Death Memories: Operação Marshall escrita por Nael


Capítulo 24
Precipitação


Notas iniciais do capítulo

Postando depois do horário previsto, mas é que precisei fazer umas modificações.
Boa leitura.



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"A arrogância que nos leva a acreditar que somos superiores aos outros, tem origem no medo de sermos inferiores."
(Mark W.)

P.O.V Alice

— Realmente... é intrigante. – Sarkany respondeu.

— Então ele não deveria morrer nesta data? – perguntei.

— Você tem que entender que o tempo de vida dos humanos podem mudar de acordo com suas escolhas e situações.

— Eu sei muito bem disso. Mas mesmo que se trate de assassinato ou um acidente o relógio dos humanos determina esse exato momento certo?

— Sim... na maioria das vezes. – respondeu. Continuei sentada no banco de madeira, mas encarei o shinigami pelo canto do olho até que decidiu continuar. – Às vezes as pessoas podem ser salvas de um assalto por outro humano, as vezes pessoas que não deveriam morrer acabam entrando na rua errada e levam um tiro.

— Então basicamente o assassinato desse menino não foi algo premeditado? É isso que está dizendo?

— É uma possibilidade, como tantas outras. Principalmente uma que você não comentou. – ele virou o saco de chicletes enquanto lambia os estranhos dedos.

— Qual? – falei um pouco irritada de toda aquela enrolação.

— A morte que nem mesmo nós shinigamis podemos ver ou prever... Suicídio. – me sobressaltei com aquele comentário. Primeiro porque realmente não havia pensado na hipótese o que era um grave erro da minha parte. E segundo porque era absurdo demais, principalmente considerando que ele e seu time haviam saído para jantar fora.

— Isso... Isso é....

— Impossível? – ele debochou rindo e jogando o saco vazio na grama. – Pensei que de todos os humanos você seria a última a dizer isso.

— É muito pouco provável, sem sentido. O garoto nem foi visto entrando no hotel. – minha cabeça explodia tentando conectar tantas informações e criando cenários hipotéticos para cada uma delas.

— Bom, descobrir se, como e por que aquele moleque morreu não é parte do nosso acordo. – ele abriu as assas. – Além disso, você me mandou ficar de olho em outros pirralhos, certo?

— De fato. E cada vez mais tenho razões para acreditar que o assassino está dentro do prédio, entre as pessoas do torneio. Então, por favor, fique de olho naqueles três por mim. Se, como você disse os relógios podem se alterar e pessoas com tempo de vida sobrando podem acabar morrendo eles não estão mais seguros.

— Certo. E caso o relógio de um deles mude, caso alguma coisa aconteça o que pretende? Sabe que não posso nem vou intervir em nada sobre eles.

— Se esse for o caso venha me informar imediatamente Sarkany. – ele tomou impulso e sumiu no céu.

Continuei um tempo sentada no banco, admirando o parque quase vazio. A notícia tinha se espalhado, as pessoas já estavam histéricas e paranoicas. Tudo ia de mal a pior. L provavelmente estava estressado da sua maneira também. Eu tinha que agir mais rápido, eu tinha que conseguir acompanhar os passos de todos. Eu não podia mais olhar as costas de ninguém.

P.O.V. Matt

— Mail... – a voz sussurrava. – Vamos querido, não tenha medo. – o rosto sorridente da minha mãe era ofuscado pelos raios de sol. – Eu vou te segurar, vamos. – ela estendeu os braços, os cabelos castanhos presos num rabo de cavalo começavam a soltar. – Certo, no três... um, dois, três...

Eu pulei, direto nos seus braços, mas quando atingi a água ela não estava mais lá. Não havia ninguém, não havia piscina, parecia um oceano sem fim. Não via o fundo, não conseguia enxergar nada além da imensidão azul e por mais que tentasse nadar para cima e buscar ar eu não conseguia. O ar me faltava, o azul se tornou preto e me devorou completamente.

— MATT! – senti a mão no meu rosto. – Mas que diabos! – Mello gritava e... ele estava sentando em cima de mim!

— Esper-... AI! O QUE?! – eu levantei de uma vez e ele sentou na cama. Passei a mão nos cabelos e constatei que estava suando. – Mas o que... quanto tempo eu dormi?

— Umas duas horas, mas começou a ficar muito agitado agora pouco. Estava tendo um pesadelo, não é? – assenti com a cabeça. – É... você começou a gritar e falar umas coisas que não devia. – olhei ao redor e vi que Near estava sentado no sofá lendo alguns papeis espalhados pela mesa de centro. Parecia bem desinteressado na gente. Ou será que não entendia russo?

— É... – foi só o que consegui falar. – Valeu.

— Alice vem nos encontrar daqui a pouco, parece que tem que nos explicar outro assunto desse caso. E assim que acabar temos que manter as aparências e ir jantar lá embaixo então..

— Tá. – esfreguei os olhos e me recompus. Arrumei minhas coisas e me dirigi ao banheiro. Quando vi meu reflexo no espelho entendi a expressão de Mello... eu estava um caco.

P.O.V. Mello

A vida na Wammy’s era bem rígida, havia horário para tudo, métodos para tudo e sempre alguém vigiando caso você tentasse sair da linha. Manter as atividades em dia, ir bem nas provas, cumprir os deveres domésticos e ainda por cima lidar com o restante das pessoas era desgastante. Muitos não aguentavam e logo saiam da instituição.

Além de tudo isso eu ainda tinha minhas atividades extracurriculares para ganhar dinheiro, estudo extra que não dispensava por nada e vários problemas de insônia. Ainda sim nada disso me deixou tão exausto como eu me sentia naquele momento, naquela merda de lugar, naquele maldito torneio.

Por um minuto eu continue sentado na cama do Matt encarando o vazio me perguntando por que diabos eu fui parar ali? Por que eu fui aceitar aquilo? E principalmente... como eu ia me livrar de tudo aquilo?

Eu pensei que ter o Matt por perto facilitaria tudo, que ele me manteria nos trilhos, mas ele próprio também foi afetado, justo no seu ponto mais fraco. Era como Near havia dito para ele antes da viagem... Aquilo era um desastre.

— Você... – a voz do albino interrompeu meus pensamentos me deixando mais irritado ainda. – não parece ligar muito para o que aconteceu. Que surpresa.

— Como é? – me virei para ele.

— Digo, claro que você está preocupado com o rumo da investigação e aparentemente tudo isso está causando mais impacto do que você esperava no Johnny e agora você também tem que cuidar dele, mas... – ele enrolava uma mexa do cabelo da peruca. – Talvez nem você tenha notado, mas você não expressou nenhuma reação a isso tudo, além da referente ao Johnny.

— Não tô com saco pras suas implicâncias e  joguinhos mentais. – me joguei na cama torcendo pra ele calar a boca, mas sabia que não seria o suficiente. Near andava me observando muito, estudando cada movimento meu e do Matt. Ele estava nos lendo melhor do que nunca agora que tinha a chance de ver nosso comportamento numa situação tão peculiar.

— Não é nenhuma das duas coisas, apenas estou intrigado com o fato de você me repreender pela minha falta de empatia quando você também não tem nenhuma. – sua voz mudou de tom. – Hipocrisia é realmente algo que eu desprezo, principalmente vindo de você.

— Escuta aqui Near! – me levantei de novo. – Se você quer fazer esse jogo de me irritar pra ver o quanto arranca de mim saiba que tudo que vai conseguir é um soco na cara! Eu não tô com o mínimo humor pra sequer respirar o mesmo ar que você, então se não calar a porra da sua boca eu mesmo farei isso, com ou sem hipocrisia, entendeu?

Ele me fitou por um momento, diretamente nos olhos. Eu estava sentindo o calor, a vontade de socar ele subindo pela nuca.

— Entendi... – ele finalmente desviou o olhar de volta para seus papéis. – Você é bem acostumado com mortes então... ou cadáveres no mínimo. – trinquei os dentes enquanto via voltar a sua pose de enrolar o cabelo com um sorrisinho satisfeito. Filho da puta!

P.O.V Jade

— Como? - não conseguia acreditar no que o rapaz acabara de me contar. – Tem certeza disso?

— Mas é claro, eu joguei com ele. – o moleque japonês parecia bem irritado. – Ele usou um ataque marshall para me despistar. – ele bufou. – Seu oponente é realmente um jogador forte, vai ter que tomar muito cuidado se quiser vencer o torneio.

— É, eu percebi. – falei passando mais uma nota de cinco mil ienes, aquele cara sabia como extorquir, não era à toa que vivia naquele lugar. – Obrigada pelas informações e assim que ele estiver aqui de novo... – entreguei um papel com meu número. – adoraria te fazer uma visita Yukio-kun.

Ele pegou o papel, leu os números, decorou e o rasgou.

— Eu também adoraria Mira-chan.

Assim que sai para a claridade do dia eu coloquei meus óculos. Como odeio sol. Devia estar bem satisfeita, tudo correu bem, meu plano funcionou, mas ainda sim me sentia um pouco decepcionada... Você abaixou a guarda demais, te peguei Mike.

Caminhei mais um pouco em Aoyama, o clima também estava uma merda o lugar era um inferno de pessoas. O tipo de lugar que eu mais detestava, embora surpreendentemente estava mais tranquilo mesmo sendo horário de almoço. Devia ser por conta do recente assassinato. Mas tudo bem, tinha valido a pena. Minhas suspeitas estavam mais que certas, eu estava dois, três, dez passos na frente de Seidler e o melhor de tudo... Mike nem poderia imaginar que eu estava bem na sua cola. Ele nunca me veria chegando. Eu o superei! Finalmente! Isso me fez abrir um sorriso e o corpo arder de empolgação, até que senti algo frio em minha barriga.

— Oh não! Me desculpe – uma garota desastrada começou a falar em japonês enquanto tentava inutilmente limpar o suco da minha camisa que por sinal era branca. – Mil desculpas, eu não vi por onde andava. A culpa foi toda minha, eu...

— Tudo bem. – respondi sorrindo e a afastando gentilmente. Guria se não fosse ele local cercado de pessoas você levaria um belo tabefe. – Não foi nada, eu estou bem.

Ela me encarou, eu parecia como qualquer turista, coloquei minhas roupas mais frescas, peguei uma bolsa grande, carregava coloquei folhetos, guias turismos e mapas de Tóquio. Ainda sim, ela me olhou de um jeito diferente, como se eu fosse uma criatura estranha mesmo com seu rosto em choque e culpa. A julgar pelas roupas e o cabelo preso em duas tranças era uma aluna de colegial.

— Eu realmente insisto, me deixe reparar o erro. – ela se curvou. – Eu lhe comprarei roupas novas. – revirei os olhos, queria sair daquele lugar logo, mas a cena já estava chamando atenção. Merda.

— Certo, certo. Não precisa se preocupar tanto. – a vontade de levar a menina pra um beco e a desmaiar ali era grande. Tirei os óculos, não havia problemas estava de lentes, peruca e bastante maquiagem. – Já que insiste. – ela abriu um sorriso.

— Meu nome é Ritoru Nise.

— Akemi. – estendi a mão sem ânimo para bolar nomes melhores.

— É um prazer Akemi-san. Pensei que fosse uma turista. – ela falou começando a caminhar.

— E sou, meu pai era japonês então vim conhecer sua terra natal.

— Que fantástico. Você pertence a dois mundos, isso é incrível. – ela era animada e energética, andava pulando e indicando sua lojas preferidas, mas sem entrar me nenhuma. Certamente devia ser uma daquelas garotinhas mimadas que o pai dá mesada e ela gastava tudo em roupas.

— Ritoru-san porque não estramos logo nessa então? – minha paciência estava acabando depois da garota andar de um lado para o outro pelas vitrines sem se decidir logo.

— Ah, não, tem uma muito melhor, vou te dar um conjunto novo perfeito. – ela me deu uma piscadela e eu só conseguia revirar os olhos e dizer mentalmente para mim mesma não matá-la em público. – Aqui! Esse lugar é perfeito.

O lugar parecia bem chique e ao entrar eu pude ver que se tratava de uma loja bem cara. Pensei em pegar a primeira blusa branca que avistei, mas Ritoru não permitia. Queria escolher a dedo. E disse que poderia ser qualquer coisa de qualquer cor. Nunca tive problemas em comprar roupas, pegava logo as que me agradavam e experimentava. Levava as que serviam e pronto. Mas aquela garota estava fazendo isso se tornar algo complicado.

Ela andava pelas araras de roupas, pegava diversas peças que ia entregando a vendedora, me colocou para provar várias e mesmo eu insistindo que havia amado uma peça e ficaria com aquela, ela ainda me fez perder mais meia hora do meu dia naquela palhaçada. Quando finalmente acabou e ela pagou tudo que havia escolhido para mim certa de que se redimira eu estava uma pilha de nervos.

— Obrigada pelo dia, foi bem divertido Akemi-chan. – ela ainda teve a audácia de comprar sorvetes, forcei um último sorriso.

— Bom, eu que agradeço. – certo, era minha hora de dar no pé. – Estou indo agora.

— Ah por favor... – ela voltou a falar assim que dei as costas. – Me passe seu número, se tiver qualquer problema ou dúvida em relação a cidade eu adoraria ajudar.

— Não é necessário, você deve ter muito o que fazer, estudar e tudo mais. – comecei a caminhar, mas ela me seguiu.

— Não será incomodo, eu insisto. Deixe-me... – me virei tomando o celular dela já bufando.

— Tá bem. – falei mais alto do que deveria, mas a garota continuou tranquila enquanto eu anotava um número qualquer com as sobrancelhas cerradas. – Pronto.

— Ok. – ela pegou o aparelho e antes q eu tivesse a chance de me virar ela apertou para chamar. Maldita! — Uê... não estou ouvindo ele tocar.

— Está no silencioso. – menti.

— Ah sim, mas salve o meu contato também.

— Claro. – me virei andando de novo.

— Akemi-san. – ela segurou meu pulso. – Eu preciso escrever meu nome pra você.

— Está tudo bem, eu sei japonês o suficiente pra isso. – puxei o braço, odiava que me tocassem.

— Mas... – ela voltou a me segurar. – Não é do jeito comum, deixa que eu anoto pra você. – ela sorria, quase como se me desafiasse, como se quisesse dizer que sabia que eu tinha dado o número errado. Pobre menina, nem mesmo Mike era mais capaz de me encurralar.

— Tá. – comecei a mexer na bolsa. – Essa não! – falei me exaltando. – Meu celular não está aqui! – fingi desespero.

— Oh não foi roubada? – Ritoru ficou histérica. – Logo aqui! A cidade está mesmo perigosa. Temos que ir na polícia imediatamente. – meu sangue gelou.

— Não, não. – falei rápido. – Acho que devo ter deixado no hotel, está tudo bem. É melhor verificar, se não estiver lá eu irei a polícia, não se preocupe.

— Certo, então me ligue assim que tiver notícias. – ela tirou um papel do bolso. – Aqui, caso tenha sido roubada, esse é meu número. – ela me passou um pedaço de folha de caderno rasgada.

— Pode deixar. – sorri, nunca mais iria ver a cara daquela garota de novo, ia queimar aquelas roupas.

— Espero vê-la em breve então. – ela se despediu e começou a andar na outra direção. Finalmente!

Andei rápido até o metrô e só então me dei conta de que ainda carregava o papel com o telefone dela. Peguei pronta para rasgar, mas algo chamou minha atenção... Ela havia escrito seu nome também, o nome que tanta insistira que eu não saberia escrever. Na verdade ela tinha meia razão, eu pensei que se escrevia com outros kanjis, mas... aqueles... O trem chegou e abriu suas portas, pessoas saíram e  entraram, mas eu ainda estava em choque lendo aquilo.

Os ideogramas de Ritoru Nise podiam significar respectivamente pequeno e falso. Amassei o papel, o trem partiu.

P.O.V. Alice

— Que interessante. – entrei no furgão tirando imediatamente a peruca e bagunçando os cabelos. Caminhei até um espelho colocado entre alguns monitores. Roupas colegiais realmente me deixavam com a aparência ainda mais jovem e ao mesmo tempo me lembravam uma época que parecia tão distante. Troquei de roupas para afastar esses pensamentos e comecei a tirar as lentes. Os aparelhos começaram a soar, olhei rapidamente a chamada e atendi. – Sim?

— Você disse duas horas. – a letra L apareceu no monitor.

— É, mas eu encontrei algo bem interessante então resolvi demorar mais um pouco.

— Bom, de qualquer forma conseguiu alguma informação? – terminei de guardar as lentes e me sentei na cadeira.

— Não exatamente, é apenas uma suposição que eu realmente não sei se acredito ou quero acreditar.

— Estou ouvindo.

— O garoto pode ter se suicidado. – L ficou em silêncio então eu continuei antes dele. – Claro que alguém ainda o levou para o elevador. E tem o restante do time desaparecido.

— Sobre isso, encontraram as duas professoras responsáveis. – a voz dele ficou abatida. – Estão em estado grave no hospital.

— O que houve com elas? – prendi o cabelo, mesmo sendo curto os cachos estavam começando a me atrapalhar.

— Os ferimentos são diversos, vária entre balas, cortes e perfurações profundas. – cruzei os braços. – Com isso restam duas crianças desaparecidas e as mulheres estão impossibilitadas de dar qualquer depoimento.

— Suicídio realmente não faz sentido nesse caso. Foram sequestrados, é óbvio. Mas... está tudo fora do padrão.

— De fato, eles eram concorrentes do colégio Herstmore, mas as semifinais iam acontecer hoje. – L devia estar a horas tentando conectar as peças. – Talvez tivessem algum problema pessoal antes por serem representantes do mesmo país...

— E o fato de não se encaixar nos padrões pode ser uma tentativa de despistar.... – peguei a linha de raciocínio dele.

— Se o objetivo era só eliminar concorrência poderiam ter feito isso escondido, mas o assassinato tinha como principal objetivo ser descoberto e pelo próprio público do torneio.

— Uma tentativa de assustar, claro. O que a organização disse quanto a continuidade do torneio?

— Adiaram as semifinais claro, mas não pretendem cancelar em hipótese alguma. As apostas, patrocínios... muito dinheiro está envolvido para não  haver um vencedor.

— Típico. – ri baixo. – Já fizeram a autópsia no garoto?

— Está acontecendo neste exato momento. Pedi para verificarem se encontrarem qualquer tipo de mensagem assim como aconteceu nos outros corpos. – ele concluiu.

— Devo dizer Ryuuzaki... – encarei a câmera. – Esse tipo de mensagens, esse tipo de jogo é muito... digo... – suspirei.

— Sim, também me lembra um pouco o Beyond, mas nós sabemos que ele não tem nenhum envolvimento nisso. E tirando você eu não sei quem mais poderia ter problemas tão pessoais comigo. Tenho muitos inimigos é verdade e estou revendo e analisando todos eles em busca de uma conexão, por enquanto não consegui nada.

— E salvar os outros alunos é sua prioridade, certo?

— Exato.

— Neste caso eu tenho algo a sugerir.

— Sim?

— Leve Mello para ver o corpo e mostre fotos dos outros, o mais explicitas possíveis, principalmente os ferimentos.

— Por que sugere isso Ali?

— Simples... eu acho que se alguém pode reconhecer um trabalho da Unterwelt Spiele é ele. – cerrei os olhos. – Eu sei que você também já pensou nisso e talvez não queria que eles estejam envolvidos por causa do Mello, mas eu tenho grandes motivos para pensar que sim.

— Entendo, realmente eu pensei e comecei a investigar isso, no entanto não sei se devo colocar Mello numa situação dessas.

— Ele já vivenciou situações piores Ryuuzaki. E certamente ficará feliz por atender um pedido seu, se sentirá útil, não terá nenhum trauma para você se culpar.

— Certo, pensarei nisso cuidadosamente. E de acordo com o que for descoberto tomarei minha decisão. Apenas me diga uma coisa... Como tem tanta certeza que a Unterwelt está envolvida?

Aquela era a pergunta que eu não queria ouvir. Não era fácil nem para eu entender quanto mais explicar. Mas L não era o tipo de pessoa que ignoraria minhas suspeitas, mesmo que ele não acreditasse ele nunca negligenciaria nada muito menos vindo de mim. Ele era esse tipo de pessoa e eu o adorava por isso.

— Tudo bem se não vai me explicar, mas tem a ver com seu sumiço hoje?

— Sim, tudo a ver. Digamos que... eu encontrei uma pessoa que bom... – suspirei. – Cada pessoa é única no mundo, cada alma é de um jeito, tem sua própria forma e cor pra simplificar. Mas algumas coisas podem fazer elas se assemelharam, como relação de parentesco. Em termos práticos para você eu diria que a alma é como o DNA, único e ao mesmo tempo com resquícios de seus antepassados. Só que com a alma um fenômeno ainda mais interessante acontece. – imediatamente a imagem da tal mulher me veio a mente.

— Como uma áurea, estou entendendo.

— Sim, pode-se comparar a isso. No caso certo acontecimentos na vida podem ir modelando a alma de uma pessoa uma vez que ela, diferente de um DNA, está ligada a personalidade de cada indivíduo. Quando se trata de eventos traumáticos então...

— Por favor, chegue logo ao ponto está me deixando preocupado.

— Não sei se vai acreditar em mim mesmo, mas... Eu fui a Aoyama comprar equipamentos quando senti e encontrei... – me dei conta que mordia os lábios. – Encontrei alguém com a alma quase igual à do Mello. Era uma mulher, ela me deu um nome falso e estava disfarçada assim como eu, mas eu consegui colocar um rastreador nas coisas dela.

— Não devia fazer isso sem autorização, isso não é base para nenhuma suspeita Alice. – pude ouvir ele suspirar. – O que quer dizer com alma igual?

— Almas não tem forma ou cores comuns que eu possa descrever, mas pra facilitar a de Mello é uma das que mais muda, mais de adapta e vária de acordo com o que tiver enfrentando, por exemplo na época de provas. Mas não importa a aparência que tenha ele sempre tem uma parte... sombria, uma parte ruim, obscura por assim dizer ao redor, como uma camada que a envolve. Talvez por conta do seu passado, dependendo do que esteja lidando referente a isso pode ficar mais fina ou mais espessa. Desde que chegou aqui essa parte tem ficado mais evidente para mim. A questão é que essa mulher tinha essa camada idêntica a dele, as cores e formatos também eram muito parecidas...

— Você acha que ela pertence a Unterwelt?

— Talvez, mas se for o caso ela não devia ser alguém da organização, eu podia sentir que ela era alguém que sofreu nas mãos dele, eu podia sentir a raiva nela, claro que eu a estava irritando, mas tinha também um desejo de vingança e um ar de triunfo.

— Você pode dizer o que as pessoas estão sentindo olhando suas almas, é isso que está me dizendo?

— Sim, basta eu ver seus olhos uma vez. Por isso sei também quando estão mentindo.

— Sabe que eu nunca descarto nenhuma possibilidade e nunca vou dizer que você está mentindo quanto a isso, ao mesmo tempo não sei se posso acreditar em tudo o que me fala com relação a seus olhos.

— É eu entendo. E caso descubram o rastreador eu vou acatar as responsabilidades. Não se preocupe.

— Não, pelo contrário. Eu vou te dar um voto de confiança, seu julgamento é quase sempre certeiro. E acredito que seu estado hoje é melhor do que qualquer outra fase da sua vida. Então também tenho um pedido. – aquilo me pegou de supressa.

— Está bem.

— Vá agora mesmo ao hospital e veja as professoras na UTI, depois me relate tudo o que ver através das almas delas. – sorri de canto.

— Entendido L.


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Notas finais do capítulo

Desculpe não está respondendo os comentários, tá uma correria na faculdade e o tempo que tenho aproveito para escrever e postar os capítulos. Vou estar respondendo assim que possível.

Como disse no grupo a fic está rumando para o final. Talvez fique longa, com mais de 30 capítulos porque não pretendo fazer aquele esquema de 2 temporada. Pois Death Memories se trata de uma saga e eu quero trazer logo a parte dois dela para fechar o ciclo de Death Note referente aos meninos. (e aí quem saber fazer o spin off dos Sucessores, vamos ver né)

Até semana que vem. O/



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