Where Will You Go escrita por Lady


Capítulo 1
Único.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Where Will You Go

Não se pergunta o por que de amar alguém.

- Sawada Tsunayoshi.

Sorrateiro e devagar a pequena de cabelos acastanhados arrastou passos silenciosos pelos corredores de sua escola. Não estava atrasada, muito pelo contrario, já deveria ter ido para casa há algumas horas atrás, mas, insistentemente, quis ficar mais um pouco apenas para alimentar o pequeno prazer de ver o demônio de Namimori mais uma vez – fato que, talvez, lhe custasse uma surra caso fosse avistada.

Agarrou-se firmemente a bolsa que carregava, haviam algumas coisas preciosas guardadas ali no fim das contas. Esgueirou-se frente às portas das salas 2-C e 2-B, até que, enfim, avistou seu destino. A porta de correr, com a indicação 2-A mais acima, estava a poucos centímetros de si.

Mordeu o lábio inferior, nervoso e amedrontado. Respirou fundo antes de erguer-se devagar e roubar um rápido olhar do interior da sala, chegou a avistar um vulto negro no processo, e não tardou em reconhecer o prefeito de Nami-Chuu.

Sorriu. Um sorriso largo e abarrotado de uma felicidade mal contida.

Devagar, tornou a erguer-se a fim de poder vislumbrar mais uma vez o rapaz de cabelos escuros. Seu sorriso desfez-se rapidamente quando o viu e quando percebeu a expressão que o mesmo carregava.

Naquele momento Hibari estava longe de ser o terrível demônio de Namimori, e mais distante ainda de ser o impiedoso líder do comitê de disciplinadores de Nami-Chuu. Tudo o que Tsunayoshi conseguiu vislumbrar fora um rapaz, amargurado, desconsolado e quebrado; que, para não ferir-se mais, abraçou a idéia de tornar-se hostil.

Para a Sawada, o disciplinador era tão fácil de se ler quanto um livro aberto - não que um dia fosse admitir isso em voz alta - e isso partia em milhões de fragmentos o coração da castanha; por que ela, melhor do que ninguém, viu e sabe o que Kyoya passou antes de se tornar o que era hoje. Ela acompanhou desde pequenina o sofrimento infligido pelos cidadãos a aquela pobre criança solitária, e apesar de tudo, hoje, o rapaz empenhava-se, ainda, em proteger aquelas vãs vidas que tanto lhe torturaram na infância.

Tsunayoshi se perguntava o quão cegas as pessoas poderiam ser, a que ponto a estupidez e a ignorância poderia levar as pessoas diante de alguém tão altruísta como aquele rapaz; o pior de tudo, para a menina, fora ver que toda aquela maldade destruiu e distorceu uma alma tão magnifica e pura, arrastando-a para se tornar aquela pessoa temida e desolada.

Assim as orbes castanhas, tristes, desviaram a atenção para o quadro negro onde rabiscos – todos direcionados ao prefeito – levavam ofensas das mais variadas formas.

Aquilo, de certa forma, era um tipo de bullying; e Tsunayoshi sabia disso por que ela era o principal alvo de bully do colégio. Lentamente seu corpo rastejou para o chão até que, enfim, sentou-se sob o piso liso. A imagem do moreno parado em pé observando fixamente as gravuras e ofensas a si no quadro de giz; partia seu coração e fazia com que lágrimas viessem a seus olhos cintilantes.

Reprimiu, não só um, mas vários soluços enquanto engolia o nó que formara-se em sua garganta. E no mesmo processo, rapidamente pôs-se de pé quando pode ouvir passos no interior da sala, e antes mesmo de sua mão alcançar a maçaneta da porta, a mesma de abriu rapidamente fazendo com que a adolescente arregalasse os olhos um tanto avermelhados enquanto agarrava-se mais firmemente a bolsa.

- O que faz aqui, herbívora? – indagou o disciplinador já pronto para pegar suas tonfas.

- Me desculpe Hibari-senpai. – chorou-a, entre gaguejos, enxugando o resto das lágrimas que teimaram em se mostrar. – Eu vim apenas pegar uma coisa que esqueci... – gaguejou ao fim.

As orbes metálicas não tardaram em fixar-se e cerrarem-se na direção a tremula garota – era uma menina tão dócil e medrosa, e ele já a havia notado a um bom tempo -; ela tinha tudo para ser um ícone, para ser amada e idolatrada, mas acontecia completamente o oposto já que todos se viam cegos pela repugnante ‘beleza’ de Sasagawa Kyoko.

- Hm. – fora a resposta única e simples do prefeito antes de seguir seu rumo. – Apresse-se e saia sem causar nenhum problema. – ordenou, por fim, antes de dobrar o corredor e dar continuidade a sua patrulha, mas o que o moreno não notara fora o olhar sobre si, o doce castanho que se tornara mel enquanto o rapaz rude se afastava gradativamente; e quando o mesmo já não se encontrava mais a vista, a pequena garota permitiu-se suspirar baixo e de forma triste. Seu coração estava acelerado e dolorido.

Demorou alguns minutos para recompor-se e levar o olhar ao quadro negro onde as palavras malcriadas ainda se encontravam a vista. Conhecia aquela caligrafia garranchosa e aqueles desenhos moribundos ridículos. Largando a bolsa sobre a mesa do professor a pequena logo tomou os apagadores em mãos antes de começar seu trabalho limpando as ofensas dirigidas a quem sequer as merecia, ao fim sorria ante o trabalho bem-feito. Depositou os apagadores em seus devidos locais antes de tornar a fitar o quadro escuro completamente limpo, franziu a testa momentaneamente antes de desfazer a carranca e abrir um sorriso deslumbrante - acompanhando de um rubor saudável - diante da idéia que lhe vinha em mente; e com isso tomou o giz branco em mãos soltando um risinho baixo já sabendo que na manhã seguinte receberia uma punição merecida de seu amado prefeito estudantil. E reprimindo uma gargalhada fenomenal a jovem concluíra seu ato indisciplinar - pelo menos seria isso aos olhos de Kyoya.

~W.W.Y.G.~

Eu adoro o jeito como ela faz eu me sentir, como se tudo fosse possível, como... Sei lá, como se a vida valesse a pena.

- Hibari Kyoya.

Respirou fundo, franzindo a testa para todos aqueles estúpidos herbívoros que ousavam lhe dirigir o olhar. Era estranho, mas não sentir vontade de esmaga-los, ou mordê-los a morte, naquele dia; não depois do que lera ontem no quadro negro, não as ofensas - isso não -, mas sim as palavras que substituíram aquelas vulgaridades ofensivas. De primeira ficara chocado, porque Hibari sabia bem quem estava naquela sala antes de ele sair, ele sabia que aquela menina era diferente, mas nunca cogitou a possibilidade de que ela - logo Ela - pudesse lhe escrever aquilo, aquela... declaração tão constrangedoramente bela, e ao mesmo tempo idiota.

E mesmo que tentasse se convencer de que aquilo não deveria, de forma alguma, lhe deixar feliz, o moreno ainda sim sorriu no momento em que o choque havia passado. Ele sorriu e prometeu a si mesmo que a garota iria ser devidamente disciplinada na manhã seguinte; seu único problema, após aquela revelação tão absurdamente constrangedora e secreta, fora descobrir uma forma de fazer a menina lhe pagar na mesma moeda por todos os sentimentos atrozes e devastadores que lhe invadiram o peito e a mente.

Fechou os olhos por alguns minutos, tomando uma respiração profunda e controlada, e quando seus olhos foram abertos novamente, quando o cinza frio daquelas orbes encontraram-se com o cabelo castanho que inutilmente tentava passar despercebido por si, o moreno não pode reprimir o sorriso que se estampara em sua face - o mesmo sorriso que fez com que diversos estudantes já começassem a rezar por suas jovens vidas.

Desencostou-se da parede, o sorriso não desfazendo-se um segundo sequer, e rumou em direção a menina que mal notava-o andando atrás de si.

- Sawada Tsunayoshi. - sua voz ecoou profunda, paralisando a pequena beldade cuja, como o moreno pode bem observar, estava com o uniforma estudantil perfeitamente alinhado e dentro de todos os regulamentos impostos pelo prefeito disciplinador.

- Hibari-senpai... - gaguejou-a, agarrando-se firmemente a bolsa que carregava, seus olhos se encontraram por apenas alguns segundos antes da garota desviar o olhar para o chão, tremendo de forma bastante visível. - Você leu... Ontem...? - inquiriu baixinho, recebendo apenas o silêncio sepulcral como resposta, este que era preenchido aos poucos pelos cochichos dos alunos que se apinhavam o mais longe possível, mas ainda perto o suficiente para poderem ver o que acontecia ali. - Eu sinto muito, senpai... - disse-a, ante o silêncio. - Mas era apenas a verdade.

E mais uma vez o silêncio a recebeu com um toque frio dos dedos calejados do moreno em seu queixo, este que a fez erguer a cabeça e antes que se desse conta sentiu um toque frio em seus lábios, e Tsunayoshi arregalou os olhos ao constatar estar sendo beijada por Hibari Kyoya.

Fim.


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Notas finais do capítulo

Há algum tempo eu não posto/atualizo nada, eu sei, mas gente eu to sem pc, então perdão por todo o atraso em tudo.
Estou na casa da minha tia por isso estou postando algo a fim de provar para vocês que ainda estou viva, mas não se preocupem que logo quando recuperar meu pc, ou comprar um novo, eu irei retomar as minhas fanfics, e aproveitarei para tentar reerguer algumas que ficaram em Hiatus - isso referendo-se mais a A New Someone, de Fairy Tail.
Espero que compreendão o porque do sumiço.
Bye.



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