O Reino escrita por sulkyface


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, tudo bem? Vim aqui com mais um capítulo para vocês! Gostaria que comentassem para eu saber o que estão achando da estória, podem fazer isso por mim? Me sinto bem solitária postando e não recebendo opiniões ou críticas. Lembrando, recebo muito bem críticas construtivas, ok? Quero melhorar então podem me ajudar!

Sem mais delongas, o capítulo:



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Entramos na sala de jantar, onde teríamos nossa primeira refeição com a família real. O rei estava sentado na ponta, com a rainha em seu lado direito e Isaac em seu lado esquerdo.

Todas as selecionadas e eu fizemos uma reverência para eles, que assentiram.

— Espero que tenham tido um boa noite. Agora, fiquem a vontade. O palácio será a casa de vocês por um bom tempo— disse a rainha, com um sorriso doce no rosto. Ela parecia muito diferente do dia do anúncio da Seleção. Estava mais radiante.

Nos sentamos nos lugares marcados. A nossa mesa era grande o suficiente para acolher 35 garotas. A mesa da família real era média, um pouco distante da nossa mas não de modo que fosse difícil ouvi-los. Em uma plaquinha dourada, estava escrito o meu nome. Me sentei na ponta da mesa, ao lado de Emma Årud e a frente de Daisy Wallace. Nunca havia falado com ninguém que estava perto de mim, então, não falei nada. É claro que o fato das duas olharem para mim com desgosto ajudava.

Tentei prestar atenção em meu prato, que até o momento tinha me servido apenas com um pedaço de bolo de chocolate. Havia perdido todo o apetite por causa dos meus pensamentos á la ações e consequências. O pedaço ainda estava inteiro e eu apenas o encarava. Ouvia suspiros pelo salão. Todas estavam aproveitando a comida, que eu sabia que estava divina.

O salão estava me deixando sufocada. Era uma sequência simples. Olhava para o prato, não conseguia comer. Olhava para os lados, não conseguia falar. Olhava para o príncipe, ele me olhava de volta, não conseguia desviar. Temia que uma pergunta estivesse estampada em meu rosto: "Sou uma armação, você sabe? Vai me expulsar?".

Não sou paranóica. Pelo menos era isso o que eu achava até entrar na Seleção. Agora não conseguia parar de pensar que talvez eu tivesse pegado o lugar de outra garota. Talvez a futura rainha. Será que estraguei a vida de outra garota?

— Alteza? Alteza?

Virei a minha cabeça em 90 graus, percebendo um mordomo ao meu lado esquerdo.

— Désolé, o que você disse?— perguntei, estreitando os olhos.

— Uma ligação do rei Marcel da França— avisou.

— Ah...— sussurrei.

Assim que ergui a cabeça, percebi que todos os olhos voltavam a mim.

— Com licença, majestades— falei.

Sem receber nenhum tipo de resposta, sai da sala de jantar, com o mordomo me acompanhando. Cassandra ficaria uma fera se visse o que acabou de acontecer, pensei.

O mordomo me falou que o telefone foi colocado em meu quarto. Agradeci, e fui na direção do segundo andar seguida pela a minha guarda pessoal. Os cinco soldados ficaram do lado de fora como sempre, e eu adentrei o cômodo. Rose e Clarissa já haviam recebido instruções para me deixarem a sós, então, saíram sem que precisasse convencê-las.

Observei o telefone por alguns minutos. Era preto, simples. Não queria falar com o meu pai, mas ele sempre arranjava um tempo em sua agenda lotada para me aborrecer.

Que veux-tu?— indaguei, segurando o telefone com força.
(Tradução: O que você quer?)

Ele demorou um pouco para responder.

Est-ce ainsi que tu parles à ton père?— rebateu.
(Tradução: É dessa maneira que você fala com o seu pai?)

Revirei os olhos.

S'il vous plâit, ne venez pas avec cette fausse moralité pour moi— falei, achando graça de sua fala.
(Tradução: Por favor, não me venha com essa falsa moralidade)

Por um momento achei que a linha havia caído, mas voltei a ouvir a sua respiração.

Comment va la sélection?— perguntou.
(Tradução: Como esta indo a Seleção?).

Claro, ele tinha que falar sobre isso.

Je suis ici depuis quatre jours et je veux partir— respondi com a mais pura sinceridade.
(Tradução: Estou aqui a quatro dias e já desejo partir).

Essayez de gagner!— vociferou.
(Tradução: Tente ganhar!).

Me assuntei com o seu tom de voz. Parecia mais carregada do que me lembrava.

Est-ce un ordre?— perguntei, com a mais mansa voz. Não iria me rebaixar ao seu nível.
(Tradução: Isso é uma ordem?).

Oui, c'est un ordre. Et j'espère que tu obéis, Olívia. Je ne veux pas que tu reviennes sans la couronne de Meyer. Ai-je été clair?
(Tradução: Sim, é uma ordem. E eu espero que obedeça, Olívia. Não quero que volte sem a coroa de Meyer. Fui claro?).

Comme l'eau— finalizei.
(Tradução: Como a água).

Coloquei o telefone no gancho, encerrando a chamada mesmo sabendo que ele ainda tinha muito o que falar. Tapei o meu rosto com as mãos, pensando no que iria fazer. Meu pai era capaz de tudo, mas será que ele chegaria tão longe ao manipular a Seleção e me fazer ganhar? Não. Isaac não escolheria alguém que ele não amasse. Nem meu pai poderia mudar os desejos de um coração, mas e o rei de Meyer?

Como consolo, eu tinha o acordo com o Isaac. As câmeras transformariam a nossa amizade em uma romance, e o não só o meu pai como também todo o país acreditaria. Por hora, esse era o meu plano. Quando se desgastasse, arrumaria outro. Suspirei, tirando as mãos do rosto.

Me levantei do pequeno sofá, alisando o meu vestido. O horário do café da manhã já havia terminado, então, provavelmente teria que ir ao salão das mulheres.

Assim que abri a porta do quarto, avistei Isaac parado conversando com os meus guardas. A conversa parou instantemente, e a atenção foi voltada para mim. Ele limpou a garganta, e se aproximou. Os guardas se afastaram um pouco, mas não tiraram os olhos de mim.

— O que você esta fazendo aqui?— perguntei.

Ele hesitou por um tempo, e depois com um sorriso no rosto seguido de um suspiro, perguntou:

— Você tem um minuto para ser a minha melhor amiga?

[...]

— Eles não vão nos seguir?— Isaac perguntou, se referindo a minha guarda pessoal.

— Não, os convenci que você nos protegeria caso acontecesse alguma coisa— respondi.

Ele riu, olhando mais uma vez para trás.

— É, eu não faço esgrima à toa.

Caminhávamos em direção do lago. Era um lugar pouco frequentado, segundo o príncipe. Fiquei feliz por ter escolhido algo menos extravagante.

— Então, me diga. No que precisa de ajuda?— perguntei, me sentindo curiosa com o que viria a seguir.

— Neste momento, esta acontecendo uma reunião sobre a economia do país. Eu não estou disposto para essas coisas no momento.

— E eu sou a desculpa para você estar aqui?

— Sim e não. Também quero conversar. É isso que melhores amigos fazem, não é?

— Oui. Sobre o que quer conversar?

— Sobre qualquer coisa. Como era a sua vida? Em Paris?

— Era exatamente igual a essa que estou vivendo agora. Só que não tinha 34 garotas perambulando pelos corredores. Mas você tinha razão. Me acostumei mais rápido do que as outras— admiti, vendo uma feição de surpresa surgir em Isaac.

— E os seus planos?

— Hum... Meus planos eram ter um ano normal. Foi o único pedido que fiz para o meu pai. Iria para a faculdade, cursaria medicina. Dirigiria um carro, eu mesma, sem motoristas. Comeria nas padarias com mesas arrumadas na calçada. Me atrasaria, teria o meu próprio apartamento. Por um ano, seria uma estudante normal... Porém, é claro que ele quebrou a sua promessa.

— Sinto muito.

— Não é sua culpa. Pelo menos, agora eu entendo que não é.

— São planos muito bonitos. Iria querer o mesmo se tivesse a oportunidade.

Nos sentamos em uma toalha de seda que estava disposta em cima da grama. Sem exageros, mas era um das toalhas mais bonitas que eu já havia visito em toda a minha vida. Eu sabia que não seria tudo o mais natural possível. Afinal, ainda era o primeiro encontro oficial da Seleção. Havia um carrinho que estava a nossa disposição com todos os tipos de tortas e bolos que alguém poderia imaginar.

— E os seus planos?

— Meus planos? Bom, não tive a chance de poder imaginar como seria um ano com uma vida normal. A Seleção já era planejada a tempo, então nem sequer tive outra escolha.

O olhar de Isaac foi longe, como se lembrasse de um acontecimento que havia acontecido a muito tempo. Senti pena dele. Era algo triste, até parecia que eu estava falando comigo mesma.

— Me conte como era a sua vida antes da Seleção.

Ele saiu do transe, me encarou, suspirou e só então respondeu.

— Passava a maioria do tempo em reuniões. Aprendia diariamente como ser um rei, como tomar as rédeas de minha nação. Basicamente, antes da chegada de vocês, essa era a minha vida.

Não me consegui me conter e acabei por soltar uma risada.

— Ah, as aulas. Minha vida era exatamente igual a sua. Não conseguido imaginar outro jeito que herdeiros possam viver— contei, me lembrando das inúmeras aulas e reuniões que havia participado ao longo da vida.

Peguei uma pedrinha com a mão, a jogando no lago. Afundou sem ao menos dar três pulos. A verdade era que Isaac é totalmente diferente do que eu havia pensado. Não era insuportável. Muito pelo contrário. Acho que se fossemos analisar, ele era o mais suportável entre nós dois.

— Vou fazer uma eliminação hoje.

— Eliminação? Tão depressa?

— Conversei com algumas e conclui que somos muito distintos para que de certo.

— Você está indo pelo rumo errado, meu caro. Não é o que dizem? Os opostos se atraem?

Isaac soltou uma risada, e neste mesmo momento, um barulho de flash chamou a minha atenção. Olhei para trás, percebendo vários fotógrafos segurando câmeras para capturar os melhores momentos do encontro. A equipe de filmagem também estava presente, mas eles, assim como os fotógrafos mantinham uma certa distância.

— Isso é sério?— perguntei, me virando novamente para Issac.

Ele suspirou, e depois um sorriso forçado se formou em seu rosto.

— Sabe atuar?

Não havia o porquê de ficar brava, então apenas abri um sorriso debochado.

— Está brincando? Eu ainda posso ser a princesa da França, porém sou a rainha da atuação— falei, e desta vez, um sorriso verdadeiro invadiu a sua face.

Me levantei da toalha e peguei uma rosa que estava disposta em um vaso em cima do carrinho de doces. Sentei ao lado de Isaac, que me encarava com uma sobrancelha arqueada. Dei a flor para ele, que ficou confuso com a minha atitude.

— Dê para mim— expliquei.

Ele me entregou a rosa, e forcei o sorriso mais convincente e apaixonado que consegui. Tapei a minha boca com a mão como se estivesse surpresa, e sorri novamente como se o estivesse agradecendo. Os fotógrafos se apressaram para captar o momento, e eu sabia que essa foto seria uma das coisas mais comentadas a partir do momento que fossem divulgadas.

— Mais algumas dessas e já começaram a pensar em um nome de casal para nós dois— dei dois tapinhas no ombro dele, e repousei a rosa no chão.

Isaac me olhava com surpresa, mas por fim gargalhou. Era tão contagiante que acabei rindo também. Tudo nele parecia ser tão real. Ele não parecia ter um pingo de falsidade, o que era difícil para a realeza. Os seus olhos azuis demonstravam felicidade por estar ali. Eram tão genuínos. Por um momento, senti um pouco de felicidade de estar ali com ele. Foi a primeira vez em muito tempo que senti alegre. Isaac parou de rir e me encarou, mas eu não consegui desviar de seus olhos. Ficamos assim até que o barulho de flash fez com que nos desprendêssemos dos olhos um do outro, e procurássemos qualquer outra coisa para encarar.

— Boa atuação— Isaac me parabenizou, com um sorriso que eu tinha certeza que carregava outro sentimento além da aparente tranquilidade.

— Obrigada— agradeci, e senti a minha voz saindo mais fraca que um sussurro.

Atuação. Foi uma atuação?


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Odiaram? Falem para mim!

Nós vemos no próximo, sim?

Beijos ♥



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