-Isa? O que aconteceu?

Dei um grito de felicidade antes de me atirar nos braços de Alex. Minhas lágrimas desesperadas se transformaram em lágrimas aliviadas. Demorei muito tempo pra me lembrar da sutura no peito dele.

-Ah, meu Deus, me desculpa, Alex! Seu peito...
-Fica tranquila, meu amor... -Ele pegou uma das minhas mãos que estavam em seu rosto e a guiou até onde eu me lembrava que a sutura ficava. Não tinha nadinha de nada, nem a cicatriz.
-Você se curou...
-Graças a você.
-É, eu acho... -Enxuguei as lágrimas do meu rosto. Eu não queria mais chorar.- Eu tive que fazer alguma coisa pra te salvar. Você pode imaginar o que eu faria sem você por perto? Como eu ficaria sem você?
-Não vai se livrar de mim tão fácil, Srta. Pasquali... -Alex abriu aquele sorriso lindo que eu adorava ver. Meu coração estava restaurado, mais aliviado.
-É o que eu espero...

De repente, Alex se levantou, como se não tivesse acontecido nada, e sentou de frente pra mim. Colocou as mãos no meu ombro (e eu quase ri quando o toque dele me fez estremecer) e chegou o rosto perto de mim. Eu quase achei que ele ia me beijar, mas ele me surpreendeu quando encostou o rosto dele no meu peito, perto do meu coração.

-Ah... -Alex suspirou e eu pude sentir que ele estava sorrindo- Eu tô ouvindo o seu coração... -Eu comecei a rir baixinho. Era a mesma coisa que eu tinha dito a ele a menos de 24 horas atrás- Ele tá batendo... Tão forte...
-Não posso dizer o mesmo... Seu coração é que tá batendo forte... -Pior que era verdade. Nem precisava chegar perto pra ouvir: o coração do Alex batia alto- O meu parece que tá tão fora de ritmo... Tão fraco...
-Será que isso vai fazer seu coração bater mais forte? -Foi aí que Alex me beijou. Foi como se ele nunca tivesse me beijado antes. E como sempre acontecia, minha respiração aumentava de ritmo, minhas mãos seguiam sozinhas pelo corpo do Alex, meu corpo colava no dele, como se ele tivesse força gravitacional pra me puxar. Era impossível eu ser separada dele agora. E aí, do nada, ele parou o beijo e me olhou, divertido- E então, como tá o coração?
-Me diga você, ouve ele melhor do que eu... -Ofeguei.

Alex riu e encostou o ouvido dele no meu peito de novo e senti ele sorrindo de novo.

-Agora sim, ele tá batendo forte...
-Também, o que você queria? -Bufei, ainda tentando me acalmar depois daquele beijo- Me beija daquele jeito e quer que eu fique como?
-Como se não tivesse gostado do meu beijo... -Alex se afastou de mim, fingindo de ofendido.
-Claro que gostei! -Ele ficou deitado, me puxando pra perto dele- Acho que essa vai pro meu Top Five dos nossos beijos...
-Como assim, "Top Five de beijos"?
-Bom, eu tenho tipo que uma lista dos nossos beijos -Me senti uma patética tentando explicar- e tem 5 beijos que eu gosto mais de lembrar... De sentir...
-Pode me contar? -Ah, aquilo não era justo. Como eu poderia negar alguma coisa ao meu Alex quando ele fica com aquele olhar de cachorrinho-pidão-fofo-de-emoticon-de-msn e aquele beicinho tão lindo?
-Ok, posso começar do quinto?
-Claro...
-Bom, o quinto beijo é aquele que você me deu lá na... Na Torre Gótica... -Eu trouxe á tona na minha mente aquela noite que eu tanto queria esquecer, mas eu tinha bons motivos pra me lembrar dela.
-Por quê? Quer dizer, com tantos beijos nossos, por que justo o daquela noite?
-Bom, é que naquela noite eu vi que você me amaria, apesar das nossas... Diferenças... E...
-Não... Diga mais nada... -Alex prendeu meus lábios entre o polegar e o indicador- Eu sei bem por que se lembrou desse beijo. Eu também me lembro dele... De vez em quando...
-Então, quer que eu continue falando a lista ou quer que eu fique calada? -Falei meio abafada.
-Tudo bem, continua... -Alex liberou minha boca pra falar- Ok, boca livre. Então, onde paramos?
-Acho que foi no quarto... Tudo bem, o quarto... É meio um empate, por que são dois beijos.
-Dois?!
-É, por que esses beijos são da noite da tempestade, o nosso primeiro encontro...
-Hum... Aquela noite foi mágica...
-Eu sei...
-Bom, mas tecnicamente, aquele foi o nosso segundo encontro. -Ri com a correção dele- O nosso primeiro encontro, na verdade, foi na sala de música do colégio...
-... O que nos leva ao terceiro.
-Mas como assim, eu não lembro que nos beijamos nesse dia...
-Não foi exatamente nesse dia. Foi um dia depois daquele jantar com os meus tios.
-Ah, sei... -Alex deu um sorriso malicioso- Nosso primeiro beijo de língua...?
-Alex! -Empurrei ele de leve, mas continuei a falar- Isso mesmo. Foi um beijo que me tirou o fôlego...
-Isso é verdade... Me tirou o fôlego também...
-Ok, já esse beijo de agora é o segundo lugar...
-Bom, achei que esse ia para o topo do pódio.
-É que tem um beijo mais especial ocupando esse lugar...
-E eu posso saber qual é? -Eu ri com a cara dele séria demais.
-Nosso primeiro beijo...
-Puxa... -O rosto de Alex ficou mais sério ainda.
-O que foi? -Olhei pra ele, preocupada.
-Bom, eu só queria poder dizer duas coisas pra você hoje, antes que eu comece a te beijar loucamente...
-E olha que você nem comeu chocolate hoje...
-Que você saiba...

Alex pegou as minhas mãos e virou pra beijar meus pulsos. Logo depois ele seguiu com os dedos um trajeto meio distraído pelo meu corpo, até chegar no meu curativo no meu peito, aquele que eu tinha feito pra salvar ele. Eu silvei um pouco. Ainda estava doendo, mas logo iria cicatrizar.

-Desculpa...
-Tá tudo bem...
-É que eu tô escolhendo bem como dizer isso a você...
-Você não precisa escolher o que dizer... -Encorajei ele- Tudo o que você diz é o melhor...
-Tá bom... Ok, vou dizer... -Alex respirou fundo- Vou dizer uma coisa que você sabe e uma que não sabe...
-Tá, começa pela qual eu não sei...
-Obrigado... -Pisquei olhando pra ele, sem entender nada.
-Tá me agradecendo pelo quê?
-Por me salvar. Acho que isso fez você ver... Me fez ver o quanto você me ama...
-Não tem de quê... -Dei um sorriso tímido- Doeu um pouquinho na hora...
-É, eu senti... -Ele passou o dedo de novo onde estava o curativo no meu peito. Já não estava doendo tanto agora.
-Mas não doeu tanto quanto o pensamento que tive... De te perder pra sempre...

Alex ficou muito quieto. Eu só conseguia ouvir nossas respirações, ritmadas. Lá embaixo eu conseguia ouvir minha tia conversando com Linda e Justa. Não sabia bem o que ela estava conversando, mas pelo jeito que a voz dela soava, estava tensa...

-Então, o que você ia dizer depois? -Perguntei. O silêncio quase me deixava deprimida.
-Bom... Eu te amo... Mas como eu disse, você já sabe disso...
-É, eu sei disso... Mas foi bom ouvir...

Logo depois tudo voltou a ser como eu me lembrava antes do confronto. Alex abriu aquele sorriso que fazia meu coração esquentar dentro do peito (ou, em outros casos, me fazia desmaiar) e me beijou. Senti meu corpo inteiro esquentar, meus ossos pareciam virar gelatina. Não, não desmaiei, mas poderia desmaiar de felicidade. Aos poucos, tudo parecia como deveria ser: Eu e Alex, sozinhos no meu quarto, juntos... Era como se aquelas últimas horas não passassem de um terrível pesadelo. E, de repente, nós dois acordamos. Ou melhor, o pesadelo se transformou em um sonho. Nosso sonho particular...
E, enquanto eu e Alex nos tornávamos um só, nem tinha percebido que o rádio estava ligado (Tinha ligado enquanto estava ocupada com o Alex). Estava tocando uma música que eu tinha ouvido na noite que eu ainda estava meio estranha com Alex, quando eu já não aguentava mais de saudades dele.

When I Look At You-Miley Cyrus

----POV Isa OFF----