Pov. Narradora
Tainá entrou no quarto com um buquê de flores.
— Eu sei que não é comum dar flores para homens, mas você é tão sensível.— Sentou-se na ponta da cama, acariciando o cabelo do garoto.
— Obrigado. — Ele disse abraçando-a.— Katia, põe na agua pra mim. — Disse esticando o braço para ela.
— Katia? — Tainá riu sarcástica.
— É Karina. — Disse tentando ser paciente.
Ela pegou as flores entrou no banheiro.
— O que você esta fazendo doida? — Pedro perguntou do quarto.
— Estou colocando na água.— Disse dando descarga.
— Maluca, minhas flores.
— Deixa, da próxima vez trago uma pra ela não ficar triste.— Disse Tainá provocativa.
— Por mim não tem próxima vez. — Karina disse bufando.
— Ô esquentadinha faz lá um lanchinho pra gente. — Disse abraçando Taina.
— Sua namorada faz.— Ela disse saindo do quarto.
Karina saiu do quarto, sentou-se na escada e deixou que as lagrimas invadissem seus olhos.
— K, você precisa de alguma coisa? — Tomtom perguntou se sentando ao lado dela.
— Sair desse pesadelo.— Sorriu sem humor.
— Eu sei, o Pedro é um idiota ate quando não tem culpa. — A menina se sentou ao lado da lutadora.
— Quando eu pensei que finalmente tudo ia se acertar acontece isso. — Suspirou.
— Duvido que ele demore muito para gastar de você de novo. Você é linda. — Elogiou.
— Obrigada. — Deu um meio sorriso. — Eu gostaria de ter uma irmã como você.
— Eu também.— Disse Tomtom franzindo o nariz.— Mas é melhor como esta, senão o Pedro ia ser seu irmão também e vocês não iam poder ficar juntos.
— Acho que nem como está não vai acontecer.
— Eu já não tenho tanta certeza. — Disse sapeca.— Quando vocês estamos lá no Perfeitão, o Pedro começou a me fazer umas perguntas sobre você.
— Sério? — Karina disse impulsivamente. — Quer dizer, não que eu tivesse interessada. — Tentou disfarçar.
— Ah, então acho que vou deixar você em paz. — Disse fazendo menção de sair.
— Mas se você quiser contar, eu não vou me importar.— Puxou a menina.
— Ta bom. — Disse a menina sorrindo. — Ele perguntou porque você era assim tão brava, como vocês se tratavam antes, se você namorava. — Karina tentou disfarçar o sorriso. — E perguntou também se ele te amava, eu disse que sim, e ele disse que queria muito lembra.
Karina ficou em silencio. Tainá saiu do quarto e estava a caminho da porta.
— Da próxima vez que você aparecer aqui essa sua carinha não sera mais a mesma. — Ameaçou Karina.
— Se liga, como você ainda defende alguma que mal lembra que você existe, nem sabe seu nome. — Disse ela sarcástica.
— Ele não tem culpa.— Karina disse num fio de voz.
— É, mas de mim ele lembra, e muito bem. — Piscou provocativa saindo.
— K, minha mãe deixou essa listinha dos horários da comida, do banho e algumas outras coisas do Pedro.— Disse Tomtom entregando um papel para a loira.
— Já passou da hora de ele comer.— Ela disse indo para cozinha.
Quando a loira chegou no quarto de Pedro, o mesmo estava quase fechando os olhos.
— Pedro? — Chamou assustando-o.— Eu não sou boa na cozinha, mas consegui fazer um X- Gael.— Mostrou a bandeja.
— A quanto tempo que eu não comia um desses. — Disse se ajeitando na cama.
— Na verdade a ultima vez que comeu foi na minha casa, comigo. — Falou hesitante.
— Sabe, eu... Humm... Queria lembrar de você. — Pedro disse desconcertado.— Você me parece uma pessoa que vale a pena lembrar.
— Não parecia quando você lembrava.— Brincou.
— Talvez eu esteja te vendo com outros olhos. — Disse num tom de mistério.
Ficaram em silencio por um tempo, mas foram despertados pela movimentação na casa.
— E ai casal.— Bianca disse adentrando o quarto com João.
— Uè, não era para estarem na ribalta? — Perguntou Karina.
— As aulas ainda estão suspensas. — Disse olhando para Pedro disfarçadamente.
— E como esta se saindo como babá? — Perguntou João brincando.
— Esta se aproveitando só porque não posso me defender.— Reclamou Pedro.
— Você sabe que ela está se aproveitando de você pelo mesmo motivo né?! — Disse visivelmente irritada.
— O que eu perdi?— Bianca estava confusa.
— A Tainá veio aqui. — Karina abaixou o tom de voz.
— E essa louca espantou minha namorada.
— Namorada? — João franziu o cenho.
— Por que todo mundo fica me olhando assim?— Pedro se encolheu.
— Porque você tinha terminado com ela cara. — João explicou.
— Não me lembro. — Suspirou. — Na verdade ultimamente não lembro de muitas coisas.
O clima ficou melancólico por um tempo ate Bianca de manifestar.
— Bom nós já vamos, aproveitar que o papai esta ocupado. Eu disse Que ia sair com uma amigas. — Sorriu suspeita.
— E eu disse que ia encontrar uma garota. — João piscou para Bianca.
— Esta de namorada nova e nem me falou cara. — Pedro deu um tapinha nas costa de João, que estava sentado ao seu lado.
— Pedro, a garota sou eu, você sabe. — Bianca ainda não estava acostuma com os esquecimentos do garoto.
— Vocês são loucos, se o Gael ficar sabendo. — Disse Pedro.
— Mas você não vai contar. — João ameaçou-o com o olhar. — E você sempre apoiou.
— Eu apoio, mas acho arriscado.
— Mas vamos tentando ate quando der. — Bianca disse se levantando.
O casal foi embora deixando Pedro e Karina sozinhos novamente.
— Eu... Queria ir ao banheiro. — Pedro disse sem jeito.
— Ma-mas como?— Ela ficou surpresa.
— É só me ajudar a ficarem pé e a tirar a minha calça que o resto eu faço. — Explicou. — Tomtom.— Chamou a irmã, mas não obteve resposta.
— Ela esta lá embaixo.— Disse ainda sem reação.
— Preciso ir logo. — Alertou.
— Vamos lá. — Karina disse sem saber o que fazer.
Ajudou o garoto a levantar da cama, e foi caminhando lentamente para o banheiro, colocou-o de frente para o vaso sanitário e o garoto apoiou as maos na parede a sua frente.
— Agora desabotoa.— Se referia a calça. E assim a garota fez, ficou parada olhando enquanto o garoto ia com a mão ate o cós da cueca.
— Vai ficar olhando? — Perguntou vendo ela ainda o olhando.
— Oh, não. — Disse saindo apressada.
— Mas se quiser ficar, eu não ligo.— Caçoou dela.
Depois de poucos minutos Karina voltou ao banheiro vestindo a calça do garoto, e quando estavam se aproximando da cama foi interrompida.
— Eu queria sair do quarto.— O garoto olhou-a receoso.
— Ta. — Disse breve, levando-o para sala. — Quer alguma coisa?
— Não.— Disse deixando formar-se um silêncio, que foi quebrado logo depois. — É impressão minha ou você estava com ciúmes de mim?
— Eu? Você só pode estar brincando comigo.— Riu irônica. — E é melhor pra você que esteja. — Apontou o dedo para ele.
— Vou fingir que estou brincando. — Piscou para ela.— Você é bem inquieta. — Disse vendo-a bater os pés jo sofá.
— Eu fico assim quando não treino.
— Você é amarradona nisso ne?
— È... Sempre foi meu sonho, desde pequena.— Disse tímida.
— Então por que você preferiu cuidar de mim?
— Você não vai entender, e eu nem queria mais isso. — Murmurou mentindo.
— Mas se você quiser eu posso dar um jeito nesse seu tédio.-Mudou de assunto, sorrindo malicioso.
— Garoto, não cutuca a onça com vara curta.— Disse tentando disfarçar o sorriso.
Ao fim da tarde Delma subiu para ensinar Karina como dar banho em Pedro e logo depois ela voltou para sua casa, estava realmente cansada e por isso, assim que terminou o jantar, foi se deitar.
{ ···· No dia seguinte ···· }
Pedro teria sua primeira sessão de fisioterapia, e mesmo contra a vontade de Gael, Karina, faltaria a escola para ir junto.
Chegaram no consultório e logo foram atendidos, apos tirar o gesso Pedro foi encaminhando para uma sala com aparelhos
— Vamos começar? — O médico conduziu o garoto para o primeiro aparelho.
Pedro se saiu bem, mas quando foi aumentando o nivel de dificuldade suas pernas começaram a falhar.
— O que esta acontecendo em? — Pedro parecia desesperado.
— Calma, isso é normal, você não vai voltar a andar da noite pro dia, claro que, se vier em todas as consultas e treinar com a ajuda de alguém em casa, vai ser mais rápido. — Orientou o medico.
— Ta bom. — Pedro disse cabisbaixo. O médico deu o retorno e eles saíram do consultório.
Durante o caminho ele estava claramente decepcionado consigo mesmo.
— Pedro, vai ficar tudo bem, você teve um ótima evolução. — Karina tentou deixa-lo melhor.
— Porque não é você que esta passando por isso. — Disse ele sentido.
— Opa! Muitas pessoas estão piores que você. — Interveio Gael.
É feio reclamar de barriga cheia. — Exclamou Karina irritada.
Pedro suspirou e continou com o olhar vago. Ao chegarem Pedro agradeceu Gael e subiu com a ajuda de Karina.
— Quer se deitar?— Karina perguntou a ele que assentiu, ainda de cara virada com a garota.
Enquanto isso ela foi na cozinha preparar algo para comerem, mas quando voltou o garoto dormia sereno. Observava-o, quando o celular do mesmo vibrava freneticamente, e ela tratou de pegar logo para não acorda-lo, porem sua curiosidade falou mais alto, e a tentação foi maior ainda quando viu que estava livre de senhas. Eram mensagens de Tainá, passou a ler a conversa por inteiro, mas uma parte lhe chamou a atenção.

De Taina
Sua babá ainda esta por ai?

De Pedro
Não.

De Taina
Tenho dó de você

De Pedro
Não se preocupe, eu vou ensina-la a andar nas rédias curtas.

De Taina
Rédias? Bem a cara dela kkkk
Manda ela pastar de uma vez.

De Pedro
Não posso, são ordens de minha mãe. Se fosse por mim ela não estaria aqui.

A bochechas de Karina estava cobertas por suas lágrimas, mas não sentia ódio de Pedro. Sentia ódio dela mesma.
— O jeito é eu te esquecer. — Falava para ele como se o mesmo escutasse. — Nem que seja a ultima coisa que eu faço. — E ela realmente estava decidida.

Continuaa...