Estatuetas escrita por minword


Capítulo 1
Capítulo Único




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Havia chuva, havia lama e havia eu.

Era uma imensidão de sentimentos que se recusavam a simplesmente... Irem embora. Tudo aquilo junto era como um vento forte e frustrante, não como as brisas no final das tardes, que são sempre suaves e bem-vindas. Havia algo mais no tufão que aquilo era e talvez, só talvez, eu estivesse perdido demais para realmente saber que estava sem rumo.

E quando digo “aquilo”, refiro-me a tudo que me cercava. Quando digo “aquilo”, refiro-me a tudo que ao menor toque poderia simplesmente cair como uma estatueta feita de papel num tabuleiro de xadrez feito de madeira. E eu não podia – sabia disso –, jamais eu poderia pensar em mover um músculo que fosse para mudar o que eu sentia, vivia e reproduzia, porque vasos só quebram se você tocá-los. E eu não queria quebrar as minhas estatuetas tentando consertá-las; já sabia que elas só poderiam rachar ainda mais, e elas me definiam, afinal.

E em meio ao caos controlado, Sehun apareceu. Não de supetão. Foi esperado porque um amigo me apresentou a ele. E enquanto aquele adolescente estranho tomava lugar em minha vida, tão silencioso que eu mal percebia, também acabava tomando lugares em outros aspectos de mim que eu tentei a muito custo resistir. Tentei fazer com que ele saísse de onde estava porque não era aquilo que eu queria pra mim. Não queria um projeto de gente infiltrando-se e achando que poderia me ajudar; eu não queria e não precisava de ajuda. Talvez eu pudesse controlar a euforia que me dominava quando a palavra mudança me assolava e colar os pedaços das minhas estatuetas sozinho, sem ajuda, porque é isso que homens adultos fazem.

Como uma brisa persistente, o maldito fez o contrário do mandado. Mas eu sabia que ele jamais poderia ser a cola que eu talvez precisasse, porque brisas são agradáveis e bem-vindas, mas não curam ninguém.

Havia persistência, havia carinho e havia Sehun.

Agora, talvez aquela imensidão de sentimentos tenha se tornado um pouco mais confusa. Se eu pudesse simplesmente jogar o que sentia numa paleta de cores, provavelmente tudo se tornaria branco – absorvidos todos os tons, refletiriam apenas um. E talvez, só talvez, Sehun fosse esse branco. Se antes parecia tão sucinto em suas investidas visando arrancar alguma resposta minha para suas incessantes perguntas, de repente tornou-se o próprio caos, tomando o lugar que antes era apenas da Vida, bagunçando-a da monotonia nonsense que ela havia se tornado e instalando-se ali definitivamente como uma criança birrenta, cruzando as pernas, os braços, os dedos e o que mais pudesse cruzar apenas para virar a cara e recusar-se a sair dali. E eu não queria, afinal, que ele saísse.

E os abraços viraram abraços demorados e os cumprimentos viraram beijos no rosto antes que eu pudesse perceber. E quando dei por mim, já não queria controlar. Porque Sehun estava ali, comigo, quando a primeira neve caiu, compartilhando meu cachecol, pois apesar de um bom garoto, ainda era imaturo demais pra ceder ao frio. Ele estava ali comigo e sua boca estava junto à minha quando eu estremeci pelo frio. E já não queria mais voltar atrás.

Às vezes ele simplesmente ia até minha casa sem aviso e sem pretexto, com um doce adocicado demais para eu suportar nas mãos, e praticamente me usava como colchão no sofá, pedindo por carinho enquanto me forçava a assistir uns desenhos infantis demais até para crianças, comendo aqueles doces estranhos e sujando minhas roupas. Mas eu jamais reclamava, porque no final ele sempre acabava dormindo e eu também. O ponto não era dormirmos, e sim estarmos juntos.

De fato, Sehun mexeu em todas as minhas estatuetas e quebrou-as uma por uma. Mas foi tão gentil e discreto que eu sequer percebi. E ao invés de simplesmente deixar o tabuleiro incompleto, fez melhor: reconstruiu todas elas, sólidas e firmes, sem riscos de rachaduras. Cuidou delas como cuidou de mim e deixou-se ser cuidado porque ele também tinha as próprias peças.

E no final de todo o imbróglio o qual fui induzido, nossas peças se encaixaram suficientemente bem, apesar de tão diferentes. E eu realmente não me importei, porque foi isso que trouxe o que sentíamos à voga.

Havia chuva, havia persistência e havia amor. Mas agora, também havia nós.


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Notas finais do capítulo

Oi~
Bom... Nyah! voltou com a categoria bandas, e nossa, fiquei tão feliz odifhisdfh "estreando" aqui depois de muuuuito tempo com essa fic pequenininha minha, uma donghun que é meu xodózinho ♥
Se gostaram e quiserem comentar, fiquem à vontade *u* obrigada por lerem e, qualquer erro, por favor, me avisem!
Até a próxima ~
xoxo,
~Morny



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