É manhã, querida
Eu disse que só pregaria os olhos
quando os teus minguassem
A luz já vem de novo

Pernas se confundem, se enroscam como
a selva de teus cabelos se enrosca em meus dedos,
que viajam de ponta a raiz, buscando o seu miado
“Mas que leoa preguiçosa…!”

Minhas mãos exploram a topografia
do vale dos teus seios
onde teu suor é rio
e tua risada, canção

Lá vem a mini bailarina:
teus dedinhos dançam sobre minha testa
Juro que o pé do meu ouvido
se põe a sapatear com a tua voz

Dois pra cá e dois pra lá
Tum-tum. Tum-tum.
Lá vem o corcel trotar entre os vales
Corcel Miocárdio

E eu sinto um pouco de vergonha
porque eu acho que o meu corcel é manco
e sempre esquece como se trota
quando te vejo

Passarinho, rouxinol
levanta primeiro apesar da preguiça
continua a cantar e se prepara pra voar de novo
É um adeus.

Em algum universo,
a sua língua ainda voa no céu da minha boca
Miocárdio e o pangaré manco trotam sobre a terra
e nossos suores desembocam no mar