O garoto invisível escrita por Pedro Fukae


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Uma oneshot bem pequena sobre o que acontece todos os dias no Brasil, uma triste realidade. Boa leitura.



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Todos os dias eu observo as pessoas andarem apressadas de um lado para o outro. Uma mulher conversando com a amiga, um homem falando no celular, um senhor atravessando a rua lentamente, até mesmo gente falando sozinha eu vejo todos os dias. É engraçado o jeito como eles andam, a velocidade que seus pés se movimentam, como se suas vidas estivessem prestes a acabar ou até mesmo como se estivessem correndo da morte. Mal sabem eles que não se pode correr da morte. Eu bem sei disso.

Já eu ando bem devagar, sempre entre todos esses apressados, tentando desviar do caminho de cada um deles. Creio que a maioria não conseguem me enxergar, talvez por eu ser uma criança, não sei ao certo. Então tenho que ser muito ágil pra não acabar trombando com algum deles sem querer, porque você sabe, eles não irão assumir a culpa por trombar em mim. Acho que talvez pensem que eu os fiz ficarem mais perto da morte, atrasando sua corrida... Vai saber.

Eu realmente não me importo com a velocidade que ando, não faz sentido pra mim. Quanto mais rápido eu andar, mais cansado vou ficar e ai sim a morte pode chegar mais rápido. Será que eles não entendem isso? Uma vantagem é que sempre passo como um invisível, porque ninguém repara que estou por ali. Gosto de pensar nisso como meu superpoder. Invisibilidade... Quem não queria ter isso? Certamente eu não.

Durante o dia eu pego bastante ônibus e são exatamente neles que meus poderes são ativados, é incrível a coincidência. Sempre ofereço doces para os passageiros, mas simplesmente parece que eu não estou por ali, é até engraçado pensar nisso. Mas então há momentos que o poder falha e algumas pessoas realmente aceitam o doce, isso sim me deixa mais contente. Talvez seja por conta dessas falhas casuais que eu continuo andando por ai, observando as pessoas e tentando entender o que se passa em suas cabeças.

Mas sabem de uma coisa? Isso tudo realmente não importa. O que realmente importa é no final do dia, essa é a parte mais importante de todas. Dizem que todo super-herói tem sua donzela pra salvar ou para apenas voltar pra ela no fim do dia. Eu tenho a minha. Ela é muito linda e sempre me espera acordada. Eu sei que talvez você esteja se perguntando: “Mas você não é muito novo pra isso?” Mas sabe o que eu acho? Não existe realmente uma idade para se amar. Eu amo a Fátima e sempre vou amar. Porque eu sei que, no fim do dia, quando eu voltar pra minha casa do meu “passei diário”, ela estará lá, com um sorriso no rosto e os braços prontos para me abraçar. Porque é isso que as mães fazem, não importando com quanto dinheiro você chega em casa, contanto que esteja bem.


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