Ninguém liga pras suas poesias idiotas escrita por Ikarus


Capítulo 15
Amor dis-lé-xi-co




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/631241/chapter/15

Dislexia se trata de um modus operandi
não-padrão do cérebro humano
Foi difícil de aprender a aceitar
que era apenas um jeito meu de aprender

É a dificuldade de lembrar das coisas
da data do meu aniversário, de como
se escrevia o meu sobrenome,
de dis-cer-nir direita de esquerda

De me lembrar dos caminhos que percorri,
de decorar a grafia dos números e letras,
ter de reler meus textos e caçar, exterminar,
di-zi-mar meus erros de ortografia

É perceber que tudo que eu tentava expressar
não fazia sentido
Porque eu não sei me expressar
e talvez porque houvesse quem não entendesse

É se distrair com cada respirar ao seu redor,
é perder-se em cada bater do meu coração
Afogar-se em cada pingo de chuva na janela,
É esgueirar-se do rumo a cada segundo e desesperar-se

Aos poucos, devagar… mente?
(esse é um advérbio existente?)
Mente? Quem mente?
Que mente?

De advérbio a verbo,
de verbo a substantivo
E as conexões não param
e o cérebro não dorme nunca

É assim que eu fico a cada segundo
que você não me manda mensagens.
Difícil é acordar pra religiosamente
checar minhas mensagens.

Amor disléxico, que teimou tanto
em querer te sentir
te amar
te aprender

Foi não esquecer o teu nome,
teu rosto, teu sorriso, tua juba
teu jeito, teu beijo
depois da primeira vez em que nos conhecemos

(Mesmo que eu tenha inocen-te-men-te
esquecido de me despedir de você naquele dia)
(Eu nunca me perdoei por isso
e você sabe)

Eu me lembro do dia 21 de setembro de 2015,
Era o primeiro dia da primavera
eu cri (?) no começo de alguma coisa
E alguma coisa começou naquele beijo de despedida

Eu sabia que não era imediatamente amor
E você também
Mas eu teimei em te aprender:
Meu coração sempre foi mais esperto do que eu

E tanta coisa aconteceu
E eu tinha tanto medo de esquecer tudo
Mas até hoje, eu sei do seu mapa astral,
das músicas que você cantou pra mim

De como você me segurou uma noite
E não deixou a minha luz se apagar
Espremeu todas as minhas dores do meu peito
Beijou a pele sobre o meu coração

E até hoje, eu tenho uma marca sua na minha cintura
Eu achei que você tinha medo de eu te esquecer
Eu ainda sei como você se apaixonou pelo jeito
que eu olho pra cima

“Gosto de te descobrir observando o
mundo com os olhos meio cobertos pelo cabelo”
“Gosto quando você expira e olha pra cima
meio que caindo dentro de si”

Ainda me lembro de ser tempestade
(ainda que eu acredite que isso é ruim)
“Tão bonita a tempestade,
tão implacável”

“Seja fiel à sua selvageria”
“A ECA fica mil vezes melhor com você lá”
“Tenho sede de você,
te olhar, te sentir, te ouvir”

“Amor é uma escolha. Você não escolhe sentir,
mas você escolhe lutar por ele,
usá-lo de peito
aberto”

Você encontrou lar no meu coração
e às vezes sobe aos meus olhos
pra aparecer em todos os lugares
pra onde eu olho.

Eu me esqueço de tanta coisa
Mas quando eu aprendo
é pra vida inteira
do meu jeito estranho e falho

Isso é dislexia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Sim, eu tenho dislexia.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ninguém liga pras suas poesias idiotas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.