Ao término da primeira lembrança, procuro como louco o segundo frasquinho. Abro-o e jogo o liquido dentro da penseira, logo em seguida, mergulho para mais um pouco de Marlene.

Vejo o cenário se formar ao longo da minha queda, até que me encontro no Lago Negro em Hogwarts. Se é o que estou pensando, não foi um dia muito agradável, me vi sentado debaixo de uma arvore com James e Lupin, estávamos rindo de algo, enquanto isso acompanho Marlene, Lílian e Snape que caminhavam em direção ao Lago.

Meu sangue gelou, percebo que era sim o dia que eu temia, comecei a pedir que fossem embora, mas não iria adiantar, afinal, era apenas uma lembrança. E a única coisa que eu podia fazer era assistir.

Estavam todos no terceiro ano, e os Marotos já eram bem populares, e nos orgulhávamos disso, mas algumas vezes levávamos aplausos por coisas erradas. James os avista e abre um sorriso malicioso. Caminha em nossa direção e começa a zombar de Snape.

–E ai, Ranhoso? O que está fazendo aqui neste dia tão agradável?

–Não é da sua conta, Potter – respondeu irritado.

–Estamos apenas fazendo a lição de Herbologia – respondeu Lílian delicadamente.

Marlene, tímida como sempre, se escondia atrás da amiga.

James fingia estar interessado e continuou a falar.

–Ah sim, mas sabe, eu estava mesmo a fim de treinar feitiços – diz ele tirando a varinha do bolso – o que me diz Ranhoso?

O meu eu de treze anos dá risada e incentiva, mas não tinha ideia do que estava por vir. Vi que Snape ficou apreensivo, mas não queria desistir na frente das meninas, então pegou a varinha e se posicionou.

Marlene e Lílian pediam que parassem, mas eles apenas as ignoraram.

Todos que estavam em volta se afastaram e assistiam ao duelo que tinha começado.

Depois de um tempo James provocou:

–O que foi Ranhoso, não sabe feitiços melhores?

Pude ver o sangue de Snape ferver de raiva, e então tentou feitiços mais agressivos, enquanto meu amigo se surpreendeu com a agilidade dele. Recorreu a magia para desarmar o oponente, e então como golpe final James berrou:

–Expelliarmus!

Mas o oponente conseguiu se desviar, e o raio vermelho atingiu em cheio o peito de Marlene, que foi arremessada para dentro do Lago. Todos em volta ficaram apreensivos e preocupados, ela não voltava à superfície, então decidi fazer alguma coisa e me vi pulando na água.

A lembrança avançou para quando ela já estava acordando na cama da ala hospitalar, mas eu me lembro exatamente o que aconteceu:

Quando a alcancei, pude perceber que seu tornozelo estava preso por algum tipo de corda. E além de sem a varinha, inconsciente. Vi que alguma criatura se aproximava dela, então nadei o mais rápido que pude até alcançá-la.

Desamarrei seu tornozelo da corda e tentei puxá-la para superfície, mas um grindylow segurou meu pé e tentou nos levar para baixo, e mais e mais vieram, no momento seguinte dezenas desses bichos tentavam nos afogar. Alcancei minha varinha e lancei o primeiro feitiço que me veio à cabeça.

–Immobilus!

Todas as criaturas a minha volta ficaram paradas e não perdi nem um segundo. Nadei de volta para a superfície e uma enfermeira vinha correndo em nossa direção. Levaram Marlene imediatamente para a ala hospitalar e eu os segui, James tentou falar comigo, mas eu estava bravo e cansado demais para qualquer tipo de conversa.

E então lá estávamos nós, Marlene acordava devagar e estava bem confusa sobre o que tinha acontecido. Ela havia batido com a cabeça em uma rocha e por isso tomava remédios contra dor, mas fiz questão de explicar tudo o que tinha ocorrido.

–Obrigada por me salvar – disse ela abrindo um sorriso tímido.

Snape e Lílian chegaram e estavam super preocupados, então o meu eu do passado os deixou a vontade, e saiu do lugar.

–Ai meu Deus, você está bem? Está com sequelas? – perguntou a amiga preocupada.

–Eu vou matar aquele Potter nojento – reclamava Snape.

–Calma gente, eu estou bem, Sirius me salvou – disse ela com um brilho nos olhos.

–Depois de ter incentivado a briga né Mar – disse ele.

Ela refletiu um pouco antes de voltar a falar.

–Como ele iria saber que isso ia acontecer? – perguntou – Pelo menos ele fez alguma coisa.

–Eu estava em choque! Não consegui raciocinar, desculpa se não consegui bancar um de herói.

–Não estou brava ou te acusando – disse ela calmamente – apenas comentei.

–Sei – respondeu ele emburrado.

Depois disso conversaram por mais uma meia hora, antes de a enfermeira os expulsar.

–Nos vemos depois – disse Lílian se despedindo.

Sozinha, Marlene sorria enquanto pensava em algo. Fechou os olhos e disse.

–Obrigada Sirius, seu Maroto idiota. Foi realmente um herói hoje.

E assim acabou a segunda lembrança.