Palavras da Arte escrita por Taichan


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Essa história, era, primeiro, para meus estudos, mas acabei achando uma ideia mais legal que acabou virando uma "história-passa-tempo-agradável", e aqui conto um pouco do Impressionismo(qual pessoalmente adoro), Monet, Van Gogh, etc.



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O homem que acabara de entrar no quarto deixava um rastro de dúvida pelo ar. Vicky o olhou, esperando ele dizer algo, mas tudo que ele fez foi balançar as mãos no ar, pedindo para ela continuar o que estava fazendo: o que sempre estava fazendo, o que sempre fez. Ela, ainda olhando-o com seus redondos olhos castanhos, balançou como uma gangorra o lápis em sua mão. Voltou a atenção para sua prancheta preenchida com rabiscos e rabiscos — qual tinham um significado profundo, mas que Vicky não pedia que você compreendesse. Ela simplesmente o fazia, e o faria, sempre para si própria.

Anthony sentou-se em uma cadeira no fundo do quarto. Suspirou quando o fez, e passou os olhos por todo o ambiente. O quarto estava escuro, e a única luz qual entrava no cômodo vinha das janelas fechadas. O tempo lá fora era monótono. Ele então correu os olhos pelas paredes que tinham, além de muitas manchas de tinta, folhas e folhas com desenhos dos mais abstratos ao mais simples. Mas mesmo o mais simples, Anthony conseguia reconhecer que não eram traçados em horas passageiras, como hobbies. Eram feitos pelas mãos de Vicky, pequena e jovem Vicky, a artista com a vida intolerante de um pintor.

Mas por que, por que? Em cima de uma estante, via-se potes de tintas; em cima da cama, onde a garota se encontrava, pincel e mais potes; cores, cores vivas e mortas, preto e branco — toda essa falta de cor em alguns desenhos ou até mesmo o carvão era uma evidencia de tristeza: mas aqueles desenhos já foram felizes. E tudo isso era preenchido naquela escuridão onde só havia o feixe de luz saindo pela janela. Levantou-se. Caminhou até sua sobrinha, e reclinou a cabeça para ver o novo desenho melhor.

— É um bonito desenho.

Não eram três sombras com curvas humanas. Não para Vicky. Houve uma época onde os tempos não eram remotos, e eles eram retratos por Vicky como um passado distante, tão distante que não parecia ter existido: seus pais não a rebaixavam por causa do futuro qual ela escolhera, até que um dia seu amor pela arte cresceu: amor pela arte e tudo que ela proporcionava. E os tempos passaram, e a desaprovação de seus pais pelo seu ofício lhe causaram desgosto e dor.

Vicky abriu a boca carnuda, uma, duas vezes, mas não agradeceu. Perguntou:

— O que você faz aqui?

— Seus pais ainda não chegaram — seu tom e sua expressão não mudaram de séria a risonha, deixando seu sarcasmo inevidente.

Aqui, eu digo. No meu quarto.

— Cuidando de você, lembra? Olhe, Vicky, precisa sair um pouco. Um parque, talvez. Você está tempo demais nesse quarto, entende?

— Não me importa. Esse meu espaço nunca me maltratou.

— Nem ele, nem essa casa, nem seus pais. O mundo não te maltratou, Vicky...

— Oh, não? — Ela o olhou, arregalando aqueles grandes olhos de grandes cílios. Apesar de ser início da tarde, a luz da janela era fraca ali, dando, mesmo assim, para iluminar seus redondos olhos castanhos. — Então o que será que eu faço aqui? — Parece que pegara o tom sarcástico de Anthony desta vez.

— Eles apenas acham que a arte não vai lhe dar um futuro digno, pois eles sabem que artistas não tem um futuro conveniente, e... — Vicky levantou-se da cama, enraivecida.

— Você está me desaprovando, também? — Ela apontou a porta. — Sai daqui. Esse é o meu quarto, é o meu lar. E não sairei daqui até que vocês entendam...

Anthony segurou os ombros de Vicky, e a encarou, fundo em seus olhos:

— Eu não disse isso, Vicky. — Ele olhou para a janela. — Vê aquela luz? É a luz que ilumina o seu cenário aqui dentro. Para você desenhar. Para seus desenhos serem vistos — ele apressou-se antes que ela o interrompe-se: — queira você ou não que as pessoas vejam. Eles estão clareados, estão expostos para qualquer olho olhar. E sabe da onde vem essa luz? Essa luz não vem daqui de dentro. Vem de fora. Algumas paixões são escondidas atrás de capas de livros, junto com as palavras. E outros dentro dos desenhos. Mas, veja bem, o mundo qual pisamos e nosso corpo permanece é este aqui. Este terrível mundo. E ele está atrás dessa janela, Vicky. O mundo é grande demais para um quarto, entende? Grande demais para...

— Não é grande o suficiente, caso pudermos imaginar.

— A imaginação é ilimitada, mas os olhos vêem e preenche sua mente até onde o limite permite. O quarto não é grande o suficiente. É pequeno. Pequeno demais para olhos ficarem rodeando esse espaço por tempo demais.

Anthony largou seus ombros e tomou a postura. Vicky o encarava, as sobrancelhas caídas, franzidas.

— O que você entende sobre isso? — Vicky o perguntou, desistindo da discussão e retomando ao seu desenho, sentando-se na casa.

Anthony enterrou aos mãos em seus cabelos castanhos. A desenterrou, deixando seus fios caírem novamente, e coçou a barba rala. Ele parecia um grande italiano.

— Na Europa, cresceu diversas artes aos longos dos tempos. Diversos artistas. Com o tempo, você acaba se apaixonando por esse ofício. Você se interessa por vida de desconhecidos que viveram muito antes de sua época, que tinham uma vida remota(pois assim é a vida de sonhadores), e reconhece seu sofrimento... — ele olhou para a menina, que o olhava como se tentasse resolver um enigma. Ela não parecia mais enraivecida. — Vicky — Ele sentou-se ao seu lado, tendo uma ideia. — Você gostaria de ir a um museu?


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Notas finais do capítulo

Curtinho, mas é o prologo. Digam o que estão achando e suas expectativas, sugestões, etc...



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