Alex, Cristina e Diego já estavam na quadra de esportes do colégio. Alex estava bem nervoso, seja lá o que Cristina queria falar com ele, era bem sério. Já Cristina soltava um palavrão inteligível enquanto olhava sua mão, com uma queimadura horrorosa. E Diego não sabia se ficava irritado pela presença de Alex ou se ria por causa da burrice de Cristina (ela sabia muito bem que isso iria acontecer se tocasse em Isa), mas sabia que se soltasse uma risada por causa disso ele iria acordar comendo grama pela raiz, então decidiu não fazer nada.

-Ok, Cristina, já estamos muito longe pra que alguém nos ouça. O que você quer falar comigo que é tão importante assim?
-Diego, tira a echarpe...
-Ahn, Cristina...
-OBEDEÇA, ESTRUPÍCIO!!!! -Cristina gritou descontrolada para Diego, que tirou a echarpe um tanto assustado. Alex estranhou tudo aquilo. O que aquilo tinha a ver com ele? Foi aí que ele começou a perceber... E ficou a um passo do pavor total.

Viu a cicatriz no pescoço de Diego, que descia pelo corpo do garoto, se abrir e soltar lava derretida pela quadra inteira. Mas o mais estranho era que ele não se queimava. Nem ele, nem Cristina ou Diego. Nem uma queimadura sequer, como se ele estivesse dentro de um dos pesadelos dele.

-Alex, o que tenho pra te dizer é algo que fica aqui nessa quadra e não sai daqui, certo? -Cristina falou com uma voz rouca e meio esquisita, enquanto mergulhava a mão queimada na lava. Tirou ela depois, toda lisa e recuperada. Nem parecia que tinha mergulhado a mão em fogo puro. Alex olhava sem acreditar no que tinha acontecido- Minha mão tá muito melhor assim... Ué, Alex. Você tá me olhando como se não estivesse acreditando no que vê...
-É... Adivinhou... Mas como foi que você... Não se queimou?
-E nem você. Sabe Alex, eu, você, Diego... Somos diferentes dos nossos... Amigos... -Cristina soltou uma risada de sarcasmo enquanto continuava- Não somos desse mundo tão idiota. Ás vezes você não se pergunta por que você tem pesadelos terríveis, por que ás vezes você vive se sentindo esquisito, diferente do seu amigo ou irmão, sei lá...
-O Micky é meu amigo -Alex respondeu numa intolerância estranha. Quem deu a Cristina o direito de ler a mente dele?
-Tá, que seja... O importante é que você tem tantas dúvidas... Sobre quem você é, de onde você veio... Eu tenho todas essas respostas...
-Pára com isso Cristina, isso é um assunto muito sério... -Falar do passado que foi deletado machucava e muito Alex. Ele queria ir embora dali o mais depressa possível, mas algo o impedia.
-Alex, acha mesmo que eu brincaria com algo tão sério? -Cristina falou sincera, sem o tom de riso que sempre tinha ao falar com alguém- Eu estou prestes a revelar seu passado e você acha que eu tô brincando?
-Cristina, eu disse pra não dar confiança nesse projeto de demônio...
-Caaaala a boca estrupício!!! (n/a: Essa fala da Cristina é em homenagem ao meu primo Marco que tá nos Estados Unidos. Ele sempre mandava os outros calarem a boca alongando no "cala"... Kissies, primo sumido. Me manda um postcard, um scrap no Orkut. Pelo menos um recado no Facebook!!!)
-Como assim, demônio?...
-Pronto, tá feliz, Diego? Estragou a surpresa...
-Querem saber? Eu vou voltar pro auditório, pra minha banda, pra minha namorada. Vou voltar pra minha vida normal e esquecer que esse momento um dia existiu...
-Não, não vá, Alex... Isso é verdade... Você é um demônio... -Cristina tocou Alex com a mão recém curada pela lava- E eu também... Na verdade eu sou uma demônia mais evoluída...
-Ei, e eu, o que eu sou? -Diego gritou, um pouco abafado por causa da lava que saia do pescoço dele.
-Você é um bom estrupício... (n/a: Nossa, de repente fiquei com dó do Diego, imagina como é ser um estrupício 24 horas por dia...)
-Mas é claro, tivemos que deletar sua memória. Vida de demônio é algo que eu não desejaria a ninguém, nem a minha pior inimiga *Desejaria sim...*... Você correu um grande perigo nas profundezas da terra, por isso teve que vir aqui, mas isso não adianta mais...
-Por quê?
-*Isso, Cristina, hora de jogar a isca...*
-Bom, por que existe alguém que ameaça a sua existência... A nossa existência... Ela deve ser destruída antes que seja tarde demais. E eu não quero que você... Morra...
-E quem é ela? -Alex ficou branco. De repente, a sensação da separação o roia por dentro novamente. Ele seria morto sem nem dizer adeus a Isa? Pelo menos era isso que Cristina queria que ele pensasse.
-Isso ninguém sabe... Mas acho que sei onde ela vai estar... Qualquer coisa eu digo a você...
-Não sei o que dizer, mas com certeza um "obrigado" não está na lista. Ser um demônio não me parece ser tão bom assim...
-Acredite, você acaba se acostumando... Bom, é melhor voltarmos ao normal antes que alguém veja isso tudo. Aí, adeus vida normal... -Cristina acreditava estar no caminho certo pra ter a alma do Alex de volta as mãos dela. Mentir que Isabella era a assassina e não ele era a melhor das ideias (na cabecinha de vento dela). Em questão de segundos, toda a lava sumiu da quadra e Diego já pegava a echarpe de volta pra colocar no pescoço. Cristina ainda olhava pra cara de Alex, que estava um tanto pensativo.

-O que foi, Alex?
-Tenho uma pergunta... Eu vou ter essa coisa de lava no pescoço que nem o Diego?
-Não, mas se quiser eu posso providenciar...
-Não, não... O limite de cabides de echarpes ambulantes aqui no colégio é de um, muito obrigado...
-Rará, muito engraçado. Olha eu aqui me contorcendo de rir...
-Diego, por que você não vai lá na cantina e compra um saquinho de cala a boca? Ah, Alex, é melhor você não contar pra ninguém o que aconteceu aqui. Volte pro auditório como se nada tivesse acontecido...
-Queria dizer que isso é fácil... Ah, quase esqueci... Cristina?
-Sim? -A garota se virou com um rostinho inocente.
-Muito obrigado. Mesmo. Tô te devendo muito...

Alex saiu correndo para o auditório, um pouco aliviado (?) por saber da verdade, deixando Diego mais irritado ainda e Cristina com um sorriso de vitória antecipado.

-Acredite, o que você me deve é o sangue de Isabella... Ah, e o seu também, Alex...