Afinal, somos todos mutantes. escrita por mooncandy


Capítulo 10
Mistérios




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Saio da minha sala e ouço aqueles dois ignorantes conversando.

— O que faremos agora? - Leigh pergunta.

— Como eu vou saber? Não foi ideia minha trazê-la até aqui. Não seria melhor falarmos com o chefe? - A ajudante dele responde.

Já chega disso. Não dá mais para confiar em ninguém hoje em dia.

Bato a porta atrás de mim e vou para a sala onde está a garota.

— O que foi isso?! - A mulher grita.

— Acho que ele ouviu a nossa conversa! Parabéns, agora quem vai morrer somos nós!

— VOCÊS ME TROUXERAM A MUTANTE ERRADA? - Chego gritando, apenas para dar um susto neles. Babacas, se assustam com um grito.

— Chefe, nós não sabíamos...

— CALADOS! EU SABIA QUE NÃO PODIA CONFIAR EM VOCÊS, SEUS INCOMPETENTES!

Abro a porta da sala e arrasto a menina para fora. Ela começa a chorar e se debater, elas sempre fazem isso.

— Leigh, dê um jeito nela. Acho que um pouco de tortura vai fazer bem a ela.

Ele sorri e leva a garota embora.

— Mas não a mate! Já sei como consertar a burrada da vocês. - Digo batendo a porta da sala.

~*~

— E então? Você vai me contar a história ou eu vou ter que esperar a noite inteira?

— Além de curiosa também é impaciente. - Castiel se senta na cama e indica para que eu faça o mesmo.

— Prefiro ficar de pé.

— Para de frescura e senta logo.

— Castiel, isso é jeito de se tratar uma dama? - Lysandre o repreende.

— Dama? - Ele ri - De dama essa aí não tem nada. Vem, senta.

— Obrigada Castiel, mas fique sabendo que você também não é nenhum cavalheiro. - Retruco.

Me sento o mais longe possível dele e faço um sinal para que ele comece.

— Então ta. Debrah entrou no colégio há três anos. Era muito quieta, não falava com ninguém. As pessoas diziam que ela era louca, que os pais batiam nela, era um boato pior que o outro. Quando descobriram que ela era nível ômega, pediram para que eu a treinasse, na época eu não possuía tanta experiência, mas sabia bastante a respeito e aceitei.

— Corrigindo, xingou todo mundo e depois de três dias aceitou. - Lysandre fala.

Solto uma risada abafada e cubro a boca com a mão.

Castiel mostra o dedo do meio para o amigo e continua.

— Depois de alguns treinos ela descobriu que seus poderes podiam ir muito além do que ela pensava. Tanto que ela conseguiu até desligar o bloqueio de poder uma vez. E eu descobri que levava muito jeito com treinamento. E assim a gente foi se aproximando e depois de um tempo começamos a namorar... E...

Ele para de falar e fica em silêncio por quase um minuto.

— E então ela foi embora. - Lysandre completa.

— Ela não foi embora, ela sumiu, eu sei disso.

— Mas como eu posso ajudar? - Pergunto.

— Foi o que eu te disse. Ela apareceu pra mim, e me disse que você poderia me ajudar a encontrar ela. Agora eu entendo por que. Você é nível ômega, como ela.

— Olha, eu até ajudaria, mas não faço ideia do que fazer. Eu... Eu preciso pensar um pouco. Amanhã falo com você.

Me levanto e dou tchau para os dois. Me deu até um pouco de pena do Castiel, mas eu não vou me meter nisso, já tem confusão demais na minha vida.

Volto para o meu quarto e chamo pela Rosa, pretendo contar tudo com o que eu tenho sonhado nos últimos dias para ela.

— Rosa? - Digo abrindo a porta do banheiro, mas não encontro ninguém dentro.

Ela deve ter ido encontrar o namorado, amanhã falo com ela, isso que eu ainda preciso alertá-la sobre ele.

Arrumo minhas coisas para amanhã e me preparo para dormir. Deito na cama e coloco meus fones de ouvido. Acho que mereço um momento sozinha, para pensar um pouco.

Estou tão cansada que rapidamente começo a cair no sono. Desligo a música e apago a luz, me deitando novamente em seguida. Adormeço em poucos minutos.

Acordo no outro dia com o despertador da Rosalya tocando. Ela o programa para tocar uma hora mais cedo para poder se arrumar para a aula. É tipo um ritual.

Me sento na cama enquanto esfrego os olhos.

— Afe Rosa, desliga isso... - Digo bocejando - Rosa?

Me levanto e acendo a luz para acordá-la, mas encontro sua cama vazia e arrumada, do mesmo jeito que estava ontem.

— Cadê ela? - Pergunto para mim mesma.

Vou ao banheiro mas ela também não está nele. Aproveito que já estou aqui e me arrumo para a aula.

Ando até o armário para escolher uma roupa mas quando o abro tenho uma surpresa.

Eu dividia esse armário com ela e suas roupas ficavam do lado esquerdo, que agora está vazio.

— Mas o que?...

O que aconteceu aqui? Para onde foram as roupas dela?

Corro para o armário da outra parede e o abro. Suas maquiagens, acessórios, sapatos, tudo sumiu.

Pego meu celular e vejo que recebi duas mensagens dela, mas nenhuma pista sobre o que pode ter acontecido.

— Mas que droga Rosalya, o que aconteceu com você?

Coloco uma calça jeans, uma blusinha listrada e minhas sapatilhas favoritas. Como minha irmã fala: "com essa sapatilha não tem erro".

Rio com meus pensamentos e pego minha mochila antes de sair do quarto. Preciso descobrir o que aconteceu com a Rosa.

Quando estou chegando nas escadas encontro com o Alexy e o Armin.

— Bom dia meninos. - Digo.

— Bom dia, Aurora. - Alexy me cumprimenta - Você parece preocupada, ta tudo bem?

— É... Mais ou menos. Vocês viram a Rosa?

— Vi - Armin fala, me dando uma pontada de esperança - Ela tem cabelos brancos, olhos amarelos, faz gelo com a mão... Ai!

Alexy dá um tapa na cabeça do irmão.

Eu tinha até esquecido que a Rosalya tinha esse poder. Ela congela as coisas, tudo o que ela toca vira gelo ou neve, é muito legal.

— Para de ser retardado! Desculpa, Aurora, mas não a vi ainda. Ela não tava no quarto?

— Então... Eu não a vejo desde ontem e agora uma coisa muito estranha aconteceu.

— O que foi? - Eles perguntam juntos.

— As coisas dela sumiram. Tipo, tudo. As roupas, sapatos e até maquiagens. Não tem mais nada no quarto.

— Como assim? Você acha que ela pode ter ido embora? - Armin parece estar mais preocupado agora.

— Eu não sei, talvez. Eu estou indo pra sala da diretora agora, querem vir comigo?

— Sim, claro. Você vem Armin?

— Vou sim, também quero saber o que aconteceu.

— Vamos então. - Digo enquanto subo aa escadas, seguida por eles.

Começo a ouvir os dois cochichando alguma coisa e me viro na direção deles quando termino de subir.

— O que vocês dois estavam falando aí? - Pergunto.

— Nada de mais. - Alexy fala - Ah! Olha a diretora ali!

Nós andamos até ela e eu tomo a iniciativa.

— Diretora, a senhora tem um minuto?

— Depende do que você precisa. - Ela ajeita os óculos na ponta do nariz.

— É sobre a minha colega de quarto, a Rosalya.

— Ah sim, o que tem ela?

— Ela sumiu. - Armin fala - Queremos que a senhora nos diga o que aconteceu. Agora.

Nossa, Armin. Bem delicado e sutil. Parabéns.

— Escutem aqui, eu não tenho tempo para brincadeiras infantis, se precisam mesmo de algo marquem um horário com o Nathaniel ou a Melody, agora se me dão licença eu tenho mais o que fazer.

Encaro ele com o canto do olho, por que ele se intrometeu na conversa? Eu estava quase conseguindo. 

— Espera! - Falo - Diretora, é um assunto rápido, por favor.

Ela me encara através dos óculos e depois olha para os meninos.

— Pois bem, eu falo com você, Aurora. Os dois podem ir tomar café da manhã.

— Obrigada. - Me viro para eles - Depois conto o que aconteceu.

Eles assentem e descem as escadas.

— Entre. Espero que seja mesmo rápido. Tenho muitos assuntos a tratar.

— Eu estou precisando de informações sobre a minha amiga e colega de quarto.

— Que tipo de informação? - Ela pega alguns papéis na mesa e começa a analisá-los.

— É que eu não a vejo desde ontem e agora as coisas dela sumiram do quarto. Eu gostaria de saber o que está acontecendo.

— Hmm... - Ela aperta os olhos e se dirige até uma gaveta na qual está escrito "arquivos" - Rosalya, não é?

— Sim.

— Aqui está. Rosalya Dufour. - Ela diz lendo um papel - É, parece que a sua amiga deixou o colégio ontem de tarde.

— Mas como assim? Ela não pode ter ido embora sem se despedir.

— Bom, eu já respondi a sua pergunta, agora por favor se retire da minha sala. Vá tomar café da manhã, suas aulas começam em uma hora.

— Mas...

— Ande logo senhorita! Eu tenho mais o que fazer!

Saio da sala e vou até o refeitório. Como a Rosa pode ter saído do colégio sem ao menos se despedir de nós? Isso não faz sentido.

Pego um copo de café e um misto quente e me sento com os meninos.

— E aí? - Alexy pergunta - O que aconteceu?

— A Rosa, ela... Ela saiu do colégio.

— Como assim? Sem nem dar tchau pra gente? - Armin fala desviando a atenção do celular.

— Pois é. Achei muito estranho, mas foi tudo o que ela me falou.

— Bom dia gente! - Íris se senta na mesa conosco, seguida da Violette.

— Oi... - Falo encarando meu café.

— Nossa que astral é esse, Aurora? Melhora essa energia aí!

— Ai, desculpa Íris, mas eu não to com cabeça pra melhorar astral nenhum. - Respondo.

— Credo gente, cadê a Rosalya pra dar um up em vocês? - Ela diz tomando um gole de café.

— Então... É esse o problema. A Rosa saiu do colégio. - Alexy explica.

— O que?! Saiu como? Quando isso aconteceu?!

— É isso que a gente ta tentando entender, não faz sentido ela ter saído assim do nada, sabe? - Armin fala.

— Talvez ela só estivesse cansada de tudo isso... - A Violette fala tão baixo que até parece que ela está resmungando.

— Duvido, ela nunca se queixava de nada, na verdade, ela parecia muito feliz aqui. - Digo.

Ouço o sinal tocar e termino meu café rapidamente, quero dar uma passada no banheiro ainda.

Quando entro nele encontro uma garota passando batom. Ela se assusta com o barulho da porta e acaba borrando tudo.

— Que inferno! - Ela diz pegando um pedaço de papel - Você tem demência? Olha o que fez comigo!

— Desculpa, é que eu não estou tendo um bom dia hoje, isso que ele acabou de começar.

— Não me interessa como... - Ela me encara através do espelho - Você é a novata, não é? Aquela que é nível ômega?

Pelo visto as notícias correm rápido pelo colégio.

— Meu nome é Peggy, muito prazer. - Ela estende a mão na minha direção e eu retribuo o gesto - Você deve ser a Aurora, certo?

— Sim, sou eu. Como você sabe meu nome?

— Ah, eu tenho meus contatos. - Ela sorri brandamente - Venha, vamos pra sala, assim poderemos conversar melhor.

— Mas você ta na minha sala? - Pergunto enquanto sou arrastada para fora do banheiro.

— Claro que sim, agora é a aula de matemática, e você ta na mesma sala que eu.

— Ahh, ok então...

Entramos na classe e ela se senta em uma carteira ao lado da minha.

— Então Aurora, me diga, por que você veio pra cá?

Quando estou prestes a responder sinto uma mão se apoiar no meu ombro.

Olho para cima e dou de cara com o Castiel.

— Ah, é você. - Digo tirando sua mão do meu ombro.

— Precisamos conversar, agora. - Ele cruza os braços como se estivesse tentando deixar a frase mais intimidadora.

— Se você não percebeu, eu to tentando conversar com a... - Droga, esqueci o nome dela - Com a minha colega.

— É, Castiel, vai paquerar outra menina por favor. - A garota fala.

"Paquerar". Essa palavra me atingiu de um jeito que eu não esperava. Parece mesmo que ele está me paquerando?

— Paquerar? - Ele fala - O que eu tenho pra falar com ela é muito mais importante, Peggy.

— Aham, sei. Eu sei que você tem uma queda por garotas nível ômega, Castiel. - Ela sorri de modo sarcástico.

Ele bufa e me puxa pelo braço para fora da sala.

— Me solta! Que saco, já cansei das pessoas me arrastando pra lá e pra cá o tempo todo! Eu sei andar sozinha. - Digo tentando me livrar dele sem sucesso.

Ele me ignora e continua andando sem parar. Eu não consegui ver para onde estamos indo, mas deve ser um lugar do colégio que eu ainda não conheço.

Agora estamos do lado de fora, mas é no telhado do prédio. Aqui o bloqueio de poder não funciona.

— Castiel, para! Pra que me trazer aqui?! 

Ele me solta e se vira para mim.

— Sabe o que eu mais odeio? - Seus olhos parecem me fuzilar.

— O que? - Pergunto o encarando.

— Pessoas que ficam me dizendo o que fazer, como fazer e quando fazer as coisas! Odeio principalmente quando me mandam parar! - Uma centelha rubra surge em seus olhos, do mesmo jeito que aconteceu no treinamento.

Ai. Senti uma indireta gritando "Aurora, essa foi pra você" saindo da boca dele.

Mas isso não vai ficar barato.

— Ah, mas é uma ironia você dizer isso! Quem que tava me arrastando pra fora da sala há dois minutos? - Dou um passo para a frente e apoio o meu indicador no peito dele, fazendo-o cambalear para trás - Exatamente! Você, Castiel! É fácil falar dos outros quando você não olha pro seu próprio nariz, não é?

Ele parece ficar assustado com a minha reação, provavelmente porque ele não esperava por isso.

Suas mãos estão tão vermelhas que parecem brasa ardente. Ele se vira de costas para mim e solta os punhos que estavam cerrados.

De repente elas começam a pegar fogo, e ele lança uma bola de chamas o mais longe que consegue.

Dou alguns passos para trás e noto que meu cabelo ficou branco de novo, mas não há nada flutuando ao meu redor.

Começo a ouvir a voz do Castiel na minha cabeça, na verdade, parecem seus... Seus pensamentos.

Sinto uma tontura forte e caio de joelhos no chão, levando as mãos para a cabeça.

O que será que eu fiz?

— SAI DA MINHA CABEÇA AURORA! - Ouvir ele gritando é a ultima coisa que me lembro.


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Notas finais do capítulo

Mais um capítulo pra vcs, espero que gostem. :)



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