Setembro de 1921

Eu estou no mercado quando estendo a mão para alcançar um produto na prateleira e sinto algo se mover em meu ventre. Fico surpresa, mas ao mesmo tempo feliz. Sorrio para mim mesma e para o pequeno ser dentro de mim e afago meu abdome ainda plano. Isso quer dizer que eu posso estar grávida do meu marido! Carlisle não vai acreditar. Ele imaginava que era estéril e que jamais nós dois poderíamos ter um filho ou uma filha.

Até mesmo eu já estava me conformando com a ideia de que só poderíamos adotar, caso desejássemos ter filhos. Carlisle também me explicou o quanto seria arriscado adotar uma criança, seria arriscar a vida de um ser inocente pois ele é um vampiro. Não que ele mesmo seria um perigo para a criança, Carlisle poderia conviver com ela, mas depois quando eu fosse uma recém-criada seria difícil controlar a sede de sangue, e também poderíamos expor a criança a riscos de ataques de outros vampiros menos civilizados que Carlisle.

E transformar um menino ou uma menina, como Edward (uma lágrima rola pela minha face ao lembrar dele, quanta saudade eu tenho do nosso menino!), também poderia ser arriscado. Tanto para ele ou ela quanto para mim por causa do frenesi causado pelo sangue humano. Nesse caso, o meu. Ou eu teria que me tornar uma vampira também.

Isso se Carlisle estivesse disposto a criar outro vampiro. Ele me contou que não é tão simples transformar uma pessoa em vampira. Tem de ter força de vontade para parar de beber seu sangue, uma vez que o sangue humano é muito mais poderoso e saboroso que o sangue animal. Além disso, ele me disse que depois de ter mordido Edward foi muito difícil para ele voltar a dieta que ele criou, voltar a ser ‘vegetariano’, pois o sabor do sangue humano nem se compara ao animal.

Carlisle teve que fazer um esforço redobrado para resistir novamente ao sangue humano. Por pouco não aconteceu o que eu temia. Carlisle quase não resistiu ao tanto de sangue que estava exposto durante a guerra. Meu marido realmente é admirável a cada dia eu fico mais encantada, mais fascinada, mais apaixonada por ele.

Eu queria poder voltar para casa numa velocidade como a de Carlisle, mas como não posso tenho que me contentar com andar mais rápido que eu consigo. Assim que eu avisto a nossa casa meu coração começa a bater mais acelerado.

— Carlisle! Carlisle! – chego em casa gritando de tão contente. Sei que não preciso gritar, mas eu preciso externalizar a alegria que estou sentido.

— Sim, Esme querida – Carlisle vem e me abraça por trás beijando o topo da minha cabeça.

— Carlisle! Tenho uma ótima notícia, eu estou grávida!

Assim que eu terminei de falar notei que Carlisle ficou imóvel como uma estátua.

Carlisle PDV

Como eu pude fazer isso? Isso é impossível. Estou morto teoricamente, não estou? Eu sempre tomei tanto cuidando quando fazia amor com Esme, para não deixar derramar nela, agora eu entendo por que. E agora? O que será que vai acontecer com Esme? Será que ela vai morrer? Muito provavelmente, se as lendas que eu ouvi sobre filhos de vampiros são verdadeiras. É possível, pois eu mesmo sou uma lenda viva. Vampiros são lendas, então os filhos de humanas com vampiros também podem ser historias verdadeiras e não apenas lendas.

Não creio que Esme possa passar por essa gestação, como quer que seja isso, e continuar viva. E o mais importante, poderei salvá-la? Talvez ela sobreviva, mas com certeza não será mais humana. Terei que transformá-la. Vinha adiando essa decisão, mas agora não poderei mais esperar. Eu sei que não poderia mais esperar, desse ano não passaria, estou me preparando para o momento, teria de ser logo pois Esme já está ficando mais velha do que eu. Pelo menos aparentemente, e os humanos não veriam nossa relação tão bem. Mas isso não importaria e sim o que sentimos um pelo outro. E no fundo saberíamos quem é mais velho, mesmo porque a idade não importa. Se as pessoas soubessem ninguém aprovaria meu casamento com Esme, sendo que eu sou muito mais velho que ela. Aparento 23 anos, digo que eu tenho 29, mas na verdade tenho 280 anos, acho. Não me lembro bem o ano em que eu nasci. Me recordo do dia exato, mas não do ano.

E a criança? Em quanto tempo ela nascerá? Hum, se Esme engravidou da última vez em que transamos, semana passada, então durará aproximadamente um mês. Ela disse que sentiu a criança já se mexer, é algo que as humanas demoram 3 ou 4 meses para sentir, e Esme já sentiu. Meu Deus pobre Esme, eu a condenei a pior morte possível. Se bem que algumas vezes nas gestações dos humanos isso acontece.

Minha mãe por exemplo, morreu quando eu nasci. Não tenho nenhuma lembrança dela, pois nunca a vi. Talvez eu me lembre um pouco de sua voz, sempre que eu ouço a voz da minha esposa fico maravilhado. Seu coração também me lembra um pouco minha mãe. Mas é muito mais raro uma mulher morrer ao dar a luz, ou antes.

No entanto quando uma humana engravida de um vampiro imagino que sempre termine morta. Eu amo tanto Esme, não acredito que fiz isso com ela, sou mesmo um desgraçado!

— Você não está feliz, querido? Você não é estéril como pensava - ela me perguntou vendo como eu estava.

Ah, como eu preferia ser mesmo estéril. Esme vai morrer e eu não posso deixar. Não vou deixar isso acontecer. Tenho que arrumar um jeito de desfazer isso. Foi um erro que eu preciso reverter logo, antes que prejudique Esme. Pobre Esme, ela nem imagina o risco que está correndo!

Minha esposa não vai gostar dessa ideia, mas eu prefiro que ela viva. Não quero ter um filho se terei que perder minha esposa! Assim não. eu posso transformar mais dezenas de jovens, mas não posso permitir que Esme precise dar a vida paras termos um filho. Não. Não vou permitir.

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