Regina abriu a boca para dizer algo, mas sua voz não saia. Não podia acreditar naquilo. David estava apaixonado por ela? Ainda por cima aquele para quem ela causou tanto sofrimento a vida inteira? Era demais para processar.

–Está mentindo.- foi tudo o que ela disse, tentado negar o inevitável.

–Estou? Se estão aqui é porque ele já fez algo estranho ou inesperado. E eu aposto, que foi em relação a você.- apontou para a morena, que o fuzilava com o olhar.

–Deve haver uma maneira de reverter isso. Quebrar o efeito da poção.- disse, quase que em um pedido.

–Sinto muito em desapontá-la minha querida, mas não. Não há meios de fazer alguém se "desapaixonar". Vai contra as leis da magia.- falou o Senhor das Trevas, mais satisfeito do que nunca por seu plano ter funcionado.

–Mas também vai contra as leis da magia fazer alguém se apaixonar por outra pessoa!- ela vociferou, irritada. Ver David caidinho por ela e ter que ignorar...era muita tentação e ela sabia que se fosse posta a prova, não ia conseguir se segurar.

–Não, na verdade. Digamos que se o coração da pessoa já estiver familiarizado por sentimentos em relação a outra, a poção pode ser feita com sucesso. Todos os sentimentos de raiva e ódio que ele tinha por você, se fizeram presentes e agora, foram convertidos para paixão e amor. Algo ruim se torna bom. Fazer o processo contrário, tentar implantar sentimentos falsos, isso sim é impossível.- explicou, com seu sorriso maldoso que estava sempre escondido atrás de suas feições.- Acho que vocês vão ter que aprender a conviver com isso.

Regina não podia acreditar naquilo. As coisas não poderiam ficar piores.

–E se isso for bom?- disse Emma, era a primeira vez que ela falava desde que Gold revelou o que fez com seu pai.

–Como assim, Swan?- Regina estava aparentemente confusa, com a pergunta da amiga.- Como isso pode ser bom? Seu pai está apaixonado por mim, se não entendeu!

–Exato. Ele não parava de brigar com a minha mãe e eu não sei...você vem procurando a felicidade a tanto tempo e ele anda tão triste. Talvez vocês pudessem recomeçar, juntos.- sugeriu e Regina a encarou com cara de ponto de interrogação.

Será mesmo que era possível? Começar uma nova vida com David? O loiro alto e bonito que...epa! Olha aí o cérebro pregando peças.

–Não. Não. Isso está fora de cogitação.- a morena agitava as mãos no alto, nervosa. Emma pareceu não concordar.- Realmente não há como acabar com isso?

–Eu já te disse. Quer que eu soletre? N-Ã-O. E a propósito, a jaqueta do príncipe caiu bem em você.- o lugar foi preenchido pelo veneno na voz de Rumplestilskin.

–Tudo bem. Eu mesma vou descobrir um jeito.- foi tudo o que ela disse, antes de sair batendo os pés e a porta, atrás de si.

Regina permanecia sentada na Prefeitura desde a parte da tarde, relendo um dos livros que Cora deixou para ela, procurando um feitiço de reversão para poções. Tinha de haver uma maneira. Qualquer coisa. Se ela tivesse que ir até o Polo Norte buscar uma possível "cura" para David, ela iria.

Após terem saído da loja do Gold, Emma continuou insistindo que poderia ser uma boa coisa, que era uma oportunidade de final feliz. Parece que Killian está deixando ela meio melosa mesmo. Agora quer fazer todo mundo feliz.

Ela chegou a uma página que falava sobre as Leis da Magia em detalhes. Aquilo lhe chamou a atenção, e ela começou a ler uma por uma das leis. Quando estava mais ou menos na lei número 132, o telefone em sua mesa tocou.

–Pois não?- atendeu ela, louca para voltar a leitura.

–Tem uma pessoa querendo falar com você.- avisou Tink, que havia sido contratada pela Prefeita como secretária alguns meses atrás.

Regina estranhou o mistério da fada ao não dizer quem era, encolheu os ombros.

–Pode mandar entrar.

Menos de meio minuto depois, um estalido soou e a porta de sua sala se abriu, revelando um David Nolan meio nervoso e envergonhado. Ele foi até ela, segurando uma pasta bege. Ela nem ao menos sabia do que se tratava aquilo.

–Boa noite, Regina.- ele cumprimentou, encarando o chão. Ver David envergonhado pela presença dela era algo engraçado.

–O quê está fazendo aqui, David?- ela perguntou, seca. A morena ficou com medo de ter sido muito rude, mas ele pareceu não se importar.

–Emma me disse que você precisava desses arquivos da delegacia o quanto antes possível e me pediu para te entregar.- ele explicou, coçando o cabelo do mesmo modo que sempre fazia quando estava nervoso. Regina tentou não reparar em como os músculos do braço dele apareciam quando o mesmo fazia isso.

"Você me paga, Emma".- ela pensou, furiosa com a amiga.

–Obrigada, Charming.- ela disse, pegando a pasta da mão dele em um movimento rápido, para evitar o contato de suas mãos.

–David.- ele disse, rapidamente.

–O quê?- ela perguntou confusa.

–Depois de tudo o que passamos, você insiste em me chamar de Charming. Aqui eu sou só David.- ele encolheu os ombros.

–Tudo bem. Obrigada, David.- se corrigiu.

Ele sorriu, e ela não pode deixar de dar um sorriso involuntário como resposta.