Assim que todos deram entrada no hospital, o comunicado oficial era de que havia ocorrido um desabamento de um prédio abandonado. Aurora e Shaka já foram encaminhados diretamente para as salas de trauma. Alguns cavaleiros e caçadoras precisaram de cirurgias e outros foram apenas avaliados e ficaram em uma observação de 24 horas, dentre esses estava Shura.

  Atena após ter se certificado de que todos haviam recebido o tratamento adequado foi visitar o Cavaleiro de Capricórnio.

 (Saori entrando no quarto de Shura)— Espero não estar atrapalhando.

 (Shura sentado na cama)— Imagine, Atena. Por favor, entre.

(Saori sentando-se em uma poltrona)— Na verdade eu vim conversar com você sobre as circunstâncias em que Aurora deu o sangue dela para você.

(Shura expirando)— Sabia que em algum momento esse assunto voltaria. Mas ficarei feliz em esclarecer.

(Shura explicando)— Nike sempre teve percepções muito afloradas sobre o que poderia vir a acontecer com ela e com os demais do Santuário. Acredito que ela sabia que era uma questão de tempo até que Ares viesse até ela.

(Shura continuando)— Com isso em mente ela me procurou uma tarde no Santuário e disse que precisava conversar comigo para me destinar uma missão. A questão é que não era apenas eu o envolvido nessa situação, ela recrutou todos os cavaleiros que haviam se convertido em espectros durante a Guerra Santa.

(Saori intrigada)— E você sabe o motivo disso.

(Shura seriamente)— Segundo Nike, era porque somos os únicos que sabem a sensação de ser considerado como um traidor.

(Saori chocada)— Então ela sabia da sua pseudoconversão para o lado de Ares?

(Shura)— Sim Atena. Ela sabia que Ares viria e que o único jeito de impedir uma destruição em massa do Santuário seria ela se sacrificando e fazendo-o acreditar que ela estava do lado dele. Assim, ela ganhou tempo para que nós pudéssemos nos organizar e contra atacar. Os pequenos frascos de sangue que ela me entregou precisam ficar em sigilo absoluto, até mesmo dos demais cavaleiros e das caçadoras, Ares poderia descobrir a qualquer momento que a fonte para a invencibilidade estava naquela pequena caixa.

(Saori incrédula)— Pelos deuses...

(Shura segurando gentilmente a mão de Soari)— Ela sempre soube o que estava fazendo e nunca a deixou desprotegida, minha senhora. Nem a você e nem a nenhum de nós.

(Saori com os olhos marejados)— Ela nunca deixa de me surpreender. Estou muito preocupado com estado de saúde dela e de Shaka, ainda não consegui nenhuma notícia.

  Nesse momento eles escutem alguém bater na porta.

(Shura)— Entre.

  Shunrei e Kiki entram no quarto.

(Shunrei um pouco tímida)— Olá Senhorita Saori. Olá Shura. Nós não queríamos incomoda-lo, sabemos que deve estar cansado.

(Shura delicadamente)— Não se preocupe Shunrei. Podemos ajudar com algo?

(Shunrei olhando para Kiki)— Na verdade, acho que eu e Kiki sabemos como as flechas se desmancharam e o motivo pelo qual Aurora as atirou em nós.

  Tanto Saori, quanto Shura olham para Kiki e Shunrei com muita expectativa.

(Shunrei)— Um dia, Aurora me encontrou chorando. Eu realmente estava muito preocupada com o Shiryu e com a possibilidade de uma outra guerra, não queria vê-lo ferido novamente. Ela foi tão gentil comigo e me confortou nesse momento doloroso, e me fez uma promessa que no momento eu não havia entendido direito.

(Saori)— Que promessa?

(Shunrei de olhos fechados)— Ela me disse que suas asas seriam nossos escudos. Acredito que o disparo das flechas foi intencional para proteger a mim e a Kiki do combate final. Ela sabia que tanto Shiryu e Mu, mesmo sobrevivendo a guerra, ficariam devastados se descobrissem que algo ocorreu conosco.

(Kiki) – É verdade Senhorita. As flechas sumiram no momento que Nike derrotou Ares. Não pode ser uma simples coincidência.

(Saori levantando-se da cadeira)— E de fato não é. Aurora tinha tudo planejado, sempre teve. Para proteger não só a vida de Shiryu, mas a de todos nós e a de vocês ao poupa-los do confronto. Nesse momento ela está correndo risco de vida, tudo isso para que ficássemos bem.

  Um silêncio se instala no quarto.

(Saori por fim)— Vou procurar Ártemis para contar isso a ela. Vou aproveitar para ver se tenho notícias de mais alguém.

(Shunrei)— Iremos com você Saori. Descanse Shura.

(Shura)— Obrigado, Shunrei.

  Os três saem do quarto de Shura. Mas Atena estava focada em seus próprios pensamentos. Sobre como sua general particular tinha sido tão corajosa em se sacrificar, mais uma vez, em prol da vida de todos, inclusive da de Atena.

  Ela encontra Ártemis em um banco de espera, e pelo seu semblante Soari percebe o quão aflita ela está. Atena a abraça e conta tudo que descobriu vindo de Shura e Shunrei.

(Ártemis sem chão)— Pelos deuses Aurora... Como você pôde ser tão...

(Saori ao lado da Deusa da Lua)— Corajosa?

(Ártemis irritada)— Inconsequente! Atena, não suportarei ver aquela garota morta. Não suportarei...

  As lágrimas começam a surgir descontroladamente dos olhos de Ártemis e Saori apenas segura sua mão e deixa a deusa a vontade para por para fora tudo o que está sentindo.

  Com o passar de algumas horas, elas ficam sabendo que Shun, Agatha, Mirella, Afrodite, Aldebaran e Hyoga estavam apenas na observação e que teriam alta no dia seguinte. Aiolia precisou de uma cirurgia no joelho, mas deveria ter alta em três dias. Ariel teve um traumatismo craniano leve e também deveria ficar internada por mais alguns dias. Camus e Kanon teriam alta no dia seguinte, assim como Milo. Seiya havia quebrado o tornozelo e Shiryu tinha deslocado o ombro. Shun também só estava na observação. Ikki, Camus e Mu estavam um pouco mais graves, com desidratação e algumas fraturas, mas os médicos disseram que os prognósticos eram positivos. De fato, as maiores preocupações eram com Shaka e Aurora, pois até o momento não tinham recebido nenhuma notícia.

  Shina, Soari, Ártemis, Kiki, Shunrei e Marin aguardavam na sala de espera. A apreensão era inegável e já haviam se passado quase duas horas desde que todos haviam dado entrada quando uma jovem médica chegou à sala.

(Moça se aproximando)— Olá, boa tarde. Vocês são os acompanhantes das vítimas que chegaram?

(Saori nervosa)— S-Sim, somos.

(Médica)— Eu sou a Dra Maria Carpotella e estarei responsável por passar as notícias dos pacientes para vocês.

  A Dra Maria foi bastante gentil com as garotas e avisou sobre o estado de saúde dos que estavam menos graves, dizendo que teriam alta amanhã. Os que precisavam de algum outro procedimento, ela informou como seria o protocolo.

(Ártemis apreensiva)— E quanto a Shaka e a Aurora? Ainda não tivemos notícias.

(Dra Maria em tom sério)— Infelizmente ambos estão em estado gravíssimo. Eu não posso fornecer nenhuma garantia de sobrevivência. Mas, eu realmente precisava conversar com vocês sobre eles.

  Todos se entreolham.

(Dra Maria continuando)— O rapaz está sendo encaminhado para uma cirurgia cardiotorácica, precisamos tentar conter uma hemorragia interna. O peito dele chegou todo exposto e é inacreditável ele ainda estar vivo.

  Então o sangue divino de fato estava surtindo efeito.

(Dra Maria)— Quanto a garota, eu realmente não sei como ela foi capaz de sofrer todos esses ferimentos. O abdômen está coberto por uma queimadura de terceiro grau, o ombro teve os osso dilacerados e há uma fratura na coluna que pode impedir com que ela ande novamente. Mas eu vim aqui pedir uma permissão para vocês.

(Ártemis)— Do que se trata.

(Dra Maria)— Ela sofreu uma enorme fratura na perna direita. Existe uma grande hemorragia no lugar e não temos como salvar a perna e salvar ela junto.

(Kiki preocupado)— Está querendo dizer que...

(Dra Maria)— Para termos uma pequena chance de salvar a vida de Aurora, a perna direita precisará ser amputada.

  Continua...