Ossos de cristal escrita por Uzumaki Sarada
Notas iniciais do capítulo
Pessoal, eu não tinha previsão de postar este capítulo hoje, mas eu recebi uma recomendação linda de morrer! *O*
Eu fiquei super emocionada e isso me deu um gás para escrever mais e mais
Estou postando este capítulo e agradecendo de todo coração à larissa100 pelo carinho e pelo tempo que dedicou escrevendo palavras tão lindas sobre esta história! Você me deu inspiração renovada!
Espero que gostem do capítulo :D
Considerando toda a pose imponente e arrogante que ela presenciara vinda do Uchiha desde que ele pisara no hospital, ver seus olhos negros se arregalarem e sua boca se abrir em confusão foi quase um milagre para a médica de cabelos rosados.
Ele balbuciou sons incompreensíveis e Sakura esperou que voltasse a si. Ela já havia se acostumado a ter de dar notícias ruins a pessoas boas, mantendo a face impassível e a voz calma. A medicina ensinava isso muito bem com a prática. Nunca era algo bom, mas era necessário. Não quer dizer que ela havia se tornado insensível para com o sofrimento alheio, jamais!
Viu-o respirar profunda e audivelmente antes de novamente olhá-la nos olhos. – O que exatamente isso quer dizer?— Ele questionou com voz embargada que ele tentava com muito esforço controlar. Ele era empresário. Não poderia esperar que ele soubesse o que significava.
Tomou fôlego antes de começar a explicar tudo da forma mais simples que encontrou. Ele absorvia cada informação como uma esponja absorve água. Concentrado em cada palavra que deixava os lábios róseos da mulher de jaleco à sua frente.
— Significa que ela tem uma doença genética que faz com que haja deficiência de colágeno do tipo I, que é o principal material formador dos ossos. Por isso ela sofre fraturas com facilidade. É como se Sarada tivesse um tipo de osteoporose.— Ela viu o homem de terno preto e quase 1,90 de altura ficar pálido como sua camisa social cara. – A doença pode ter vários níveis de intensidade, digamos assim. Ainda precisamos descobrir em que nível Sarada se encontra. Mas devo esclarecer desde já que isto pode ser grave e causar vários problemas futuros à sua filha Uchiha-sama.
Uchiha Sasuke, desprovido de todo seu autocontrole e frieza costumeira, levou à mão para trás, tateando a parede e foi se aproximando da cadeira da sala de espera do segundo andar, então largou todo seu peso sobre ela de uma só vez. Ele levou ambas as mãos ao rosto e ficou em silêncio por longos minutos.
Sakura estava um tanto sem reação diante da cena. Ele era, aparentemente, um homem que não descia de seu posto de grande chefe, e agora, diante de seus olhos, encolhia-se como uma criança com medo de uma tempestade.
A Dra. sentiu seu peito apertado por ter desconfiado do Uchiha. Estava claro como água que nada no mundo era mais precioso para aquele homem do que a pequena Sarada.
Oooooooooo
Sarada?— A voz suave e controlada da médica de cabelos rosados atraiu a atenção da pequena Uchiha que sorria animadamente enquanto brincava com Shizune, sua babá.
— Tia Sakura!— O timbre infantil e o sorriso gigante da menina aqueceram o coração pesado pelas preocupações da Haruno. – Ops! Desculpe ... Dra. Sakura!— A pequena se corrigiu rapidamente e arregalou os pequenos olhos ônix idênticos ao do pai quando percebeu seu pequeno deslize. As duas mulheres dentro do quarto não seguraram um riso suave.
— Pode me chamar de tia se quiser pequena. – A Dra. afirmou, aproximando-se do leito onde a garotinha permanecia semi-deitada. – Como está seu pé? Dói?— Perguntou sorrindo. Viu a testa da menina se enrugar levemente, e ela levar o polegar aos lábios, pensativa. Sakura riu internamente, ela tinha o mesmo hábito que a pequena Uchiha.
— Agora não sinto mais nada.— Ela afirmou com o rostinho em forma de coração carregado de seriedade. Nem parecia uma criança de apenas 8 anos. – Mas eu não consigo mexer o meu pé, por que esse negócio estranho deixou tudo preso!— Reclamou, enquanto olhava para a bota ortopédica com uma careta e um bico extremamente fofo.
A Haruno riu novamente. Sarada era uma criança verdadeiramente especial. Não merecia jamais ter uma doença como aquela.
— Tia Sakura, quando eu vou poder ir pra minha casa com meu pai?— A menina perguntou com os olhinhos brilhantes e esperançosos.
— Se você se comportar e deixar que cuidemos de você, poderá sair daqui depois de amanhã Sarada!— Afirmou, sem jamais deixar de sorrir. A garotinha cruzou os braços sobre o peito, um tanto insatisfeita, mas se encheu de alegria no exato momento em que o Uchiha entrou pela porta.
Sakura percebeu que ele ainda parecia abalado, os olhos estavam opacos, sem vida, os cabelos revoltos e os ombros tensos. Ele ainda não havia conseguido digerir tudo que estava acontecendo. Olhou para a doutora, que lhe dedicou um sorriso acalentador. Sakura odiava ver qualquer um sofrer, mas isto era inevitável.
— Papai, papai! Você ouviu? Eu vou poder ir pra casa logo!— Falava em alto e bom tom, animada, para o homem que se aproximava para acariciar suavemente seus cabelos negros.
— Eu vou poder comer sorvete tia Sakura?— Sarada direcionou-lhe seu melhor olhar de cachorrinho pidão. Não havia como um ser humano resistir àquilo.
— Sim, querida. Mas vai ter que se alimentar muito bem de agora em diante ouviu?— Disse, balançando o dedo indicador enquanto sorria. – Shizune vai estar encarregada de ficar no seu pé, mocinha.
Sarada fez uma careta. “Eu não vou comer alface!” pensou, enojada!
Oooooooooo
— Quanto você ganha por mês? Eu dobro!— O Uchiha disse, em voz firme e lábia de quem faz este tipo de negócio todos os dias. Sakura sentiu-se quase ofendida diante da proposta do homem a sua frente. Ele realmente achava que poderia comprar tudo e todos?
— Sinto muito Uchiha-sama, mas não posso aceitar.— Repetiu pela, talvez, terceira vez desde que eles iniciaram aquela conversa.
— Dra., dinheiro realmente não é o problema— Ele acrescentou com tom persuasivo e encarando-a fixamente com aqueles olhos escuros e perspicazes como de um falcão. Sakura sentiu um arrepio subir por sua espinha. Havia algo nos olhos dele que a incomodava de um jeito estranho. Ela não sabia definir ao certo.
— Eu percebi, Uchiha-sama!— Declarou com a voz carregada de desdém. – O problema é que eu sou uma funcionária deste hospital e trabalho aqui para atender a todos. Se minha intenção fosse prestar serviços particulares eu abriria uma clínica própria.— Disse a moça, convicta. Havia uma batalha de olhares no pequeno cômodo do escritório da Dra. Haruno. De um lado, os orbes negros e extremamente treinados para persuadir do Uchiha e de outro os verdes determinados que revelavam a paixão por salvar vidas da doutora.
Ele bateu o punho com um pouco de força na mesa. Aquela maldita mulher não compreendia que a oferta que ele lhe fazia era irrecusável? Estava oferecendo a quantia que ela quisesse para que cuidasse exclusivamente de sua filha. Médica estúpida!
Aqueles malditos olhos verdes o afrontavam descaradamente. Uchiha Sasuke não era contrariado por ninguém. Mas aquela médica baixinha, de grandes e expressivos olhos verdes e cabelos estranhamente rosados era ousada o bastante para discutir com ele.
— O que faria você mudar de ideia?— Tentou novamente, franzindo o cenho. Seu descontentamento já não podia mais ser escondido. Estava irritado com a atitude teimosa dela.
— Nada me faria mudar de ideia!— Esclareceu, sem desviar os olhos dos dele um segundo sequer enquanto pronunciava cada palavra com a maior clareza possível.
As mãos dele coçavam. Queria chacoalhá-la até que entendesse o quanto aquilo era importante. Precisava garantir que teria apenas os melhores cuidando de sua preciosa Sarada. Ela era tudo que tinha.
— Entendo que queira apenas garantir que sua filha seja bem cuidada Uchiha-sama, mas eu não vou deixar meu cargo neste hospital!— Ela afirmou, cruzando os braços em frente ao peito, enquanto o encarava com os olhos semicerrados. – Se quiser isto, terá de procurar outro médico!— Completou, empinando o queixo na direção dele. Viu a testa do homem se franzir ainda mais. Odiou-se por achar que ele parecia uma escultura de um artista grego enquanto sua face sustentava aquela expressão irritadiça.
— Mas...— Pausou e notou que uma das sobrancelhas de Sasuke se ergueu em interesse. – Eu me proponho, por Sarada,— Deu ênfase no nome da menina – a visitá-la em casa periodicamente para conferir o andamento de seu tratamento, em meus horários de folga.
O Uchiha deu um passo em sua direção, observando a médica de cima. Aquela era um proposta decente, finalmente!
— E quanto isso irá custar?— Inquiriu ainda concentrado na face alva da moça, buscando qualquer traço de brincadeira ou indecisão.
— Eu não vou cobrar para fazer o que eu gosto.— Sakura declarou.
Sasuke arqueou ambas as sobrancelhas, ligeiramente surpreso. Isso era de fato inesperado. Ela não cobraria por ir até sua casa em seus dias de folga? O que aquela mulher tinha naquela cabeça cor de rosa?
Ele deu um sorrisinho de canto, e deu de ombros antes de se posicionar a um passo de distância da mulher e estender-lhe a mão. Sakura resistiu à vontade de dar um passo atrás. Ele invadia seu espaço deliberadamente e isso a fazia sentir-se desconfortável de um jeito... bom e diferente.
— Negócio fechado!— Disse e pigarreou quando notou que ela o observava distraída. Sakura baixou o olhar para a mão grande e alva estendida. Suspirou pesadamente. Seu maldito coração mole só fazia com que ela se encrencasse, mas algo lhe impedia de deixar o caso da adorável Sarada nas mãos de outra pessoa. Mordeu o lábio e esticou sua mão, apertando a dele e balançando de leve.
No exato instante em que se deu o contato pele com pele uma corrente elétrica percorreu ambas as mãos fazendo todos os pêlos se eriçaram. O arrepio foi mútuo e, por um momento, os olhos verdes se fixaram nos ônix e viram seus próprios pensamentos refletidos neles. O que era aquilo que havia acabado de sentir?
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
A partir deste capítulo o enredo vai de fato começar a se desenrolar, e há muita coisa por vir galera! Mas eu quero deixar claro que todas as críticas e sugestões são muito bem vindas!
Perdoem os erros de português!
Quem quiser se informar melhor sobre a doença, há uma série de reportagens e artigos a respeito, mas eu indico este link: http://drauziovarella.com.br/letras/o/osteogenese-imperfeita-ossos-de-vidro/ é bem simples de entender e razoavelmente completo!
:*