Eu juro que se há alguns anos atrás alguém me falasse que eu iria gostar do cabeça-de-alga, eu mataria a pessoa. Mais agora eu nem sei mais o que pensar. Me virei novamente em meu beliche, até que alguém reclamou dizendo "Vá dormir, Annabeth". Eu não iria conseguir dormir, disso eu tinha certeza. Me levantei e sai de meu chalé, primeiramente sem rumo, até que me vi perto do lago me sentei e pensei em minha família, amigos e Percy, não sei se Percy ainda pode ser considerado um amigo. Veja bem, você não tem ciúmes de um amigo quando ele está perto de uma garota, quando ele está somente conversando com ela, e ainda que você saiba que eles estão conversando sobre uma missão e que eles se odeiam. Não me leve a mal, sei que Thalia não é nada mais que uma amiga para Percy, mais Percy um dia para mim foi nada mais que um amigo. Hoje eu já nem sei mais.

- O que faz aqui fora, Annabeth?

  Estava tão perdida em pensamentos que nem notei quando alguém se aproximara. Eu sabia que não era Percy, a voz era feminina demais. Só podia ser uma pessoa.

- Olá, Thalia. Estava sem sono, e você?

- Apenas refletindo.

- Sobre...

- A vida. Sabe, às vezes eu não queria ser filha de Zeus. Isso complica muito a minha vida.

- Não diga isso, Thalia. Seu pai pode ficar chateado.

- Tem razão, mais acho que ele nem liga – Thalia queria muito mudar de assunto - Mais e você, Annabeth, pensava em que?

- Nada.

  Resolvi que não falaria mais, Thalia me conhecia muito bem, lógico que iria saber que eu começara a gostar de Percy, assim como ela descobriu que eu gostara de Luke.

- Annabeth? Vou lhe dizer uma frase que a minha mãe me disse uma vez.

- Diga.

- Não deixe para fazer amanhã o que se pode fazer hoje. O amanha pode não acontecer.

  Logo após falar isso Thalia saiu. Acho que essa frase me fez refletir até demais. Se eu não contasse a Percy o que eu sentia por ele, eu poderia ficar na duvida para sempre, ou então resolve-la. Decidi que pensaria amanhã, afinal ainda eram onze horas da noite, eu poderia ir dormir. Tão logo pensei em ir para o meu chalé ouvi a voz que me fez arrepiar.

- Annabeth?

  Me virei e dei de cara com uma pessoa que eu realmente só esperava ver amanhã, ainda estava com a cabeça na frase que Thalia havia me dito.

- Percy.

- Está com frio?

  Ele notara o arrepio, graças aos Deuses Percy pensava que eu estava com frio. Ele me estendia seu casaco.

- Estou sim. – Peguei o casaco, apenas para disfarçar, não estava com frio. – Obrigada.

- De nada. Então o que faz aqui fora tão tarde?

- Apenas pensando. E você?

- Estava ajudando um golfinho que ficou preso em uma rede de pesca.

   Houve um silencio, era meio constrangedor, mais eu sabia que se falasse alguma coisa, iria falar algo que me entregasse.

- Vamos fazer um jogo?

- Depende. Qual jogo?

- Perguntas e respostas. Mais tem que ser rápido. A primeira coisa que lhe vier à cabeça.

- Tudo bem. - Respondi meio receosa, afinal, eu poderia estragar tudo.

- Posso começar?

- Aham.

- Cor preferida?

- Amarelo. Comida preferida?

- Qualquer coisa azul. Lugar preferido?

- Acampamento meio sangue. Bebida preferida?

  E assim se seguiu por varias rodadas. Já estava acostumada, respondia a primeira coisa que me vinha na cabeça. Era um jogo rápido.

- Em que estava pensando?

- Você – Respondi com rapidez, já ia fazer outra pergunta quando me toquei. DROGA! Nem me dei o trabalho de olhar para ele. Apenas falei. – Tenho que ir! – Me virei e sai.

  Não fui muito longe, na verdade, nem andei dois passos, quando senti alguém em segurar e me puxar de volta. Bati contra o peito de Percy, muito perto dele.

- Estava pensando em mim?

  Não respondi. Na verdade eu mal conseguia raciocinar. Ele estava tão perto que eu podia sentir sua respiração, seu hálito de menta, e seu corpo colado ao meu. Meu coração acelerou mais ainda, eu mal conseguia respirar.

- Annie? Estava pensando em mim de que maneira?

- Eu... e-eu.

  Minhas bochechas estavam ficando rubras, eu não podia admitir a forma que pensava nele.

  Acho que Percy só notou um tempo depois o meu estado. Estava vermelha e suando frio. Então ele riu. No começo fiquei com raiva, afinal, não tinha porque ele rir de mim. Mais ele não parecia rir DE mim, ele parecia rir consigo mesmo. Como se estivesse feliz por algum motivo que eu não sabia. Logo ele me olhou novamente, com um sorriso alegra no rosto. Então falou.

- Obrigado, Afrodite.

  E me beijou. Era o meu primeiro beijo. Eu sabia que tinha que ser com alguém que eu realmente gostava, e Percy era com certeza o cara certo.  Era algo diferente, primeiro ele apenas selou nossos lábios, com calma e delicadeza. Mais logo se tornou algo mais urgente como se não pudéssemos controlar. Mais ele me soltou. Resmunguei irritada, eu não queria parar. Ele riu.

- Será que você pode parar de rir por um segundo?

- Eu estou feliz.

- Por quê?

- Afrodite atendeu os meus desejos.

- E qual era o seu desejo?

- Que você gostasse de mim, da mesma forma que eu gosto de você.

- E de que forma você gosta de mim?

    Ele deu um sorriso de canto de boca.

- Eu te amo, Annabeth.

  Fiquei atordoada por alguns segundos, mais ele falou com tanta certeza que eu só pude acreditar. Eu sempre souber que o que eu sinto por ele é mais que amizade. Mais agora eu tenho certeza do que é. É amor.

- Eu também te amo, Percy.

  Ele sorriu, aliviado. Ele estava com medo de que eu não respondesse nada ou desse um fora nele.

  Ele apenas me encarava com um sorriso bobo no rosto. Se ele não ia tomar uma atitude, eu ia.

- Vai ficar ai, só me olhando?

  Ele riu gostosamente.

- Espero que você nunca mude. É perfeita do jeito que é.

  Essas foram as suas ultimas palavras antes de me beijar de novo.