I've Got You escrita por Queenie Winchester


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Bom primeiramente gostaria de pedir desculpas pela demora, as férias chegaram e eu acabei viajando então não pude postar.
Depois, gostaria de agradecer a todos os que leram e comentaram, fico feliz por ter agradado.
Agora que as aulas vão recomeçar eu vou conseguir estabelecer uma rotina de postagem, por enquanto será um capítulo por semana, provavelmente, na sexta.
Bem era só isso, muito obrigada a todos novamente e mil desculpas.



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“Eram portas abertas que depois se fecharam / O tempo passou e as coisas mudaram”

Um dia a gente se encontra - CBJR

Onze anos depois...

Clarita abriu os olhos devagar, a luz do sol atravessava sua janela e ia de encontro com seus olhos dificultando sua tarefa de se levantar. Olhou para o relógio 6h55 ela estava atrasada. Levantou-se correndo e foi tomar um banho rápido, sua sorte era que não morava tão longe do trabalho. Trocou-se com a mesma velocidade que levantara da cama e saiu de casa sem ao menos tomar café.

Quando chegou ao Café Boutique, onde trabalhava há menos de dois meses notou que ele ainda estava vazio, suspirou pesadamente, ao menos conseguira chegar antes dos clientes. Atravessou o salão desviando-se das mesas a passos largos, não queria dar motivos para sua supervisora chamar sua atenção.

— Acho que alguém está atrasada — Clarita ouviu Tobias, o confeiteiro e seu amigo, dizer.

— Pois é perdi a hora — ela explicou rapidamente.

— Sorte sua é que a Ceci, quer dizer, dona Maria Cecília não chegou ainda.

Ela achou engraçado ele tratar a noiva daquela forma, mas sabia que dentro do estabelecimento não eram permitidas demonstrações de carinho do tipo amoroso entre os funcionários.

— Bom já que é assim, acho melhor eu me trocar antes que ela chegue — ela disse ao amigo.

— Concordo.

— Já volto.

Assim que entrou pela porta da cozinha ela esbarrou em Francis, o barista, que lhe cumprimentou com um sorriso. Clarita sabia que ele estava dando em cima dela, afinal fora tudo o que ele fizera desde quando se conheceram, mas preferiu não pensar nisso, apenas entrou no banheiro e se trocou.

Quando voltou para o balcão viu que Letícia, ou Lê, já havia chegado. As duas eram amigas desde a época do orfanato, Letícia, que era mais velha sete anos, costumava acompanhar a mãe, que trabalhava no local, todos os dias. Ela era filha de casal amoroso, mas não muito rico, então resolvera trabalhar no Café para ajudá-los com a mensalidade de sua faculdade. Já ela não tivera a mesma sorte, a mulher que a adotou não era exatamente uma mãe, a fez de empregada a vida toda, mas quando morreu após ter um derrame, deixou para ela o apartamento onde moravam.

— Vejo que a senhorita chegou atrasada — Lê comentou.

— Pois é — ela respondeu.

— Dormiu mal?

— Mais ou menos, tive uns sonhos estranhos — ela fez careta.

— Entendi, bom foram só sonhos não se preocupe — Lê disse enquanto ia atender uma mesa.

— Mas não foram sonhos comuns — Clarita sussurrou para si mesma, enquanto se lembrava da noite anterior.

Ela estava correndo em um bosque, estava fugindo de alguém, mas não estava com medo, estava se divertindo, gargalhando enquanto desviava das árvores que estavam em seu caminho. Ela podia ouvir passos às suas costas, mas não se permitia olhar para trás, apenas corria.

De repente sentiu braços envolverem sua cintura e derrubá-la no chão. Havia um corpo sobre o seu, ele não era exatamente pesado ou musculoso, mas também não seria fácil para ela empurrá-lo. Então ela sentiu os lábios gelados da pessoa encostarem-se aos seus e finalmente pode olhar nos olhos de quem a beijara.

Quase não acreditou no que viu, lá estava ele visivelmente mais velho que dá ultima vez que se viram, mas ainda era ele. O mesmo sorriso, o mesmo olhar, o mesmo garoto por quem ela sempre fora apaixonada.

— Beto — ela sussurrou no escuro.

— x —

— Bom dia senhor Alberto — Beto ouviu a empregada dizer assim que ele apareceu na cozinha.

— Bom dia Maria, bom dia família — ele respondeu, e sentou-se de frente para a irmã.

— Dormiu bem? — Júnior perguntou.

— Como um bebê — ele respondeu.

— Que bom — Carol disse. — Tome seu café então, e, a propósito, Érica ligou mais cedo, disse que está vindo para cá.

— Achei que ela só viria amanhã — Beto se recordou da última vez que falara com a namorada, ela estava na Espanha fazendo shows e agora estava a caminho da Califórnia.

A verdade era que Beto não estava muito animado para revê-la, os dois estavam brigando constantemente por conta de ciúmes da parte dela e isso o irritava bastante. Mas Érica foi a única garota que o prendeu por mais de três meses e que de certa forma entendia sua vida de nômade.

Desde que se mudara para o Rio de Janeiro, com a irmã e o cunhado, ele nunca mais parara em um lugar só. Passaram dois anos na cidade, depois se mudaram para Brasília onde viveram por mais dois anos. Logo depois o destino foi Minas Gerais, foram os dois anos mais rápidos que ele viveu, talvez por conta das amizades que fizera lá. Minas foi o último lugar no Brasil em que eles viveram, de lá se mudaram para a Argentina, depois para o Equador e há um ano foram para os Estados Unidos.

Ele já estava se acostumando com essa vida, sem endereço fixo, sem preocupações fixas, mas sentia falta de ter um lugar para chamar verdadeiramente de lar.

— Você não parece feliz com a notícia — Júnior observou.

— Não eu só estou surpreso — ele tentou disfarçar.

— Então acho que não é boa hora para mais surpresas — Carol falou.

— Não tudo bem, pode falar.

— Vamos nos mudar! — ela disse alegremente.

Beto riu do entusiasmo da irmã. Sabia que ela detestava a nova cidade mais do que qualquer coisa em sua vida.

— Finalmente! — ele brincou. — Já estava criando raízes aqui. Qual o destino da vez? Inglaterra? França? Itália?

— Nenhuma das opções — Júnior respondeu.

— Então vamos para onde?

— Vamos voltar para casa. Vamos para São Paulo.

Beto encarou o casal a sua frente, eles só podiam estar brincando.

— Isso é sério? Por quê?

— Bem meu pai acha que eu tenho feito um bom trabalho a frente das suas empresas, então ele quer que eu volte e administre o Café para ver se consigo levantá-lo.

— E advinha — Carol pareceu ainda mais animada. — Eu vou voltar à diretoria do orfanato! Isso não é demais?

— É sim — ele disse ainda atordoado. — Quando nos mudamos?

— No fim de semana — Júnior avisou.

— Você terá tempo para se despedir da sua namorada — Carol disse.

Mas Beto não estava ouvindo, na verdade ele estava mais preocupado em rever seus antigos amigos do que em se despedir de Érica. Como será que eles estariam. Será que todos haviam sido adotados? Será que conseguiram entrar em uma boa faculdade ou encontrar um bom emprego? Eram tantas as questões que rondavam sua mente que ele mal conseguia se concentrar em seu café.

Ele estava voltando. E isso era o que importava.


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