Afinal, somos todos mutantes. escrita por mooncandy


Capítulo 2
A novata


Notas iniciais do capítulo

2º cap u.u



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Acordo com o despertador tocando. Viro-me preguiçosamente para ver o horário, 6:30 da manhã. Me espreguiço passando as mãos pelos cabelos e levanto para me preparar para o treino, já que vou ter teste de resistência em uma semana. Vou para o banheiro e enquanto encaro o meu reflexo no espelho, reparo que algumas marcas de ontem ainda estão presentes no meu corpo, principalmente nas costas. Suspiro ligando o chuveiro, tomo um banho rápido e visto a primeira roupa que vejo no armário.

Desço as escadas correndo e vou para a cozinha, não tem nada preparado, tendo em vista que ninguém acordou ainda. Por mais que eu não esteja realmente com fome, me obrigo a comer pelo menos uma fruta, contando que pretendo treinar por no mínimo 3 horas. Pego uma maçã e duas pêras, caso fique com fome.

À medida que me aproximo do ginásio e como a maçã, percebo o quanto o caminho que faço todos os dias é bonito, tem flores de todos os tipos de cada lado da calçada, além de diversas árvores, frutíferas ou não, que inundam o lugar com um delicioso cheiro de néctar. O canto dos pássaros se funde com o barulho das folhas das árvores, formando uma sinfonia que me traz paz. Saio dos meus pensamentos quando chego na Ala C e tento abrir a porta, é aí que me lembro que deixei a chave na outra calça.


– Maravilha. Agora vou ter que fazer todo o caminho de volta. - Bufo enquanto volto sem prestar atenção no que está na minha frente.

Agora, aquela melodia que antes me soava tão harmoniosa, por algum motivo está se transformando em algo que, ao invés de me acalmar, só está me irritando cada vez mais. É nesse momento de distração, sem notar o que se encontra na minha frente, que eu trombo com alguém que se desequilibra e cai no chão.

– Ai! Você não olha por onde anda? - Reclama a garota colocando a mão na cabeça.

– Desculpa, eu... Melody? O que faz acordada uma hora dessas? - Digo um pouco surpreso. Eu realmente não esperava ver ninguém acordado 7 horas da manhã num sábado.

– Nathaniel! Eu estava te procurando. A diretora me pediu para falar com você.

– Mas o que ela quer comigo à essa hora? Aconteceu alguma coisa? - Pergunto, depois que a ajudo a levantar.

– Você sabe como a diretora fica quando um aluno novo chega na escola. - Ela se ajeita e continua- Ela me ligou depois de você não atender o celular.

– Aluno novo, hoje? Eu pensei que eles só chegariam segunda.

– Pois é, eu também. Mas parece que essa garota é especial. - Ela fez aspas com as mãos quando pronunciou a última palavra - Enfim, acho melhor você se apressar, eles estão te esperando na recepção. Eu vou avisar a diretora que encontrei você.

– Pode deixar. Até depois.

– Até.

– Ah, Melody! Você comeu alguma coisa no café da manhã?

– Não, não tive tempo.

– Nesse caso, pra você. - Ofereço uma das pêras que tinha pego na cozinha mais cedo para ela.

– Ah, obrigada. - Ela diz pegando a fruta e corando um pouco.

Ela sai correndo pela calçada e eu tomo a direção contrária, indo para a recepção. Começo a pensar no que Melody tinha me dito agora há pouco, então a novata é uma garota e parece ser importante, visto que a diretora permitiu que ela entrasse no colégio num sábado de manhã.

Apresso o passo quando me aproximo da entrada, estou curioso pra conhecer essa menina, qual será o poder dela? Quando chego na frente da entrada principal encaro a grande porta dupla que está na minha frente e passo a mão pelos cabelos. Respiro fundo e abro a porta com força, um pouco mais do que eu esperava, mas o suficiente pra fazer com que ela bata na parede impecavelmente limpa e pintada, fazendo um barulho relativamente alto, chamando a atenção de todos que ali estão. Ótimo. Primeira impressão perfeita.

Ergo meus olhos e dou de cara com três pessoas: uma mulher de altura mediana e cabelos castanhos, um homem alto com cabelos grisalhos e uma garota também de cabelos castanhos e com quase a mesma altura da mulher, ela não parece nada feliz.

– É... - Limpo a garganta - Bom dia.

– Ah! Finalmente alguém pra nos atender! Você sabe há quanto tempo nós estamos esperando? - Exclama a mulher que aparenta estar em seus 40 anos.

– Carla! - Repreende o homem - Oh, me desculpe pela grosseria de minha esposa, mas faz quase uma hora que nós estamos aqui.

– Não precisa se desculpar, eu entendo perfeitamente. - Falo enquanto me aproximo um pouco mais para uma apresentação descente. - Meu nome é Nathaniel Rousseau.

– Eu sou Roger e essa é a minha esposa Carla e nossa filha Aurora Blanc. - Ele estica o braço num aperto de mãos e eu correspondo.

– Muito prazer. - Digo enquanto direciono meus olhos para a garota na minha frente. Mais de perto dá para ver que ela tem olhos castanhos que puxam para o âmbar e um cabelo que é mais comprido atrás e curto na frente, na altura dos ombros na verdade, acho que eu já tinha ouvido a minha irmã falar desse tipo de corte antes, é corte em V ou alguma coisa parecida. Ela é diferente das outras meninas que eu já tinha visto, tem um semblante enigmático e um brilho no olhar que parece me hipnotizar. Tento desviar os olhos mas é praticamente impossível.

– Então. - Ouço a voz do pai dela e acabo saindo dos meus devaneios, é nesse momento que percebo o clima estranho que tinha se instaurado no lugar - O que acham de dar uma volta pelo colégio?

– O que? Ah, claro. - Sorrio meio envergonhado.

Percebo que a garota não para de encarar a minha mão e olho para baixo para conferir se não tem nada de errado comigo. Só então me lembro que ainda estou segurando aquela pêra. Tento colocá-la no bolso, me esquecendo do detalhe de que a minha calça não tem bolso. Coro um pouco e decido deixá-la no balcão da recepcionista mesmo.

Ela ri abafado e desvia o olhar para seus pés, colocando uma das mãos nas costas e usando a outra para arrumar o cabelo que tinha caído no seu rosto quando abaixou a cabeça.

– Vamos? - Pergunto olhando para os seus pais. Eu devo estar parecendo um idiota.

– Vamos? - Ele ri - Nós não, vocês vão.

– O que?! - A garota exclama - Pai! Vocês não vêm?

– Tenho certeza de que você está em boas mãos filha. - Ele sorri.

Ele dá um beijo em sua testa e logo em seguida a abraça. A mulher faz o mesmo, sussurrando alguma coisa que eu não consegui entender. Eles saem pela grande porta e vão embora, prometendo mandar notícias.

Bom, por essa eu não esperava.


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Notas finais do capítulo

Vejo vocês nos comentários!



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