Any Other Day escrita por Orquídea


Capítulo 16
Capítulo 16




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Quando corpo e cérebro voltaram a trabalhar juntos eu corri pela casa em busca do local de onde havia saído esses disparos e talvez por instinto eu tenha achado, quando cheguei na sala de estar John estava os braços abertos como um "L" ao contrário e em ambas as mãos segurava duas armas, uma apontada na minha direção já que eu estava na entrada da sala e a outra a frente um pouco a esquerda de meu pai e Pepper que estavam com as palmas pra cima e tentando controlar a situação.

— Mas o que é isso?! - os três me olharam, embora ele só tenha dado uma olhada rápida e voltado a olhar para frente Pepper e meu pai pediam com o olhar que ficasse quieto, mas isso não iria acontecer. - Onde você conseguiu essas armas, John?
— São do Marcel. - mamãe responde por ele agarrando-se em meu braço.
— Só poderia ser!
— Você tem uma empresa que fabrica armas, Howard, cala a boca.
— Fabricava armas.
— Fiquem quietos vocês dois!
— John, meu filho, não tem ninguém aqui baixe essas armas, por favor.
— Ele tá ali, ele tá ali! Como é que você não tá vendo ele ali?! Eu preciso te proteger, proteger vocês, eles vieram atrás de mim e vão machucar vocês por que sabem que vai me machucar também. - ele está nervoso, suando, porém suas mãos não tremem um tico sequer.
— John, olha pra mim, olha pra mim, campeão. - ele fez o que eu pedi, mas antes ele foi recuando até a dobradiça da parede para se encostar e ter uma visão melhor do ambiente. - Ninguém veio te buscar, não tem mais ninguém aqui além de mim, sua mãe e seus avós, baixa essas armas.
— Cala a boca, cala a boca, CALA ESSA MALDITA BOCA! - ele leva as mãos a cabeça em desespero e dá alguns passos massageando com as pontas das palmas das mãos as têmporas. - Eu não me importo, mato você, mato ela, mato todo mundo! - ele vocifera e minha mãe me aperta o braço um pouco mais, eu tenho que fazer alguma coisa antes que ele machuque alguém.
— John, seja lá o que ou quem você estiver vendo não existe, só tem eu, sua avó e seus pais aqui, baixe isso antes que alguém se machuque.
— Só tá acontecendo na sua cabeça, filho, mas se você não confia em nós pergunte a sua mãe. - jogo com ele que imediatamente olha pra ela que apenas assente, eu sinceramente achei que ele teria outra reação, mas o que ele fez foi apontar as armas novamente, a da direita voltou a ser apontada para sua frente, mas a da esquerda que antes estava pra mim agora estava para Pepper e meu pai e ele ficava alternando entre um e outro. - John!
— John, por favor, por favor, escute a vovó baixe essas armas você pode ferir sua mãe ou seu avô, por favor, querido, baixe isso você está nos assustando. - a frase desperta nele algo e ele passa a olhar para todos como se estivesse acuado e pela primeira vez desde que tudo isso começou que vejo suas mãos vacilarem.
— Eu? Mas eu... Eu... Eu tô mãe?
— Está, baixe essas armas, meu amor, por favor.
— Mas eu não queria, eu só... Vocês parecem tão reais que eu só queria proteger vocês pra não perder de novo.
— Mas nós somos reais, querido.
— Eu queria você e os meus avós outra vez. Eu não queria que você tivesse morrido por minha causa, mãe.
— Eu não morri, meu amor, eu tô aqui, eu tô viva, todos nós estamos, tudo isso que você acha que tá acontecendo tá só na sua cabeça, baixe essas armas, que eu vou fazer um sanduíche pra você com direito a muito queijo como você gosta e depois que você comer vai tomar um banho e dormir por que eu sei que você não dormiu. - ele sorriu em meio a uma lágrima ou outra que vai descendo e baixou os braços, mas não largou as armas.
— Tô tão cansado, mãe, não sei por quanto tempo eu ainda aguento, queria não voltar, sabe? Queria que meu pai viesse me buscar, mas ele não vai vir, já não importo mais tanto assim... Por que ele me odeia, mãe, que foi que eu fiz?
— Seu pai não lhe odeia, John.
— Então por que ele me abandonou, por que não veio me buscar? - eu não conseguia mais vê-lo como um rapaz de 16 anos, tudo o que eu imaginava agora era ele fazendo essas perguntas com 8 anos e talvez por isso eu não consiga responder o que se passa na minha cabeça. - Papai é um super herói que voa e quando ele gostou de mim a senhora nem me deixou voar com ele.
— Só tinha medo que você se machucasse.
— Eu me machuco todo dia, queimaram as minhas costas doeu muito, mamãe.
— Ô meu filho...- a voz dela embarga e a minha garganta da um nó sufocante. - Eu teria feito qualquer coisa pra evitar isso, qualquer coisa.
— Tomara que eu morra.
— Não diga isso, John, não diga isso!
— Vão me castigar quando eu sair daqui, tomara que me castiguem até eu morrer, mas se eu não morrer aparece pra mim.
— John...
— Aparece nos meus sonhos, mesmo que eu não me lembre quando acordar.
— Prometo aparecer todo dia na sua vida, meu amor. - ele sorriu, se agachou, colocou as armas no chão e Pepper correu para abraçá-lo e eu não sei dizer quem seria capaz de quebrar um osso de quem ali. - Não, não, não chore, por favor, não chore. - é penoso vê-lo chorar daquela forma, na minha cabeça tudo o que se passa é, quantas vezes isso aconteceu enquanto ele ainda era uma criança, quantas vezes ele deve ter chamado por mim ou por Pepper, pedindo pra que eu fosse buscá-lo... O choro me dói os ouvidos e eu abandono a sala e a casa, volto para dentro do carro e até o ligo, mas segundos depois o desligo e volto para dentro da casa movido por uma enorme raiva e sensação de impotência.
— Eu não te abandonei, tá me ouvindo? Eu nunca abandonei você! Não teve um dia em todos esses malditos anos que eu não tenha buscado por você! - ele ainda estava sentado no chão sendo confortado por Pepper e agora meus pais. - Eu fui errado, John, em várias coisas, eu fui, você vem vendo uma parte ruim minha desde antes de ser levado e eu reconheço isso, diga que eu fui um bosta de pai por ter te decepcionado muitas vezes, por ter te deixado de lado quando tudo o que você queria era pelo menos que eu me sentasse pra assistir um desenho com você ou por qualquer outra coisa que eu tenha feito de errado e não me lembro, pode dizer, mas não diga que sou e nem me faça seu vilão por que eu. Não. Sou. Seu. Vilão. Eu nunca fui, John, nunca. - os olhos avermelhados dele brilham por contas das lágrimas, mas ele não me diz nada apenas baixa a cabeça e Pepper o embala, ainda chego a levantar o dedo para dizer algo mais, porém desisto e mais uma vez abandono a casa e volto ao carro, mas dessa vez vejo o papel que deixei cair e não hesito em usar o celular do carro e fazer a ligação.
— Quem é?
— Não existe alô aqui?
— Pra quê acrescentar palavras se eu posso perguntar de uma vez, de novo, quem é?
— O filho de Maria.
— Jesus Cristo? Brincadeira, sei que é você, senhor Stark, o que devo a honra?
— Preciso de um bar e não conheço nada por aqui.
— E eu preciso de um bar e conheço tudo por aqui, casamos perfeitamente, não é? Vou te passar o endereço.

Qualquer um que entre nesse quarto e o veja dormindo tão calmamente não faz ideia de como foi custoso fazê-lo se deitar e dormir, ele não queria, brigava pra não dormir, mas corpo e mente imploravam por um descanso e eu precisava dar isso a ele, depois de muitos argumentos Maria, Howard e eu o convencemos a pelo menos tomar um banho e eu dei banho nele e eu toquei em cada cicatriz existente e chorei disfarçadamente por cada uma delas e eu consegui disfarçar dele, mas não de Maria e Howard até por que eles também estavam no momento e sentiram o mesmo que eu, não é fácil ver isso e nunca vai ser, depois que o tiramos do banheiro o levamos para cama e mesmo assim ele relutava, quando estava quase dormindo despertava e tentava sair da cama e eu o fazia se deitar outra vez, perdi as contas de quantas vezes isso aconteceu até ele finalmente conseguir adormecer.

— Pepper. - ouço meu nome ser proferido após leves batidas na porta, me saio de John e levanto para abri-la, era Maria, saio do quarto fecho a porta e me encosto na parede para conversarmos. - Como ele tá?
— Está bem, de vez em quando aperta o meu braço, mas eu começo a falar com ele e ele para.
— Tomara que ele consiga dormir bem, ainda não entendo como ele conseguiu ficar acordado por tanto tempo. - olho pra ela entristecida e mesmo não conseguindo ver o quarto através da porta nós olhamos pra lá. - Querida, Tony voltou.
— Bêbado, eu presumo.
— Não chega a ponto de bêbado, mas claramente bebeu. - suspiro cansada, não me é surpresa só ele mesmo pra ficar e me ajudar.
— Vou voltar e ficar com John, você e o Howard, por favor, durmam.
— Iremos tentar, mas por favor se precisar de algo não hesite em chamar. - assinto e volto a abrir a porta. - Virginia, eu sei que lhe pedi pra ficar com meu filho, mas eu não tenho direito de querer que você ponha a felicidade dele acima da sua, se você ver que não pode ser mais como antes deixe-o por que Tony é igual ao pai e eu não quero que você seja igual a mim. - eu a vejo passar por mim e atravessar o corredor e só quando ela dobra é que eu entro no quarto me perguntando mil coisas, será que se fosse com o Adam ele teria agido da mesma forma? Ele bebe, moderadamente, mas bebe e nesse caso ele teria ido beber ou teria ficado aqui? Teria discursado sobre não ser um vilão e ido embora ou teria discursado e ficado pra mostrar que mesmo não sendo mais um herói ainda é alguém que se pode contar? Teria chorado comigo no banheiro ou me deixaria cuidar dele sozinha mesmo estando em casa? São tantos 'teria' que minha mente se divide em afirmar que ele teria a mesma atitude de Tony enquanto a outra afirma totalmente o oposto, de todo modo não posso contar com o 'teria', com Adam ou Tony pra viver a minha vida ou para ajudar o meu filho.

A noite se arrastava e eu estava sem qualquer meio de saber que horas eram então a sensação é de que o tempo não passava, eu ia ao banheiro, me sentava na cama, levantava e andava, afastava um pouco a cortina e espreitava através da janela, deitava e em seguida voltava a sentar e por inúmeras vezes isso aconteceu e na minha cabeça algumas delas tinha acontecido há segundos, eu estava acariciando os cabelos dele enquanto velava seu sono quando de repente a porta foi aberta, a luz azul um pouco discreta, mas que emanava dele denunciou quem era e ele não tentou falar comigo pra saber se eu estava acordada ou não e também nem se aproximou muito, apenas sentou-se no chão se recostou na parede e ficou em silêncio esperando junto comigo o tempo passar, nessas horas eu só queria ser igual aquele joguinho de simulador de vida que as sobrinhas do Adam jogam pra poder apertar um botão e adiantar o tempo.

Nunca implorei tanto pela chegada do dia, quando vi a claridade rasgando o escuro agradeci internamente por que logo mais eu levantaria e tomaria uma boa xícara de café por que estou precisando... Será que se eu fechar os olhos o tempo passa mais rápido? Resolvi testar a minha teoria e eu não sei se cochilei por segundos, minutos ou horas tudo o que eu sei é que quando abri os olhos o sol já estava um pouco mais alto e com isso me levantei, eu realmente preciso tomar uma xícara de café! Ao chegar na cozinha todos já estavam de pé, Tony que eu achei que tinha saído do quarto pra dormir estava com cara de quem estava pensativo, e os pais dele um pouco apreensíveis embora a feição Maria se dividisse entre apreensão e raiva.

— Bom dia, Pepper, ele acordou? - é Howard quem fala e direciono meu olhar pra ele.
— Ham... Bom dia, não eu que vim tomar um pouco de café mesmo. - Maria se antecipa e muito gentilmente me serve uma xícara fumegante da bebida, o gole que dei me preenche e me esquenta o corpo e até me sinto um pouco mal, acho que é por que é a primeira coisa além de água que entra no meu estômago desde ontem depois de toda aquela confusão, mas não paro de beber.
— Ele dormiu bem? - ela pergunta.
— Não acordou uma vez sequer.- ela sorriu e eu também. - Tem alguma coisa esquisita aqui. - digo e a forma como Tony olha pra mim ao levantar a cabeça só confirma isso. - Que foi?
— Revelei pra todos que John está de volta.
— Você fez o quê?!
— Pepper...
— Não, não, não! Eu não acredito nisso, Tony, por que você fez isso?!
— Tenho um plano.
— Um plano?! E qual é, entregar o nosso filho pra quem o sequestrou? Põe ele em uma bandeja de prata, Tony, ainda acrescenta um bilhete dizendo "Com amor, Tony." Por que é só isso que falta!
— Você está sendo dramática...
— Eu tô sendo dramática? Você viu ontem... Ah, é! Eu esqueci que você não viu, quem viu foi seus pais e eu, você foi encher a cara como sempre.
— Eu só saí...
— Pra encher a cara como sempre!
— Eu precisava de um tempo, Pepper!
— Ah, e você acha que eu não precisava?!
— Você ouviu o que ele pensa de mim? O que ele vê de mim?
— Ele vê todos nós assim, será que você não entende?! Ele falou que tem raiva de mim e dos avós e de todo mundo que deixou levar ele, disse que tem raiva por que antes de "morrermos" não o tiramos de lá, ele tem raiva de todo mundo! É maior por você por que na cabeça dele você sobrou e não moveu um dedo pra mudar a realidade dele.
— Mas eu movi tudo o que podia pra achar ele!
— É, mas pra todo mundo é justamente o contrário! Se ponha no lugar dele, imagine quando foi você, imagine os seus captores mostrando que o Howard estava pouco se lixando pra você, evitando falar seu nome, fazendo parecer que nada tinha acontecido.
— Eu só não queria que fizessem circo com o nome dele, com a nossa situação toda vez que me entrevistassem ou algo do tipo! Eu já disse isso a ele, eu já disse que nunca parei de procurá-lo.
— Mas não importa o que você disse o que importa é o que você fez, o que mostrou pra todo mundo! Foram anos, Tony, anos brincando com a cabeça dele, machucando ele de todas as formas, anos! Você acha mesmo que segundos de um discurso vai fazer ele mudar a visão que tem sobre o babaca escroto que você demonstrou ser durante esse tempo todo? Depois que você falou aquilo era pra você ter ficado e abraçado ele, era pra ter dito que estava aqui e não ter saído pra beber por que ele não se levantou e disse "você está certo, papai, me perdoe"...
— Não quero que ele me peça perdão....
— E o que você quer?!
— QUERO MEU FILHO!
— ENTÃO SEJA PAI! - rebato também gritando e levo as mãos a cabeça e me calo por poucos segundos. - É o seu pai que tá sendo pro John um pai, Tony, na realidade até meu pai e Frank estão sendo por que todos os dias eles ligam e eu avisei que vinha pra cá com ele, mas mesmo assim eles ligam através de chamadas da internet pra conversar com ele e saber dele, enquanto você passou o dia quase todo aqui com ele a metros de distância e não teve a capacidade de ir procurá-lo pra dizer nem que seja um ''oi''. Era pra você ter ficado, Tony, era pra você ter dito que ia ajudá-lo e não os seus pais, não era para os seus pais terem me ajudado a dar banho nele por que ele não tinha a mínima condição de ficar sozinho, não era para os seus pais verem eu engolindo o choro por tocar nas cicatrizes dele, não era para os seus pais terem ficado comigo e ele até o segundo em que ele cansou de lutar e dormiu, era pra você ter feito isso por que você é meu marido, mas acima de tudo por que é pai dele!
— Já acabou o seu discurso ou eu vou ter que ouvir mais antes de poder falar o que eu quero?
— Eu não quero ouvir seus planos, a única coisa que eu quero de você é que você conte pra ele por que não sou eu quem vou fazer.
— Não precisa, eu já ouvi. - ele responde e atrai nossa atenção, a aparência dele parece ótima embora eu ache que ele tenha dormido pouco tendo em vista as horas que não dormiu, Tony e ele trocaram olhares que eu não consegui entender, mas em seguida ele passou a olhar para os avós. - Eu posso falar com vocês em outro lugar? - os dois assentiram e os três saíram da cozinha nos deixando sozinhos.
— Eu sei o que eu tô fazendo, Pepper, e eu juro que posso protegê-lo, mas eu também preciso que você me ajude e que você me apoie pra que a gente possa dar um fim a essa história e seguir em frente.
— Como é que a gente vai seguir em frente, Tony, se você insiste em repetir os atos que nos fizeram passar por isso? Foi por essas coletivas de imprensa sua, por essa sua necessidade de aparecer que passamos o que passamos. - a cabeça dá uma pontada, o estômago embrulha e eu levo as mãos ao rosto cansada. - Mas do que adianta falar? Você não vai mudar e também não vai fazer o que foi dito mudar, só temos que balançar a cabeça, aceitar e torcer pra que seu plano dê certo. - eu só queria me deitar e dormir, mas eu queria esperar ele voltar e esperei mesmo estando cansada e me sentindo super mal.
— Estamos resolvidos. - a voz de Howard ressoa atrás de mim e eu respiro aliviada por ver que ele não fez mal aos avós. - Você está bem, Pepper? Me parece um pouco pálida.
— É verdade. - Maria se aproxima e põe a mão em minha testa. - Tá suando frio, o que você tá sentindo?
— Só enjoo e cansaço. - minimizo ao ver a cara de todos de preocupação. - Vocês poderiam cuidar dele por mim?
— Mas que pergunta, Pepper! Vá descansar sem preocupações.
— Não vou machucar ninguém.
— Eu sei que não. - sorrio cansada e bombeio um pouco, é a minha deixa preciso realmente ir antes que eu desmaie aqui, negando acompanhamentos eu subo, tiro algumas peças de roupa para dormir mais folgada e me jogo em minha cama que apesar de confortável não diminui o pensamento sobre a atitude de Tony que agora martela em minha cabeça, por que ele não pode simplesmente deixar as coisas irem? Mexo no travesseiro na esperança de que de alguma forma ele me desconecte de tudo e fecho os olhos. - Ai, Adam. - eu suspiro. - Por que você não apareceu na minha vida há 17 anos? John seria seu filho e eu seria mãe da Camile e talvez de mais um ou dois filhos e eu sei que teríamos nossos problemas, mas também sei que seríamos tão felizes. - divago sozinha de olhos fechados em um tom de lamento e não consigo fugir da visualização dessa vida, sorri algumas vezes ao imaginar algumas coisas e fui me entregando ao cansaço tendo essa vida como o último pensamento ou desejo antes que o sono me arrebatasse.

Os olhos abrem e a primeira coisa que tenho na mente é confusão, meu travesseiro são as costas desnuda do Tony que eu nem sabia que estava aqui, fecho os olhos por alguns segundos para poder me encontrar e então me lembro dos últimos acontecimentos, levanto da cama e vou ao banheiro e o meu reflexo no espelho me assusta, nossa senhora, eu não tava assim de manhã! Me guio para uma chuveirada morna e debaixo da cascata me lembro que despertei por poucos segundos algumas vezes por ter tido um sonho ruim que infelizmente ou felizmente eu não conseguia me lembrar, talvez seja por isso o motivo da minha aparência.

Dois alívios percorrem o corpo, o primeiro é o de ter saciado a fome e o segundo é o de ter visto que John estava bem e que nesse tempo que ficou com os avós nada de ruim aconteceu.

— Fui dormir com tantas preocupações na mente! Não teria me perdoado se algo tivesse acontecido.
— Sossegue, estamos todos bem.
— Não tão bem assim. - digo ao ver sua feição. - Eu sei que não é da minha conta, mas a senhora vai mesmo se separar do Howard?
— Cheguei na minha cota de insultos por uma vida. - ela responde e sua cara me deixa bem claro que ela não quer conversar sobre isso.
— Ham... E a empresa vai mesmo tornar a filial dos Estados Unidos a principal?
— Estou cogitando isso, agora que Ellen morreu eu não tenho mais ninguém para me auxiliar aqui, porém eu estou pensando se torno Robin seu sucessor ou se fico por aqui e tomo o lugar dela, mas independente da minha decisão sobre isso quero que você tome conta da filial dos Estados Unidos. - assinto. - Lhe tenho como uma filha e você é uma das pessoas que mais confio no mundo.
— Fico imensamente agradecida pela consideração, Maria.
— Pepper, eu sou sua sogra e não um chefe que está lhe dando reconhecimento. - eu sorrio envergonhada e ela põe a pasta dentro da gaveta da escrivania de madeira da era vitoriana. - Mas vamos voltar a sala antes que venham nos procurar, discutimos mais sobre isso depois. - concordo com ela e a sigo até a sala de estar onde nos juntamos a Howard e John que encaravam Tony com surpresa e estranheza já que ele estava literalmente falando com a cara lisa pois ele não tinha em seu rosto mais o seu icônico cavanhaque.
— Olha, eu sei que sou lindo, mas vocês estão começando a me assustar. - ele diz alternando o olhar para todos nós enquanto eu o encaro e fico tentando puxar pela mente quando foi a última vez que o vi assim e também me perguntando qual o motivo da mudança.


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Notas finais do capítulo

Espero que cês tenham perguntas, por que eu adoro responder! Até os reviews e os próximos capítulos



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