Azar escrita por Let


Capítulo 12
Na Boate




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— Claro que não! Quer dizer, sim! Quer dizer... Eu não sei o que eu quero dizer... — E, com essa confissão, abaixou a cabeça. Senti-me ficando vermelha e dei aquela risadinha nervosa, sabe?

— Tudo bem, pode me chamar do que quiser... É bom receber elogios... — Eu não sabia o que dizer, e aquilo parecia certo, “normal”, mas assim que saiu da minha boca, eu fiquei mais envergonhada ainda.

Não dissemos mais nada até o nosso ponto. Entramos no prédio e esperamos o elevador ainda em silêncio.

— Eu vou numa festa amanhã, aqui perto e... Bem, você quer ir? — Até me assustei com a pergunta, ele estava me convidando para ir a uma festa? Com ele? Não faz sentido, pensa comigo (de novo): se o Edu tem uma namorada que ele tanto ama - suponho - então porque não vai na festa com ela? Por que ele quer complicar a minha vida, hein? Já não está ruim do jeito que está?

— E a Carol? — Perguntei, meio sem jeito de perguntar pro menino da namorada que ele parecia esquecer.

— Ah, a Carol... Não vai poder ir. — Estranho, muito estranho... Considerei por um segundo e resolvi aceitar, melhor do que ficar sozinha em casa na véspera de feriado a noite. Além disso, amigos vão à boates juntos, certo? Certo?!

— Tá, vamos. É aonde, como, que horas, festa de quem...?

— De um amigo meu, começa às nove, numa boate aqui perto... — Ele pausou por um segundo — Você pode ir a boates, né?

— Posso, claro! — Nunca tinha ido, mas a minha mãe nem ia sentir a minha falta, então isso não seria um problema. — Precisa levar presente?

— Não, não, relaxa, eu vou levar, você é minha convidada.

— E o seu amigo não vai estranhar, não? Ou ele já está acostumado a você levar uma menina em cada festa? — Isso ficou meio grosseiro, mas, convenhamos, era o que parecia.

Eu estava começando a achar que não devia ter dito que ia, mas já tinha dito, né? Com sorte eu ia conhecer um gatinho na festa e me perder do Edu, deixando ele com saudade da namoradinha. Olha o que eu estou dizendo: "Com sorte"! Já estava na hora de eu ter aprendido, eu não tenho sorte.

Entrei em casa ainda pensando nisso e fui dormir pensando nele. Por que os garotos tem que ser tão confusos? Eu não sabia a resposta e não ia descobrir ficando em casa fechada. Estava decidido, eu ia àquela festa, ia beber até cair e ia agarrar o primeiro que passasse, pra ver se eu me distraía. Eu sei, eu sei, péssima idéia, mas não adianta discutir comigo. Quando eu resolvo as coisas assim, num impulso, nada me impede.

Dito e feito. Eu fui para a tal festa arrasando! Nunca me produzi tanto para um lugar quanto naquela noite!

Chegamos lá e os olhares se voltaram para mim, quer dizer, para nós, e eu estava me sentindo. O amigo logo veio cumprimentar:

— Edu! Fala aí, cara! — Ele era simpático, do tipo que tem cara de bom amigo, sabe?

— Fala, mano! Lucas, essa é a Zá. Zá, Lucas.

— Oi! — Sorri, para o menino. — Parabéns!

— Prazer! Valeu! Tem bebida liberada no bar, comida rodando por aí, divirtam-se! — Ele apontou para o bar e depois olhou sério para o Edu — Depois eu quero falar com você, cara.

E saiu. Eu, sem nem avisar, simplesmente andei até o bar e pedi uma tequila.

O atendente do bar olhou para mim, viu que eu era menor e que certamente não tinha algum "adulto responsável" permitindo que eu pedisse ou sequer pensasse tequila, mas não pareceu se importar quando trouxe a bebida.

Era ruim. Pior do que eu tinha imaginado que seria, mas eu não parei de beber até começar a ver tudo balançar - o que foi três ou quatro doses depois, não se engane.

Algum tempo e muita bebida passou.

— Já deu, né, Zá? — Perguntou o Edu, tirando uma garrafa de vodca da minha mão.

— Não é da sua conta, né, Duduzinho? — Roubei a garrafa de volta e dei uns três goles sem respirar. Ardeu até a alma, mas eu estava começando a me acostumar.

— Eu nunca devia ter te trazido...

— Mas trouxe, então se conforme!

Deixei-o falando sozinho, ele estava muito chato naquela noite, especialmente depois da bebida... Espera. Ele bebeu? Sabe que eu não consigo lembrar? Na verdade, eu não consigo lembrar de muita coisa daquela noite, por exemplo para onde eu fui depois disso. Branco total. O que me vem à cabeça depois é de eu estar beijando um garoto que eu conheci lá. Ele tinha um peito perfeito e beijava muito bem! E é só isso que eu lembro, porque estava de olho fechado e passando a mão no peito e na barriguinha sarados do menino.

A que nível cheguei? Nem pergunte, essa foi a parte leve da noite.

Algumas garrafas depois eu me encontrava num beijo a três com a mão dentro da roupa de um cidadão desconhecido cuja memória não me permite descrever melhor - por sorte! Essa é a hora que você se pergunta: "Como funciona um 'beijo a três'?" E eu adoraria te responder se soubesse, mas a essa altura do campeonato eu não sabia nem mais o meu nome.

Depois disso, só o que eu sei é que acordei na porta de casa com um bilhete colado na minha testa:

Zá,

Achei melhor não te acordar para você entrar e, como já era claro, conclui que você iria acordar logo.

Edu.


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