Uchiha escrita por Hiei


Capítulo 1
Capítulo 1




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Ela era sua.

A virou de costas subitamente, mordiscando a curva de seu pescoço e deslizando as mãos pela pele suave e cálida. Não queria olhá-la. Não deveria estar ali, arrastando-a para arcar com as consequências dos seus pecados. Mas apesar da consciência clara, seu corpo reagia pressionando seus seios com luxúria e a penetrando com urgência, em uma estocada voraz e ardente. Queria senti-la profundamente, fazendo seu corpo se lembrar de que pertencia a ele.

Sakura arfou sentindo seus cabelos serem puxados rigidamente. Não deveria estar fazendo isso, sua lucidez gritava de modo imperativo enquanto as estocadas assumiam um ritmo cada vez mais exigente. Seu corpo se enrijeceu antes de chegar à última estocada, deixando sua cabeça ser jogada contra o colchão com o cansaço. Era como se pudesse observar a cena à distância, tendo uma consciência bem vaga sobre o que acontecia. A última coisa eu observou antes de sua mente vagar para longe fora a sua própria mão deslizando pelo colchão até para pouco abaixo de seu rosto, quando ele saiu de dentro de si, sentando-se na beirada da cama, talvez para enxugar a primeira lágrima solitária eu ameaçava cair. Nunca se sentira tão repulsiva.

Sua memória foi para um lugar distante, o passado. Há mais de um ano, quando ele retornou para a vila. Naquela época, nem a parte mais esperançosa de si acreditava que ele ficaria fora um curto período de tempo, mas ele parecia tão mudado. Mudado o suficiente para deixa-la se aproximar. Mudado o suficiente para deixar seu amor tocá-lo.

Era uma lembrança doce a da única noite que haviam passado juntos até então. Havia o ar gélido fora do apartamento, a chuva torrencial que destruiu o circuito elétrico de todo o quarteirão, e aqueles olhos, uma vez tão frios e distantes, a fitando de modo terno. Aquilo bastava.

Ela sabia que ele logo partiria em missão, e o esperaria como o esperou. Ele retornara há dezesseis semanas, intercaladas apenas por missões de curta duração, mas não se mostrou inclinado a fazê-la ter ciência de sua presença em nenhum momento. Felizmente não tinha mais doze anos para não notar quando estava sendo descartada.

Ino já havia cansado de alertá-la sobre o quão estúpida estava sendo em não se esforçar para seguir em frente, mas fora preciso mais essas dezesseis semanas de um vácuo intergaláctico para ela perceber que realmente deveria seguir em frente. Por ela.

O jantar com Gaara fora agradável, foi animador conseguir se permitir uma noite leve, com vinho e conversas amistosas. Talvez com um pouco de treinamento ela se acostumaria a ideia de que merecia muito mais do que viver em volta da cripta que sempre fora seus sentimentos unilaterais por Sasuke.

Assim que ele a deixou em casa, ela pôde notar o chakra familiar que tentava se ocultar vindo de seu quarto. A tensão de saber de quem se tratava a fez subir apressadamente as escadas, deparando-se com a presença soturna de costas para si, encarando a janela de sua sacada, assim que chegou ao quarto.

— Sasuke. — sussurrou apreensiva, esperando que ele justificasse sua estada ali.

— Seu amigo deve estar desapontado. — observou ele em tom monótono, fitando a sombra que se deslocava para o outro lado da rua, fazendo Sakura exalar um suspiro impaciente.

— Sasuke, eu estou cansada, e não acredito que nada que tenha a me dizer não possa ser reportado por Naruto ou Kakashi... — tentou explicar de modo conciso, vendo que estava se rendendo a tagarelice de sempre. — Não tenho pegado missões fora ultimamente...

Estava muito ocupada com a clínica infantil que criara, pedindo um afastamento temporário de missões até estabilizar sua rotina e realizar algumas ações burocráticas para manter o hospital. Se a equipe dele precisava de suporte, ela não era a pessoa adequada.

— Por que não o mandou subir? — indagou ele, em um tom mais ácido, virando-se para encará-la pela primeira vez. Sua expressão era distante, como se não a estivesse vendo. Talvez essa fosse a metáfora perfeita para sua relação com ele.

— Então é sobre isso. — constatou frustrada, remexendo-se exasperada. — Olha, lamento se desaponta seu ego perder uma fangirl, mas eu realmente não posso lidar com isso agora. A boa notícia é que felizmente pra você há inúmeras por aí. — concluiu, percorrendo uma pequena volta pelo quarto.

Um silencia sepulcral de abateu sobre eles.

Sakura definitivamente sabia ser bem ruim quando queria.

— Humf. — fora a única resposta que obtivera, sem se mover nem tirar seu olhar distante sobre ela por nenhum segundo.

Sempre monossilábico.

— Agora, se não se incomoda... — concluiu, cansada daquele monólogo, sinalizando para que ele se retirasse. Mas não obteve nenhuma indicação de que ele se retiraria.

Ele precisava fazer tudo ser sempre tão difícil?

— Responda. — falou ele com o familiar tom imperativo.

— Inacreditável. Dezesseis semanas sem dar notícias de sua volta para aparecer aqui, agindo como se tivesse direito a respostas. — debochou, rindo da maldita piada interna que era sua vida fodida amorosa. — Sasuke, eu não posso brincar de ser sua bonequinha inflável a vida toda. — suspirou, exausta. — Talvez da próxima vez eu o mande subir ou...

Concluiria a frase com uma ‘’ou não’, deixando claro que nada disso seria de sua conta, mas teve a linha de raciocínio interrompida ao constatar a presença raivosa atrás de si em um piscar de olhos, virando-se o para ele por reflexo.

— Ou o quê, Sakura? — desafiou com os olhos faiscando, prendendo-a contra si. — Deixaria tocá-la, possuir você? — indagou deferindo um beijo suave em sua clavícula, em um sussurro contra a pele umedecida. Sentiu o corpo dela ser assolado por um leve arrepiou, e o silêncio em resposta o fez mordiscar lascivamente aquele pedaço de pele.

A partir dali as carícias se tornaram cada vez mais exigentes, seu colo logo fora preenchido por beijos e mordidas vorazes enquanto ele a atirava na cama, livrando-se de suas roupas imediatamente. Ao voltar de suas lembranças, percebeu que ele ainda se encontrava sentado do lado oposto da cama, devia ter acabado de se vestir. Esperou ouvir os passos se distanciarem, mas ao invés disso, sentiu sua mão pousar sobre suas costas causando uma onda de tristeza ainda maior. Não queria sua pena.

— Vá embora. — pediu secamente, focando o olhar na sua sombra refletida à sua frente. Sentia-se a pior das mulheres, só queria que ele saísse, só queria poder chorar sozinha com seu próprio fracasso.

— Sakura. — chamou ele em um sussurro, tornando aquilo ainda mais humilhante.

— O que você quer afinal? — perguntou, sentando-se subitamente, apertando os lençóis contra si, ainda se recusando a encará-lo.

— Eu... — ia dizendo, pausando a mão sobre suas costas mais uma vez, quando se obrigou a parar, ao notar que seu corpo se retrair imediatamente com o contato.

— Não, não me toque. — exigiu ela tremendo, tentando contar a corrente salgada que começa a insistir em seguir seu curso por sua face. — Eu não posso, ok? Eu não posso... — falou, olhando-o por um breve segundo, antes de virar a face novamente para esconder sua vergonha.

Mais uma vez esperou que ele fosse embora, com sua usual indiferenças, mas tudo que sentiu foi um inalar pesaroso contra seu pescoço, quando sua face colou contra suas costas em um incomum abraço.

— Desculpe. — sussurrou ao expirar, pressionando uma caixa de veludo contra suas mãos. O abraço se manteve até ele começar a sentir que seu corpo relaxar em seus braços, sua respiração se estabilizar, e as lágrimas começaram a cessar.

— Sasuke... Eu não entendo. — admitiu ela segurando a caixa.

— Eu queria te dar depois que resolvesse algumas questões. — respondeu ele, soltando-a do abraço, mas buscando encará-la.

— Quais questões? — indagou ainda confusa, esperando que algo naquilo fizesse algum sentido, que ele ao menos fosse capaz de explicar o que aquilo significava. Recusava-se a criar expectativas.

— Nada que deva se preocupar. — assegurou evasivo como sempre.

Sakura bufou. Ele realmente achava que tinha o direito de fazer isso?

— Agora acho que você tem um casamento e uma viagem para se preocupar ao invés disso. — falou, tocando sua face que assumia uma expressão serena, cutucando sua testa pouco antes de se retirar do quarto.

Sakura abriu a caixa de veludo encarando uma corrente prateada com o símbolo Uchiha moldado em prata. Então aquela era a tal ‘’Próxima vez’’ que ele prometera anos atrás quando ela pediu para viajar com ele, recusando seu autoconvite para a viagem.


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Notas finais do capítulo

Essa fic saiu de uma cena sádica que me veio em mente. Não é bem como imagino o casal, só precisava escrevê-la.



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