I've Got You escrita por Queenie Winchester


Capítulo 9
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Ok não me matem! Eu sei que estou em divida, mas estou pagando! Boa Leitura!



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“As lágrimas secaram, mudei a minha cabeça / E eu sei que estou pronta para começar”

Brave Heart — Hilary Duff

— O que você pensa que está fazendo? — Clarita tentava segurar as lágrimas.

Beto não tinha o direito de beijá-la, ainda mais a força. Quem ele pensava que era para fazer isso? Quem ele pensava que ELA era para fazer isso? Por mais que sentisse algo extremamente forte por ele, ela não podia deixar isso acontecer.

— Clarita eu... eu não sei o que deu em mim... eu só...

— Só achou que eu fosse igual a essas garotas por aí, que você pode jogar charme que correm atrás de você.

— Não! — ele respondeu depressa. — Eu gosto de você de verdade!

— Ah conta outra Beto! — ela bradou furiosa, tinha vontade de dar um belo tapa nele, mas não tinha forças o suficiente.

— Eu estou falando sério — Beto disse com a voz tremula. — Eu realmente gosto de você de um jeito que nunca gostei de alguém antes. Mas eu não sabia como te falar isso.

—Não importa! Você não tinha o direito de me beijar!

— Eu sei, eu sei, mas ficar perto de você me deixa sem rumo eu não consigo falar, nem pensar, só agir.

— Eu não quero saber Beto! Você não podia ter feito isso!

— E porque não? Por causa da Érica? Eu já estava pensando em terminar com ela por sua causa mesmo, eu quero ficar com você Clarita. Com você!

— Não é só por causa da Érica! Você tem noção do inferno que eu passei quando você foi embora? Tem noção de como foi difícil ver a pessoa que eu mais amava partir e me deixar para trás? — Clarita já não se importava mais, as lágrimas já rolavam por sua face de forma descontrolada. — Eu fiquei onze anos esperando você me ligar, me mandar uma carta, me dizer como você estava e sabe pra que? Pra nada Beto! Você nunca se deu o trabalho de sequer me mandar um cartão postal dizendo que estava bem. E agora você volta e vem me dizer que gosta de mim? Eu acho que não Beto!

— É claro que eu gosto de você! Eu amo você Clarita!

— Não ama não! — Clarita berrou de volta. — Você ama a fantasia daquela menininha que fazia de tudo por você! Que só vivia por você! Mas ela não existe mais Beto! E foi você quem a matou!

— Eu sinto muito, mas eu não tinha uma opção!

— Não estou dizendo isso porque você foi embora Beto, mas sim porque você não deu notícias! Você acha que era divertido saber da sua vida por revistas?

— Eu sei que eu errei, mas eu quero consertar as coisas!

— Acontece que não dá mais para fazer isso!

— É claro que dá Clarita. Eu estou aqui agora, com você. A gente pode começar tudo de novo!

— Não pode!

— E por que não? Por causa do beijo? Eu sinto muito, me desculpe, mas eu precisava fazer isso.

— Não Beto, eu não desculpo. Porque eu simplesmente não quero mais saber de você. Eu quero que você fique longe de mim e finja que eu não existo.

— Eu não posso fazer isso! Eu amo você, será que você não entende!

— É claro que eu não entendo esse seu amor repentino!

— Não é repentino. Eu amo você desde que eu te conheci. E eu demorei para descobrir isso, eu precisei ficar onze anos distante de você para perceber que tudo o que eu queria era estar do seu lado. E é por isso que eu não vou me afastar e muito menos desistir de você!

— Você vai sim Beto, porque se você insistir nessa ideia eu peço demissão do Café e me mudo daqui.

— Nem pensar! Você não pode fazer isso! Eu não posso fazer isso! Não dá pra fingir que não existiu nada entre a gente.

— Dá sim Beto, você fez isso por um bom tempo, e vai fazer agora do mesmo modo.

— Então é isso que você quer? Que eu te trate como uma estranha?

— Eu nunca quis isso Beto, mas essa é nossa única opção.

Única opção. Única opção. Única opção.

Beto repetia as palavras de Clarita a todo instante. Não podia acreditar que tinha posto tudo a perder por um impulso estúpido. Ele queria beijá-la era óbvio, mas não podia ter feito isso daquela forma, extremamente grossa e imprudente. Agora ela estava com raiva dele. Não queria que ele sequer lhe dirigisse um mísero olhar. E o pior é que ele havia feito por merecer toda a ira dela. Ela tinha razão de ter tanta mágoa guardada. Ele nunca se dispôs a ligar ou escrever para saber como ela estava. Suas preocupações medíocres com sua vida nova o impediram de enxergar o óbvio: Clarita não iria esperar por ele para sempre.

Ouviu alguém bater na porta. Torceu mentalmente para que não fosse Érica, não queria falar com ela agora. Aliás não queria falar com ninguém. Estava com muita raiva de si mesmo para não ser grosso com quem quer que fosse.

— Beto? — a voz macia da irmã entrou antes do corpo da mesma. — Posso falar com você?

— Agora não Carol, não estou num dia bom — ele respondeu mal humorado.

— O que houve com você? — ela perguntou preocupada. — Parecia tão animado ontem antes de sair.

— Problemas Carol. Problemas.

— Conta pra mim, quem sabe eu não posso te ajudar.

— Ah eu acho muito difícil você quere me ajudar, de verdade.

— Por quê? Você brigou com a Érica? É isso?

— Não, isso não tem nada a ver com a Érica.

— Então com quem tem a ver?

— Clarita — ele resmungou ainda mais mal humorado.

— E o que houve entre vocês?

— Nada demais, é só que eu acho que fiquei preso no passado enquanto ela migrou para o futuro.

— Beto eu não entendi.

— Eu apenas achei que tudo ia ser como antes, mas nada é mais como antes.

— Mas vocês estavam se dando tão bem, porque essa mudança assim de repente?

— Hoje nós tivemos uma conversa meio pesada — ele não contaria a ela sobre o beijo, não mesmo. — Ela disse que ficou esperando um sinal de vida meu durante esse tempo que eu estive fora, mas eu nunca fui capaz de fazer isso. O que é uma verdade, cá entre nós. Mas eu sei lá, pensei que ela iria entender, eu era um pré-adolescente idiota que só sabia se preocupar com o próprio nariz.

— Não fale assim, você não tem culpa de nada.

— E ela muito menos. Sabe eu achei que quando eu voltasse tudo ia estar mais ou menos igual...

— Mas não está não é?

— Não. Ela é outra pessoa agora, quer dizer ela teve que se tornar outra pessoa. E eu sou o mesmo idiota apaixonado por ela que foi embora e nem se deu ao trabalho de telefonar...

— Apaixonado por quem?

Beto olhou assustado para o lado de onde vinha a voz. Érica o olhava esperando uma resposta. Carol apenas se calou e ficou esperando pelo que iria acontecer.

— x —

Clarita estava nas nuvens. Passou a vida inteira esperando por aquele momento e ele finalmente havia chegado. Não da forma que ela imaginava, é verdade. Mas chegou do mesmo jeito.

As mãos de beto a segurando firme, como se não quisesse soltá-la nunca mais, a faziam sentir-se amada. A boca dele sobre a dela, beijando-a como se não existisse nada além daquilo era uma experiência magnifica.

Mas a consciência dela gritava ao fundo, como uma trilha sonora, lembrando-a de que não era certo fazer aquilo. Havia Érica entre eles, ela não podia ser traída de tal forma, era uma garota legal apesar de tudo. Havia a diferença de classe social entre eles, ela a empregada, ele o patrão. Havia onze anos de silêncio entre eles, nenhuma mensagem, nenhum telefonema, nada.

E havia também uma coisa ainda mais forte que a impedia de continuar a beijar Beto: seu orgulho. Ele não iria usá-la assim, não depois de tudo o que a fizera passar.

As coisas não funcionavam assim, nunca funcionaram.

— Um doce pelos seus pensamentos — Tobias chegou até o balcão, onde Clarita estava viajando em outra dimensão.

— Ah Tobias, eles nem valem tanto assim — respondeu ela tristemente.

— Posso saber porque não?

— Eles apenas não são felizes — disse ela, soltando um pequeno sorriso.

— E porque não?

— Alguns problemas.

— Alguns problemas chamados Beto?

— O quê? — Clarita se assustou com a forma direta do amigo. — Não! Imagina! Nada a ver!

— Clarita eu sei dessa história de vocês esqueceu? — ele tentou tranquiliza-la.

— Essa história, que nem é realmente uma história — ela disse, mais calma.

— É sim, uma história meio trágica, mas uma história.

— É uma história de tragédia isso sim — ela brincou, um pouco mais alegre.

— Olha que isso dá um belo nome de música — Tobias riu. — Você não sonhava em ser uma cantora? Ta aí sua chance. Coloca seus sentimentos a respeito dessa sua história de tragédia com o Beto em um ritmo bacana e pronto! Você vai ver como essa sua tristeza vai diminuir.

— É você tem razão. Eu vou fazer isso! Preciso mesmo ocupar minha cabeça.

— Ótimo, e depois eu quero ver o resultado.

— Mas vai ser só depois mesmo, agora eu tenho que trabalhar. Mas muito obrigada Tobias. Muito obrigada mesmo.

— Que isso, eu estou sempre à disposição.

Clarita dirigiu um sorriso ao amigo e seguiu até a mesa para atender o cliente que acabara de entrar no Café. Foi o mais simpática que conseguiu e tentou prestar atenção em tudo o que ele dizia, não podia se distrair mais e correr o risco de perder o emprego.

Assim que voltou a ficar sozinha torceu para não pensar em nada do que tinha acontecido na noite anterior. Não queria mais se lembrar daquela cena e nem das sensações que ela lhe trazia, precisava esquece-la rapidamente.

E foi então que ela viu Francis e percebeu que ele era sua única chance de fazer valer sua palavra contra Beto.

— Francis — ela chamou e ele logo veio ao seu encontro.

— Sim Clarita — ele respondeu com seu melhor sorriso.

— Aquele convite para aquela boate ainda está de pé? — ela perguntou de repente deixando-o confuso.

— Está sim, mas eu pensei que você...

— Eu aceito. É isso, eu aceito. Vamos sair, dançar, conversar. Vamos nos divertir Francis.

— Por mim sem nenhum problema. Pego você as oito?

— As oito — ela sorriu vitoriosa.

— Então combinado, agora com licença, vou preparar o pedido da mesa três.

Ela o respondeu com um aceno positivo com a cabeça e um sorriso nos lábios. Ela não iria dar falsas esperanças a ele, de forma alguma. Ia deixar claro que eram apenas amigos. Mas amigos também saem juntos e se divertem. E principalmente fazem as pessoas esquecerem de coisas ruins.


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Notas finais do capítulo

E então? Até o próximo!



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