Death Memories: Operação Marshall escrita por Nael


Capítulo 16
As Peças Se Movem


Notas iniciais do capítulo

Só uma coisa a declarar: Preparem suas mentes! Tudo vai mudar...



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“Vejo a vida, como um tabuleiro de xadrez, onde o movimento sútil de uma peça pode mudar o destino de todas as outras.”
(Murilo Moliterno Muryllomv )

P.O.V. Mello

Eu queria morrer. Essa era a verdade. Eu queria sair correndo, berrando, amaldiçoando qualquer um e todos. E principalmente eu queria me bater até sangrar e sangrar até morrer. Como pude fazer isso? Como pude contar a ele? Por que diabos eu me apeguei ao moleque mais insuportável depois de Near no mundo? E agora não só Matt demonstrou clara pena de mim como eu também ousei me deixar levar. Burro!

Não é que eu não esteja reconhecendo o valor de uma amizade, que eu não entenda o valor do amor e tudo mais. Só que é um fato: isso é uma fraqueza! Entenda, as pessoas que lhe são importantes são também os primeiros alvos. Se não fosse meu amor pela Mellody eu não teria acabado na Unter e com isso ela não teria morrido e eu não teria sofrido. Se não fosse minha afeição pela Lisa eu não teria me entendido com Matt e agora não estaria nessa situação.

Não me arrependo, porém de nenhum sentimento ou emoção que já senti. Mas que eles também trazem desvantagens claras não há como contestar. E agora sabendo de parte da história Matt pode acabar se afundando demais na minha escuridão e se isso acontecer eu não sei o que farei. Pois afinal ele é um grande hacker, uma mente brilhantemente exata e um aliado perfeito contra o Near. Somos amigos, claro. Quero o bem dele, óbvio. Nos conhecemos muito antes dessa disputa com o Near começar, mas convenhamos que ele é minha peça mais perfeita no jogo.

– Espera aí. – Matt falou ainda mexendo no notebook e me tirando de tais pensamentos.

– O que foi? – me aproximei dele e vi que a tela fora divida em várias passando imagens das câmeras de segurança.

– Olha isso. – ele apontou para um dando zoom. – Suspeito é pouco.

Uma figura provavelmente feminina usava roupas escuras que cobriam seu corpo, um chapéu decorado na tentativa de esconder o rosto e entrou no elevador.

– Como passou pela recepção? Só há jogadores nesse hotel... – ele comentou e então se deteve me encarando espantado.

– Exatamente. – falei já me erguendo. – Pode parar os elevadores? – perguntei num tom de alerta.

– Não, só na sala de máquinas e... – ela voltou a encarar a tela. – Não há mais tempo. – ele virou o aparelho. – Mello... – a figura já havia saído do elevador e andava pelo corredor, não demorou para reconhecer o vaso com flores roxas, havia passado por ele diversas vezes nesses poucos dias. – Você lembrou de trancar a porta do quarto?

— Claro. – respondi, mas a dúvida começou a bater.

— Então vamos ficar calmo. Near está apagado, mesmo que bata na porta no máximo vai chamar atenção dos professores. – a suposta mulher girou a maçaneta sem resultados, então eu havia mesmo trancado.

Suspirei aliviado sem saber exatamente pelo que, mas então de dentro do sobretudo ela puxou algumas coisas e começou a arrombar a porta.

— Mas que porra é essa?

— Merda! – berrei saindo em disparada para chamar o elevador. – Se esse maldito morrer a culpa vai ser nossa. – pude sentir Matt ao meu encalço que pulou pra dentro do elevador no último minuto.

— Merda digo eu, o que nós dois podemos fazer se essa pessoa quiser nos matar? – mesmo com a peruca Matt tinha aquela expressão de pânico e indignação que faziam seus cabelos arderem em chamas. Apenas o encarei de volta, não tinha resposta para sua pergunta.

P.O.V Jade

Desci do carro de Seidler que acelerou em disparada. Cagão! Covarde maldito esse homem. Revirei os olhos e segui para dentro do hotel. O lugar era bem chique, com segurança, câmeras, lustre e todas essas baboseiras. No balcão da recepção o cara provavelmente já comprado me deu todas as informações assim que cheguei. Claro que apertar um pouco os seios e morder os lábios ajudou.

Peguei o elevador para o terceiro andar como Seidler havia dito. Caminhei pelo corredor até achar o quarto em questão, o B-8. Tentei a porta, mas estava trancada, claro. Pensei um instante… Arrombar ou não arrombar? Ah! É mesmo, não podia matá-lo… Ainda. Suspirei pesadamente e então bati à porta madeira.

— Quem é? – a voz perguntou em japonês e quase que não reconhecia mais o timbre de quem as pronunciaram, fazia mesmo tanto tempo...

— Serviço especial. – falei um pouco manhosa e então a porta se abriu.

— Eu não pedi... – o homem parou de falar a me ver. – Ja-Jade?

— Há quanto tempo Dimitri. – comecei a desamarrar o sobretudo falando em inglês. – É mesmo, fiquei sabendo que agora é alguém quase importante.... – ri perante sua cara pasma, terminei de abri a roupa revelando a lingerie – Não vai me convidar para entrar, Obata-sensei? – ironizei o nome passando pelo batente da porta.

P.O.V. Matt

A porta do elevador se abri. O corredor estava vazio e o silêncio pairou sobre nós. Se tal pessoa era o assassino não teríamos muita chance, além disso, Near que já é por natureza um alvo fácil apagado então é um prato cheio.

— Parece que a porta está fechada. – Mello falou baixo encarando nosso quarto. – Passe direito e vá até o dos professores. Ainda tá com a chave, certo?

— Mas hein? – tirei minha expressão de medo da cara. – Você vai entrar lá? Tá maluco?

— Faça logo o que eu disse. – ele começou a caminhar pelo corredor. Dei alguns passos e agarrei seu pulso.

— Como exatamente você pretende evitar um assassino armado, seu idiota. Você não pode fazer nada, não sabe nem brigar.

— Eu posso gritar. E se você obedecer e chamar os professores não vai dar problema, anda logo.

E sem me dar mais oportunidade de argumentar ele puxou o punho e saiu em disparada. Parou na porta do quarto, então passei rápido por ele indo para a porta do lado. Antes de começar a bater o vi abrindo uma fresta.

Me concentrei na minha tarefa. Bati uma, duas, três vezes e nada. Temi bater muito forte e ser ouvido. Me virei para Mello que abriu a porta o suficiente para entrar. Dava pra ver que a luz dentro do quarto estava acessa. Sem obter respostas me desesperei e peguei a cópia da chave do quarto que cada um de nós havia recebido.

Destranquei rápido e entrei de uma vez caçando o interruptor. Acendi a luz já alarmado e não poderia haver cena pior. O quarto estava completamente vazio, as camas arrumadas. Sem raciocinar muito corri pra fora batendo a porta ao passar e rumei pro nosso quarto com medo de já ser tarde demais.

Sem nenhum tipo de arma passei pela porta abrindo-a de uma vez e entrei no quarto iluminado.

— Mello! – gritei por puro instinto.

Ele estava no meio do quarto onde ficava o sofá, a poltrona e a mesa de centro. De um lado da mesinha ele, do outro a figura agora sem o chapéu deixando evidente os cabelos castanhos escuro levemente cacheados que reconheci na hora.

— Alice? – falei baixo completamente confuso, a moça me encarou com seus olhos âmbar. Me voltei pra Mello que tinha as sobrancelhas cerradas. – Mas… Mas o que está acontecendo aqui?

— Matt... – ele falou baixo. – E os professores? – perguntou sem desviar o olhar.

— Não estão no quarto. – respondi prontamente.

— Ótimo, tranque a porta, apague as luzes não deixe vestígios de que passou por lá.

— Mas... – me virei para Alice. – O que você está fazendo aqui?

— Bom, sobre isso... – ela tirou o sobretudo o jogando em qualquer lugar do chão e se acomodando na poltrona. – É uma longa, longa história então eu vou esperar que você volta e o Charles acorde para que eu possa explicar a situação.

— Tsc! – Mello estava visivelmente irritado e para evitar caos ainda maior me apressei em cumprir o que ele havia me pedido.

Estava saindo pela porta quando Alice voltou a falar.

— Ah e Johnny... – me virei levando um pouco de susto. – Não se hackeia asiáticos. – ela piscou um dos olhos bastante tranquila.

Devo dizer que se não fosse Alice ali eu ficaria preocupado de deixar alguém sozinho com Mello quando este o estava fitando com claras intenções homicidas. Mas era Alice e não sei por que, mas isso não parecia se aplicar a ela. Nada parecia se aplicar muito a ela. Era quase como se eu sentisse que ela poderia fazer qualquer coisa e por um momento, caminhando no corredor fechando novamente o quarto dos professores eu suspirei um pouco aliviado.

Assim como Kadoshi, estava claro que Alice me fazia sentir seguro. Não os cigarros, isso mesmo… Nunca os cigarros, foi ela o tempo todo e nossas conversas de viciados. Alice com toda sua loucura e atitudes erradas transparecia a mais pura paz. Então... Por que Mello a olhava com tanta raiva? L provavelmente a mandou ali, mas com qual objetivo?

P.O.V. Mello

— Continue! – falei baixo, mas no meu melhor tom exigente.

— Bom, é como disse. L suspeita que a Unterwelt Spiele possa estar aqui ou até mesmo envolvidos diretamente com o caso. – Alice falou logo depois que Matt saiu. – Então me mandou para ser um olho extra. – a calma dela só me irritava mais a cada minuto.

Eu queria quebrar a jarra de água que havia sobre a mesa de centro na cabeça dela. Eu não só estava pasmo dela saber sobre isso, mas também desconfiava que ela sabia sobre meu passado. E no meio dessa confusão não sabia exatamente se detestava ela ou apenas queria descontar meu ódio e pânico ao saber que aqueles malditos poderiam estar envolvidos.

— O que diabos é Unterwelt Spiele? – me fiz de desentendido.

— É uma organização muito poderosa. Explicarei melhor isso, mas devo contar aos três... – ela fitou Near. – o que agora vejo será um problema. – ela suspirou. – Droga, eu até me livrei dos professores.

— Foi você? – Matt apareceu na porta, passou para o lado de dentro e trancou.

— Sim, o Diretor... – ela fez aspas com os dedos. – não quer que eles saibam, não se pode confiar em muitas pessoas por aqui. – ela se levantou e andou até a cama onde Near estava deitado. – Vocês pegaram pesado. – ela segurou o braço dele no alto e então soltou de uma vez.

— Alice. – tentei manter minha voz calma. – Não é hora de brincar, diz logo o que ele te mandou fazer aqui.

— Concordo. – ela se virou para nós com um olhar sério. – Não se pode brincar com assassinos a solta. Tudo bem que o Diretor me ajudou a entrar aqui, mas francamente a segurança não é perfeita. E sabendo disso, tendo plena ciência de que o assassino mata crianças que participaram de torneios vocês deixam o Charles sozinho no quarto dopado.

— Dopado, lucido… Não faz muita diferença. – comecei a elevar a voz já cansado do sermão.

— Claro que faz toda a diferença. Caso contrário vocês não teriam vindo correndo. – ela ousou rir. – Se ele acabasse morto... – seus olhos se tornaram sombrios e, ao mesmo tempo, travessos. – O que será que o Diretor faria com você, hein Arthur? – trinquei os dentes.

— Será que dá pra ir direito ao assunto? – Matt interveio.

— Não. Preciso contar tudo aos três e como Charles está apagado falarei tudo depois. – ela rumou para a porta. – Estou me passando por membro da imprensa, na van do canal 17, como filha do cinegrafista. Me chamem de Angelin. Não se aproximem desnecessariamente. – e assim, tal como chegou, Alice saiu sem qualquer cerimônia.

Enquanto isso, em outro hotel

— Que decepção, você é mais broxante do que pensei. – a garota seminua de olhos violetas murmurou sentada na beirada da cama enquanto calçava os sapatos. – Sinceramente pensei que teria que fazer bem mais. – Jade continuou. – É uma pena não ter precisado de nenhuma tortura seria.

— O que você... – Obata que estava algemado pelas mãos na cama de metal falou baixo. Um filete de sangue escorria de sua boca, um olho estava completamente roxo, pelos braços havia cortes e no restante do corpo nu alguns hematomas. – Seidler te mandou, não foi? – ele estava visivelmente drogado, mas ainda sim consciente.

— Não te interessa. – ela andou até a mesa do quarto vestindo o sutiã. – E caso seja procurado por qualquer outro… – ela tirou uma adaga do sobretudo que estava jogado e acariciou a lâmina. – Eu voltarei a te encontrar e garanto que não será nada agradável.

— Sua vadia. – ele gritou. – Você acha que é especial? Você acha que é importante? Você é igual a qualquer outro maldito naquele lugar! Você não é diferente de mim. – a adaga passou zunindo perto da sua cabeça.

— Não, eu sou muito pior do que todos vocês juntos. – ela rosnou. – E foi você que não resistiu a um par de seios, seu estuprador desgraçado. – ela vestiu o sobretudo, mas não o amarrou. – O único motivo de estar vivo é porque não tem nada contra a Unter e é, pelo menos, esperto o bastante para ficar calado.

— A que ponto chega o desespero não é? – ele provocou uma última vez. Pro Seidler querer tal informação vocês devem estar no fundo do poço, a um passo de se afogarem. – Jade o encarou prendendo os cabelos negros em um rabo de cabalo. – Mas não vai adiantar.

— Já chega. – ela foi até a cama onde pegou caído no chão um objeto parecido com um alicate, porém bem maior e com um orifício no meio. – Você me irritou além da conta. – ela voltou a subir na cama, abriu o aparelho e então segurando os joelhos do homem separou suas pernas. – Já que não posso te matar… – um sorriso se formou em seus lábios e o pânico tomou conta do homem.

— Não! Não faça isso! – ela se abaixou encaixando o objeto desenvolvido exatamente para amputar genitálias masculinas. – Jade! Eu imploro. – ela ergueu um pouco o olhar.

— Implore mais.

— Eu... Eu... Não faça isso, você sabe que não estou fazendo nada de errado, eu sai da Unter...

— E criou uma academia de jogos para continuar comendo criancinhas. – ela cerrou os olhos. – Você me dá náuseas.

— Eu prometo que não farei mais isso! Por favor!

— Ora, então se é assim não vai dar falta do seu amiguinho aqui. – ela apertou o aparelho.

— Não. Eu sei como! Eu sei como ajudar! – ele voltou a gritar. – Existe alguém como ele. Existe... Alguém que pode tirar vocês do buraco.

— O que? – Jade parou o que estava fazendo e olhou diretamente para os olhos já com lágrimas do homem. – Como ele?

— Sim. Existe um garoto excepcional como ele.

— É só mais um torneio cheio de nerds. – ela fez pouco caso.

— Não, não se trata disso. – a voz de Obata voltou ao normal, parecia completamente imerso em uma lembrança. – O seu modo de jogar, de atacar e recuar, de pensar... Cada mínimo detalhe forçando nosso empate.

— De quem está falando?

— Até mesmo seu jeito de segurar e posicionar as peças de Go... – o homem parecia não notar mais Jade. – È extremamente parecido com aqueles jogos que assisti dele. – o homem voltou a erguer o olhar para a moça. – Existe alguém que pode ser tão bom quanto ele. Um garoto com quem joguei Go e está participando do torneio de xadrez.

Jade se moveu um pouco sob a cama firmando os joelhos e encarando as órbes do homem.

— Da Inglaterra se não me engano. Se o recrutarem certamente vocês voltarão ao topo, esse garoto joga muito bem, exatamente como o Mi....

A voz de Obata parou de repente devido a faca pequena, porém afiada que atingiu seu pescoço. O sangue o fez engasgar e tossir. Jade afastou-se imediatamente para não se sujar pondo-se de pé ao lado da cama enquanto assistia o homem se debater e o líquido vermelho escorrer por todo seu corpo.

Ela o encarou com uma expressão de raiva e medo falando pausadamente e ofegante.

— Não... existe.... ninguém que jogue como Mike!

Duas horas depois uma das camareiras encontrou o corpo nu e ensanguentado do homem. No quarto nenhuma pista, nenhuma digital, nenhum vestígio do assassino. Em algum lugar, já distante da cena do crime a moça de olhos violetas presa a uma cadeira de metal só conseguia pensar em uma coisa mesmo sendo espancada: Mike… Que moleque mais idiota!


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Notas finais do capítulo

QUE FEIO, HEIN!
Pensaram mal da Jade e a guria nem tava no hotel dos meninos, tsc, tsc, tsc....
Não avisei no capítulo passado, maas...
Na one 'Vácuo'... conhecem alguém, lembram do nome de um personagem do cap 15 que tá perdido por lá? hehehe Feliz por finalmente terminar as mensagens subliminares dessa oneshot. O/
Se quiserem ler, aqui o link: https://fanfiction.com.br/historia/587835/Vacuo/
Ela ficou em terceiro lugar o prêmio de melhor oneshot pela page WFiction, é um dos meus xodós ^^

Betado pela linda Moonlight.



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