NARRAÇÃO DE SOLUÇO

Logo, eu esqueci o pesadelo da noite passada e levantei da cama, eu desci as escadas e fui para a cozinha, lá eu achei meu pai tomando café, eu me sentei ao seu lado e peguei um copo de leite de iaque.

– Bom dia filho – Meu pai me cumprimentou.

– Bom dia pai – Eu também cumprimentei.

– Só vai tomar isso no café? – Ele me perguntou, eu admito que um simples copo de leite não ia me satisfazer muito, mas eu já estava meio atrasado.

– Sim, eu tenho que ir treinar, eu combinei com o Bolor de ir lá mais tarde- Eu respondi terminado de tomar o leite.

– Eu estou orgulhoso de você filho – Meu pai falou sorrindo.

– Por que? – Eu perguntei, eu sei que ele gosta de me agradar, mas ele nunca diz que está orgulhoso sem motivo.

– Desde aquele dia fatídico, quando você foi desafiado, você tem treinado sem parar, só para ter uma chance contra o Melequento, você teve varias dificuldades, mas não desistiu, e eu não tenho nenhuma duvida de que você está a altura do Melequento! – Meu pai falou entusiasmado, eu sorri, fiquei feliz de ter deixado ele orgulhoso.

– Valeu pai, eu tenho que ir – Falei me despedindo, ele me ajudou a amarrar as faixas em minhas mãos e fui.

Eu sai e vi o Banguela do lado da casa comendo peixes, quando eu não dou pra ele, esse dragãozinho esperto resolve pescar sozinho, se é assim, eu ainda não sei por que ainda ponho pra ele, mas enfim, eu me aproximei dele e ele se levantou entusiasmado.

– Iai amigão, você me ajuda a treinar hoje? – Eu perguntei e ele ficou todo entusiasmado.

Eu me afastei um pouco e ele começou a correr e eu também comecei a correr, qual era o objetivo? Nada complicado, eu só tinha que conseguir alcançar um Fúria-da-noite!

Eu corria atrás dele e ele apertava o passo e eu também, corri atrás dele por um tempo, comecei a suar, a ficar ofegante, mas não ia parar.

Ele desceu um pequeno barranco e correu para a esquerda, só que eu fui por cima do barranco atrás dele, eu corri, corri e corri e quando me aproximei, eu pulei do barranco. Cai bem em cima dele e me segurei e ele parou.

– Levei 5 anos, mas finalmente te alcancei! – Eu falei em tamanho entusiasmo, mas parece que ele não gostou de ser pego, ele acertou minha nuca com a cauda e se virou de costas – Ó, que foi? Ficou bravinho por eu ter te alcançado? – Eu falei fazendo uma voz fina de criança e ele se virou mais ainda – Tá certo, eu ia te dar um daqueles peixes enormes, mas já que tá bravo comigo, eu dou pra outro dragão – Assim que eu falei isso, ele já se virou pra mim com aquele sorriso falho dele.

Eu dei o peixe pra ele e fui para a dispensa esmurrar as carnes, eu também achava patético, mas até que rendia, então eu continuei, mas quando eu cheguei, eu vi o Perna-de-peixe conversando com varias pessoas desconhecidas, eu não entendi nada e me aproximei.

– Ai está ele pessoal, o lutador que vai tentar tirar o titulo do Melequento – Falou Perna-de-peixe, eu continuei sem entender, até que esse monte de gente veio me fazendo varias perguntas.

– Soluço, quando vai ser a luta?

– Quantos Rounds acha que aguenta?

– Ninguém até agora conseguiu derrotar o Melequento, o que te faz pensar que vai ser o primeiro?

– Como é que você treina na dispensa?

Eu passei por essa gente gentilmente e fui falar com o Perna-de-peixe, dando inicio a uma bela discussão.

– Perna-de-peixe, o que tá havendo?

– Publicidade

– Que?!

– Eu chamei essa gente pra ver a luta, se você for bem, elas vão querer as carnes que você esmurrou, vamos sair no lucro!

– Você tá fazendo publicidade sobre mim e nem me conta?! Qualé a sua?!

– Qualé Soluço, eu entendo disso.

– Você não entende nada! Era pra ser uma coisa só entre a gente! O que eles querem de mim?!

– Ver você treinar, eu estou fazendo um favor a você.

– Que favor coisa nenhuma! Eu te uso como saco de pancadas! Tá me ouvindo?!

Eu ainda não acredito, era pra ser uma coisa só entre nós e ele sai espalhando pra todo mundo, eu mereço. Mas eles já estavam aqui, eu não podia fazer nada.

– Tá bom, mas da próxima, vê se me fala antes de tomar esse tipo de atitude – Eu falo em um tom meio elevado.

– Tá bom, agora entra, eles querem ver como você treina – Ele me respondeu e eu entrei.

Assim que eu entrei, o Perna-de-peixe já foi na frente contando vantagens, um dia eu ainda meto ele.

– Senhoras e senhores, vocês estão prestes a ver o próximo campeão dos Pesos Pesados treinando na frente de seus olhos! – Falou e o publico simplesmente começou a fazer um monte de perguntas, eu não entendi o que disseram, falaram todos ao mesmo tempo – Calma ai gente, o Soluço vai agora demostrar como ele treina, vá em frente – O Perna-de-peixe falou pra mim e todos ficaram quietos.

Sem muita escolha, eu comecei e esmurrar as carnes que estavam lá, eu batia, batia e batia. Parece que todos gostaram do meu método.

– Ele tem potencial – Um dos vikings que estava por lá comentou.

Eu continuei batendo com todos me observando e o Perna-de-peixe resolveu fazer uma piadinha pra quebrar o gelo

– Pega leve Soluço, se bater assim no Melequento, a gente é preso por assassinato – Brincou Perna-de-peixe e todos o vikings atrás riram um pouco.

Eu continuei batendo e depois de toda aquela confusão, eu e o Perna-de-peixe fomos pra casa do Bolor, ele provavelmente percebeu que eu estava com raiva dele e ficou quieto. Treinamos o dia todo e no fim da tarde, eu já estava acabando, batendo nas mãos do Perna-de-peixe com luvas nas mãos, quando eu ouço as palavras que eu esperei 5 anos para ouvir do Bolor enquanto eu batia.

– Bate, vai! Quando enfrentar o Melequento, você vai estar pronto! Eu levei 5 anos para treina-lo e agora não resta duvidas, você está pronto! – Depois de tanto tempo, o Bolor finalmente falou que eu estou pronto – Certo, por hoje chega, vá pra casa garoto – O Bolor falou indo em direção á porta.

– Eu vou treinar mais um pouco Bolor – Eu falei indo em direção ao saco de pancadas.

– Tudo Bem, mas vê se tranca tudo quando sair – Ele falou saído de lá.

Eu comecei a bater no saco de pancadas e o Perna-de-peixe veio até mim e segurou o saco que eu batia.

– Soluço, foi mal por tudo, eu devia ter pedido sua permissão antes de ficar falando pros outros, desculpa – Falou ele com uma cara de coitado.

– Tudo bem Perna-de-peixe, eu te perdoo – Eu falei ainda batendo no saco de pancadas.

– Tá, então, me deixa fazer publicidade com seu nome – Ele falou ainda com sua cara de coitado.

– Tudo bem, fique a vontade – Eu respondi batendo ainda no saco – Você pode me ajudar aqui – Eu perguntei querendo que ele me ajudasse a tirar as faixas da minha mão.

– Claro – Ele me respondeu me ajudando a tirar as faixas.

NA MANHÃ SEGUINTE...

No meio do oceano, há uns 2 dias de Bérk, vinha um barco com 3 pessoas, a bordo estava Richard, um ótimo treinador, que sabia de tudo sobre lutas e foi o braço direito do campeão durante 5 anos. Também havia o Darwin, o empresário responsável por arranjar lutas que davam lucro e por fim estava também o imbatível, o indestrutível, que nunca havia sido derrubado, o primeiro e único Melequento.

Eles estavam a caminho de Bérk, o Melequento tinha algumas contas a acertar com um certo alguém, eles velejavam calmamente, sem se preocupar quando chegassem em Bérk.

– Melequento, como se sente em voltar pra casa? – Pergunta Richard olhando para o mar.

– Me sito ótimo, vou voltar, reencontrar velhos amigos e esmurrar um certo intrometido – Falou Melequento com um sorriso maligno e batendo em sua mão de leve.

– Não acha que está cantando vitória antes da hora? Talvez esse garoto dê trabalho – Falou Darwin cruzando os braços e olhando para o Melequento, que riu por alguns instantes.

– Qualé, você já viu ele, ele é uma espinha de peixe falante, não está a minha altura – Ele falou em meio ao riso.

– 5 anos é muito tempo, ele pode ter mudado – Falou Richard, até ele reconhece que alguém pode melhorar muito em 5 anos.

– Vocês não sabem de nada, eu vou acabar com ele no primeiro Round, acreditem, ele não vai estar pronto – Falou Melequento

ENQUANTO ISSO...

*Aqui, ponham essa musica*

https://www.youtube.com/watch?v=ioE_O7Lm0I4

https://www.youtube.com/watch?v=8M4AfIF-Zpc

Soluço corria por Bérk sem parar, passava pelas ruas suado e ofegante, mas sua força de vontade fazia ele se recusar a parar, ele continuou até chegar na vila, ele passava pelos moradores correndo e abanando a mão os cumprimentando, um deles jogou um fruta para ele e ele a pega ainda correndo, ele passou pelo aldeia chegando em um riacho ainda correndo.

Um tempo depois..., Soluço batia no pequeno saco rapidamente trocando as mãos sempre, ele suava e batia sem parar. Depois, ele fez flexão, ele fazia com uma mão, sempre trocando de mão a cada uma, fez isso 10 vezes e depois começou a fazer flexões batendo palmas, enquanto Perna-de-peixe contava suas séries e Bolor o observava.

Depois, Perna-de-peixe começou a bater com a bola na barriga de Soluço, ele batia em cada lado de suas costelas e Soluço aguentava a bola sem problemas, em seguida, fez varias séries de abdominal com o Bolor ajudando.

Em seguida, na dispensa, ele esmurrava as carnes com diretos, ganchos e cruzados. Depois, voltou a fazer flexão, ele fazia uma e trocava de mão sempre, faz isso 10 vezes e depois começou a fazer com uma mão só, ele apertava os olhos com a dificuldade, mas não parava, fez mais 10 e parou.

– Você vai mata-lo – Comenta Perna-de-peixe animado. Soluço sorri e balança a cabeça positivamente.

Um tempo depois, Soluço continuava correndo, ele passou pelo cais e continuou correndo, ele correu mais rápido e mais rápido e mais rápido, ele havia alcançado as escadas, mas ele não parou, começou a subir as escadas de lá que era uma das maiores escadas da região. Ele suava e respirava pesado, ele apertava os olhos em dificuldade mas não parava, ele continuou até chegar no topo, quando viu que havia conseguido, ele levantou os braços em comemoração, ele havia superado seus limites, não era mais uma espinha de peixe falante. Ele pulava de alegria e felicidade, não havia duvidas, ele estava pronto.