CooL Kids escrita por guilhermekettrup


Capítulo 15
Family Portrait




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John Wester Academy. Sala do Coral.

 

~Todos os Warriors estão de pé no centro da sala do coral, de frente para Daniel que era o único sentado~

 

Luan: Mas eu quero entender porque você faria isso? Demos o nosso sangue para trazer o coral de volta...

 

Daniel: Quantas vezes eu vou ter que dizer que não foi eu?

 

Joss: Estamos tentando acreditar em você Dani, mas é quase impossível.

 

Jeo: Eu tenho certeza de que não foi ele gente.

 

Carol: O pessoal do Hunger Throat deve ter armado alguma coisa pra desiquilibrar a gente. Eles já fizeram isso antes.

 

Maria: Mas o Rick não agiria junto com eles.

 

Guilherme: Eu tenho certeza de que não foi o Dani e também acho que os Hunger Throat não estão envolvidos nisso. Estamos deixando passar alguma coisa...

 

Daniel: Vocês não estão deixar passar nada. ~Daniel corta Guilherme e todos ficam em silêncio~ Acho que já sei o que aconteceu e só eu posso resolver.

 

~Daniel se levanta e sai andando pra fora da sala do coral antes que alguém pudesse falar alguma coisa. A cena muda. Daniel está chegando em sua casa e assim que coloca a mão na maçaneta da porta ele percebe uma movimentação grande vindo de dentro de sua casa. Ele para por alguns segundos, respira fundo, abre a porta e entra em casa. Daniel fica parado no corredor, onde tinha total visão da sala, e de lá ele conseguia ver que tinha algumas pessoas em suas casas. Tios, primos e até seus avós estavam lá. Antes que ele pudesse caminhar até a sala, sua mãe chega perto dele~

 

Mãe de Daniel: Filho, tenho uma surpresa que você vai amar.

 

Daniel: Juliana conseguiu passar na prova de inglês? E por isso todos vieram aqui parabeniza-la?

 

~Daniel não queria acreditar no que estava prestes a presenciar~

 

Mãe de Daniel: Melhor que isso. Venha ver você mesmo.

 

~A mãe de Daniel sai andando em direção à sala e Daniel vai atrás dela. Chegando na sala a cena fica em câmera lenta e Daniel olha lentamente para o rosto de todas as pessoas que estavam lá. A cena volta ao normal assim que Daniel bate o olho em uma pessoa em especial. Era como olhar uma versão distorcida do seu próprio reflexo. Os mesmo olhos, a mesma boca, porém uma expressão debochada que aumentou assim que seus olhos se encontraram. Daniel andou até próximo a pessoa que ainda lhe encarava com as sobrancelhas levemente arqueadas enquanto fala com outras pessoas. Daniel para em sua frente e estende a mão, na esperança de um simples aperto~

 

Daniel: Bom saber que você ainda está vivo, Uiliam.

 

~O irmão de Daniel se levanta e lhe dá um abraço~

 

Uiliam: Digo o mesmo sobre o seu senso de humor, irmão. ~Todos dão risada. Exceto Daniel. Os dois se sentam~ Quais são as novidades irmão?

 

Daniel: Nada demais. Me formei no curso de inglês e estou dando aula, voltei com o clube do coral e semana que vem vamos participar das Regionals. Mas isso provavelmente você já sabe.

 

Uiliam: Nossa! Sério? Que bacana Dani, eu não sabia. Estou feliz por você, sei o quanto o coral significava pra você. ~Uiliam passa a mão no joelho de Daniel, que dá um pequeno sorriso sem graça~ Também tenho novidades. Agora eu também faço parte do coral do meu colégio.

 

~Uiliam exibia um sorriso enorme enquanto as pessoas que estavam próximas a ele o parabenizavam. Daniel apena revira os olhos~

 

Daniel: Eu não sabia que a Escola Trinity tinha coral.

 

Uiliam: Não tinha. Eu e alguns amigos, com a ajuda de um dos professores conseguimos fazer com que o diretor liberasse verba para que pudéssemos dar inicio a um coral. Com apenas duas apresentações, nós já estamos entre os cinco melhores corais de New York. Quem sabe um dia a gente não compete contra vocês.

 

Daniel: Só se quiserem passar vergonha.

 

Mãe de Daniel: Uau, cinco melhores não é pra qualquer um. Principalmente depois de cantar para o presidente Obama.

 

~Uma das tias dos dois que estavam lá fica surpresa e pergunta "É verdade que vocês cantaram para o Obama? Eu sou apaixonada por ele." Uiliam então começa a falar sobre o dia em que se apresentaram para o presidente e como aquilo foi incrível. Daniel aproveita que as atenções voltaram para seu irmão e se levanta delicadamente da cadeira e sem que ninguém perceba ele sai da sala e vai para o seu quarto. A cena muda. Guilherme está entrando em casa. Ele tranca a porta, pendura as chaves em um gancho que tinha preso na parede e começa a subir as escadas. Quanto mais ele subia, mais ele ouvia algumas pessoas brigando e gritando. Guilherme então chega no topo da escada e fica parado por alguns segundos no corredor, que dava de frente para o quarto de seus pais. Guilherme vê seus pais brigando. Os dois falavam alto e estavam bem alterados. Eles andavam pelo quarto meio aos gritos. Guilherme passa a mão na testa, vai até a porta do quarto e fecha ela com muita força, fazendo um estrondo ecoar por todo o corredor. Guilherme então anda em direção a seu quarto. Ele abre a porta e encontra sua irmã deitada em sua cama, com fones de ouvido e mexendo no celular~

 

Guilherme: O que você tá fazendo na minha cama sendo que você tem a sua?

 

~Guilherme joga a mochila no chão~

 

Irmã de Guilherme: Daqui eu escuto menos os dois brigarem. Não aguento mais isso. Não vejo a hora de o papai voltar a trabalhar. Assim pelo menos as brigas só aconteceram a noite e não o dia todo.

 

Guilherme: Eu não aguento mais também.

 

Irmã de Guilherme: Você e nosso irmão já são grandes e podem ficar na rua até a hora que quiserem. Eu sou obrigada a ficar o dia todo aqui ouvindo isso.

 

Guilherme: Eu não sei o que pensar. Vê-los separados não seria a coisa mais fácil do mundo.

 

Irmã de Guilherme: É bem melhor do que isso. Isso não é família.

 

~Guilherme respira fundo e deita do lado da irmã~

 

Guilherme: O que você está ouvindo ai? ~Guilherme pega um dos lados do fone de ouvido e coloca em sua orelha~ Lógico que é Demi Lovato.

 

~Guilherme começa a cantar a música que tava tocando~

 

Don't surrender, Surrender, surrender

 

~A irmã de Guilherme começa a cantar com ele~

 

Please remember, Remember, december

 

Irmã de Guilherme: Você fala que não gosta mas sabe todas as músicas.

 

Guilherme: Eu não sei do que você está falando.

 

~Os dois dão risada e a cena muda. Maria está entrando em casa. Ela tranca a porta e anda até a cozinha, onde encontra sua mãe de frente para o fogão mexendo em algumas panelas~

 

Maria: Oi mãe.

 

Mãe de Maria: Oi filha. O almoço já está quase pronto.

 

Maria: Tudo bem. Não estou com tanta fome.

 

Mãe de Maria: Você comeu na rua de novo Maria?

 

Maria: Não mãe, não comi nada.

 

Mãe de Maria: Olha, sua avó vem pra cá hoje então já pega suas coisas e leva para o meu quarto.

 

Maria: Não posso ficar no quarto com ela? Eu durmo no chão.

 

Mãe de Maria: Isso tudo pra não ter que arrumar suas coisas né Maria?

 

Maria: Claro mãe. Vou ter que pegar, levar pro seu quarto e depois trazer tudo de volta pro meu. Ficar me cansando a toa.

 

Mãe de Maria: Você só estuda e está sempre cansada. Não entendo isso.

 

Maria: É bom a senhora se acostumar, porque quando eu começar a trabalhar eu vou ficar mais cansada ainda.

 

Mãe de Maria: Mas ai você já vai ter acabado o colégio.

 

Maria: Nada disso mãe. Já fiz dois vestibulares e não consegui nada em nenhum deles. Vou agora tentar arrumar um emprego e a faculdade a gente deixa pra depois.

 

~A mãe de Maria para de fazer as coisas, seca a mão no avental que usava e vira de frente para Maria~

 

Mãe de Maria: Não fala mais uma besteira dessas.

 

Maria: Ué mãe. O tempo está passando e eu só estou ficando pra trás. Que eu pelo menos tenha um emprego né.

 

Mãe de Maria: Você não vai arrumar emprego nenhum! ~A mãe de Maria estava com a voz alterada~ Você vai focar nos seus estudos. Vai ser vinte, trinta, cinquenta provas. Até que uma hora você vai conseguir.

 

Maria: E se eu nunca conseguir mãe? Vou ficar trancada dentro de casa esperando um milagre acontecer né.

 

Mãe de Maria: Eu não acredito em milagres. Se você realmente quer alguma coisa, corre atrás. Você está querendo desistir na primeira tentativa. ~A mãe de Maria puxa uma cadeira e senta de frente pra filha~ Maria, eu larguei os estudos pra poder trabalhar e conseguir sustentar você. Eu não tive as oportunidades que você tem. Sua vô não tinha condição nem de me sustentar direito, imagina com uma neta. Você vai estudar. Não importa quantas vezes tenha que fazer a prova.

 

Maria: Tudo bem mãe... Tudo bem.

 

~Maria fecha a cara enquanto sua mãe levanta e volta a mexer nas panelas~

 

Mãe de Maria: A comida já está pronta. Vai lavar as mãos para almoçar.

 

~Maria levanta da cadeira e a cena muda. Juan está entrando em casa e vê sua tia e seu avô sentados no sofá~

 

Juan: Oi vô. Oi tia. Não sabia que você vinha aqui.

 

Tia de Juan: Sua mãe pediu para que eu viesse.

 

Juan: E onde ela está?

 

Tia de Juan: Ela passou mal. Seu tio a levou no hospital. Não foi nada demais, só alguns enjoos por conta da quimioterapia.

 

Juan: Mas como ela está? ~Juan tinha um tom preocupado~ Qual é o hospital? Eu quero ir ficar com ela.

 

Tia de Juan: Não filho, seu tio está com ela. Já já ela deve estar em casa.

 

~Juan respira fundo~

 

Juan: Está bem. Qualquer notícia que tiverem me fale.

 

~Sua tia concorda com a cabeça. Juan vira e vai para o seu quarto. Assim que entra no quarto, Juan fecha a porta, pega o telefone e liga para sua mãe~

 

LIGAÇÃO:

 

Mãe de Juan: Alô.

 

Juan: Oi mãe. Como você tá? Porque não me avisou? Eu iria pro hospital com você.

 

Mãe de Juan: Estou bem filho. Você estava em aula e seu tio me trouxe, não se preocupe.

 

Juan: Claro que eu me preocupo mãe, você tem câncer. E o que aconteceu?

 

Mãe de Juan: Os médicos disseram que foi somente uma queda de pressão, mas precisarei ficar aqui por alguns dias então quero sua ajudar para tomar conta do seu avô. Porque sua tia é ótima pra ajudar até quando ela quer né.

 

Juan: Quanto tempo até eles te liberarem?

 

Mãe de Juan: Não sei ao certo, mas devo ficar até o final da próxima semana.

 

Juan: Ah...

 

~Os dois ficam em silêncio por alguns segundos~

 

Mãe de Juan: O que foi filho?

 

Juan: É que tenho o curso... Mas não se preocupe mãe, dou um jeito. E amanhã irei te visitar.

 

Mãe de Juan: Não se preocupe comigo filho... ~A mãe de Juan tosse~ estou bem.

 

Juan: Tudo bem, mas vou te visitar mesmo assim.

 

Mãe de Juan: Obrigado filho. Vou precisar fazer um exame agora, mais tarde nos falamos.

 

Juan: Tudo bem mãe. Te amo.

 

Mãe de Juan: Te amo também meu filho.

 

FIM DA LIGAÇÃO.

 

~Juan coloca o telefone em cima da cama, coloca as mãos no rosto e começa a chorar. A cena muda. Diego está entrando em casa na ponta dos pés. Assim que passa pela sala, ele percebe que seus pais estão sentados no sofá de costas para ele. Ele anda devagar para que seus pais não escutassem seus passos. Quando estava quase chegando na escada, Diego escuta seu pai lhe chamar~

 

Pai de Diego: Diego!

 

~Diego para por alguns segundos, vai para sala e para de frente para seus pais~

 

Diego: Oi...

 

~Os pais de Diego não estavam com uma cara boa~

 

Pai de Diego: Sua diretora ligou pra cá hoje dizendo que suas notas estão péssimas.

 

Mãe de Diego: Você só estuda. Nós não admitimos você ter um rendimento tão baixo. Eu e seus pais estamos achando que o clube do coral está te atrapalhando.

 

Pai de Diego: Se suas notas não melhorarem, nós te tiraremos do coral.

 

Diego: Mas pai...

 

Pai de Diego: Mas nada Diego. Estamos te dando a oportunidade de melhorar as notas, mas se não for...

 

~Diego abaixa a cabeça~

 

Diego: Tudo bem pai.

 

~Diego sai andando e vai para o seu quarto e fecha a porta. A cena muda. Semana seguinte. Sala do coral. Margarete está entrando na sala e algumas coisas lhe chamaram a atenção. Guilherme, Maria e Daniel estavam com uma cara não muito boa. Diego e Juan não estavam lá. Margarete coloca sua bolsa em cima do piano e vai para o centro da sala~

 

Margarete: Bom pessoal. Pensei bastante sobre o tema dessa semana e cheguei a conclusão de que nós nunca fizemos uma semana dedicada ao country. Temos ótimos artistas country hoje em dia. Alguns artistas largaram o country e foram para o pop e outros estão dando uma pause no pop para tentar algo novo.

 

Luan: Margô. ~Luan corta Margarete~ Legal sobre o tema da semana, mas eu estou mais interessado em saber se Daniel pensou numa desculpa para nos contar sobre ter vazado a setlist das regionals para os hunger throat.

 

~Todos começam a falar. Alguns discutem entre si. Daniel fica sentado em silêncio por alguns minutos até que se levanta~

 

Daniel: Eu não tenho desculpa nenhuma. ~Daniel falava alto. Todos param de falar e olham pra ele~ Porque não fui eu que fiz. ~Alguns fazem uma cara estranha~ Vocês não sabem mas... Eu tenho um irmão gêmeo.

 

~Todos continuam olhando com uma cara estranha para Daniel. Alguns se seguram para não dar risada~

 

Margarete: Você está falando sério Dani?

 

Daniel: Sim Margô. O nome dele é Uiliam. Ele foi morar em New York, uns dois meses antes de o coral começar. Eu não falo sobre ele porque nós não temos uma relação muito boa. Nunca tivemos. Ele não aceita que eu sou melhor que ele. ~Alguns dão risada~ Ele sempre me enfiou em problemas e saiu como o coitado. Então eu realmente peço desculpas pelo que aconteceu. Ele sempre arruma uma maneira de me prejudicar, mas dessa vez ele passou dos limites.

 

Margarete: Não se preocupe Dani, teremos uma nova setlist até o final do dia. Só que dessa vez, não enviarei para o e-mail de ninguém ok?

 

Daniel: Tudo bem Margô, eu agradeço muito a vocês pela compreensão. E já troquei a senha do meu notebook também.

 

~Alguns dão risada~

 

Luan: Acho que devo desculpas a você né Dani...

 

Daniel: Que nada Lu, eu sei que foi difícil de acreditar. Até porque o Rick disse que me viu. Eu só acho que ele precisa trocar de óculos porque eu sou bem mais bonito e bem arrumado que o Uiliam.

 

~Todos dão risada~

 

Margarete: Então, problemas resolvidos, vamos voltar a programação normal. Acho que country seria uma ótima pedida para darmos uma mudada nas coisas aqui no coral.

 

Junior: Iiiiirrá.

 

~Alguns olham com uma cara estranha para Junior e outros dão risada~

 

Daniel: Já vou pegar meu chapéu rosa para me inspirar.

 

Ray: Muito bom o tema Margô, finalmente algo mais diferente. Já vou preparar minha música.

 

Ana: Não vai me dizer que existe k-country?

 

~Ray vira os olhos~

 

Jeo: Vou cantar muito sertanejo top sim.

 

~Maria coloca a mão nos ouvidos enquanto alguns dão risada. O sinal toca. Todos começam a pegar as bolsas e a sair da sala do coral~

 

Margarete: Guilherme, eu poderia falar com você?

 

~Guilherme concordar com a cabeça. Todos saem da sala do coral e Guilherme fica sozinho com Margarete~

 

Guilherme: Oi Margô.

 

Margarete: Aconteceu alguma coisa Gui? Percebi que você ficou quieto durante toda a aula.

 

Guilherme: Estou tendo alguns problemas em casa com meus pais, mas não é nada demais. Já vai passar.

 

Margarete: Ok. Se precisar de alguma coisa, saiba que estou aqui.

 

Guilherme: Tudo bem Margô. Obrigado.

 

~Margarete passa a mão no ombro de Guilherme que abre um sorriso e em seguida sai da sala do coral. A cena muda. Ariel está andando pelo pátio do colégio e vê Diego sentado em num dos bancos um pouco distante. Ariel vai até ele~

 

Ariel: Oi Di. ~Ariel senta do lado dele~ Senti sua falta no ensaio do coral hoje. Aconteceu alguma coisa?

 

Diego: Estarei afastado do coral até que minhas notas melhores, ou seja, nem tão cedo.

 

Ariel: Como assim Di?

 

Diego: Meus pais foram chamados no colégio por conta das minhas notas baixas e enquanto eu não conseguir recuperar, eles não vão me deixar participar do coral. ~Os olhos de Diego enchem de lágrimas~ Então eu não sei quando volto. Provavelmente nunca.

 

~A cena muda. Guilherme entra na sala de informática e quando acende as luzes, ele percebe que Maria estava sentada de frente para um computador no canto da sala~

 

Guilherme: Está fazendo o que ai escondida? Você precisa sair, à aula já vai começar.

 

Maria: Já estou acabando.

 

Guilherme: Está fazendo o que ai que não pode fazer em casa?

 

Maria: Me inscrevendo em sites de emprego.

 

Guilherme: Tá, mas e porque não pode fazer isso em casa?

 

Maria: Minha mãe não quer que eu trabalhe.

 

Guilherme: Mas por quê?

 

~Guilherme vai andando pra perto de Maria~

 

Maria: Ah, ela disse que eu preciso estudar primeiro e bla bla bla...

 

~Guilherme puxa uma cadeira e senta do lado dela~

 

Guilherme: Ela está um pouco certa né.

 

Maria: Você diz isso por que de certa forma tem um emprego né.

 

Guilherme: Mas ele veio por acidente, eu nem fui atrás.

 

Maria: Tá bom. Fica quietinho então que eu já estou terminando. Duas pessoas me perturbando com isso não dá.

 

~Guilherme fica em silêncio por alguns segundos~

 

Guilherme: Também estou tendo problemas com meus pais.

 

Maria: O que está acontecendo?

 

~Maria falava, mas não tirava os olhos do computador~

 

Guilherme: Acho que eles vão se separar.

 

Maria: E isso é um problema? Meus pais são separados desde que nasci e agradeço todos os dias por isso.

 

Guilherme: É, fácil pra você que nunca viu seus pais juntos. Eu cresci com meus pais e não estou pronto pra vê-los separados.

 

~Maria desliga a tela do computador, pega sua bolsa que estava no chão e se levanta~

 

Maria: Mas a vida tem dessas coisas Gui. Nem tudo é para sempre. Acho que você precisa crescer um pouco. ~Maria dá dois tapinhas no ombro de Guilherme~ A gente se vê.

 

~Maria sai da sala de informático enquanto Guilherme continua sentado com uma cara não muito boa. A cena muda. Daniel está andando pelo pátio do colégio quando seu celular toca. Ele o retira do bolso e vê que era uma ligação de sua mãe~

 

LIGAÇÃO:

 

Daniel: Oi mãe.

 

Mãe de Daniel: Dani. Filho. Nós vamos almoçar fora, então não vai pra casa ok? Nos encontra aqui no restaurante.

 

~Daniel percebe que tinha muitas pessoas falando ao fundo~

 

Daniel: Tudo bem mãe. Estou saindo do colégio agora e encontro vocês ai.

 

Mãe de Daniel: Tudo bem filho.

 

FIM DA LIGAÇÃO.

 

~A cena muda. Daniel está entrando no restaurante e avista toda sua família sentada em uma mesa no fundo do restaurante. Estavam todos lá de novo. Seus tios, primos, avôs... Todos em cima de Uiliam. Daniel chega disfarçadamente à mesa e senta em uma das cadeiras no canto. Todos continuam conversando e perguntando coisas para Uiliam, até que ele percebe a presença do irmão~

 

Uiliam: Nossa Daniel, você continua sendo antissocial? Chegou e não falou com ninguém.

 

~Uiliam tinha um ar debochado. Os outros que estavam lá deram risada~

 

Daniel: Ah eu não quis tirar a atenção de cima de você.

 

~Daniel dá uma piscada e Uiliam faz uma cara feia~

 

Uiliam: Ah Dani, nós estávamos falando mesmo de você. Lembra daquela vez que fomos apostar corrida e você caiu assim que começamos a correr? ~Uiliam força o riso enquanto os outros dão risada. Daniel abre um sorriso falso~ E quando fomos pular na piscina e você escorregou e bateu com a bunda forte no chão.

 

~Uiliam continua falando enquanto os davam risada. Daniel apoia o rosto na mão e fica olhando o irmão falar. Começa a tocar Alfie, da Lily Allen~

 

Daniel:

Oh deary me

My little brother's in his bedroom smoking weed

I tell him he should get up cuz it's nearly half past three

He can't be bothered cuz he's high on THC

I ask him very nicely if he'd like a cup of tea

I can't even see him cuz the room is so smokey

Don't understand how one can watch so much TV

My baby brother Alfie how I wish that you could see

 

I only say it cuz I care

So please can you stop pulling my hair

Now, now there's no need to swear

Please don't despair my dear, mon frère

Ooh Alfie get up it's a brand new day

I just can't sit back and watch you waste your life away

You need to get a job because the bills need to get paid

Get off your lazy ass

Alfie please use your brain

Surely there's some walls out there that you can go and spray

I'm feeling guiltier for leading you astray

Now how the hell do you ever expect that you'll get laid

When all you do is stay and play on your computer games?

 

I only say it cuz I care

So please can you stop pulling my hair

Now, now there's no need to swear

Please don't despair my dear, mon frère

Oh little brother please refrain from doing that

I'm trying to help you out so can you stop being a twat?

It's time that you and I sat down and had a little chat

And look me in the eyes, take off that stupid filthy cap

 

I only say it cuz I care

So please can you stop pulling my hair

Now, now there's no need to swear

Please don't despair

Please don't despair

My mon frère

 

~A cena muda. Guilherme está chegando em casa e antes que entre, ele escuta do lado de fora seus pais brigando. Ele respira fundo e entra em casa, indo direto para o seu quarto. Quando Guilherme fecha a porta, ele percebe que sua irmã está em seu quarto~

Guilherme: Você agora mora no meu quarto né?

Irmã de Guilherme: Eles não pararam de brigar um minuto hoje. Eu não aguento mais.

~Os olhos da irmã de Guilherme enchem de lágrimas. Guilherme fecha o punho e respira fundo. Ele então sai apressadamente do quarto e escuta uma gritaria vindo da sala. Ele corre em direção ao local. Assim que entra na sala Guilherme congela. Ele não acreditava no que via. Seus pais estavam brigando e não era uma briga normal. Eles estavam se batendo. O pai de Guilherme prende sua mãe contra o sofá e segurava em seus braços. Guilherme fica sem reação por alguns segundos e então vai pra cima deles. A cena fica em câmera lenta. Guilherme empurra seu pai de perto de sua mãe. Ele percebe que o rosto de seu pai estava sangrando. Guilherme gritava com os dois. A mãe de Guilherme chorava. Os três discutiam. O pai de Guilherme chega perto dele e tenta abraça-lo. Guilherme o empurra. O pai de Guilherme vai para o canto da sala enquanto sua mãe continua sentada no sofá com as mãos no rosto. Guilherme passa a mão na cabeça, respira fundo, pega seu celular que tinha caído sem que ele percebesse e então sai de casa. A cena muda. Já está escuro e Guilherme está sentado num banco em uma espécie de praça. Juan chega e senta ao lado dele~

Juan: O que aconteceu Gui? ~Os dois trocam um olhar e Juan percebe que os olhos de Guilherme estão inchados e vermelhos~ Ai Gui..

~Juan puxa Guilherme e lhe dá um abraço apertado~

 

Guilherme: Eu não aguento mais sabe. E dessa vez eles passaram do limite. Eu tenho vontade de sumir. Largar os dois lá. Só não vou por causa da minha irmã.

 

Juan: Ai Gui, é bem complicado. Meus pais se separaram desde que eu tenho sete anos. Nunca foi um problema. Eles não davam certos juntos, foi muito melhor pra eles. Mas eu imagino como deve ser difícil. Eu queria poder fazer alguma coisa pra ajudar.

 

Guilherme: Tudo bem amigo. E sua mãe, como está? Ainda internada?

 

Juan: Sim. Ainda não consegui ir vê-la, mas nos falamos e ela disse que está bem só que preferiram deixa-la mais uns dias lá para ficar em observação.

 

Guilherme: E quando é que vai contar para todos sobre ela amigo?

 

Juan: Não sei Gui... Talvez nunca.

 

~Juan tinha um tom baixo. Guilherme coloca uma das mãos no ombro dele~

 

Guilherme: Logo logo ela volta pra casa bem amigo.

 

~Juan coloca a mão e cima da mão de Guilherme~

 

Juan: Eu espero que sim.

 

~A cena muda. Dia seguinte. Todos estão na sala do coral, exceto Diego e Juan. Margarete está em pé no centro da sala~

 

Margarete: Bom pessoal, até agora ninguém apresentou nenhuma música. Eu que não estou escolhendo os temas certos ou vocês é que andam desanimados? Tenho certeza de que os Hunger Throat não ficam um dia sem ensaio. ~Nesse momento Guilherme levanta uma das mãos~ Parece que temos nosso primeiro cowboy.

 

~Algumas pessoas fazem uma cara estranha. Ray chega perto do ouvido de Jeo e diz "A Margô tá meio brega essa semana, o que aconteceu?" Jeo faz uma cara confusa~

 

Guilherme (com um tom de voz baixo): Eu preparei uma música, mas não é country.

 

Margarete: Vocês sempre dão um jeito de fugir do tema né. Tudo bem Gui, é melhor uma música fora do tema do que nenhuma.

 

~Guilherme se levanta e vai para o centro da sala. Margarete senta em uma cadeira no canto da sala~

 

Guilherme: Nem todos sabem, mas meus pais estão se separando e isso tem sido muito difícil pra mim. Eu que sempre tive essa visão de família, vê-los dessa forma me parte de várias maneiras. É como se minha família não existisse mais.

 

~Os olhos de Guilherme enchem de lágrimas. Ele abaixa a cabeça e a banda começa a tocar uma versão acústica de Family Portrait, da Pink~

 

Guilherme:

Mama please stop cryin´

I can´t stand the sound

Your pain is painful and it´s

tearing me down

I hear glasses breaking

As I sit up in my bed

I told Dad you didn´t mean

Those nasty things you said

You fight about money

About me & my brother

And this I come home to

This is my shelter

It ain´t easy, growin´ up in world war 3

Never knowin´ what love could be

You´ll see, I don´t want love to destroy me

Like it has done my family

 

Can we work it out

Can we be a family

I promise I´ll be better

Mommy I´ll do anything

Can we work it out

Can we be a family

I promise I´ll be better

Daddy please don´t leave

 

~A cena muda e fica em câmera lenta. Guilherme está em pé na sala de casa e seus pais estão passando por ele brigando~

 

Daddy please stop yelling

I can´t stand the sound

Make mama stop cryin´

´Cause I need you around

My mama she loves you

No matter what she says is true

I know that she hurts you

But remember I love you too!

 

~Ele começa a subir as escadas de casa e dava a impressão de que seus pais seguiam ele enquanto brigavam. Guilherme vai andando em direção ao seu quarto~

 

I ran away today, ran from the noise

Ran away

Don´t wanna go back to that place

But don´t have no choice, no way

 

~Guilherme entra no quarto e fecha porta. Sua irmã está sentada na cama com os olhos vermelhos. Guilherme senta do lado dela~

 

It ain´t easy, growin´ up in world war 3

Never knowin´ what love could be

But I´ve seen, I don´t want love to destroy me

Like it has done my family

 

~A cena muda e volta ao normal. Guilherme e os outros estão na sala do coral. Guilherme cantava com vontade~

 

Can we work it out

Can we be a family

I promise I´ll be better

Mommy I´ll do anything

Can we work it out

Can we be a family

I promise I´ll be better

Daddy please don´t leave

 

~O ritmo da música diminui e o tom de voz de Guilherme também~

 

In our family portrait

We look pretty happy

We look pretty normal

Lets go back to that

In our family portrait

We look pretty happy

Lets play pretend, act like it goes naturally

 

~A música acaba. Lágrimas desciam dos olhos de Guilherme e de alguns outros Warriors~

 

Guilherme: Desculpa...

 

Margarete: Não se desculpe Gui.

 

Ana: Eu entendo sua situação Gui... Quando meus pais se separaram foi bem difícil de aceitar. Mas não é o fim do mundo. As coisas se ajeitam da melhor forma. Não se preocupe.

 

Luan: É Gui. E tente não se envolver muito nos problemas que eles estão passando, porque acaba que somos os que mais sofrem.

 

~Guilherme concorda com a cabeça~

 

Guilherme: Obrigado pessoal.

 

~Guilherme continuava chorando e todos levantam aos poucos das cadeiras e o abraçam. Margarete levanta também e vai andando para próximo dos alunos~

 

Margarete: Acho que podemos mudar o tema da semana né? Vamos tentar algo mais pessoal. Quero que vocês, assim como o Gui fez, cantem sobre a relação que vocês e suas famílias têm.

 

~Todos concordam com a cabeça e o sinal toca. Todos pegam suas mochilas e começam a sair da sala do coral~

 

Margarete: Gui...

 

~Guilherme para perto da porta e Margarete anda em direção a ele. Chegando perto, ela o abraça forte e sussurra um "obrigado". Margarete então sai da sala e Guilherme fica sem entender. A cena muda. Juan está saindo do colégio quando seu telefone toca. Ele continua andando enquanto a outra pessoa falava, até que ele para, seus olhos passam certo desespero e sua boca fica branca. A cena muda. Juan está entrando apressado em um hospital. Ele passa pela recepção e uma das atendentes chama por ele, mas ele não escuta e anda em direção a seu tio e irmã que estavam sentados um pouco a frente~

 

Juan: O que aconteceu? Onde ela tá?

 

Irmã de Juan: Ela deve uma recaída e isso afetou um de seus rins.

 

Juan: Oque? Como assim? Eu dou um meu pra ela e...

 

Tio de Juan: Não é tão simples. Primeiro vamos ter que fazer exames para ter certeza de que nossos rins estão saudáveis o bastante para ser um possível doador. Só depois disso tudo é que faremos os exames de compatibilidade.

 

Juan: Como se o câncer já não fosse o bastante... Onde ela está? Eu quero vê-la.

 

Irmã de Juan: Ela está no CTI Ju, não pode receber visita.

 

~Todos ficam em silêncio por alguns segundos até que Juan sai andando em direção à uma enfermeira que estava mexendo em alguns papeis~

 

Juan: Moça, eu preciso visitar uma paciente que está no CTI.

 

~A mulher olha para Juan com uma cara calma~

 

Enfermeira: Senhor, pacientes que estão no CTI não pode receber visita.

 

~Juan se altera um pouco~

 

Juan: Mas eu preciso vê-la. É minha mãe. Ela tem câncer e agora está com um problema renal. Eu preciso vê-la.

 

~Juan esbarra da enfermeira e começa a andar em direção às escadas. A mulher anda rápido e consegue para na frente de Juan~

 

Enfermeira: Eu preciso que o senhor se acalme.

 

Juan: Eu tenho que vê minha mãe. ~Lágrimas começam a descer dos olhos de Juan~ Eu tenho que vê-la antes que ela morra.

 

~Juan encosta na parede, senta no chão e coloca as mãos no rosto. Sua irmã anda até perto dele e senta do seu lado. A cena muda~

 

Ginásio do John Wester Academy.

 

~Guilherme está sentado sozinho em um dos bancos da arquibancada quando Carol chega e senta do lado dele~

 

Carol: Oi Gui.

 

Guilherme: Oi Carol.

 

Carol: Costumávamos vim pra cá quando a gente queria se esconder dos outros.

 

Guilherme: Eu gosto de vim pra cá. Apesar da barulheira das cheerios, ninguém nota que eu to aqui.

 

Carol: Você não deveria estar sozinho.

 

Guilherme: É eu sei. Mas você sabe que eu sou esquisito.

 

Carol: Você é um pouco sim. ~Os dois abrem um sorriso~ Você sabe que já passei pela mesma situação que você, então se quiser conversar...

 

~Os dois ficam em silêncio por alguns segundos~

 

Guilherme: Eu ainda não consegui processar o que aconteceu. Eles estavam brigando, de verdade... Uma das piores coisas que já presenciei na minha vida. Você nunca acha que esse tipo de coisa vai acontecer com você, até que acontece.

 

~Carol coloca a mão em cima da mão de Guilherme~

 

Carol: Quantas vezes você e seus irmãos já brigaram assim? ~Carol continua a falar antes que Guilherme pudesse responder~ As vezes esquecemos que nossos pais são pessoas como nós. Que tem problemas maiores que os nossos e que as vezes... Eles também podem perder a cabeça. Tenho certeza que vai ser difícil esquecer essa cena mas todas as famílias tem seus momentos de turbulência e isso realmente não é o fim do mundo. Seus pais precisam mais do que nunca que você e seus irmãos estejam juntos com eles. Saiba que está sendo pior pra eles do que pra você.

 

~Os olhos de Guilherme estavam cheios de lágrimas~

 

Guilherme: Acho que eu não deveria ficar sozinho mesmo. Você sempre foi tão boa com as palavras. Obrigado.

 

~Carol dá um sorriso e os dois se abraçam~

 

Carol: Eu só passei aqui pois sabia que você devia estar pensando em mil coisas. Tenho que voltar pra aula agora.

 

Guilherme: Tem mesmo que ir?

 

Carol: Por mim ficaríamos conversando aqui até a noite. Mas caso isso aconteça, eu posso ser a próxima com problemas lá em casa. ~Os dois dão risada~ Mas pode me ligar mais tarde, se ainda quiser conversar.

 

Guilherme: Ligarei sim.

 

~Guilherme dá um sorriso e Carol retribui~

 

Carol: A gente se vê.

 

~Guilherme concorda com a cabeça. Carol levanta e vai andando em direção a saída do ginásio. Guilherme fica olhando Carol até ela sumir de vista. A cena muda. Maria está entrando em casa e vai direto pra cozinha. Sua mãe está sentada em uma das cadeiras com os braços cruzados e uma cara não muito boa~

 

Maria: Oi...

 

Mãe de Maria: Atendi três ligações de empresas dizendo que você foi selecionada para entrevista de emprego. Pensei ter dito que não queria você arrumando emprego.

 

Maria: Mas mãe, todos meus amigos trabalham.

 

Mãe de Maria: Você sabe que gosto muito dos seus amigos mas realmente não me importa. Se eles trabalham é porque as mães permitem. Nenhum deles faz isso escondido. Eu sou sua mãe. Eu te dei uma ordem, e você simplesmente fingiu que não ouviu. Eu nunca tive problemas com você Maria, espero não começar a ter agora. ~Maria estava com a cara fechada. Ela dá as costas para sua mãe e sai andando em direção ao seu quarto com passos pesados~ E não estranhe se a sua internet não funcionar. Você está sem até segunda ordem.

 

~A cena muda. Dia seguinte. Jeo, Ray, Ariel, Heliton e Ana estão sentados em um dos bancos do pátio do colégio conversando~

Ariel: Estão preparando algo pra essa semana? Apesar de ser um dos meus temas preferidos, eu ainda não sei se vou preparar alguma coisa.

Ana: Não sei... Não tenho muito que falar. Minha família é basicamente normal.

~Nesse momento, eles veem Guilherme andando sozinho do outro lado do pátio~

Ray: É horrível vê o Gui assim. Sei lá, ele sempre foi uma pessoa que parecia não dar brecha para os problemas. Agora ele vive com essa cara.

Heliton: Pelo que ouço vocês comentando, as coisas começaram a desandar quando a Joss foi embora né?

Ana: Sem dúvidas. Todos nós ficamos um pouco desnorteados depois que ela sumiu. Mas o Gui também sempre foi muito sentimental, principalmente quando se trata da família. E é normal que ele esteja assim.

~Todos ficam em silêncio por alguns segundos e percebem que Jeo está mexendo no celular~

Ray: E o que você acha Jeo?

Jeo: Não acho nada.

~Ele responde sem tirar os olhos do celular~

Ray: Como assim, você tem que achar alguma coisa.

~Jeo para de mexer no celular e o guarda no bolso~

Jeo: Esse assunto de família não é muito agradável pra mim.

~Ele coloca a mochila nas costas e sai andando. Os outros continuam parados sem entender nada. A cena muda. Ray, Ana, Ariel e Heliton estão entrando na sala do coral. Todos os outros já estavam sentados, exceto Diego e Juan. Eles se dividem e sentam nas cadeiras que estavam vazias~

Margarete: Bom, agora que estão todos aqui, queria saber se alguém já preparou algo para essa semana.

Daniel: Sou só eu, ou mais alguém está sentindo falta do Diego e do Juan?

Margarete: O Juan está ausente por alguns motivos pessoais, mas disse que em breve estará de volta. O Diego eu realmente não sei.

Ariel: O Di está tendo alguns problemas com notas e seus pais o proibiram de participar do coral até que melhorasse.

~Antes que Margarete pudesse falar mais alguma coisa, Joss levanta uma das mãos. Margarete acena com a cabeça e Joss levanta da cadeira e vai em direção ao centro da sala do coral~

Joss: Eu procurei bastante uma música que se encaixasse bem com o tema da semana. E por sorte eu achei uma que serve para os dois temas propostos.

Luan (tão baixo que ninguém conseguiu escutar): Como sempre ela querendo se exibir.

Joss: Meus pais nunca foram casados, portanto eu nunca tive que sofrer com a separação deles. Mesmo que eu e meu pai só nos vejamos umas três vezes por ano, eu sempre senti que era o bastante. É minha maior inspiração. Mesmo longe eu sinto que estou sempre protegida por ele.

~Joss olha para a banda e eles começam a tocar Daddy Lessons, da Beyonce~

Joss:

Yee-haw


Came into this world
Daddy's little girl
And daddy made a soldier out of me
Oh, oh, oh
Daddy made me dance
And daddy held my hand
Oh, oh, oh
And daddy liked his whisky with his tea
And we rode motorcycles
Blackjack, classic vinyl
Tough girl is what I had to be

He said take care of your mother
Watch out for your sister
Oh, and that's when he gave to me

With his gun, with his head held high
He told me not to cry
Oh, my daddy said shoot
Oh, my daddy said shoot
With his right hand on his rifle
He swore it on the bible
My daddy said shoot
Oh, my daddy said shoot


He held in his arms
And he taught me to be strong
He told me when he's gone
Here's what you do
When trouble comes to town
And men like me come around
Oh, my daddy said shoot
Oh, my daddy said shoot


Joss e Warriors:
My daddy warned me about men like you
He said baby girl he's playing you
He's playing you
My daddy warned me about men like you
He said baby girl he's playing you
He's playing you

 

Joss:
Cause when trouble comes in town
And men like me come around
Oh, my daddy said shoot
Oh, my daddy said shoot
Cause when trouble comes to town
And men like me come around
Oh, my daddy said shoot
Oh, my daddy said shoot

 

~A música acaba. Todos aplaudem e alguns gritam~

Joss: Antes que falem alguma, não... Meu pai não morreu.

~Alguns dão risadas~

Margarete: Ótima música Joss. Não sei se essa música é bem country, mas se encaixou muito bem no outro tema que foi sugerido. Muito bem.

~Todos batem palmas enquanto Marina levanta uma das mãos~

Marina: Eu também preparei uma música Margô.

Joss: Porque não disse nada? A gente poderia ter preparado uma música juntas.

Marina: Não daria certo, porque o que tenho pra contar não é nenhum pouco feliz. ~Todos ficam em silêncio enquanto Joss senta e Marina vai para o centro da sala~ Meus pais são separados e isso nunca foi um problema pra mim também. Na verdade, quando eu tinha por volta de sete anos, todas as minhas orações eram pra pedir a separação deles. ~Alguns fazem uma cara estranha~ Todos vocês que me conhecem sabem que sou bem alegre e animada, mas aqui dentro eu sinto uma imensa vergonha. Eu nunca conversei sobre isso com ninguém, mas acho que está na hora de tirar esse sentimento de dentro de mim.

~Marina tinha um rosto sério. Ela olha para a banda e eles começam a tocar The Dark I Know Well, do musical Spring Awakening~

Marina:

There is a part I can't tell

About the dark I know well

You say, "Time for bed now child,"

Mom just smiles that smile

Just like she never saw me

Just like she never saw me

 

So, I leave, wanting to hide

Knowing deep inside

You are coming to me

You are coming to me

~Alguns já estavam com lágrimas nos olhos~

You say all you want is just a kiss goodnight

And then you hold me and you whisper,

"Child, the Lord won't mind.

It's just you and me.

Child, you're a beauty.

 

"God, it's good - the lovin' - ain't it good tonight?

You ain't seen nothing yet - gonna treat you right.

It's just you and me

Child you're a beauty."

~Jeo estava com uma cara séria e lágrimas caiam dos seus olhos sem que eles fizesse nenhum esforço. Jeo começa a cantar e todos olham pra ele~

Jeo:

I don't scream, though I know it's wrong

I just play along

I lie there and breathe

Lie there and breathe

I wanna be strong

I want the world to find out

That you're dreamin' on me

Me and my "beauty"

Me and my "beauty"

Jeo e Marina:

You say all you want is just a kiss goodnight

And then you hold me and you whisper,

"Child, the Lord won't mind.

It's just you and me.

Child, you're a beauty.

 

"God, it's good - the lovin' - ain't it good tonight?

You ain't seen nothing yet - gonna treat you right.

It's just you and me

Child you're a beauty."

There is a part I can't tell

About the dark I know well

There is a part I can't tell

About the dark I know well

~A cena muda e fica dividida em duas partes. Dois quartos. Um rosa e um azul. Uma menina e um menino sentados em suas camas, respectivamente~

There is a part I can't tell

About the dark I know well

~Um homem aparece parado nas portas de cada quarto. As duas crianças olhavam pra ele com uma cara assustada~

There is a part I can't tell

About the dark I know well

~Os dois homens fecham a porta no momento que a música acaba. A cena volta para a sala do coral. Jeo, Marina e os outros membros do coral estavam chorando. Ele anda até o próximo de Marina e os dois se abraçam apertados. Todos ficam em silêncio por alguns segundos até que Marina resolve falar~

Marina: Eu fui abusada do meu pai por dois anos, até que um dia eu tive coragem o suficiente para contar à minha mãe. Algum tempo depois ele foi embora. Eu e minha mãe tivemos uma relação muito conturbada depois disso. Foi preciso muita terapia para que a gente voltasse a ter uma relação de mãe e filha. Eu não falo disso porque sei que ela fica mal. Mas eu senti que precisava conversar sobre isso com alguém. E vocês são como minha segunda família. Há algum tempo que eu já me sinto confortável pra falar disso com vocês, só estava tomando coragem.

 

Jeo: Comigo foi o contrário. Fui abusado até os doze anos até o dia em que meu pai sumiu. Eu torcia pra que ele estivesse morto. Sinto uma dor muito forte por isso, por ter essa vontade. Mas eu precisava ficar em paz de alguma forma e achava que conseguiria isso caso ele estivesse morrido. Hoje sei que não é assim. Só tive coragem de contar pra minha mãe há um tempo. Ela tentou justificar minha sexualidade com isso... Não tenho como negar, mas eu carreguei muitas coisas ruins comigo ao longo desses anos e eu não acho que ser gay foi algo ruim que aconteceu comigo. Assim como a Marina, eu nunca falei disso com ninguém além da minha mãe. E mesmo tendo uma grande consideração por todos vocês, acho que se não fosse por ela, eu nunca falaria disso aqui. ~Todos estavam em silêncio ouvindo Jeo falar~ Eu nunca mais o vi... Eu sinto um pouco de falta. Não da pessoa, mas sim de um pai. Alguém que pudesse me levar pra assistir um jogo de futebol. Foi difícil, mas eu superei. Certas marcas são difíceis de esconder, mas a gente dá um jeito.

 

Ray(chorando): Não há muito o que dizer depois disso, mas saibam que estaremos aqui pra afastar qualquer sentimento ruim que venha a alcançar vocês.

 

Guilherme: Talvez a separação dos meus pais não seja o fim da linha. Desculpa se eu fiz uma tempestade em copo d'água.

 

Jeo: Não Gui. Se outras pessoas têm problemas maiores que o seu, não significa que seus problemas não existem. Todos têm problemas, talvez uns maiores que os outros, porém eu acho que nunca é acima daquilo que possamos aguentar.

 

Margarete: É verdade. Vocês não tem ideia da quão corajosa foi essa atitude. Meus pais me perguntam todos os dias porque eu escolhi ser professora do coral. Eu queria que eles estivessem aqui para ouvir essas histórias e poder enxergar o quão maduro vocês são, mesmo com pouca idade. Ensinar às outras pessoas é muito bom, mas poder aprender com ela é algo melhor ainda. Esse é o motivo pelo qual eu voltei por vocês e prometo nunca mais abandona-los. Obrigado por mudar o tema da semana e trazer algo pessoal e verdadeiro.

 

~Todos estavam emocionados. Eles se levantam e formam um grande abraço em conjunto. A cena muda. Daniel está chegando em casa. Ele passa pela cozinha e dá um "oi" para sua mãe que estava de frente para o fogão. Ele segue para seu quarto e chegando lá encontra seu irmão deitado na cama mexendo em seu notebook~

 

Daniel: Está fazendo o que no meu quarto?

 

~Daniel anda até o irmão e tira o notebook da mão dele~

 

Uiliam: Você sempre foi horrível pra escolher senhas. Acho que você esquece que sua data de nascimento é a mesma da minha.

 

Daniel: Eu não preciso de senhas super elaboradas. Você é que precisa aprender a não mexer nas coisas dos outros. E levanta da minha cama, sabe que não gosto que deitem nela.

 

~Uiliam se levanta e fica parado próximo à porta~

 

Uiliam: A cada dia que passa você está mais fresco.

 

~Daniel fecha os olhos, respira fundo, mas não é o suficiente. Ele parte pra cima do irmão e o pressiona contra a parede. Uiliam arregala os olhos. Daniel estava com o rosto vermelho~

 

Daniel: Eu to de saco cheio de você com esses joguinhos. Por pouco eu não contei pra mamãe sobre você ter vazado as músicas das Regionals para o Hunger Throat. Eu quase fui expulso do coral por causa disso.

 

~Daniel larga Uiliam e se afasta um pouco dele~

 

Uiliam: Essa era a intenção.

 

~Uiliam tinha um ar debochado~

 

Daniel: Quando eu contei pra eles sobre você, eles queriam vim até aqui e te encher de porrada.

 

Uiliam: Isso é uma ameaça?

 

Daniel: Entenda como quiser.

 

~Os dois ficam em silêncio por alguns segundos até que Uiliam sai do quarto de Daniel em passos apressados e vai até a cozinha. Daniel vai atrás dele, mas para no meio da escada~

 

Uiliam: Mãe, mais uma vez o Daniel está se metendo em confusão e colocando a culpa em mim. Ele mandou as músicas que eles vão usar na competição de coral para o grupo adversário e disse que fui eu. Agora o pessoal do coral dele está querendo vim atrás de mim para me bater.

 

~Daniel segura firme no corrimão e então vai até a cozinha. Chegando lá ele encontra sua mãe com uma cara bem brava~

 

Daniel: Mãe, não é nada disso...

 

~A mãe de Daniel corta ele~

 

Mãe de Daniel: É sempre a mesma coisa Daniel. Toda vez que seu irmão está aqui é isso que você faz. Você só reclama dele, o culpa por coisas que na maioria das vezes é você que fez.

 

~Daniel corta sua mãe~

 

Daniel: E é sempre dessa forma também né mãe. ~Daniel tinha lágrimas nos olhos~ Você sempre o defende sem nem querer saber o que de fato aconteceu.

 

~Daniel dá as costas e vai em direção ao seu quarto. A cena muda. Dia seguinte. Junior, Carol, Maria e Ray estão na sala de aula conversando. Alguns sentados e outros em pé~

 

Junior: Será que a Margarete já arrumou uma nova lista de músicas para as regionals?

 

Carol: Acho que ela vai esperar mais um pouco. Essa semana está tendo muitas músicas boas, certeza que ela vai escolher uma dessas.

 

Ray: Nós perdemos uma grande oportunidade por causa do irmão do Daniel. Teríamos arrasado com aquelas músicas.

 

Maria: Vontade de socar esse garoto. Porque ele fez isso?

 

~Nesse momento Daniel entra na sala. Os quatro param de falar daquele assunto disfarçadamente. Daniel estava com os olhos vermelhos. Ele anda até próximo dos amigos, senta em uma das cadeiras e fica olhando na direção do quadro~

 

Carol: Está tudo bem Dani?

 

~Daniel diz que sim com um gesto~

 

Ray: Caso queira conversar, nós estamos aqui.

 

~Todos ficam em silêncio por alguns segundos~

 

Daniel: Todos os irmãos gêmeos que eu conheço são grandes amigos. ~Daniel falava, mas continuava olhando em direção do quadro~ Alguns até dizem que sente a dor do outro... No meu caso, eu só sinto raiva daquela outra parte que saiu com o mesmo rosto que eu. Aliás, eu que sai com o rosto dele. ~Todos ficam em silêncio ouvindo Daniel falar~ Eu já tentei ter uma relação normal com ele sabe... É meu irmão. Mas não dá. E é sempre minha culpa. Ele só fica feliz quando eu me dou mal em alguma coisa, e na maioria das vezes ele armou pra isso acontecer. É por isso que eu nunca falei dele. Eu tento fingir que ele não existe. Mas minha mãe está sempre lá pra lembrar que ele existe sim e que é melhor que eu em tudo... ~Daniel chorava enquanto falava~ Eu só queria fugir, sumir. Não vou fazer falta... Eles já têm outro.

 

~Daniel para de falar, abaixa a cabeça e continua chorando. Os outros permanecem em silêncio e trocam olhares. A cena muda. Todos estão entrando na sala do coral e encontram Juan sentado em uma das cadeiras com uma cara não muito boa~

 

Carol: Ju. Que bom que apareceu.

 

Ray: Você sumiu sem falar nada... Ficamos preocupados.

 

~Margarete vai até próximo de Juan~

 

Margarete: Você está bem Ju? E como ela está?

 

Luan: Ela quem? Do que vocês estão falando?

 

~Todos ficam em silêncio por alguns segundos~

 

Juan: Há alguns meses, minha mãe descobriu que tem leucemia, que pra quem não sabe é câncer no sangue. ~Alguns fazem uma cara de espanto~ Ela começou a fazer quimioterapia e isso abate muito ela. Eu precisei me afastar do coral essa semana porque ela está internada e não tem ninguém para ficar com meu avô. Acabei perdendo minha vaga no curso de fotografia pela quantidade de faltas.

Daniel: Que triste Ju... Mas você vai conseguir outro.

Juan: É, mas eu não me importo muito. Eu desistiria de todos os cursos só pra que minha mãe melhore.

~Alguns estavam com lágrimas nos olhos~

Maria: Mas porque você nunca falou nada?

Juan: É difícil sabe... Ninguém nunca vai conseguir dizer ou fazer algo que amenize a dor que ela sente. Eu sei que soa meio egoísta, mas é muito mais difícil do que parece. Mas eu não aguentei. Eu realmente preciso de alguém. Nem que seja pra ficar sentado comigo na sala de espera. Eu preciso dos meus amigos.

~Guilherme vai até perto de Juan e senta do lado dele~

Guilherme: E nós estaremos aqui. Sempre que você precisar.

Carol: Pode contar com a gente pra tudo Ju. Qualquer hora. Não importa. Daremos um jeito.

Juan: Eu sabia que ia me arrepender de demorar a contar isso pra vocês.

Ana: Você sabe o que é melhor pra você.

Luan: Mas como está o caso dela? É grave? Todos os cânceres são graves né, mas...

Juan: O médico disso que as chances dela conseguir eliminar o câncer por completo são bem altas, mas o caminho até lá é bem doloroso. E é aonde me afeta. Vê-la abatida, deitada naquela cama, magra... Acaba comigo. Ela sempre fez o melhor pra mim. Quando meu pai foi embora, ela fez de tudo para que conseguisse suprir a falta que eu sentia dele e ela conseguiu. Eu só queria poder retribuir um pouquinho.

Margarete: Eu tenho certeza que ela já está muito feliz com o homem que você está se tornando.

Juan: Obrigado Margô. Eu estava ouvindo música ontem e uma delas me inspirou. Eu nunca tinha reparado na letra dessa música e eu acho que combina com o tema da semana. Espero que vocês me ajudem.

~Todos abrem um pequeno sorriso. Eles sentam no chão de frente para Juan que continua em uma das cadeiras. A banda começa a tocar Oh Mother, da Christina Aguilera~

Juan:

She was so young with such innocent eyes,
She always dreamt of a fairy tale life,
And all the things that your money can't buy,
And she thought that he was a wonderful guy.
Then suddenly, things seemed to change,
It was the moment she took on his name.
He took his anger out on her face,
She kept all of her pain locked away.

Juan e Warriors:
Oh mother, we're stronger,
From all of the tears you have shed.
Oh mother, don't look back
Cause he'll never hurt us again
So mother, I thank you for all you've done and still do.
You got me, I got you,
Together we always pull through.

Juan:
We always pull through
We always pull through,
Oh mother, oh mother, oh mother...
It was the day that he turned on his kids,
That she knew she had to leave him.
So many voices up inside of her head,
Saying over and over and over,
"You deserve much more than this."

 

Warriors (Juan):
Oh mother, we're stronger,
From all of the tears you have shed (all of the tears you have shed)
Oh mother, don't look back
Cause he'll never hurt us again (he'll never hurt us again)


So mother, I thank you (thank you)
For all you've done and still do (still do)
You got me, I got you, (yeah you got me and I got you)
Together we always pull through.
Oh mother, oh mother, oh mother...

Juan:
All of your life you have spent,
Burying hurt and regret.
but mama, He'll never touch us again.
For every time he tried to break you down,
Just remember who's still around,
It's over, and we're stronger,
and we'll never have to go back again...

Warriors (Juan):
Oh mother, we're stronger,
From all of the tears you have shed.
Oh mother, don't look back (oh mother don't look back again)
Cause he'll never hurt us again (cause he'll never hurt us again)


So mother, I thank you (and I thank you for all that you've done)
for all you've done and still do (together we always move on)
You got me, I got you, (you got me, I got you)
Together we always pull through (always pull through)

Juan:
We always pull through,
We always pull through,
Oh mother, oh mother, oh mother..

I love you mom.

 

~A música acaba Juan tinha lágrimas nos olhos. Todos se levantam e o abraçam~

 

Carol: Estaremos aqui para o que precisar.

 

~Carol dá um sorriso~

 

Juan: Obrigado pessoal.

 

~Juan retribui o sorriso e a cena muda. Guilherme está entrando em casa e encontra seus pais e sua irmã sentados no sofá da sala. Ele vai andando devagar~

 

Mãe de Guilherme: Filho, nós estávamos te esperando.

~Guilherme anda para perto deles~  

Guilherme: E posso saber pra que?

 

Pai de Guilherme: Eu e sua mãe conversamos por algum tempo e decidimos que vamos tentar de novo. Mas só se você e seus irmãos concordarem.

 

~Guilherme senta no sofá ao lado de sua irmã~

 

Mãe de Guilherme: Nós sabemos que os últimos meses, principalmente essa última semana têm sido bem difícil pra vocês. Mas saibam que também é muito difícil para nós.

 

Guilherme: É claro que eu concordo, mas só se vocês prometerem que nada daquilo vai acontecer de novo.

 

Pai de Guilherme: É claro que sim. Nós sentimos muito por vocês terem que presenciar uma cena daquelas. Nós estamos envergonhados.

 

Mãe de Guilherme: Vocês nos desculpam?

 

~Todos fazem um sinal que sim com a cabeça~

 

Irmã de Guilherme: Mas a gente também queria pedir desculpas.

 

~Os pais de Guilherme fazem uma cara estranha~

 

Guilherme: Agora a gente entende porque vocês sempre ficam tão bravos quando a gente briga.

 

Irmã de Guilherme: Prometemos que não vamos mais brigar.

 

Guilherme: Ou que pelo menos vamos tentar não brigar.

 

~Todos dão risada~

 

Pai de Guilherme: Vocês nos surpreendem cada vez mais. Vocês não tem ideia do orgulho que nós temos.

 

~Guilherme e a irmã abrem um sorriso. Os pais deles se levantam e todos se abraçam. A cena muda. Maria está chegando em casa e sua mãe está sentada no sofá da sala assistindo TV. Maria anda até próximo a ela~

 

Maria: Oi mãe. ~A mãe de Maria continua olhando para a TV e não responde a filha~ Eu cancelei todas as solicitações de emprego que eu enviei. ~A mãe de Maria continua em silêncio~ Tudo bem se não quiser falar... Mas eu achei que gostaria de saber.

 

~Maria vira e começa a andar em direção à escada~

 

Mãe de Maria: Isso não muda o que você fez antes. Não muda o fato de que você me desobedeceu.

 

~Maria volta para perto da sua mãe~

 

Maria: Desculpa mãe! Desculpa se por uma vez na vida eu quis tentar algo independente. Quando você disse que largou os estudos para cuidar de mim, eu senti uma culpa enorme e isso me deu mais vontade de ir atrás das minhas coisas. Achei que era hora de começar a retribuir tudo que você fez por mim todos esses anos.

 

~Maria tinha lágrima nos olhos e sua mãe também. A mãe de Maria levanta e segura na mão da filha~

 

Mãe de Maria: Poder estar aqui vendo você se tornar uma pessoa cada vez mais incrível, inteligente, de bom caráter e que corre atrás dos seus sonhos... Essa é a maior retribuição que eu poderia ter. Não tente pular etapas da sua vida por minha causa. Saber que tenho você para me preocupar é o que me dá ânimo para levantar da cama todos os dias. É o que eu escolhi fazer, eu escolhi cuidar de você. E vou fazer pelo resto da minha vida.

 

~As duas estavam chorando bastante. Maria beija a mão de sua mãe e as duas se abraçam bem apertado. A cena muda. A mãe de Daniel está em casa quando o telefone toca. Ela atende, responde algumas perguntas e a cena muda~

 

Sala da diretora do colégio John Wester Academy.

 

~A mãe de Daniel está sentada em uma das cadeiras quando a diretora entra e senta de frente para ela~

 

Diretora: Boa tarde Sra. Ana Paula. Desculpa pela pressa, mas eu realmente precisava conversar com a senhora a respeito de um de seus filhos.

 

Ana Paula: O que Daniel fez dessa vez?!

 

Diretora: Não, não foi o Daniel.

 

Ana Paula: Como assim, só pode ter sido ele. É o único que estuda aqui.

 

Diretora: Sim, mas infelizmente seu filho Uiliam fez algo que quase prejudicou a reputação do nosso colégio. Principalmente a do clube do coral.

 

~Nesse momento Margarete entra na sala da diretora~

 

Margarete: Desculpa a demora.

 

Diretora: Sra. Ana Paula, você deve conhecer a professora Margarete, certo?

 

Ana Paula: Sim, conheço. É professora do coral do Daniel.

 

~Margarete estende a mão e a mãe de Daniel retribui com um aperto~

 

Diretora: Ela vai te explicar melhor sobre o ocorrido.

 

~A mãe de Daniel concorda com a cabeça. Margarete puxa uma cadeira e senta do lado dela~

 

Margarete: Há alguns dias atrás, um dos alunos do Eastern High veio até o colégio e disse que um dos membros do coral tinha vazado nossa lista de músicas para o grupo adversário. Na hora eu imaginei que era mais uma brincadeira de mau gosto deles, até que ele disse que Daniel é que tinha feito aquilo. Eu tinha certeza de que era um completo mal entendido, mas alguns alunos não pensaram duas vezes em ir contra ele. Ele foi quem teve a ideia de criar os Warriors. Ele foi atrás de mim e de mais alunos, porque agora ele faria uma coisa dessas? Não entrava na minha cabeça. Então eu fui atrás, eu precisava saber se aquilo era verdade. Entrei em contato com alguns alunos do coral do Eastern High, perguntei quantos viram o "Daniel", que horas eram... E foi ai que eu encontrei um furo. Segundo eles, o "Daniel" esteve lá por volta das 10:35 da manhã. Essa é a hora do intervalo no Eastern High, mas aqui no John Wester os alunos ainda estão em aula e nesse dia Daniel estava tendo aula de Química com a professora Rosana. Aqui está a folha de chamada da professora. ~Margarete entrega uma folha na mão da mãe de Daniel~ E como pode vê, Daniel estava presente na aula dela. ~A mãe de Daniel faz uma cara estranha~ Então eu acho que Daniel não é o culpado por ter entregue as músicas para a equipe adversária.

 

Ana Paula: Você está dizendo que...

 

~Margarete corta a mãe de Daniel~

 

Margarete: Eu não estou dizendo nada Sra. Ana Paula, mas acho que consegue tirar suas próprias conclusões.

 

~A mãe de Daniel faz uma cara série à cena muda. Diego está entrando em casa. Ele apressa o passo e sobre as escadas correndo. Quando estava nos últimos degraus ele escuta seu pai lhe chamar. Ele para por alguns segundos e desde as escadas devagar~

 

Diego: Oi pai.

 

Pai de Diego: A diretora do seu colégio ligou novamente. Ao que parece, suas notas ainda não melhoraram. Eu quero saber o que está acontecendo Diego! ~O pai de Diego tinha um tom alto~ Você ainda está frequentando o clube do coral em vez de estudar? Eu vou ter que colocar uma pessoa pra te levar e buscar do colégio todos os dias? Eu não sei mais o que eu faço com você. Me dê o seu celular! ~Diego arregala os olhos~ Já estava sem vídeo game e agora sem celular, até que suas notas melhores. E enquanto não melhorar, tudo que eu puder tirar de você eu vou tirar. Você está me escutando? ~Diego concorda com a cabeça. Ele tinha lágrimas nos olhos. Diego coloca a mão no bolso, pega seu celular e entrega na mão do seu pai~ Agora vai para o seu quarto e não pare de estudar nem por um minuto.

 

~Diego concorda com a cabeça e sobe as escadas em direção ao seu quarto. A cena muda. Juan está andando pela rua quando seu celular toca. Ele atende e após alguns segundos com o celular colado no ouvido, Juan abre um sorriso. A cena muda. Juan está entrando no hospital e encontra sua irmã sentada em uma das cadeiras. Juan anda até ela~

 

Juan: Cadê ela? Já teve alta?

 

Irmã de Juan: Já sim. Meu tio está assinando os papeis e ela está descendo. Ainda bem que ela já está voltando pra casa.

 

Juan: É... Não aguentava mais vê-la deitada naquela cama.

 

~De longe Juan vê um dos médicos empurrando sua mãe na cadeira de rodas enquanto seu tio vem andando do lado dos dois. Juan e sua irmã andam até eles~

 

Juan: Mas porque está na cadeira de rodas? Aconteceu alguma coisa?

 

Mãe de Juan: Não filho, o Doutor Alexandre que decidiu me trazer na cadeira para eu poupar minhas pernas. Mas eu estou bem. ~A mãe de Juan se levanta e os dois se abraçam~ Pronta pra voltar pra casa e fazer uma faxina daquelas.

 

Juan: Nem pensar. A senhora vai ficar quietinha sentada no sofá.

 

Mãe de Juan: E vê aquele monte de sujeira que vocês deixam e não fazer nada? Nunca! Não tem câncer certo que me previna de limpar minha casa.

 

~Todos dão risada~

 

Doutor Alexandre: Senhora, seu filho tem razão. A senhora precisa descansar o máximo que puder.

 

Mãe de Juan: Sei que preciso, e eu vou. Mas tenho dois filhos e eles precisam comer, precisam de roupa lavada para ir trabalhar, estudar. E enquanto eu puder fazer isso por eles, tenha certeza de que vou fazer. Não vou ficar deitada esperando esse câncer me vença.

 

Doutor Alexandre: Tudo bem. Mas lembre de que nada de exageros.

 

Mãe de Juan: Tudo bem doutor. Muito obrigado por toda a atenção que nos deu.

 

~O médico dá um sorriso e concorda com a cabeça~

 

Irmã de Juan: Vamos logo porque eu não aguento mais a comida do Juan.

 

Mãe de Juan: Pelo menos ele se esforçou pra fazer alguma coisa.

 

~Juan mostra o dedo do meio escondido para sua irmã que vira os olhos. Os três se abraçam e vão andando para fora do hospital. A cena muda. Daniel está chegando em casa e encontra algumas malas na porta de casa. Daniel entra em casa e anda em direção à cozinha onde encontra sua mãe~

 

Daniel: Porque as malas? Vão pra casa da vovó mais cedo?

 

Mãe de Daniel: Que bom que você chegou. Queria conversar com você antes de irmos. Estive no seu colégio hoje. A diretora e sua professora do coral vieram conversar comigo. Elas me falaram sobre o que aconteceu com a lista de músicas.

 

Daniel: E é claro que você não acreditou.

 

Mãe de Daniel: Não, eu acreditei. E é por isso que já estamos indo. Tive uma conversa séria com seu irmão e decidimos adiantar a passagem dele de volta. Vamos ficar alguns dias na sua vó, mas voltaremos logo e assim poderemos ter uma conversa melhor.

 

~Daniel estava com os olhos arregalados~

 

Daniel: Tudo bem...

 

~A mãe de Daniel volta a mexer em algumas coisas e ele sobe as escadas em direção ao seu quarto. Ele passa pelo quarto do irmão e o vê com uma cara séria colocando roupas em uma grande mala. Daniel tenta guardar um sorriso, mas não consegue. O irmão fecha a porta e Daniel cai na gargalhada até que entra em seu quarto. A cena muda. Todos estão na sala do coral quando Margarete entra~

 

Margarete: Bom, mais uma semana terminando. Vimos que mesmo com nossas diferenças, todos temos uma vulnerabilidade em comum: nossas famílias. Cada um com sua experiência deixou claro que é sempre muito difícil tratar de assuntos que envolvem as pessoas que mais amamos. Vocês podem não ter percebido, mas essa semana eu vi algo que não via há muito tempo. Vi a família que vocês são. Mesmo com seus problemas, com seus desentendimentos, vocês estiveram dispostos a ajudar uns aos outros para que tudo ficasse bem. E vocês não imaginam de como isso me deixa feliz.

 

~Todos tinham um sorriso no rosto. Alguns encostam a cabeça no ombro do outro. Daniel levanta uma das mãos~

 

Daniel: Margô, minha mãe conversou comigo sobre você ter esclarecido pra ela os problemas com a setlist. Eu nem sei como agradecer. Só assim pra ela acreditar em mim.

 

Margarete: Eu não sabia que esse problema tinha chegado até sua casa Daniel. Quando Carol e os meninos vieram me contar, eu me prontifiquei a resolver na mesma hora.

 

~Daniel olha pra Carol e os outros~

 

Daniel: Vocês fizeram isso? Nem sei o que dizer.

 

Carol: Não precisa dizer nada Dani.

 

Ray: Era o mínimo. Não podíamos deixar você levar a culpa e não fazer nada. Espero que fique tudo bem.

 

Daniel: Eu não sei se vai ficar tudo bem... Meu irmão está voltando pra New York, mas eu sei que ano que vem ele vai estar aqui de novo. E ele vai arrumar um jeito de me prejudicar. Mas tudo bem, sei que vocês estarão aqui pra me salvar de novo. ~Todos dão risada~ É sério, eu nem sei como agradecer.

 

Juan: Eu também tenho uma notícia boa. Minha mãe teve alta ontem. Já está em casa.

 

Luan: Que notícia boa Ju.

 

Juan: É... Ela ainda está debilitada por conta da quimioterapia e que ainda vai demorar um pouco pra ela ficar 100% bem, mas só de tê-la em casa já é muito bom.

 

Margarete: Sim Juan, e nós ficamos muito felizes por isso. Acho que para terminar essa semana tão boa, só falta um número em grupo né?







~Todos abrem um sorriso e começa a tocar Keep Your Head Up, da Birdy. Um holofote se acende e ilumina Guilherme~

Guilherme:

Times that I've seen you lose your way
You're not in control and you won't be told

All I can do to keep you safe
Is hold you close
Hold you close

Till, you can breathe on your own
Till, you can breathe on your own…

~O palco todo é iluminado e os Warriors começam a bater palmas ao som da música~

Todos:

Hold tight, you're slowly coming back to life
I'll be keeping your head up
I'll be keeping your head up, darling
Let go of all your haunted dreams tonight
I'll be keeping your head up
I'll be keeping your head up, darling


Hold tight, you're slowly coming back to life
I'll be keeping your head up
I'll be keeping your head up, darling
Let go of all your haunted dreams tonight
I'll be keeping your head up
I'll be keeping your head up…

Daniel:
And I won't let you down

~Jeo se junta a Daniel num abraço e continua a cantar junto dele~

Jeo:

Everyone keeps a darker place
To lose control, you're not alone

Daniel:
And when you come looking for embrace

I know your soul, I'll be your home

 

~Maria também se junta aos meninos~

Maria:

Till, you can breathe on your own
Till, you can breathe on your own, own…

~Todos começam a rir. Alguns pulam e dançam~

Todos:

Hold tight, you're slowly coming back to life
I'll be keeping your head up
I'll be keeping your head up, darling
Let go of all your haunted dreams tonight
I'll be keeping your head up
I'll be keeping your head up, darling


Hold tight, you're slowly coming back to life
I'll be keeping your head up
I'll be keeping your head up, darling
Let go of all your haunted dreams tonight
I'll be keeping your head up
I'll be keeping your head up

Marina:

And I won't let you down

~Juan toma a frente e o holofote mira nele~

Juan:

You never think that you can fly
You'll always swim against the tide
Don't you know your pain is mine?
And I would die a thousand times to ease your mind

To ease your mind…

~A música para por um instante. Juan se vira chorando, olha para os outros. Eles se abraçam e cantam juntos~

Todos cantam:

Hold tight, you're slowly coming back to life
I'll be keeping your head up
I'll be keeping your head up, darling
Let go of all your haunted dreams tonight
I'll be keeping your head up
I'll be keeping your head up, darling


Hold tight, you're slowly coming
I'll be keeping your head up
I'll be keeping your head up, darling
Let go of all your haunted dreams tonight
I'll be keeping your head up
I'll be keeping your head up

Juan:

And I won't let you down


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