Memórias de uma vida escrita por AnmyChan


Capítulo 24
O encontro




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Meu celular tocou me acordando e avisando que a hora de encontrar Sophia se aproximava, levantei em um único pulo e corri para o banheiro, tomando uma ducha e depois colocando uma roupa mais condizente com o encontro. Depois de pronto desci as escadas e vi minha Mãe passar em minha frente.

— Isso tudo é para a Sophia? – ela deu uma risada.

— Sim, esta bom?

— Meu filho você é lindo, e esta muito cheiroso.

— Espero que não seja papo de Mãe. – ela se aproximou de mim e passou a mão no meu rosto sorrindo. – Onde esta a Pietra?

— Saiu com o Matt, foram em um parque que esta na cidade. – disse retirando a mão de mim e colocando em seus cabelos ruivos.

— Ah que bom, minha pequena com o tio irresponsável dela. – soltei uma risada.

— Ele é responsável Ed.

— Eu sei, só estou brincando. – ela sorriu e antes que deixasse o cômodo falou.

— Olha a hora Ed. – foi então que percebi ser quase 16h, sai correndo.

No caminho eu alternava entre andar e correr, e por pouco não chego atrasado já que ela estava lá sentada na mesma pedra do outro dia, e apreciando cada vez mais aquele pequeno lago.

— Oi, cheguei. – respirei fundo por sentir a falta dos exercícios sobrecarregarem meu corpo.

— Antes tarde do que nunca né Sheeran. – ela me olhou.

— Ah qual é, cheguei no horário.

— Sim, estou vendo. – ela apontou para o seu relógio de pulso.

— E então vamos?

— Sim, vem. – ela foi caminhando na frente.

— Para onde vai me levar?- perguntei.

— Você já vai ver.

O caminho que fazíamos parecia familiar, mas eu ainda não me lembrava do quanto familiar era, cada árvore, cada pedra e até os galhos secos pareciam existir em alguma memória minha.

— Chegamos. – disse ela ao chegar primeiro que eu.

— Que bom, já não ague... – parei de falar no segundo em que vi o rio de água transparente do meu flashback mais recente. – É o rio.

— Aham, lembra-se do dia que viemos aqui depois da aula?

— Lembro, você se jogou ai de roupa intima e o bobo aqui tentava não olhar para não passar vergonha.

— Você ficou vermelho naquele dia e agora também. – ela riu olhando para mim.

— É o sol sabe, ele deixou o céu avermelhado e refletiu em mim porque sou branco.

— Sei, vou fingir que acredito. – ela sentou em um tronco que havia ali. – Senta Ed, quero ver o sol ir embora ao seu lado. – eu me sentei.

— Provavelmente não sou o primeiro a fazer isso com você, deve trazer aqui todos os caras no primeiro encontro.

— Claro, e depois de uma conversa longa e ao cair na noite eu avanço neles e o estupro.

— Credo garota, vou embora, sabe tenho uma menina para criar. – fingi levantar e ela riu, Sophia respirou fundo e jogou a cabeça para trás fazendo o sol bater em seu rosto.

— Você é o único cara que já trouxe aqui. – me olhou.

— Obrigado, me sinto lisonjeado por ter sido o primeiro a te ver seminua e por ser o primeiro a ver essa visão linda. – recebi uma cotovelada e uma risada dela. – Suas risadas são espontâneas, na verdade sempre foram.

— Eu sei disfarçar bem. – sorrimos um para o outro.

— Como tem sido morar aqui? Sem a turma de antes.

— Boa, tenho uma nova turma, crianças entre 6 á 15 anos.

— Me falaram que você é uma ótima professora de música.

— Quem contou essa mentira para você?

— Minha Mãe.

— Dona Imogen sempre aumentando as coisas, eu sou razoável naquilo que ensino e na forma também.

— Para de ser modesta, vai negar seu talento agora?

— Não considero talento, apenas estudei muito e isso transmite em meu comportamento e... – eu a olhei serio arqueando uma sobrancelha. – Ok, eu tenho talento e amo o que faço.

— Melhorou.

A conversa fluía bem quando se tratava de Sophia e eu, falamos de tudo do fim do meu casamento em detalhes, dos encontros fracassados de Sophia e até dos admiradores que minha Mãe havia citado naquela manhã. Quando o sol finalmente se escondeu eu sugeri irmos comer alguma coisa, e ela aceitou animadamente, fomos a um restaurante e lá falamos de comidas e rimos de nossos fracassos. Conversar com Sophia me passava à sensação de que nunca saí de Suffolk e de que jamais havia conhecido Lizandra, e ela até me alertou que eu devia ligar para minha ex-esposa o quanto antes, porque não dar sinal de vida era irracional da parte dela, já que existia uma menina de quase sete anos a esperando.

Assim que comemos, andamos um pouco e quando passamos perto do parque de diversões – o mesmo que Matt havia ido com Pietra – ela pegou em minha mão e me puxou para dentro, comprando tickets para “acerte o alvo”, “meça a sua força” e até para a roda gigante. Sophia parecia uma criança ou será que ela apenas tinha um olhar de uma, eu nunca saberei explicar, o seu sorriso se manteve aberto à noite toda, e a agitação que estava seu corpo indicava que quase nunca havia ido a um parque do tipo.

— Aí meu Deus! – foi o que ela disse quando ganhei um urso para ela, e um para dar a Pietra depois.

— Gostou?

— Amei. – ela olhou a roda e me puxou. – VEM! – entramos e nos sentamos. – Nunca fui a uma coisa dessas.

— Jura? – ela assentiu olhando para os lados. – Então você tem que ir ao London Eye, estar lá dentro é uma sensação incrível.

— Um dia eu vou e você irá comigo, quando estive em Londres não me deu tempo de ir a todos os pontos turísticos.

— Estudos? – ela assentiu e a roda começou a funcionar.

— Aí começou. – ela abraçou o urso e eu comecei a rir.

Céu já estava estrelado e de onde estávamos dava para ver quase o parque todo, somente quando nos parou no alto pude ver a casa da minha Mãe e até a lanchonete. Sophia sorria olhando para mim, e eu retribuía, nas caixas de som do parque começou a tocar “Friends” a minha música, surpreendendo não só a mim como Sophia também. Nossos olhos se fixaram e antes que qualquer um pudesse falar algo, nossos lábios se encontraram, eu sentia seu rosto quente encostar o meu e o gosto da sua boca de algodão doce deixava o memento mais memorável, de repente fogos de artificio explodiram no céu e nós nos separamos sorrindo e ainda meio envergonhados.

No fim da nossa noite acompanhei Sophia até sua casa e no caminho não tocamos no assunto, apenas fingimos que não aconteceu, o que na verdade eu estava louco para repetir.

— Então Ed, chegamos. – disse parando em frente a uma casa não muito diferente da minha Mãe.

—Pois é. – sorri sem jeito colocando minhas mãos nos bolsos da frente da calça.

— Eu amei essa noite, eu pude rever um amigo e ainda tive o melhor encontro em anos.

— Eu também gostei por mim essa noite poderia se repetir várias e várias vezes.

— Sabe Ed. – ela se aproximou mais de mim. – Por mim, essa noite poderia acabar de outra forma. – ela me beijou novamente, um beijo de tirar o fôlego e após separar nossos lábios ela sorriu e delicadamente me puxou pela mão para dentro de sua casa.

A lembrança do rio, o sol indo embora, o jantar, o parque e o beijo, tudo havia sido perfeito e ver o quanto ela sorria e ficava encantada com pequenas coisas fez com que me apaixonasse novamente pela Sophia.

Jamais irei esquecer aquela noite em Suffolk.


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