Draco escrita por da_ni_ribeiro


Capítulo 1
Draco


Notas iniciais do capítulo

Bem, faz mais de 1 ano que eu não escrevo nada, então, estou me sentindo um tanto quanto enferrujada. Por algum milagre divino, consegui sentar, abrir um documento em braco e escrever essa fic.
Admito que fazia muito tempo que eu não me sentia tão bem... definitivamente sinto muita falta em escrever.
Espero que vocês gostem. :*



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“Casamentos não me fazem bem.”.

Sequer tenho ideia de quantas vezes eu repeti isso para mim e para todas as pessoas a minha volta. Engraçado como o significado de algo pode mudar de um momento para o outro, e te obrigando a repensar todos os seus ideais e crenças.

Depois de quase meia década de relacionamento com Rony e a descoberta de que não havia mais amor em nossa relação eu me fechei para balanço. Revi meus conceitos, meus preconceitos e até minha maneira de ver o mundo. Tentei enxergar o que ele havia visto em Padma quando resolveu terminar nosso noivado. E eu descobri: Eu era ambiciosa demais para Rony. Enquanto ele queria uma casa pequena, dois filhos e uma renda suficiente para nos manter, eu queria dinheiro para poder viajar, uma carreira instável que me obrigasse a sempre ser melhor e uma casa dos sonhos para poder ter 3 ou 4 filhos. Eu queria o mundo. O que há de errado nisso? Hoje eu entendo que não há nada de errado, são apenas pontos de vista e vontade diferentes. Chegamos num ponto em que nossas vidas divergiram. E ele foi o primeiro a notar isso.

Hoje eu sei que nosso relacionamento há muito tempo havia deixado de existir, nos tornamos amigos demais com o passar do tempo. E todo aquele amor/paixão havia terminado em algum momento que hoje eu não consigo distinguir. Confesso que foi um baque quando eu acordei, numa manhã fria e cinzenta de um domingo qualquer após o termino e notei que não o amava mais há algum tempo, que desde de... não sei ao certo, eu transava apenas por costume, e não por realmente ter vontade. E no final sequer transávamos mais, na verdade. E como eu já disse, Rony notou tudo isso muito antes de mim.

Eu ainda estava fechada para balanço quando eu vi meu ex-noivo assumir, publicamente, seu romance com Padma Patil. Naquele momento eu não sei ao certo o que eu senti; alívio, ciúmes, felicidade, indignação. Eu não sei, era um misto de tudo. Eu ainda estava num período conturbado de emoções, sequer sabia o que era estar “fechada para balanço”. Gina me visitava constantemente e repetia sempre a mesma coisa:

- Você precisa de tempo, Hermione. Sabe, você precisa se “fechar para balanço”.

Engraçado como logo em seguida eu perguntava sobre Rony e seu relacionamento com Padma. E hoje eu percebo que é muito difícil você largar o que julga ser seu, mesmo que você não goste mais da pessoa. Foram meses e meses até que aos poucos eu parei de pensar em Rony, parei de perguntar para Gina sobre o relacionamento dos dois. E foi quanto eu decidi que deveria seguir o conselho de minha melhor amiga e me fechar para balanço.

Pela primeira vez eu tirei férias. Viajei para o Egito, Marrocos, Jerusalém e muitos outros lugares. Conheci pessoas incríveis, e até sai com algumas delas. Dormi na casa dos meus pais e no meu velho e bom quarto pintado de rosa e branco. Até mesmo fiz um piquenique com Gina, Harry e meus dois pequenos sobrinhos. E ao longe eu vi Rony noivar novamente, e eu me assustei quando me vi feliz por ele. Ele merecia tudo aquilo, definitivamente Rony era um cara incrível, mas não era para mim.

Foi na cafeteria, ao lado do Ministério da Magia, que eu frequentava diariamente, que eu o vi. E, diga-se de passagem, ele estava lindo. Os anos haviam feito um bem danado para Draco Malfoy, que agora era um importante diplomata sueco com residência fixa em Londres.

Na confusão do pós-guerra, a família Malfoy havia se mudado para o berço novamente, uma pequena cidade nos confins da Suécia. E por lá havia ficado até o retorno de Draco.

Me pergunto até hoje o que me deu para convida-lo a juntar-se a mim naquela tarde para tomar um chá. Eu estava misturando um pouco de leite no chá quando o vi entrando. Ele ainda tinha o costume de vestir-se completamente de preto, os cabelos loiros incrivelmente claros ainda eram penteados cuidadosamente para trás. E apesar dos anos, seus olhos cinzas ainda carregaram uma certa malicia, mas já não havia mais maldade neles e nem preconceitos. E toda essa análise minuciosa foi feita em pouco mais de um minuto, um novo recorde pessoal.

Foi engraçado notar que ele se surpreendeu quando eu o chamei para sentar comigo. Não pude deixar de rir quando percebi ele olhando para os lados, conferindo se eu não estava me referindo a outra pessoa. Após o choque ele finalmente sentou-se à minha frente. Meu maior inimigo agora se tornara um cara tranquilo, de conversa fácil, e o principal: Seus olhos não carregavam mais aquele ódio de outrora.

E por vários dias nos encontramos na hora do chá. Era um costume religioso meu; sempre no mesmo local e na mesma hora, e após uma semana havia se tornado para Draco também. Engraçado como são as coisas na vida, você perde umas para achar outras.

Nosso primeiro beijo aconteceu algumas semanas depois, em um pub trouxa no meio de Londres. Aparentemente adquirimos hábitos parecidos após alguns anos; era bom para escapar da nossa realidade, nos misturarmos com pessoas “normais”. E então um beijo virou dois, um mês virou cinco. E por fim, um vinho, um bom queijo e uma música de fundo viraram nossa primeira de muitas noites juntos.

E quando eu vi, estava completa e perdidamente apaixonada por Draco Malfoy. E amar Draco fora fácil, tranquilo. Eu nunca tive dúvidas do que eu estava fazendo. Sabia que, independente das minhas decisões, meus pais e meus amigos estariam do meu lado, para me apoiar como sempre foi. E com Draco não foi diferente. E os passos seguintes foram naturais; Aos poucos, Draco foi levando as coisas para o meu pequeno e aconchegante apartamento no centro de Londres. A minha cama de solteiro virou uma cama de casal, meu guarda-roupa foi dividido, meu banheiro ganhou mais uma escova de dentes... e minha cozinha ganhou um cara sensacional que preparava sempre o café da manhã apenas com a calça do pijama, independente do tempo do lado de fora.

Nossa relação nunca teve um título, e não por falta de pressão externa. As pessoas queriam que assumíssemos um namoro/noivado/casamento. Mas “estamos juntos” sempre soou perfeito para nós dois. Antigamente, eu enchia a boca para falar “Meu noivo, o Rony”, “Meu namorado, o Rony...”. E agora era “O Draco...”. Naquela minha época de “fechada para balanço” eu enfim havia assimilado que você não é dono de ninguém, as pessoas são livres e elas devem permanecer assim.

“Você quer casar comigo?” Foi assim que Draco interrompeu uma conversa sobre sofás que estávamos tendo. E só naquele instante que eu percebi que ele brincava distraído com o meu solitário, um mimo que eu havia ganho da minha avó paterna quando fizera 16 anos. Eu sorri. “Quero”. Ele sorriu com o canto da boca, como sempre fazia. “Que pena” e colocou o anel novamente em meu dedo.

Confesso que por dias eu fiquei com aquilo na cabeça. Aquelas duas palavras ressoavam desconfortavelmente em minha cabeça. Em algum momento da semana seguinte, enquanto riamos durante o banho, ele me cercou e me olhou nos olhos.

- Você está chateada, não?

- Com o que?

- Com a minha resposta após você aceitar meu pedido de casamento.

- Talvez...

- Herms.

- Um pouco, confesso.

Então ele riu e me abraçou carinhosamente, me levando para baixo do chuveiro.

- Se você ficou chateada é porque não entendeu minha resposta. Eu respondi “Que pena” porque eu já me sinto casado com você há muito tempo. Não preciso de uma aliança ou de um papel para sentir que eu estou casado, que estamos verdadeiramente juntos. Então, eu respondi “Que pena” porque se você aceitou é porque não se sente realmente casada comigo. Se você quiser, eu caso com você na igreja, perante a lei... do jeito que você quiser, mas saiba que não é isso que vai fazer com que eu ame mais ou menos você, que eu me sinta mais ou menos casado.

E foi nesse instante, enquanto a agua caia sobre nós dois que eu finalmente consegui compreender que amar alguém vai muito além de qualquer convenção social, que vai muito além de um mero título. Amar alguém é perceber que existe muita coisa em um simples olhar, em um pequeno gesto, é perceber que mesmo você podendo escolher qualquer outra pessoa, você ainda escolhe ficar ao lado dela. Porque é ela quem te completa.

Até hoje eu não sei o que nós somos, mas esse “Não sei” para mim é o suficiente, desde que eu esteja com ele.


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