Isa acordara assustada, como nas últimas três semanas, mas dessa vez não gritou. Procurou pelo seu travesseiro a palheta de Alex e ficou olhando, lembrando a noite maravilhosa que teve ao lado de Alex. E pensar que hoje ela teria seu primeiro encontro com ele... Antes mesmo que ela pudesse levantar da cama o telefone tocara. Isa olhou na tela do telefone e viu a foto de Linda. Justo com quem ela queria falar.

-Oi, Isa, tudo bem?
-Ah gordinha, eu tô bem, tô ótima, maravilhosa...
-Ih, o que aconteceu? Não teve pesadelos hoje?
-Claro que tive, óbvio, mas não é isso não...
-Viu algum filme romântico depois do jantar que teve com seus tios?
-Melhor do que isso. O jantar foi meu filme romântico...
-Ahn, como assim?
-Adivinha quem eram os convidados para o jantar dos meus tios?
-Quem? Me conta, agora fiquei curiosa...
-Micky, Justa... E Alex!!!!
-Alex? Ele estava no seu jantar?
-Tava sim, Linda. Acredite, foi a melhor noite da minha vida!!!
-Por quê?
-No colégio eu te conto...
-Ah, não, me conta agora...
-Nada disso, te conto no colégio...
-Por que não pode me contar agora?

Jennifer tinha ouvido Isa falar e foi no quarto ver o que tava acontecendo. Respirou aliviada ao ver Isa no telefone e não gritando por causa dos pesadelos.

-É que a minha tia tá aqui. A gente se vê no colégio. Assim você aproveita e me conta do seu encontro com Rey.
-Ok, a gente se vê lá. Tchau Amiguisa!!!
-Tchau Amigordi...
-E então, era Linda no telefone?
-Ela queria saber como foi o jantar.
-E como foi a noite?
-Como é que é?
-Teve algum pesadelo?
-Tive, mas já me acostumei, tia. Não tem com o que se preocupar.

Isa abraçou a tia, que parecia tão preocupada. O que estava preocupando ela?

-Vou tomar um banho e ir pro colégio, tá bom tia?
-Tudo bem, meu amor, vai lá...

Isa deu um beijo na testa de Jennifer e foi ao banheiro, deixando sua tia sozinha no quarto.

-Ah, Gabriel, olhe pela sua filha. Não deixe a chave do Apocalipse se aproximar dela...

Uma brisa atravessou o quarto. Detalhe, a janela estava fechada.

-Como? A chave do Apocalipse já a encontrou? Mas não consigo entender? Me dê uma luz, preciso saber quem é. Preciso proteger sua filha...

Outra brisa soprou no quarto. Dessa vez Jennifer quase caiu de desespero.

-Mas tem certeza? Eu o recebi aqui, ele é amigo dela... Como ele pode saber? Por que ele sabe quem ele é, não é?

Mais uma brisa misteriosa surgiu.

-Eu vou afastá-la dele, eu prometo...
-Não pode afastá-la dele... -Uma voz cristalina finalmente foi ouvida- Por que mesmo que você a afaste dele seus destinos estarão entrelaçados. Mesmo que ela morra, ele morrerá junto. E não terá um Apocalipse se a chave morrer, concorda?
-Mas então o que eu faço?
-Seja paciente, eles não sabem nada ainda. Vão descobrir seus segredos ocultos mais cedo do que eu imaginava, mas vão contrariar a todos nós, anjos e demônios. As decisões deles vão alterar o equilíbrio de tudo que conhecemos. A presa e o predador juntos. Sinceramente não concordo com isso, mas o Senhor sabe o que faz...
-Então é isso? Está me pedindo pra não fazer nada?
-Por enquanto é o que você pode fazer. Mas sabe que cedo ou tarde terá que contar a ela a verdade. E quero que não demore muito, ou as conseqüências serão devastadoras.
-Eu farei isso...
-Mas quando contar a ela sobre a chave, peça a ela que não o odeie. Afinal, mesmo que ela não sabia que ele será seu assassino, ela ainda o amará...
-Ela sempre o amou, desde que eles se conheceram. Ela me disse isso...
-Com quem você tá falando aí, tia? -Isa saiu do banheiro secando o cabelo.
-Ninguém, minha querida. Já tomou banho?
-Já, e vou me arrumar, se me der licença, tia...
-Ah, é claro. Já vou sair...

Jennifer saiu do quarto de Isa mais preocupada do que quando entrou. Um nome não parava de martelar na cabeça dela. Um nome que, de repente, parecia mais um aviso de morte.
Alexandro Ruiz.