Tenshi no Tatakai, não Há apenas Um escrita por Anita


Capítulo 14
O Homem e a Criatura




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Tenshi no Tatakai § 14 - O Homem e a Criatura
Olho Azul Apresenta:
Tenshi no Tatakai,

Não Há Apenas Um


Capítulo 14 - O Homem e a Criatura
 
  Tudo estava fechado... Aquela sala tinha que ter uma saída! Os olhos da jovem davam voltas frenéticas e retornavam à imagem por trás da cruz virada. Aquilo parecia vivo.
 
-Seu escape é a aliança, minha querida -o senhor disse, ainda calmamente, aplicando-lhe outro golpe com seu chicote. Suas costas arderam com o vento quando tentou atingi-la pela segunda vez consecutiva.
 
  Estava no limite da consciência. Se desmaiasse, que fariam?
 
  Olhou para seus braços impotentes. Queria chorar, mas só a vontade estava ali... As algemas, cravejadas de rubis, tiniam de alguma forma que parecia uma fúnebre canção.
 
  Seus pulsos estavam tão quentes...
 
  Fez força para levantar-se, enquanto escapava de mais um ataque.
 
-Ha ha ha! Isso é muito divertido... Os jovens que torturo aqui são tão quietos... Nunca tentam nem fugir. Mas, no fim, o mais legal é a perseguição! Se eu pudesse, a punha num labirinto ou a céu aberto... Seria tão bom você correndo e eu atrás.
-Monstro...-falou ofegante.
-Não... Ainda não. Em breve, você o verá. Primeiro, temos que absorver um tanto de sua energia. É uma pena que há aquela que só você poderá nos passar... Ou então já estaria morta! Alie-se a nós e as coisas serão bem mais fáceis, criança.
-NUNCA!-caiu novamente, num baque surdo.
 
  Meus músculos doíam. Por isso estava tão fraca... E agora? Só Fahel poderia ajudá-la, não era ele seu anjo da guarda!?
 
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
 
-URIEL!-o rapaz loiro com os cachos tão ofegantes quanto ele próprio apareceu sem nem ser anunciado.
 
  A áurea luz também assumiu aquela forma e o encarou assustado.
 
-Ora, Fahel! Essas não são formas de entrar no escritório de um Arcanjo... Feio, feio.
-Sem palhaçadas, quero descer para ajudar Bia!
-Bia...? Ah, quer dizer Tentoai Beatrice, certo? Deveria tê-lo feito ensinando-a a te ouvir, querido anjo... Hoje é tarde. Ela deve enfrentar seus desafios sozinha.
-Se ela perder...
-Eu sei disso. Mas, mesmo eu não posso fazer nada. São as regras! Se o Céu as quebrar que dirá do Inferno? Eles ainda estão jogando de acordo com elas até certo ponto, não acha? Nós já quebramos algumas...
-Essa burocracia vai acabar com tudo, Uriel!
-Eu não posso fazer nada...
-Bia... Ela tá me chamando, posso sentir!
-Acalme-se, Fahel, anda tendo emoções humanas demais, sabia? E algumas que nem isso são mais!
 
  Seus olhos claros miraram assustados aquele a sua frente. Ele tinha razão... De onde vinha aquilo tudo?
 
  Beatrice lhe era mais importante agora!
 
-Bia...-falou, caindo de joelhos.
 
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
 
-Seu único jeito de sair daqui será me matando, queridinha... E sou totalmente superior a você, tão miserável.
 
  O homem continuava a falar tranquilamente, balançando sua arma. Ela mal podia mexer nada, tudo estava dolorido demais.
 
  Olhou para a imagem por trás da cruz e soltou um suspiro. E agora...? Aquele bicho parecia rir-se dela. A Filha de Deus fora vencida tão facilmente!
 
  Um zunido anunciando outro golpe daquele monstro. Jogou-se para a parede mais próxima ouvindo um barulho diferente dos de até então. Levou, com dificuldade, sua mão até o pescoço e pôde sentir o Medalhão de Regina. E a corrente que Hanato lhe presenteara um mês antes.
 
  Tudo parecia tão distante...
 
"O coração significa o meu amor por você..."
 
  Nunca pôde nem uam amiga para aquele garoto que já a ajudara tanto, sabendo ou não.
 
“... as estrelas o lugar aonde vou quando te vejo..."
 
  Nem soube se todas aquelas palvras eram reais. E se fossem? E se o tivesse ferido com tantas recusas? Se sobrevivesse iria cuidar melhor de Hanato. Não o amava, mas seria mais amiga que fora antes.
 
“... e os anjos são aqueles que te protegerão por toda a vida."
 
  Ele é que havia sido um anjo... Era estranho lembrar-se dele ali, enquanto levava outra chicotada. Uma lágrima conseguiu sair, aliviando um pouco da dor que estava presa dentro dela.
 
"Eu quero proteção! Eu quero um príncipe pra lutar por mim, Hanato... Eu não agüento mais".
 
-...sistir...tece? -tentou expressar. Engoliu em seco e repetiu com um pouco mais de força. -Se... desistir... que acontece?
-Você será nossa grande aliada, minha criança...
-E você pára de me machucar?
-Claro! Eu o farei isso agora mesmo, é só jurar fidelidade a Meu Mestre... Diga: Eu amo o Sombrio Príncipe e dou-lhe minha vida.
-Eu...o...-parou por um segundo pensando na bronca de Fahel e riu para si da situação. Mas não podia morrer, tinha que cuidar de seu pai. Se ela morresse, ele ficaria tão só. Ele se casou... Mai poderia lhe fazer companhia. E Eyuku, Hanato... Eles deveriam sentir sua falta!Tinha tantos amigos, tanto que ainda queria viver. Não iria morrer! -Eu amo...brio...
 
  O cordão fez um novo barulho e sentiu o medalhão se esquentar.
 
-O que é isso?-o homem se aproximou, olhando o cordão e o medalhão sobre as roupas da jovem -Oras! O famoso Regina... Terá que me entregar isso menina.
 
"As folhas de louro são para mostrar..."
 
  A voz de Hanato ressoara de novo e mais duas lágrimas caíam. O homem estendeu a grossa mão para arrancá-lo logo de seu pescoço.
 
  O calor aumentou.
 
“... mostrar o quão vitoriosa você é; minha rainha!"
 
-Não...-sussurrou, com a cabeça encostada à parede.
-Não ouvi direito. Terminou seu juramento, é?
-Eu disse não!-falou, sentindo-se mais forte que antes. O Medalhão não só estava quente, como também brilhava.
 
  Nesse momento, ele soltou uma rajada de vento que jogou o homem no chão, largando o chicote.
 
  Beatrice se levantou e pegou a arma. Aquele brilho era tão forte que ele sentia-se cego. Seus olhos ardiam muito, mas puderam ver a pequena em sua direção como se fosse outra pessoa.
 
  E aplicou-lhe um golpe. Queimou como o ferro saído da fornalha para marcar o gado.
 
  E não fora só pela força do atrito... O chicote estava em chamas!
 
  Forçou a vista para ver o porquê e notou um brilho dourado no meio de chamas azuis. Ele havia se tornado ouro!?
 
-Meu Senhor das Trevas!-gritou recebendo outro doloroso golpe daquele ser.
 
  Olhou-a fracamente. Aproximava-se; ajoelhando-se à sua frente e passando o chicote pelando por seu pescoço.
 
-Está chorando...-falou bem baixo, surpreso -O que é isso!?
 
  Algo por trás da jovem brilhava... E lágrimas vermelhas caíam no chão e nele. A cada gota, sentia uma paz dentro de si que o fez lembrar-se do que o levara a ir até aquele culto.
 
  Dava-lhe algo que mais lhe faltara naquele momento.
 
  Esperança.
 
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
 
  Achara aquela mansão no meio de seu desespero. Sua mãe havia sido morta por uma gangue a quem seu pai devia quando morrera de um ataque do coração.
 
  Não hesitou em entrar lá para pegar algo valioso e vender para acabar de pagar a dívida.
 
  Era um bairro muito tranqüilo e feliz aquele. Não havia muita gente nas ruas e as pessoas não pareciam se preocupar com segurança.
 
"Vai ser moleza!" o futuro líder da seita pensara ao entrar na mansão.
 
  Lá dentro assistira a uma tortura e ficara tão horrozado que estava pronto a fugir quando o encapuzado que a executava o chamara silenciosamente com o dedo indicador.
 
  Dirigiu-se até ele tentando dar explicações. Mas ele somente sorriu, ou asism parecia ser.
 
  Entregou-lhe uma garrafa que estava muito quente e fez sinal que a despejasse sobre aquela pessoa.
 
  Hesitara, mas aquele homem tinha tanta autoridade...
 
  Despejou meio sem jeito de início, ams de repente vira no sujeito o rosto de como imagianva que era o líder da gangue e continuou.
 
  Ao terminar estava horrorizado com tantas queimaduras havia causado. Fez menção de correr, mas o líder parecia fitá-lo de tal forma que acabou voltando a olhar o sujeito.
 
  Ele tinha menos queimaduras!
 
  Entregou-lhe, então, um ferro em chamas.
 
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
 
  Aquelas gotas pareciam purificar a vontade de vingança... Ficara rico, mas tudo o que queria era pagar a dívida! Adotara uma ideologia sem precisar.
 
  A jovem começou a apertar o chicote em seu pescoço e o homem estava pronto para o destino. Morrer olhando as asas daquele anjo seria melhor que continuar naquele inferno.
 
  Mas ela parou.
 
-NÃO!-gritou, largando o chicote e pondo ambas as mãos na cabeça -Eu não sou uma assassina...
 
  O medalhão emitiu um novo brilho que agora envolvia o homem. Ele caiu no chão com um sorriso.
 
  Beatrice levantou-se assustada e caminhou até ele.
 
  Respirava.
 
  Soltou um sorriso e caiu num choro aliviado.
 
-Hanato! Obrigada, Hanato...-disse, sem saber que, enquanto dormia, o rapaz parara de ter um pesadelo em que a amada caía num poço sem fundo, pois ela havia criado grandes asas tão lindas.
 
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  Abriu os olhos e viu que ainda estava naquela sala mal iluminada. Sentia-se drenada por um lado, mas, por outro, seu coração estava cheio de energia e motivação. Mais em frente seu agressor de antes parecia dormir tranqüilamente. Devia estar sonhando, já que mantinha uma expressão alegre e calma.
 
  A jovem sorriu, ainda deitada com um lado da face no chão gelado. Olhou para a cruz invertida e um calafrio lhe percorreu pelo corpo. Aquela imagem estava do lado errado... Não era ali antes... Seria impressão?
 
  Mexeu!
 
  A cabeça dela agora estava do outro lado da cruz... Algo por trás balançava tão lento como uma serpente. E o bicho devia estar totalmente apoiado na cruz invertida, já que essa balançava com seu peso.
 
  Ela estava tão cansada que não pensou em sair correndo dali. Limitou-se a observar como espectadora do sonho de outra pessoa.
 
  De repente, a imagem pulou para frente, caindo com as duas mãos em cima do chão, como um macaco. Era negra... Não... Aquele bicho não era negro em si. Simplesmente parecia absorver toda luz a seu redor. Beatrice ousaria dizer que ele brilhava trevas ou algo assim. Tinha dois chifres finos, curvados no topo de sua cabeça e emitia um som como o de uma chaleira.
 
  Caminhou até ela. Não! Novamente, não bem isso. Seria humanizar seu jeito... Ele parecia se impulsionar para frente e flutuar até a jovem caída no chão.
 
  Abaixou sua espécie de cabeça e olhou nos olhos. Duas bolas vermelhas, que dentro pareciam refletir vales em chamas, encararam o ouro dos dela. Era tão assustador que ela pulou para trás, batendo com a parte de trás da cabeça na parede, num som muito alto.
 
  O bicho emitiu um ruído muito semelhante ao de um sorriso e saiu se arrastando e flutuando bem rápido para longe dali.
 
-Meu Deus...-foram as palavras dela quando se viu longe da criatura. Muitas lágrimas cristalinas rolavam por seus olhos. Estava tremendo e sentia muito frio. Suas costas doíam excessivamente.
 
  Após dois minutos chorando, levantou-se. Tinha que fugir dali...
 
  Onde seria a saída?
 
  Caminhou até a porta que o monstrinho havia usado e seguiu pelo corredor. Havia muitos quadros impactantes por ali e a decoração era quase toda em prata. No começo achara a mansão parecida com a que Michael a havia levado, mas aquela ali... Mesmo sendo tão luxuosa quanto a outra, possuía um clima demasiado estranho, pesado.
 
  Limpou a nova corrente de lágrimas e olhou para a bifurcação que encontrara. Aquilo seria um labirinto? Seguiu o caminho da direita.
 
  Tentava sempre seguir esta direção e gravar as características de cada novo corredor. Sabia que não andava em círculos, mas por que aquilo não acabava? Suas costas doloridas a estavam prejudicando em sua percepção?
 
  E Eyuku!? Que teriam feito a ele?
 
"Quero ir pra casa, Fahel..."
 
  Saiu correndo, não olhando mais que caminho escolhia. Não estava adiantando mesmo!
 
-Quero minha casa!-gritou ao passar por mais uma entre as mil bifurcações que já encontrara.
-Não se preocupe, meu amor... Em breve terá uma nova.
 
  Aquela voz... Assustara-se tanto que caiu de cara no chão quando tentara parar de correr. Levantou-se para ver o dono e não o reconhecera.
 
  Os lindos sedosos cabelos, que brilhavam mesmo quando seu rosto parecia inexpressivo, estavam em chamas literalmente. Os olhos negros profundos agora pareciam tão vermelhos quanto do diabinho de antes. A alva pele mal brilhava de tão pálida como a de um cadáver. Sua boca, seu jeito, tudo... aliás, nada parecia próprio da pessoa mais amada de Beatrice.
 
  O bicho de antes passou por entre os dois e o jovem exibiu um sorriso malicioso, jogando os cabelos rubros para trás com as mãos tão brancas.
 
  Beatrice levou a mão à boca.
 
-Eyuku...?
 
Continuará...
 
Anita, 29/10/2004
 
Notas do Autor:
 
Uaaaaau! Achei que nunca ia terminar esse capítulo! Que demora, hehe. E agora!? Bem, acho que todos já sabiam ou pelo menos desconfiaram de quem era o "traíra" como uma amiga chama hehehe. Taí, gente! Não é o Michael nem o Hanato, hehehe. Mas e agora!? O próximo capítulo será o último dessa fase, se tudo sair como prevejo. No 16 as coisas serão totalmente diferentes, viu?
 
Mandem seu e-mail e me digam agora quem deve ser aquele que morrerá no próximo capítulo! É anita_fiction@yahoo.com e leiam minhas fics em http://olhoazul.here.ws
 
Agradecimentos: A Deus, a meus pais, a um bando de gente, ao Hyde, ao Kangta, a mais um bando de homem e a vocês, meus poucos leitores queridos! Chibi Chibi, Ana, Ela___, Vane, Felipe, Viviani, Gustavo Liu e todos de quem me esqueci ou que nunca me mandaram um mail (se bem que pra esses o agradecimento é mais como uma ordem para mandarem o bendito mail!)

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