Demônios escrita por thysss


Capítulo 6
06. Paraíso.




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Ficou claro que ela queria era jogar na minha cara que talvez não estivesse dando tão certo assim, afinal eu tenho quase trinta, passo as noites jogado num bar bebendo uma cerveja horrível e não tenho ninguém me esperando em casa – nem sequer um cachorro.

 

— Ou você prefere os machistas que estão por ai? — perguntei contendo minha curiosidade.

— Eu prefiro um homem que saiba mandar — ela disse tocando os dedos sobre meus lábios e então sorriu. — Mas que também me obedeça...

— Isso está em falta no mercado — eu disse arqueando uma sobrancelha.

— Eu dou meu jeito — ela sorriu provocativa.

 

            O papo “sério” ficou para trás, e ali estava a mulher – demônio – que mexia comigo. E o que me fazia julgá-la mais ainda como um demônio é por que Dulce sabe que causa essas sensações em um homem, ela tem plena noção disso, e diverte-se com isso.

 

— Já não era hora de você estar na cama — eu perguntei afastando-me alguns centímetros e vi seus olhos brilharem como duas faíscas.

 

            Nossa diferença de idade era clara – pondo que eu sou facilmente dez anos mais velho que ela – e isso a deixava ainda mais irritada.

            Mas as faíscas que pensei serem de raiva pelo modo como a tratei logo mudaram para um brilho diferente, no mesmo instante percebi que Dulce lembrava-se de casa, afinal era para lá que ela teria de ir, e então seu sorriso morreu, como se não quisesse retornar. Olhando para Blanca, quem seguia dançando e gargalhando, Dulce voltou a afundar no banco ao meu lado e suspirou ignorando os ponteiros do relógio que avançavam.

            Então até o paraíso estava com problemas.

            Porque é assim que alguns chamam a casa do monos archon. Paraíso. Com as pilastras gregas já vinha trazendo aquele ar de outro continente tão desconhecido por aqui, e o jardim tão vasto, verde e florido fazia algumas das senhoras suspirarem só de olharem. Havia também, nos fundos, uma piscina e uma área aberta para as festas que a família Saviñon tanto gostava de dar. Sem contar no tamanho que a casa possuía, todos os quartos com portas enormes que davam para a área externa.

            Quem lá trabalhava sempre voltava contando quão grande era a casa, ou quão macio eram os tapetes importados, quão belas são as roupas da esposa de Fernando. Suspiram e suspiram – esse paraíso inclusive serviu-me de base em meu primeiro romance, não que alguém de fato o saiba por que eu, claramente, mudei alguns detalhes.

 


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Notas finais do capítulo

n/a: espero que gostem!
comentem.

beijos.