Apenas Um Olhar escrita por Mi Freire


Capítulo 38
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Ultimo capítulo :(



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/631068/chapter/38

Eu estava voltando para casa dentro do meu carro após mais um longo dia de trabalho quando para minha surpresa começou a tocar na rádio I Won’t Give Up do Jason Mraz. A música que o Rodrigo escolheu para tocar no dia do nosso casamento. O dia em que eu me senti verdadeiramente uma princesa que após ter passado por momentos muito difíceis enfim tinha encontrado seu grande amor verdadeiro, o príncipe encantado.

Cinco anos haviam se passado desde então e as memorias daquele dia ainda estão vivas em mim. Eu agora estou com trinta e cinco anos e o Rodrigo com vinte e sete. Mas esses oitos anos de diferença nunca foram um problema para nós. Era como se eles não existissem. Porque o sentimento um pelo outro foi tudo que sempre importou desde o primeiro momento em que nos reencontramos.

Nos casamos no final da tarde de domingo. Três meses depois que ele pediu a minha mão na praia na virada do ano novo. Sim, foi tudo tão rápido. A verdade é que já não aguentávamos mais ficar longe um do outro e queríamos ter nossa vida juntos logo.

Cada detalhe do casamento foi escolhido por nós dois. Desde o tipo de flores que iriam nos arranjos ao sabor do bolo. Rodrigo fez questão de fazer parte de tudo. Exceto, é claro, a música de entrada que ele insistiu em escolher para me surpreender e o vestido de noiva que eu mesma escolhi com a ajuda da minha mãe e irmã.

Foi um casamento simples em um campo florido só com os amigos e a família. Nada comparado ao primeiro casamento. E eu, para ser sincera, sem fui mais fã de coisas simples. O Carlos é que não me compreendia.

Meus filhos foram na frente sobre o tapete coberto por flores, os dois tão lindinhos de smoking preto e gravata borboleta. Eu entrei logo atrás, de braços dados com o meu pai. A música escolhida pelo Rodrigo começou a tocar assim que dei o primeiro passo e enquanto eu caminhava em sua direção sem coragem de olhar para ele foi quando comecei a assimilar a letra da canção.

Quando olho em seus olhos

É como observar o céu de noite

Ou um belo amanhecer

Eles carregam tanta coisa

E como as estrelas antigas

Vejo que você evoluiu muito

Para estar bem aonde está

Qual a idade da sua alma?


Não desistirei de nós

Mesmo que os céus fiquem violentos

Estou lhe dando todo meu amor

Ainda olho para cima


E quando precisar de seu espaço

Para navegar um pouco

Esperarei pacientemente

Para ver o que você descobrirá


Porque até as estrelas queimam

Algumas também caem sobre a terra

Temos muito a aprender

Deus sabe que somos dignos

Não, eu não desistirei.”

Rodrigo chorou a cerimonia inteira. E quando ele deveria estar prestando atenção nas palavras do cerimonialista, ele ficava olhando para mim como se não acreditasse que eu era real e estava ali bem adiante de seus olhos. E então eu olhava para ele tentando não chorar também e nós dois riamos, fazendo todos rirem também.

Foi um momento único.

A festa foi a noite, na pousada, nós praticamente fechamos rua inteira. Foram todos convidados. A festança durou até de madrugada. Mas nós saímos antes para nossa tão esperava lua de Mel. Nós fomos para o friozinho do Sul. Eu enfim conheci a cidade onde ele nasceu e cresceu e onde seus pais viviam e ainda vivem.

Depois de um final de semana inteiro fora, nós finalmente fomos morar na nossa casa. A casa que ele tinha comprado já pensando no nosso futuro. Eu me mudei assim que pude e levei meus filhos comigo. Agora éramos enfim uma família.

Quando cheguei em casa e estacionei o carro, caminhei devagar até a entrada e abri a porta. A sensação era sempre como estar em outro mundo. Outra dimensão. Onde tudo era melhor e especial. Não importava se eu tivesse tido um dia duro e difícil e repleto de estresse, quando eu entrava em casa tudo aquilo desaparecia.

— Papai, a mamãe chegou! – gritou o Gustavo assim que me viu abrir a porta.

Os gêmeos estavam largados no sofá, agora com quase onze anos, jogando videogame. O cheirinho de comida vinha da cozinha. E era lá onde eu encontraria meu marido perfeito.

Eu sabia que era o seu dia de folga, pois ele tinha me avisado aquela manhã um pouco antes de eu sair. Enquanto eu me arrumava para o trabalho – sim, eu ainda dava aulas, mas agora em outra escola. Uma maior e mais prestigiada – o Rodrigo preparava o café da manhã para os meninos que iam para a aula em poucos minutos.

Como os gêmeos também tinha mudado de escola, agora que já eram bem maiores, Rodrigo ficava encarregado em leva-los para eu não me atrasar para o meu trabalho. E depois ele ia para a clínica. Agora sim eu podia dizer que eles definitivamente tinham uma relação de pai e filho. Mas isso foi fácil, até mesmo para o Gustavo que no começo não ia com a cara do Rodrigo.

Como eu sempre digo: com o Rodrigo é tudo tão mais fácil. Ele torna tudo muito fácil. Não tem como não gostar dele.

Eu chegava quase seis horas em casa todos os dias. Os gêmeos já tinham voltado da escola a muito tempo. E como aquele era o dia de folga do Rodrigo, eu sabia que ele tinha ido busca-los, preparado o almoço para eles, ajudado na lição de casa e levado eles para passear na praça com o nosso novo mascote. Um vira-la preto com uma mancha branca no peito chamado Parker.

A ideia do nome foi dos gêmeos, em homenagem ao Peter Parker, o famoso e espetacular Homem-Aranha.

— Oi, meu amor. Que bom que você chegou. – ele se afastou das panelas quentes, limpando a mão no avental de cozinha que caia super bem nele. — Estávamos só esperando por você.

Ele me envolveu com seus braços fortes e me beijou.

— Mamãe! Mamãe!

Os gêmeos me abraçaram por trás. Eles só tinham dez anos e estavam quase do meu tamanho. Nem dava pra acreditar!

— O papai já te contou da surpresa?

— Não... – alternei o olhar intrigado entre cada um deles. Os três trocaram sorrisos cúmplices. — Que surpresa?

— O.K. Vamos lá. Me ajudem. – pediu o Rodrigo.

Vinicius correu primeiro até a gaveta do armário e pegou um pano. Gustavo o amarrou nos meus olhos e então, de repente, não pude ver mais nada. Nem entender o que estava acontecendo.

Rodrigo pegou a bolsa que eu segurava e deve ter colocado em cima da mesa. Não sei. Pelo barulho deduzi que sim.

Várias mãos me tocaram e me guiaram ao que deduzi era a direção dos quartos, no corredor. De repente paramos. Eles riram. E eu ainda estava confusa. Arrisquei fazer perguntas, mas ninguém me respondeu absolutamente nada.

— Preparada? – perguntou o Rodrigo.

Eu assenti, animada e apreensiva.

Alguém abriu uma porta. Ouvi o ranger da madeira. Mais uma vez as mãos me guiaram e acho que nós entramos em algum cômodo. Houveram mais risinho. Eu não sabia o que pensar.

— Vamos contar até três e tirar a venda, ta bom?

Assenti de novo.

— Um... Dois... Três. – eles contaram juntos e então tiraram a venda finalmente.

Não acreditei no que estava vendo.

Estávamos no quarto dos meninos. Mas ele não estava igual ao que era até ontem de noite. Muita coisa tinha mudado. Um lado era todo azul, com bonecos, brinquedos, um beliche e o papel de parede de super-heróis. O outro lado agora estava pintado de tons de rosa, havia ursinhos de pelúcias e bonecas de pano, além de um bercinho branco e o nome Clara colado na parede.

— Gostou, mãe? Nós ajudamos o papai a preparar tudo essa tarde. – disse o Vinicius, sorrindo de orelha a orelha.

Parecia orgulhoso de si mesmo.

— Deu o maior trabalhão. – comentou o Gustavo, também sorrindo. — Mas acho que valeu a pena, não é pai?

— Com toda certeza. – respondeu o Rodrigo, passando a mão suavemente sobre a minha barriga. — E aí, o que achou?

— É perfeito! – eu mal conseguia me expressar. — Vocês me enganaram direitinho, seus espertinhos.

Vinicius e Gustavo deixaram o quarto instantes depois, como se quisessem deixar eu e o Rodrigo sozinhos.

— Como você está se sentindo?

— Muito bem, pois sou mulher mais sortuda do mundo!

Ele beijou o topo da minha cabeça, se abaixou e beijou a minha barriga. Sim, eu estava grávida de seis meses.

E era uma menininha. E ela se chamaria Clara. E seria tão sortuda quanto eu por ter um pai como o Rodrigo e irmãos como o Gustavo e o Vinicius e uma família tão grande quanto a nossa.

As vezes, antes de dormir, eu imaginava como ela seria e queria que ela tivesses os traços do Rodrigo. E que tivesse principalmente o tons do cabelo dele. E que fosse muito parecida com ele, no jeitinho doce e meigo e apaixonante. De qualquer forma, ela seria muito amada.

— Não fique tão surpresa. – Rodrigo pegou uma de minhas mãos e passou no seu rosto com uma barba clara e rala. — Nós temos uma vida inteira ainda pela frente. Eu ainda vou te surpreender muito.

— Disso eu não tenho dúvidas.- fechei meus olhos e encostei minha cabeça em seu peito, sentindo que seu coração batia no mesmo ritmo que o meu.

— Pai! – gritou um dos meninos lá da sala. — Acho que a comida está queimando.

Rodrigo e eu nos separamos quase que imediatamente, arregalamos os olhos por um instante e depois caímos na risada.

— Vamos pedir uma pizza. – concluiu ele com um sorriso apaixonante.

Os meninos devem ter ouvido da sala, pois fizeram uma festa.

Eu estava plenamente feliz.

Mais feliz a cada dia. Pois nossas vidas eram assim, uma festa todos os dias. Bastávamos estar todos juntos que sempre haveriam motivos para sorrir e comemorar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Como sempre, gostaria de começar agradecendo a vocês por estarem comigo e terem chegado até aqui. Mais uma etapa concluída. Estou feliz! Bom, espero que tenham gostado do final. É simples e clichê. Sim, eu sei. Minhas histórias são sempre assim. Talvez essa seja uma das minhas principais características. Enfim, me digam o que acharam ou se eu esqueci de alguma coisa. Me digam suas opiniões! Vou ficar aguardando. Mais uma vez agradeço a vocês pelo carinho, pelos comentários, pelas sugestões, pelas recomendações. Essa interação é muito importante pra mim. E por fim, eu me despeço e espero de coração encontra-las nas minhas próximas histórias. Um grande beijo e sintam-se abraçadas ♥