os olhos arregalados. Mei estava certa. Estávamos fudidas.

–MERDA!!- Gritamos as duas juntas.

–AGORA ACELERA ESSA BOSTA ANTES QUE EU FAÇA BRINCOS COM OS OLHOS DE VOCÊS!!!

–SIM SENHORA!!- Irina obedeceu.

O rádio estava ligado nas alturas, mas estávamos apavoradas demais para se importar com qualquer coisa. Irina acelerava ao máximo enquanto Mei estava sendo possuída por Azazel ou qualquer príncipe dos infernos:

– ACELERA ESSA BANHEIRA, SUA VACA!!!

–TÁ A FIM DE MORRER?!- Gritava Irina de volta.

Então gradativamente ouvimos um som... O qual à medida que se aproximava de nós, se revelou um carro de polícia.

–AI CARALHO!!!- Gritei com o coração na garganta. - A POLÍCIA!!!!

–VOU TER QUE PARAR O CARRO!!

–AH, MAS NÃO VAI MESMO!!- Então Mei, sabe-se lá como deu um jeito de assumir o volante. - SOU DEPORTADA DE VOLTA PRA HONG KONG, MAS NÃO MANCHO MEU HISTÓRICO ESCOLAR!!

–NÓS VAMOS MORRER!!- Gritamos eu e Irina juntas.

–ENTÃO BEM VINDAS AO INFERNO, VADIAS. –A voz de Mei estava bem mais grossa do que o habitual. Naquele momento, o diretor Drácula parecia o Papa Francisco perto dela.

Então Mei afundou o pé no acelerador. Quando consegui olhar para trás, vi que havia mais cinco carros de polícia atrás de nós, e Irina estava encolhida no banco de trás; gritando como uma menininha. Em meio a toda essa confusão, descobri que havia um helicóptero da polícia acima de nós; UM HELICÓPTERO; e em um momento aleatório, percebi que na rádio tocava “Pretty Girls” da Iggy Azalea... Resumindo, tínhamos até uma trilha sonora para nossa morte.

–HARLEY!!- Gritou Irina atrás de mim, entregando-me alguma coisa. - COLOCA ISSO!! E NA MEI TAMBEM!!

O “isso” tratava-se de um chapéu mexicano. Como estava ocupada morrendo, coloquei o chapéu em mim e no demônio ao meu lado sem questionar. O que logo se revelou ser útil, pois um dos carros da polícia chegou ao nosso lado e nos falou alguma coisa... Mas não deu pra entender, pois Mei o empurrou para fora da pista e logo após ouvimos um barulho de colisão e em seguida uma explosão.

–PUTA QUE PARIU!!- Exclamou Irina em meio ao choro.

–NINGUÉM VAI MANCHAR MEU HISTÓRICO ESCOLAR. - Respondeu o corpo de Mei.

Seguimos o resto do caminho em silencio mórbido, com nossos chapéus mexicanos. Quando finalmente chegamos aos portões do colégio, conseguimos levar o carro até a garagem.

–CHÃO!!- Então Irina se atirou do carro e beijou o piso.

–AINDA NÃO ACABOU VADIAS!!- Gritou Mei.- A AULA COMEÇA DAQUI TRÊS MINUTOS!! AGORA SE MOVAM, VERMES!

–SIM, SENHORA!!

Então corremos para o quarto e colocamos o uniforme as pressas. Em seguida, corremos para a sala de aula e conseguimos nos sentar em nossos lugares de costume: Mei na primeira carteira, colada ao professor; Irina e eu nas ultimas. Sim, não era o que se poderia chamar de aluna exemplar. Logo após me sentar, percebi que todo mundo olhava pra mim como se estivesse pelada ou algo do tipo... Mas assim que o professor entrou passei a ignorar tais olhares.

–Boa tarde, garotas.

Respondemos todas ao mesmo tempo. O professor em questão, tratava-se do prof. Collen; nosso detestado professor de física. A matéria em si já é uma bosta e ele não faz nada para amenizar: se ele não vai com a sua cara por algum motivo... É zero na sua prova o ano inteiro. Acham que estou exagerando? Ano passado, tinha uma garota equivalente a três Mei. Ou seja, uma união entre Alan Turing e Einstein e futura ganhadora do premio Nobel. Ela tirava nota máxima em tudo... Com exceção em física. O motivo? Ela corrigiu o professor no meio da aula. Tal fato bastou para ela tirar zero em todas as provas, mesmo tendo acertado tudo. Resumindo, ele era um perfeito de um filho da puta.

–Srat. Young?- Ele me chamou.

– Sim?

– É falta de respeito ficar com chapéu em sala de aula. Ainda mais um sombreiro mexicano.

Agora entendi porque todos estavam olhando para mim. Eu me esqueci de tirar o chapéu mexicano. O problema é que se tirasse agora, seria pior ainda... Por conta do meu cabelo smurfizado.

–Retire-o por favor.

Então me vi em um dilema: Se tirasse o chapéu, todos veriam meu cabelo cosplay de avatar; e se não tirasse... Eu já tirava 0,5 na prova, se não tirasse aquele chapéu nem isso tiraria.

–Infelizmente não posso, queridíssimo professor.- Respondi cautelosamente.

–Como não?

– É que... - Se o lance da historia dramática funcionou com o Diretor Drácula, então vai funcionar com ele. - Hoje é o dia da Independência do México.

– A Independência do México é dia 5 de maio e estamos em outubro, Srat. Young.

Irina apoiava a cabeça nas mãos a fim de se esconder e Mei me olhava incrédula.

–Eu sei professor... Mas todo dia é dia de se comemorar uma historia tão linda quanto à da Independência do México, não acha?

–Não.

Como se não pudesse ficar pior, repentinamente a porta da sala se abriu; entrando a diretora e outro cara de blazer e calça social.

–Alunas... – Disse a diretora alegremente. - Desculpe por interromper a aula de vocês, mas gostaria de apresentar nosso mais novo professor de matemática: Prof. Blanc.

Então o tempo parou: o professor em questão era justamente o cara bonitão em que Mei estava deitada ao acordar, hoje de manhã. Tanto Irina quanto mei me encaravam. “Merda.” Dissemos nós três com o olhar. Sempre tem como piorar.


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Notas finais do capítulo

Enfim gente... Se gostaram ou não, deixem seus comentários!!