Azar escrita por Let


Capítulo 15
O Carlos


Notas iniciais do capítulo

Desculpem mais uma vez a demora. Achei que os problemas de família estavam resolvidos, mas não estavam. Vou postar o máximo que eu puder sempre que puder. Desculpem de novo por isso.
Obrigada por quem continua aqui.



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A noite anterior ficava repetindo como flashes na minha cabeça e então percebi uma coisa:

— Ainda não. O que seu amigo queria conversar com você ontem? — Ele soltou as minhas mãos num baque surdo, aparentemente, eu tinha feito a pergunta errada. — Se não quiser respon...

— Ele queria saber se eu estava bem. E me repreender um pouco, coisa de amigo. — Ele parecia não conseguir tirar os olhos de um ponto específico no chão. Acho que tinha tocado num ponto bem dolorido.

— Por quê?

— O que?

— Porque ele queria saber se você estava bem e te repreender?

— Ele estava preocupado comigo, só isso.

— Sim, mas por quê? — Eu não desisto tão facilmente. E comecei a achar que devia, afinal, ele não era nada meu, eu não tinha nada que me meter na vida dele.

— Por sua causa, na verdade… — Ok, por essa eu não esperava.

— Por minha causa? De onde veio isso?

Ele abriu a boca e fechou-a quase instantaneamente. Esperei, ele tinha o direito de não querer me dizer as coisas ou, se quisesse de ter o seu tempo para tal. Acabei sem saber o que ele ia decidir, nesse momento, seu pai e minha mãe passaram pelo corredor, cochichando.

— Isso é passado, Glória. Eu segui em frente. E eu não quero nem você nem a sua filha andando com a minha família.

Se ele não tivesse se referido a mim, eu talvez nem teria me metido nas coisas da minha mãe. Se ela estava tendo um caso com um cara casado, quem era eu para julgar? Afinal, já tinha me oferecido o suficiente para o menino namorando ao meu lado. O fato é: ele falou de mim, e eu cansei de estar por fora.

— Por que não? — Falei, enquanto saía do quarto e me juntava a eles no corredor.

— Não se mete, menina.

— Carlos, não a coloque no meio, não foi culpa dela, você sabe.

— O que não foi minha culpa?

— Querida, volta para o quarto e vai brincar com o seu amiguinho, vai. — Nesse momento Marianne chegou, bem a tempo de ver o meu show.

— Não. Chega. Eu estou cansada disso! Eu não ligo para o que acontece entre vocês dois, mas eu não vou ficar aqui ouvindo o cara dizer que não me quer perto da família dele sem nenhuma explicação.

— Porque você é suja, garota!

— Pai!

— Carlos!

Eduardo e Marianne exclamaram juntos, cada um demostrando uma emoção. Edu indignado, sua mãe ultrajada.

E foi ao ouvir Marianne repetir o nome do marido que caiu a ficha que aposto que todos vocês já tinham entendido. O “Carlos pai do Edu” era o mesmo “Carlos ex da minha mãe que me amaldiçoou”. E era por isso que o cara me parecia tão familiar.

— É você. — Eu disse. — É você.

E, quando para mais ninguém nada fazia sentido, os pedaços pareceram magicamente se encaixarem. Por isso a minha mãe estava tão arrumada e a casa limpa, para impressionar o tal. Por isso as coisas com o Edu pareciam que iam dar certo, porque ele era meu quase-irmão. Por isso eu estava ali, naquele pesadelo, porque o Carlos, homem parado na minha frente, tinha me desejado essa vida. A culpa era toda dele.

Enquanto eu entendia tudo isso houve um segundo de silêncio e, logo em seguida, uma confusão generalizada enquanto todos falavam ao mesmo tempo coisas que, para mim, já eram ininteligíveis. Decidi que não dava para ficar naquele caos. Virei-me na direção da porta e comecei a correr sem olhar direito para onde ia.

Antes de conseguir dar três passos, tropecei numa coisa grande que eu derrubei e caí por cima. A coisa recebeu o maior impacto e eu saí intacta. Apoiei minha mão no chão para levantar e toquei em uma coisa viscosa. Era sangue. Só então eu percebi que a coisa era, na verdade o irmão mais novo do Edu. E ele estava sangrando bastante.

Tentei sair de cima do menino e escorreguei no sangue, batendo a cabeça. A próxima coisa que eu me lembro é de acordar no hospital.

Abri os olhos para cinco rostos me encarando. O susto me fez pular da cama e sair correndo. Confesso que eu não sei o que estava pensando, mas eu simplesmente corri porta afora. E foi uma perseguição ridícula porque eu usava um daqueles vestidos de hospital abertos atrás que mostrava a minha calcinha de ursinho e corria gritando pelas alas até chegar na ala psiquiátrica.

Nesse momento, fui surpreendida por um médico com uma agulha maior que eu que me disse que aquilo ia ajudar. Surtei. Corri para a janela e tentei abrir de qualquer maneira. Quando não consegui, vi a saída de emergência do meu lado e comecei a descer aquelas escadas como quem tinha visto um fantasma.

Fui apanhada no hall por um segurança com três vezes o meu tamanho.


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