Death Memories: Operação Marshall escrita por Nael


Capítulo 21
O Pequeno Gamer II


Notas iniciais do capítulo

I AM BAAACK!
Peço desculpas pela demora, ainda mais nessa parte do passado do Matt, num capítulo que é continuação... eu sei que devem ter ficado com muita ansiedade.

Acontece que eu tive muitos problemas e faculdade suga as energias de qualquer mortal.
Maaaas... finalmente consegui terminar esse capítulo, fazer a história andar e ter algumas ideias. Então, sei mais delongas...



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"O talento vence jogos, mas só o trabalho em equipe ganha campeonatos."
(Michael Jordan)

P.O.V Matt

— Ei! – só ouvi quando o travesseiro acertou meu rosto. – Tá surdo é? – Mello esbravejou.

— O que? Que diabos...

— Eu perguntei se vai ligar pra pedir comida ou não?

— Ah tá. – eu divaguei tanto que havia até me esquecido de onde estava. –Na verdade é melhor você ligar, eles sempre confundem um pouco quando eu peço em inglês. – falei pegando o cardápio que havia sobre a mesa de cabeceira afastando outros pensamentos.

— Certo. – Mello se levantou pegando o telefone sem fio na parede perto da cama e se sentou ao meu lado. – O que vai querer?

— O que tem aqui parecido com um hambúrguer? – levantei o cardápio encarando as letras japonesas. Mesmo agora eu não consigo me dar com seu idioma Kadoshi, me desculpe.

— Vejamos... – Mello se concentrou. – Aparamente nada, mas sabe... Gioza não é ruim, é quase um pastel. E.. Harumaki são bolinhos primaveras. São bem crocantes, você pode imaginar uma batata frita. 

Fiquei olhando para ele enquanto analisava o cardápio... Afinal, como Mello sabia tanto sobre a comida? Como sabia falar japonês?

— Tem pratos quentes também, como yakissoba e teppan. – ele praticamente tomou o cardápio da minha mão e ia apontando para os nomes.

— Yakissoba eu sei que é macarrão, o que é teppan? – perguntei.

— Peixe grelhado com uns legumes e goham e você pode escolher o peixe.

— Certo... goham né...

— Arroz, idiota! – ele falou bravo. – Caramba, você ia morrer de fome sem mim, não sabe nem pedi água.

— Japonês não é fácil! – me irritei, afinal pedir água Kadoshi tinha me ensinado muito bem.

— Russo e alemão também não, se você aprendeu pode pelo menos falar japonês direito e... – ele se calou, acho que lembrando que não estávamos sozinhos. – Foda-se, vou pedir o que eu quiser. – ele se levantou discando o número e começou a falar com a recepção.

— E você? – Mello se voltou para Paul. – Vai querer alguma coisa? – o homem o encarou um momento com os olhos cerrados.

— Um yakissoba. – Mello acenou com a cabeça e começou a falar de novo. Quando desligou Paul fecho o livro e pigarreou. – Então... Você fala bem japonês Arthur.

— E daí? – Mello deu de ombros.

— Dos três você é o que melhor fala.

— Você deve saber Paul, nossa escola é muito boa.

— Sim, eu sei. Mas só queria dizer que é impressionante como você se dá bem nesse país. – sua voz tomou um tom diferente do que a gente havia se acostumado. – Mesmo numa situação dessas... Vocês são crianças estranhas. – ele falou como se estivesse pensando alto.

— Aonde quer chegar? – interferi.

— Nada de mais. Eu só fiquei me questionando e me questionando o porquê dele os mandar aqui para ajudar e... Acho que estou começando a entender. Vocês se parecem com ele.

— O que? – fiquei meio sem reação.

— Trabalho com o Diretor tem um tempo, ajudei em outro assunto também então... Quando olho para vocês, quando falo com vocês... É assustadoramente parecido com ele.

Ficamos olhando para o homem em silêncio até que ele pegou o livro de volta e se pôs a ler. Me virei para Mello que cerrou as sobrancelhas e se jogou na cama cobrindo o rosto com os braços, mas pude jurar que vi ele sorri de canto.

Eu nunca havia parado para me analisar em comparação ao L, mas certamente Mello e Near me faziam lembrar dele, mesmo que eu nunca o tenha visto, mesmo que eu tenha falado poucas vezes com ele. Acontece que graças a L eu não enlouqueci completamente.

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— L? – perguntei encarando o monitor. Estava numa sala do hospital onde havia sido levado. Meu estado era ótimo, não tive mais que arranhões, mas meu psicológico certamente devia estar um caco a ponto de colocarem o L para falar comigo.

— Sim, pode me chamar por esse nome. – ele falava um russo perfeito. – Quer nos dizer agora seu nome?

— E vocês já não sabem? – encarei a policial e o homem encapuzado que também estavam na sala.

— Mas assim não seria uma apresentação.

— Mail Jeevas. – falei sem paciência. – O que querem comigo?

— Eu sei que é difícil, Mail, sei que já contou o que houve naquela noite a outros policiais, mas eu gostaria de pedi...

— Nossa mansão foi invadida, primeiro a ala oeste explodiu, minha governanta que estava tentando me tirar da casa me guiou pelo lado oposto, mas acho que seu plano com Adam deu errado e acabamos encurralados. Nos escondemos no celeiro onde ela se usou de isca para que eu pudesse correr até onde devia ter combinado com Adam para me encontrar. No deque da piscina eu fui atacado, mas Adam me salvou, nisso acabou baleado. Ainda sim me levou até o duto de ar onde só eu coube. Cheguei na garagem, peguei o Jeep Grand Cherokee que tinha um sistema de navegação e direção próprio e assim sai da propriedade. – falei de uma vez a minha fala já quase decorada de tanto contar. – Não vi nenhum dos invasores, todos estavam armados e usavam mascaras escuras no rosto.

— Mail... – L começou. – Agora quero que me fale o que houve. – cerrei as sobrancelhas. – E tudo mais que tiver vontade de dizer. – a voz distorcida chegou até mim quase num sussurro. Me mantive quieto olhando para as minhas mão sobre a mesa. – Watari. – o homem do lado direito do notebook colocou algo sobre a mesa. – Encontramos esse radio junto ao carro que você estava, por favor escute a mensagem gravada.

Com as mãos tremulas peguei o aparelho e apertei o play.

Kadoshi, estou quase lá.— ouvi a voz de Adam.

Certo, o bocchan está a caminho. Eu vou distraí-los e quando ele estiver a salvo explodir tudo por aqui. – houve um chiado.

Droga... Ok, entendi. O meu carro já era, mas vou chegar lá a tempo.

Certo, temos que garantir que ele saia a tempo.

Não se preocupe, o jeep está preparado caso algo aconteça comigo. – mais chidos, dessa vez reconheci o som dos disparos. – Kadoshi!

Kuso!— ela gritou.

O que houve?

Eu já era.— ouvi um gemido. – Ele chegou no deque?

Quase lá e parece que não é o único. Vai ser melhor atirar daqui mesmo do telhado.

Certo, então vou usar a granada. Faça-me um favor Adam... Diga ao Mail que eu sinto muito por não cumprir minha promessa e que quero que ele viva.

Fale você mesma. – ouvi o sinal de gravando. – Ele caiu na piscina tenho que atirar!

Certo, então... Bocchan, gomenasai, honma ni suki ya de. Arigatougozaimashita. Ja nee.¹ — houve um último chiado seguido por um som agudo vindo da explosão e então tudo ficou em silêncio.

— Eu.... – finalmente depois de três dias eu consegui chorar e chorei como nunca havia feito, sentia a respiração me faltar, soluçava e tossia ao mesmo tempo, não conseguia enxergar nada e mal ouvia a voz da policial que tentava me consolar. – Boku wa.... ashiteru...

— Mail? – L chamou, acho que deveria ter se passado vários minutos.

— Ela sempre... – comecei ainda tentando controlar os soluços. – Sempre dizia essas coisas. Ela... era de Kyoto então...

— Ah sim, entendo. 

— Eu sempre tentei aprender, m-mas.... – limpei os olhos tentando acertar minha visão.  – Minha mãe... meus tutores... Por que L? POR QUE!?

— Eu ainda não sei...

— POR QUE ELES MORRERAM? – quando me dei conta estava de pé gritando com a tela do notebook. – Como puderam... minha mãe... como puderam me abandonar assim!? – desabei novamente em prantos. – Eu só... só queria...

— Pode me dizer, pode dizer qualquer coisa Mail.

— Eu só queria que tivesse sido mais um jogo, como sempre. – falei voltando a me sentar sentindo os olhos ardendo. – Mas quando o carro bateu e eu tirei os óculos, ninguém estava lá. Ninguém mais... nada...

— Eu sou um detetive Mail, estou trabalhando com a polícia nisso. Até onde sei se trata de uma máfia que desejavam a fortuna da sua família. Por isso eu pedi que noticiassem que não houve sobreviventes.

— Quer dizer... Que eu estou morto?

— Para a maioria sim, entretanto essa é uma medida de segurança, afinal você é o único herdeiro agora.

— Herdeiro do que? Eles roubaram tudo de mim. TUDO!

— Eu sei, mas prefiro não arriscar sua vida depois dos esforços dos seus guardiões. O que me leva a outro assunto... O seu pai.

— Quem? – falei realmente como se não entendesse a palavra ou soubesse de quem se tratava.

— Você realmente não sabe nada sobre ele?

— Não, minha mãe diz que ele... – parei e corrigi o tempo verbal. – Dizia que eles haviam se separado antes de eu nascer e que ele foi morar longe, mas eu sei que no fim ele nos abandonou então não faz nenhuma diferença pra mim.

— Entendo, mas a parti de agora ele deve ser avisado. Então se puder nos dar qualquer informação eu agradeceria.

— Seu eu de ter informações você vai encontrá-lo?

— Certamente.

— E com isso eu teria que ir com ele, certo? Ir morar com ele? Ou até mesmo dar o dinheiro da minha mãe pra ele?

— Mail...

— NÃO! Eu prefiro morrer naquela mansão do que vê-la nas mãos de alguém que pode deixar minha mãe sozinha quando ela precisou.

— Você sabe que se não houver nenhum parente próximo seu único destino é um orfanato, certp?

— Eu não ligo. – assoei o nariz na manga. – Eu só quero que as pessoas que fizeram isso paguem caro.

— Mail eu não posso fazer muita coisa sobre sua situação já que não quer me dizer nada, mas quanto a isso eu asseguro que encontrarei tomarei todas as providencias e farei justiça a você.

Encarei aquela letra inerte no notebook pela primeira vez com atenção, consegui ver meu reflexo na tela, eu estava um horror, mas minha expressão se tranquilizou.

— Eu... Obrigado L.

— Bom, é melhor você descansar. Foi demais para um dia. Amanhã nos encontraremos de novo, espero que agora siga os tratamentos direito e desejo de verdade uma boa noite de sono. Quando estiver melhor vamos discutir novamente sobre seu pai.

— Eu já disse que não quero.

— Então nesse caso discutiremos sobre ser colocado em um orfanato para adoção. – engoli a seco. – O que me lembra...  Quais seu melhor idioma depois do russo?

— Inglês e alemão, talvez francês.

— Entendo... bom, é isso. Nos veremos novamente Mail.

Porém não voltei a falar mais do que alguns detalhes do caso com L, logo seria mandando para um orfanato na Alemanha onde continuaria meus tratamentos psicológicos que segundo os dados do computador que hackei não estava indo tão bem. Então comecei a analisar a situação e enganar as psicólogas, contudo os pesadelos e lembranças continuaram me atormentando e atormentando.

E é aí que tudo começa, ou melhor, termina. Pois somente depois de ir para o orfanato na Alemanha eu consegui restaurar meu equilibro, mesmo de que de um jeito bizarro, pois foi nesse lugar que eu conheci Lisa e Mello, mais importante ainda, foi nesse lugar que eu dei a maior surra nele de modo que ele arquitetou a sua melhor vingança contra mim e no meio de toda essa briga nós viramos melhores amigos.

P.O.V. Mello

Depois que nossas comidas chegaram e todos havíamos terminados Near finalmente deu as caras. Entrou acompanhado por Alfred e com vários curativos e bandagens. Um exagero. Com isso deu-se por encerrada a vigilância ferrenha de Paul, mas não foi lá grande coisa, trocar aquele brutamontes chato por um albino igualmente insuportável. Me joguei na cama devorando um tablete de chocolate que havia comprado escondido.

— Você está bem mesmo? – Matt perguntou de sua própria cama olhando enquanto Near arrumava seu uniforme.

— Sim.

Ficamos todos em silêncio, Matt me olhou brevemente e quando viu que eu não daria o braço a torcer e que sua curiosidade era grande demais falou:

— Tá bom, já chega! O que diabos aconteceu lá? Você disse que atacou o cara. – Near parou e olhou para nós. – Não fode comigo, o que você fez e o que conseguiu do cara, albino?

— Ah! Isso? – Near manteve-se calmo e falou com mais indiferença que o normal. – Eu apenas o provoquei com palavras. Quer dizer... ele estava realmente passando mal e eu tentei ajuda-lo, mas ele recusou a ajuda então eu comecei a deduzir o que havia por trás disso até irritá-lo. – ele voltou a mexer nas suas roupas.

— E? – foi minha vez de falar já impaciente. – Quer mesmo que eu engula que você levou essa surra sem conseguir nada do moleque? – quando me dei conta estava de pé e já tinha ultrapassado a cama de Matt que ficava entre as nossas.

— Bom... – ele começou. – Não sei se posso dizer que consegui algo além de hematomas, entretanto uma coisa é certa. – ele finalmente nos achou dignos de atenção e olhou pra nossa cara. – Esses alunos são controlados pelos professores, aliás, me parece que são coagidos, intimidados. Não me surpreenderia se estiverem sendo manipulados pela escola apenas para obter dinheiro.

— Espera aí... – Matt falou. – Mas isso nem é estranho. Se pararmos para analisar escolas de elite fazem mesmo isso. – me virei para ele. – Para obter nome, resultados, prestigio, prêmios e tudo mais, essas escolas particulares pressionam os alunos, coagem, manipulam e fazem de tudo para ficar no topo sem se importar com bem estar deles. – ele cruzou os braços. – Até aí não vejo nada demais, afinal as melhores escolas estão aqui e é de se esperar que os professores desses lugares sejam apenas marionetes ou carrascos.

— Faz sentido. – Near começou a enrolar uma mecha da peruca.

— Mas e os assassinatos? – Matt abaixou a voz. – Se os alunos serviam só de instrumentos para ganhar fama e dinheiro por que matá-los? Não faz sentido. Mesmo que eles soubessem das tramoias ainda eram peças valiosas, ainda podiam ganhar usando eles.

— Johnny... – suspirei. – Você não tá entendendo ou não quer aceitar? – Near pareceu reagir a esse comentário. – É exatamente como você disse, eram peças valiosas ou no mínimo importantes o suficiente para fazê-las durar um pouco mais nessa partida de xadrez. Então o que nos resta...

— O que!? – ele se levantou. – Você... – ele olhava de mim para Near com uma cara de assustado. – Vocês estão dizendo... Que outra escola está matando os campeões?

— Se o Herstmore é um lado do tabuleiro e não está deliberadamente sacrificando suas peças, a resposta óbvia é de que o lado oposto as está derrubando. – terminei.

— Mas então… Se nós vencermos… – os olhos de Matt perderam qualquer brilho, luz, ficaram completamente opacos e eu podia sentir, podia ver por experiência própria o medo se apoderando dele.

— Você sabia que seriamos iscas, certo? E aceitou vim. Me pergunto se você achou que nossos problemas só seriam com a Herstmore e contanto que ficasse longe dela estaria a salvo... foi isso não foi, Johnny? Você presumiu que os culpados fossem eles e só seriamos subornados ou chantageados para perder, é isso? – Near falou num tom de desdém que me fez olhar furioso para ele. – Arthur também te obrigou a vim com ele, não é? Ah, que aborrecimento. Isso vai ser bem complicado agora.

— Mas... Me responda Johnny já que estou muito intrigado. – ele passou por mim e ficou perto de Matt que mantinha a cabeça baixa. – Como você consegue ser inteligente o suficiente para estar no nosso colégio, esperto o bastante para vencer os jogos e deduzir a condição dos alunos da Herstmore, mas não se dá conta da marionete que é?

— Near! – falei mais alto do que devia o puxando pela gola. – Seu cretino desgraçado! Eu só não vou terminar de quebrar essa sua cara patética porque temos um jogo amanhã, mas eu juro que se você não calar essa sua maldita boca nem isso vai me impedir. – rosnei controlando toda minha vontade de acabar com ele ali. – Você.... Você não sabe de nada, você não entende porra nenhuma. – o joguei no chão aos pés de Matt antes que acabasse perdendo o controle. – Você é que manipula fantoches... – minha respiração já estava pesada, eu estava perdendo o bom senso, me esquecendo de onde estava e por que estava ali. – Seu... seu... seu traidor maldito! – gritei perdendo a paciência e sai do quarto batendo a porta sob falatório de Karen que saiu na mesma hora, certamente vigiando pro caso disso acontecer.

P.O.V. Near

Eu sabia que não devia provocar Mello, mas como eu já havia ultrapassado vários limites eu resolvi arriscar e claro que as coisas aconteceram da pior forma possível, ainda sim ele se controlou muito bem. Realmente, se eu apanhasse de novo estaria com problemas. Então esperei ele se retirar do quarto e me levantei com um pouco de falta de ar.

— Por que... Por que você disse essas coisas? – Matt perguntou ainda estatico e de cabeça baixa.

— Você me ajudou com minha crise de asma então eu resolvi ajudá-lo também, não gosto de ficar em dívida com as pessoas.

— Entendi. – ele ergueu o rosto. – Mas eu não sou um fantoche. Eu demorei pra assimilar o que tudo isso significa, o que realmente há por trás dessa competição, mas... Eu não sou um fantoche.

— Claro, claro. Me perdoe por isso. – caminhei em direção a minha cama, não discutiria mais sobre aquilo, até porque é inútil tentar convencer uma pessoa assim de sua condição.

— Não me trate como idiota!  – ele continuou. – Eu não sou um fantoche, Mello não me manipula, nós somos amigos. E amizade significa ajudar um ao outro, acreditar um no outro mesmo que não entenda a situação, mesmo que discorde, mesmo que saiba que pode ser algo errado, algo ruim. Ter um amigo é ser leal a ele. Claro que você não entende nada disso e eu realmente não ligo para seu modo de viver ou pensar, mas não fique tirando suas conclusões vazias, não sabe do que está falando.

— Você quer que eu fale francamente? – ele acenou com a cabeça positivamente. – Que belo cãozinho adestrado você é, Matt. – sussurrei. – Acontece que eu não disse que vocês não são amigos, mas a própria amizade em si me soa como um jogo de interesses e brincadeira de fantoches e obviamente ele ganha de você no controle. É por isso que eu não sou sentimentalista e emotivo.

Ele parou um momento me encarando com a expressão um pouco surpresa e então após acalmar seu semblante esboçou um leve sorriso e retrucou:

— Que pensamento horrível, não é à toa que você não tem pais. – ele deu um passo para trás se sentando na cama novamente e puxando as cobertas. – Afinal, quem iria querer uma criança malcriada assim? – cerrei os olhos e ele pareceu se divertir. – De qualquer forma que bom que resolvemos isso, assim eu sei que também posso falar francamente com você sem me importar com sua reação. Nisso eu realmente acho você mais legal que o Mello. Bom, amanhã temos outro jogo e você está todo ferido então vamos dormir.

— Sim, até porque pelo estado como saiu Arthur não vai dormir tão cedo e com o fuso horário vai ficar cansada amanhã. – comentei entrando debaixo das cobertas.

— Exato. Ah e a propósito eu não cobro favores então me chame se começar a se sentir mal e tudo mais. E se realmente se achar em dívida comigo depois, pode me dar suas sobremesas do jantar e já será o bastante. Boa noite, Charles.

Fiquei calado enquanto ele desligava as luzes, nunca havia visto Matt desse jeito, não sabia se estava me testando, me pressionando ou mesmo se divertindo com a situação. Matt sempre foi uma incógnita perfeita, uma interrogação infinita, alguém tão estranhamente desleixado e indiferente e ao mesmo tempo eu sabia que ele poderia ser minha destruição, pois essa sua amizade com Mello não o torna apenas uma marionete ou um peão único, o faz o soldado perfeito.

Quando isso começou era apenas uma brincadeira minha, apenas uma diversão, um jeito de acabar com o tédio, mas eu cometi o erro de subestimar Mello e quando me dei conta havia declarado uma guerra e por isso nunca mais subestimarei ele e, portanto, não posso desviar atenção de Matt, não posso abaixar a guarda para ele. Afinal, eu melhor do que ninguém sei como as aparências podem enganar.


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Notas finais do capítulo

¹"Jovem Mestre, me desculpe, eu te amo. Obrigada por tudo. Até mais."
O eu te amo que ela fala é típico de Kyoto.

Oh capítulo que deu trabalho, mas espero que tenham gostado. Só pra finalizar as tretas do Matt. E acho que finalmente peguei um pouco do jeito de escrever POV do Near, só não garanto que vai ser frequente pq sei que ainda não tá no ponto.

Enfim, na correria. Me avisem se virem quaisquer erros e até a próxima.



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