Heaven & Hell escrita por Heaven Southfield


Capítulo 1
1. Espírito


Notas iniciais do capítulo

Eu tive a ideia pra essa fic no 8º ano e finalmente estou materializando-a, espero que gostem.
Dedico o 1º capítulo pra Carol, Laís Laura e Dominique por me incentivarem a começar a escrever, vocês são fodas!!
P.S. Atualizado e melhorado, graças a minha linda beta Clessi



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Acordei com uma terrível dor, a parte de trás de minha cabeça latejava como se batessem com um martelo repetidamente e meu corpo estava dolorido em todos os lugares. Minha mão, por hábito, foi em direção ao meu lado direito procurando meus óculos que ficavam em cima da minha cabeceira, mas encontrei apenas um suporte de soro metálico sem estar pendurando nenhuma bolsa. Depois de observar melhor ao meu redor notei que não era o meu habitual quarto cheio de livros, um ventilador girava vagarosamente no teto da sala iluminada apenas por raios de sol que se esgueiravam por entre as persianas da janela. Percebi que estava em um quarto de hospital.

A essa altura já estava mais acordado e encontrei meus óculos em uma mesinha do lado esquerdo da cama. Quando os coloquei minha visão se aguçou e pude ver melhor o quarto onde estava. Na mesinha onde meus óculos estavam, havia ainda um vaso com flores, um papel dobrado e um relógio digital que marcava 13h. Não havia outros pacientes nas outras duas camas do quarto, as paredes do ambiente eram beges com detalhes em marrom, bem a cara de um quarto de hospital. Analisando a minha aparência descobri que a minha cabeça estava enfaixada e reconheci ainda marcas de hematomas em ambos os braços e pernas.

Ao abrir o papel, estava escrito com a caligrafia da minha mãe: "Fomos buscar sua irmã, voltaremos mais tarde". Ah certo, minha irmã deve ter saído da escola há algum tempo. – pensei.

Muito bem, já sei onde estou, onde está a minha família, agora só falta saber o que diabos eu estou fazendo aqui. Toda vez que tentava me lembrar, minha cabeça voltava a doer. Ok Heaven, pense, onde você estava e o que estava fazendo? Tenho quase certeza que hoje era o primeiro dia de aula da minha nova escola, eu saí de casa cedo para chegar sem atraso, passei pelo supermercado, depois fui à papelaria, em seguida passei pela praça, e depois... Quando chegava a este ponto a dor voltava e eu não conseguia prosseguir.

Depois de três ou quatro tentativas ouço a porta abrindo e vejo meus pais junto da minha irmã e de uma enfermeira entrando no quarto.

–Heaven, você acordou! – meu pai exclamou com felicidade. – Estávamos preocupados com você.

Meu pai era praticamente eu trinta anos mais velho, fora dele quem puxei o cabelo preto, os olhos cor de âmbar que minha mãe tanto amava e a miopia. Ele vestia a camisa polo branca que sempre usava e óculos do mesmo modelo que os meus, retangulares, simples e com a armação preta.

–Como se sente, querido? – disse minha mãe se aproximando da cama e segurando minha mão.

Já minha mãe era idêntica a Sadie, minha irmã mais velha irritante, os mesmos cabelos cor de mel e os mesmos olhos castanhos que agora me encaravam fixamente. Minha mãe vestia um terninho cinza com uma saia combinando enquanto Sadie estava com uma camiseta preta escrita "KEEP CALM AND KICK BUTTS" em branco e calça jeans rasgada no joelho.

–Minha cabeça ainda dói e quando eu me mexo muito incomoda um pouco, mas mais importante que isso, o que eu estou fazendo no hospital? O que aconteceu?

–Você não se lembra? – perguntou meu pai. – Você foi atacado por alguns delinquentes e um deles te acertou na cabeça com um pedaço de pau. Por sorte sua amiga estava por perto e chamou a polícia e a ambulância, e te trouxeram aqui sem maiores problemas. Aliás, foi ela quem te trouxe essas flores.

–Não foram vocês? – perguntei surpreso. – Espera, que amiga? Não me lembro de ter alguma amiga desde... sempre.

–É verdade, como um cara patético como ele teria uma amiga? – debochou minha irmã, que não havia falado nada até então.

–Sadie! Não implique com o Heaven, ele acabou de ser atacado! – defendeu minha mãe.

–Tá bom, já entendi... E os delinquentes foram pegos?

–Sim, parece que os policiais os detiveram e estão na delegacia agora os interrogando.

–Er... Isso é legal e tudo mais, mas alguém pode responder a minha pergunta? – perguntei meio aborrecido.

–Achávamos que era sua amiga, Heaven, ela até lhe trouxe flores – disse meu pai. – Era uma jovem bem bonita e educada, seu nome era Emily se bem me lembro. Tem certeza que você não conhece ninguém assim?

–Tenho quase certeza que eu não conheço nenhuma jovem bonita e educada chamada Emily, pai. E se fosse para eu ter alguma amizade, eu teria feito isso hoje, mas infelizmente alguns delinquentes me atacaram, sabe?

–É, pai, até parece que um cara antissocial como ele teria uma amiga.

O que veio a seguir foi uma coisa muito estranha. No lugar do "Isso não é verdade..." que eu ia responder para Sadie, saiu:

Ninguém te perguntou sua trouxa!

–Heaven! – meus pais disseram assustados em uníssono. – Como você pode falar assim com sua irmã?!

–O que?! N-Não, isso é um engano, eu...

–Se você não estivesse machucado, eu já teria quebrado a sua cara, pirralho!

–D-Desculpa! Eu não queria ter dito isso.

–Já chega vocês dois! – meu pai brigou. –Heaven, nunca mais diga essas coisas para sua irmã. E, Sadie, pare de implicar com o seu irmão por qualquer coisa. Entenderam?

–Sim... – respondemos juntos.

–Ótimo. O doutor disse que você já está liberado Heaven, só precisa tomar o analgésico e dormir bastante que amanhã já pode voltar para escola.

–Sim, senhor.

Depois de pegar minhas coisas, tomar o remédio e sairmos do hospital, fomos direto para casa de carro e, durante todo o percurso, não conseguia tirar da cabeça o que eu disse para Sadie. Devo ter batido a cabeça muito forte para fazer aquilo. Aquele tipo de provocação já é normal vindo da minha irmã, mas eu nunca a respondo ou revido, não por não ter vontade, mas por não ter coragem. Decidi parar de pensar naquilo e comecei a decidir qual receita eu faria de almoço. Não quero me gabar, mas desde pequeno sempre fui um bom cozinheiro e todos na família adoram minhas receitas, inclusive minha irmã.

Isso é o que você pensa, não tem como um idiota como você ser bom em alguma coisa – disse uma voz na minha cabeça.

Olhei para trás assustado, mas não havia nada lá. Ninguém no carro tinha falado e o rádio também estava desligado. De onde tinha vindo aquela voz? Ao ver o comportamento das pessoas presentes conclui que apenas eu tinha ouvido aquela voz. Será que eu estava delirando? O que estava acontecendo comigo? Será que foi o remédio...?

–Chegamos, Heaven – a voz do meu pai afastou para longe meus pensamentos. Enquanto eu tentava descobrir a fonte da voz, tínhamos acabado de chegar a casa.

Ao entrar em casa me senti melhor quase de imediato. O meu lar era o único lugar que eu podia ficar sossegado, ler meus livros que tanto amo, e utilizar a cozinha para deixar minha criatividade fluir em novas receitas. Mas mesmo estar nesse ambiente tão confortável não acalmou completamente os meus pensamentos.

–Pai, hoje vocês podem fazer o almoço? Não estou me sentindo muito bem, acho que preciso dormir um pouco, tudo bem?

–Claro, filho, eu estava ansioso pelo almoço, mas é melhor você descansar. Se precisar de alguma coisa é só me chamar.

–Valeu.

Antes de a minha irmã começar a me perturbar, comecei a subir as escadas em direção ao meu quarto. Ao entrar quase tropecei na montanha de livros que tinha deixado perto da porta (tinha que dar um jeito nisso depois). Coloquei minha mochila da escola, que eu nem tinha usado, no canto e logo em seguida deitei na cama. Olhando o teto comecei a listar os acontecimentos estranhos que ocorreram naquele dia.

Ok, vejamos. Um: eu fui atacado por alguns delinquentes sem motivo aparente. Dois: uma garota misteriosa chamada Emily me ajudou e me mandou flores. Três: ao acordar eu respondi a minha irmã de uma forma anormal. E quatro: uma voz, que só eu consegui ouvir, me chamou de idiota. Será que eu estou esquecendo alguma coisa?

Acrescenta aí: Cinco: um espírito do mal chamado Hell tomou conta do seu corpo e vai fazer você sofrer muito a partir de agora – disse Hell, o espírito do mal que tomou conta do meu corpo e vai me fazer sofrer muito a partir de agora.


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