O Grande Mago escrita por Davi Sumback


Capítulo 4
Catedral




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Dovahkiin correu até a frente da catedral após uma curta ponte. As grandes portas de madeira nobre estavam fechadas, bateu desesperadamente, mas ninguém abriu, então decidiu abrir ele mesmo. Deparou-se com o salão principal que era gigantesco, o teto era tão alto que Dovahkiin sabia que a maior árvore que ele já vira cabia ali dentro, pilastras de mármore branco polido seguiam aos lados do salão, formando corredores atrás deles, no meio tinha um longo tapete vermelho com o tecido tão bem costurado e de cores tão vividas, que era melhor que a cama em que dormia. Entre as pilastras e o tapete, havia centenas de bancos de madeira nobre, compridos enfileirados. No fim do salão tinha um enorme altar, com uma mesa de mármore branco no centro e cinco cadeiras de ouro logo atrás, a do meio era a maior, com estofado vermelho e encosto tão alto que ficaria pequeno até para um gigante. Na parede do fundo havia enormes estandartes da Aliança, azuis com bordas douradas. Candelabros acesos seguiam pelos lados dos bancos. O salão estava assustadoramente vazio e silencioso.

Dovahkiin viu um feixe de luz vindo mais forte através dos pilares da direita, no meio do salão. Foi em direção com passos calmos, e avistou uma porta dupla de madeira aberta de onde vinha à luz, logo após os pilares, dentro havia uma sala com algumas estantes de livros nos cantos, tapetes no chão, portas nos outros três lados da sala, tochas acesas estavam em suportes ao lado de cada porta, no centro da sala havia uma mesa com um candelabro e livros distribuídos por toda superfície, em um dos lados estava um homem de uns quarenta anos sentado em uma cadeira, com uma túnica branca detalhada em dourado, cabelos quase todo grisalho em volta da cabeça, que em cima era careca. O homem esgueirou seus olhos e viu o garoto parado na porta, curioso.

–Olá – Disse o homem.

–Olá, senhor – Disse Dovahkiin. Após uma curta pausa, continuou – Desculpa incomoda-lo, é que eu não tinha pra onde ir. – Disse o garoto confuso.

–Não tem problemas, estamos aqui para ajudar os mais necessitados. Diga-me, tens fome?

–Sim, muita.

–Como pensei. Entre e feche a porta – Disse o simpático homem.

Dovahkiin obedeceu, fechou a porta grossa de madeira com certa facilidade, à mesma não tinha trinca.

–Se aproxime, diga-me seu nome. – Disse o homem. Dovahkiin parou no outro lado da mesa, de frente para o sacerdote.

–Meu nome é Dovahkiin Kun..., Dovahkiin. – Disse o jovem. Ainda não estava acostumado a se apresentar sem seu nome de família.

–Vejo que foi lhe tirado o nome. – Disse o sacerdote com um sorriso amigável no rosto pálido e lábios brancos e secos.

–Prefiro não falar no assunto, senhor.

–Tudo bem. Atrás de você tem o que você precisa. – Disse o homem.

Dovahkiin olhou e ficou um pouco surpreso com o que via, uma mesa cheia de pães, frutas, jarras de néctar, bolos e tortas. O fato ter aparecido uma mesa onde havia uma porta já não o espantava tanto com foi da primeira vez, apesar de esta ser a segunda. Foi em direção à mesa e começou a comer e beber de forma afobada. Quando estava mais calmo e ainda comendo, disse:

Vocês gostam de fazer sumir ou aparecer coisas.

Vocês quem? – Perguntou o homem.

–Magos e sacerdotes – Respondeu Dovahkiin.

–Sim, é uma magia de fácil conjuração, onde já viu isso?

–Um pouco mais cedo, antes de vir pra cá. Uma velha senhora sumiu após eu conversar com ela, na entrada da torre no Distrito Dos Magos. Foi ela quem me disse os sacerdotes poderiam me ajudar. – Respondeu Dovahkiin.

–Creio que ela disse a verdade, pois já saciei sua fome e sua sede. – Disse o homem sorrindo. Dovahkiin se incomodou um pouco, pois não parecia confiável.

–Agradeço por tudo, mas essa não era a ajuda que eu buscava – Disse o jovem tentando não parecer rude. – Aliás, qual seu nome senhor? Disseram-me para não confiar em quem não sei o nome.

–A pessoa que te disse isso é precavida e esperta, provavelmente já foi enganada. Pode me chamar de Sir Sirius Tyrell.

Dovahkiin ficou impressionado e logo depois envergonhado, pois estava desleixado em frente a um Sir, título dado somente aos nobres.

–Ah... Desculpe meus modos senhor. – Disse Dovahkiin cabisbaixo e sem jeito.

–Não se preocupe, não me ofendeu. Diga-me, o que busca? – Disse Sir Sirius curioso.

–Vou ser franco com o senhor. Gostaria de entrar na escola de magia, porem não sei ler. – Disse Dovahkiin. Sirius aumentou seu sorriso.

–Eu certamente posso ajuda-lo, poderá morar e estudar conosco.

–Uma decisão assim tão rápida? – Questionou o rapaz desconfiado.

–Me veio um interesse muito grande em seu futuro, rapaz. Há tempos espero um mago. – Disse Sirius

–Espera um mago? Por quê?

–Um distrito inteiro governado por mulheres não é boa coisa Dovahkiin, e isso também vale para os homens. Seja uma casa, um distrito ou um reino, todos devem ter presença dos dois gêneros. Mulheres pensam com o coração, são sentimentais, e homens pensam com o cérebro, são racionais. Ambos devem andar juntos e em harmonia, como nossas pernas. – Disse Tyrell.

–Mas o Kirin Tor funciona muito bem, e até onde eu sei, é uma organização feita por mulheres. – Lembrou Dovahkiin.

–Sim, porem liderada por um homem, e em suas missões usam soldados do exército da Aliança, e em algumas, tenentes também deram ordens. Cuidado, pois essas são informações sigilosas que acabaram vazando, como boa parte do que as pessoas sabem sobre o Kirin Tor, então tome cuidado com as palavras, caso as magas descubra que você anda espalhando boatos, sua vida será tirada de forma dolorosa.

Dovahkiin sentou-se na cadeira a frente de Sirius.

–Ficarei em silencio.

–E então, sabe fazer alguma coisa? – Perguntou Sirius.

–Eu trabalhei durante seis anos na ferraria do meio pai. – Respondeu Dovahkiin.

–É, poderá trabalhar consertando as armaduras e armas de treinamento. Não gostamos de usar muito, mas nosso rei Llane exige que todas as pessoas que trabalhão em nome do reino tem que aprender a usar uma espada.

–Me ensine a ler e eu ajudarei com o que você pedir, até mesmo para lavar os banheiros. – Disse Dovahkiin empolgado.

–Não irei te ensinar só a ler, e sim a se tornar um mago – Disse Sir Sirius sorrindo.

Dovahkiin ficou tão feliz que não podia acreditar.

–Muito obrigado Sir Sirius, muito obrigado mesmo.

–Tudo bem, tudo bem – Disse o homem – Vamos, já está tarde, levarei você a um quarto disponível, lembre-se de tomar banho antes de se deitar. Haverá roupas novas e limpas, use-as. – Disse o sacerdote enquanto fechava o livro e levantava da cadeira. Dovahkiin o acompanhou.

O homem foi em direção à porta que estava as suas costas junto com o jovem, entraram em um corredor longo, cheio de portas uma de frente com a outra, tochas iluminavam. Após virar duas esquinas nos corredores, o sacerdote parou em frente a uma porta.

–Aqui será seu quarto.

–Por quanto tempo? – Questionou o jovem.

–Até você sair daqui como um mago. O tempo dependera de você.

20º Ano De Llane Wrynn– 79º Dia da Primavera

No dia seguinte, Dovahkiin foi acordado cedo. Participou de aulas de escrita e leitura na biblioteca durante toda a manhã, junto com outros alunos, pessoas que tinham entre trinta e quarenta anos. Após o almoço teve aulas de introdução à magia, do qual ficou encantado, em seguida aulas de primeiros socorros, que se seguiram até o fim da tarde. Já a noite teve uma breve aula de combate com espadas e escudos, e logo após foi na minúscula ferraria da catedral trabalhar com os concertos das peças de metal usado nos confrontos.

E assim foi durante dois anos. Ao final, Dovahkiin já sabia conjurar magias básicas e algumas avançadas, também sabia sobre magias elementais, conseguia controlar sua mana, sabia ser um ótimo curador com os ensinamentos de primeiros socorros, dominava bem uma espada e um escudo para sua defesa, aprendeu a ler e a escrever, e já sabia sobre política, filosofia e biologia.

Muitos que estavam ali há muito tempo não chegavam ao nível de Dovahkiin, que tinha sido tomado por sua dedicação durante todo esse tempo, tinha se tornado sábio e sua magia era tão forte, que era superior a qualquer outro aluno, porem não chegavam nem perto de seus mestres. De todos ou outros, Dovahkiin era o único que tinha aulas básicas de magias de destruição. Não estava aprendendo a ser um sacerdote, e sim um mago. Sir Sirius lhe dissera que não podia ensinar muito, pois o mesmo não era um mago, mas iria ensinar o que sabia, o resto era por conta do jovem.

22º Ano De Llane Wrynn– 82º Dia da Primavera

Era uma tarde calma. Dovahkiin estava na biblioteca lendo alguns livros sobre grifos, quando Sirius adentrou no recinto.

–Dovahkiin, vou a uma reunião, gostaria que participasse. – Disse o homem em tom sério e preocupado.

–Aconteceu alguma coisa? – Disse Dovahkiin, já com seus dezoito anos, os cabelos agora eram longos até os cotovelos, loiros como fios de ouro. Era robusto o suficiente para ser ágil e forte ao mesmo tempo.

–Não, mas temo que aconteça. – Disse Sirius.

Foram até a sala do Saint Isidoro Luximus, o homem responsável pela catedral, e um dos membros do conselho do rei. A sala era grande, havia estantes com livros nas paredes dos lados, tapetes bordados no chão. No fim tinha uma mesa larga cheia de documentos, e atrás de Saint Isidoro tinha lindas vidraças onde estava desenhado um anjo pintado de azul, dourado e branco.

O velho sacerdote estava sentado em um trono de prata polida com um rosto preocupado, tão velho que Dovahkiin tinha certeza que ele era o único humano a chegar aos duzentos anos. Os poucos cabelos estavam embaixo de uma mitra branca e azul, estava usando uma túnica branca com fios de ouro, dezenas de colares finos de ouro estavam em seu pescoço, era dado um para cada milagre concebido.

Dentro da sala havia também um membro do exercito da Aliança, sua armadura grossa de ouro polido brilhava com a luz do sol, usava uma capa azul com bordas também douradas, não usava capacete e não tinha espada. Tinha o rosto duro e sério, com uma barba espessa e loira por cima do lábio superior, cabelos longos até o ombro, também loiros. Ao lado dele estava outro homem, com amadura de aço azul escuro, incríveis ombreiras forjas em forma cabeça de leões também azuis, capa azul e dourada igual a do outro homem. Tinha cabelos também longos e castanhos escuro, rosto barbado imponente e um olhar severo. O homem de armadura dourada tinha uns trinta anos, Dovahkiin o reconheceu, era Lorde Uther, O Arauto Da Luz, o homem que tinha uma estatua em frente à Ventobravo, fundador dos Cavaleiros Do Punho De Prata. O outro tinha cinquenta anos, e Dovahkiin sabia bem quem era.

–Estamos todos aqui – Disse Isidoro com uma voz velha e falha.

Dovahkiin ficou espantado. Era uma reunião de poucas pessoas, e isso sempre era importante. Agora está participando de uma.

–Gostaria de lembra-los que as coisas que serão ditas aqui são extremamente sigilosas. - Disse o rei Llane. Todos acenaram com a cabeça, então continuou a dizer:

–Suspeito que Medivh já esteja colocando seu plano em andamento. A guerra está próxima. Já pedi a Hadggar ir para a Barreira Do Inferno para auxiliar a construção da Bastilha De Etergarde. Preciso ter os melhores sacerdotes à disposição imediatamente.

O rei Llane disse tantas informações, que Dovahkiin demorou alguns segundos para entender. Ele não sabia quem era Medivh, muito menos Hadggar, também não sabia sobre a construção da bastilha.

–Temos trinta bons sacerdotes já preparados, e terá mais vinte antes mesmo da comitiva partir, meu senhor. – Disse Sir Sirius.

–Gostaria que também fosse Sir Sirius. – Disse o rei.

–Seria uma honra, meu rei. – Respondeu o sacerdote, com um sorriso tímido.

–Sinto muito, mas não poderei aceitar – Disse Saint Isidoro – Sirius deve permanecer na catedral, ele será meu sucessor, não pode correr riscos. A catedral dependerá dele.

–Se isso realmente for verdade, está aqui é uma instituição frágil por só depender de um homem. – Disse Uther rudemente.

–Assim como um reino depende do rei – Retrucou Isidoro.

–O rei tem há tem a Espada – Disse Uther.

–E eu tenho o Faith. – Respondeu o irritado sacerdote.

–Teremos de abrir espaço na catedral para refugiados, também precisaremos usar os salões do exército, ou até mesmo o campo do Leão Dourado. – Disse Dovahkiin interrompendo a discussão. Todos o olharam.

Dovahkiin se lembrou de um documento que havia lido, e agora sabia do que se tratava a reunião.

–Suspeito que estejam falando da abertura do Portal Negro na Barreira Do Inferno. Caso aconteça, a Floresta Do Crepúsculo, Cerro Oeste e a Selva do Espinhaço Setentrional serão as primeiras áreas afetadas pela invasão, seja lá do que for. Milhares de pessoas moram nessas regiões, caso tenha realmente a invasão, boa parte morrerá – Concluiu Dovahkiin. Todos ficaram encarando.

–Correto – Disse o rei. – Uther, abra espaço na ala militar, ou até mesmo no estaleiro. Peço ao senhor Saint Isidoro, espaço para abrigo aqui em sua catedral. Vou dar ordens pelos corvos avisando todos os Jarls para que deixem a população pronta para partirem, mas espero que não seja preciso tal ação.

–Terá meu apoio meu rei. – Disse o Saint.

–Nunca imaginei que Medivh faria isso. – Disse Uther.

–Que a desgraça caia sobre ele. – Retrucou Dovahkiin.

Um trovão estrondou ao lado de fora, em plena tarde de céu limpo.

–Sugiro que não falte com respeito, jovem sacerdote. – Disse Uther.

–Uma pessoa que põe em risco a vida de milhares de pessoas por um interesse próprio, não merece o meu respeito. – Disse Dovahkiin, irritado.

Todos queiram concordar, mas tinham medo das palavras, elas têm tantos poderes como um mago. Falar de Medivh de forma insolente, como Dovahkiin fizera, só iria deixa-lo mais irritado.

–Aliás, o que este jovem sacerdote faz aqui? – Perguntou o rei a Sirius.

–Se um dia Sir Sirius se tornar Saint, Dovahkiin será o Faith. – Respondeu Saint Isidoro, intrometendo-se.

Dovahkiin se espantou com tal declaração, não sabia que estava sendo cogitado para substituir o cargo de seu mestre.

–Bom essa reunião está terminada. Relembro a todos que essas são informações sigilosas. Tenham cuidado. – Disse o rei

–Posso lhe fazer uma pergunta meu rei, Antônidas estará presente na Bastilha De Etergarde? – Disse Dovahkiin.

–Não, o Kirin Tor ira mandar apenas algumas magas por enquanto. Têm surgido acontecimentos estranhos ao norte do Reino Do Leste. Coube ao Kirin Tor investiga-los. – Após uma pausa, o rei Llane deu uma olhada a todos presentes e continuou - Está terminada a reunião, partiremos em quinze dias. Não vamos nos ver juntos tão cedo. – Terminou em tom preocupado.

O rei virou as costas e foi em direção à porta, seguido por Uther.

–Meu rei. Sinto muito profetizar essas palavras, mas pessoas importantes morrerão nessa guerra. -Disse o Saint Isidoro.

O rei virou a cabeça e respondeu:

–Sim, mas pessoas ainda mais importantes estarão protegidas atrás das muralhas desta cidade. – E saiu pela porta.

Após o rei e a Espada saírem, o Saint continuou:

–Eu não teria tanta certeza meu rei. – Disse com voz baixa e triste.

–A Aliança consegue se proteger muito bem de uma guerra, meu mestre. – Disse Sir Sirius.

–Deu uma guerra sim, mas de duas? Não.

–Muito menos de três. – Disse Dovahkiin.

Sir Sirius Tyrell demorou alguns segundos para entender sobre o que falavam, ao compreender sentiu um frio na espinha.


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