As Neuras de João - Joanca escrita por Nex


Capítulo 1
Capítulo 1 - Sou um Buraco negro


Notas iniciais do capítulo

Sabe azar, azar mesmo, falta de sorte, dedo pobre, infelicidade, praga e todas essas coisas que podem acabar com nossa vida? Pois é, eu tenho isso.



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Querido diário, querido diário? Que coisa ridícula é esse João? ta loko?

É ficou bem ruim mesmo, vamos de novo, segunda tentativa.

E aí! Folha de caderno que minha analista me forçou a escrever por que disse que eu preciso externar meu sentimentos bla bla bla...

– TA FODA! EU SÓ ME FERRO.

Sabe azar, azar mesmo, falta de sorte, dedo pobre, infelicidade, praga e todas essas coisas que podem acabar com nossa vida? Pois é, eu tenho isso.

Nunca vi, Eu só me ferro, é impressionante como a vida simplesmente não me curte, não me ajuda, não me suporta. Desde pequeno eu fui o excluído, o esquisito, o zero a esquerda, direita e todas as eitas da vida.

Primeiro foi meu pai, quer dizer paistel, chamo ele assim, por ser o tipo de pessoa que parece ser alguma coisa, mas na verdade não tem nada dentro, tipo pastel de vento. A carcaça é boa o interior vazio, parece cruel falar isso do grande galã, humm grande galã, vai ver é por causa dele que eu odeio todos os galãs, tipinho sem graça que sem esforço nenhum derrete todas as mocinhas. Idiota, ele que começou a desabar com a minha vida, era um fraco acabou fritando as ideias e sumiu no mundo. Amou mais a bebida do que o filho, típico né.

Na escola eu era sempre o ultimo a ser escolhido, o magrelo que só apanhava e era perseguido pelos gigantes e valentões barghhhh. Parece até história de filme, o nerd que sempre é perseguido pelos brutamontes sem cérebro. Não suporto gente assim sabia, que acham que ter beleza te faz melhor que os outros. Beleza é apenas uma parte de nós, no meu caso uma parte bem pequena, mas minha analista jura que um dia alguém ainda vai me achar lindo, fofo, divertido, (fofo? kkkk), enfim, ta valendo.

Minha mãe é a única coisa boa que eu tenho, Dona Dandara, linda quer dizer a mais linda de todas as pessoas que eu conheço e as que não conheço também, duvido que tenha alguém mais perfeito que ela, você não tem noção, a voz dela, paralisa, hipnotiza, é encantadora e o abraço dela, ah o abraço dela, o colo me protegem, é que o não me deixa enlouquecer de vez. Se existe algo bom em mim, veio da Dona Dandara. Único defeito dela? Péssimo gosto em homens, tipo péssimo mesmo, se o cara não presta ela gosta, inclusive eu que ela teima em achar uma pessoa legal, ai ai mães não sabem de nada da vida.

Cresci me fechando cada vez mais pra vida, é como se eu fosse um buraco negro, entende, que tudo que vem da luz, acaba sumindo em mim. Nunca fui bom às pessoas e elas também parecem não ser muito minhas fãs.

Por achar a vida difícil demais me transportei para o mundo virtual. Ah!!! muito mais legal, lá eu posso ser quem eu quiser, o soldado, o herói, o musculoso, o destruidor, o vilão e o melhor de tudo nunca sou o esquisito magricela que as pessoas teimam em rotular.

Confesso que de alguma forma elas até que tem razão, sou esquisito, não penso como os outros e não concordo com os clichês da sociedade, quem é que decide o que temos ou não de ser ou falar? Por que é mesmo que eu preciso me adaptar ao mundo? Onde fica a liberdade nisso tudo?

Tudo ia bem, bom não bem do jeito que as pessoas acham bom, mas, bem no sentido que eu estava conformado com o que eu achava bom. Entendeu? Não né, deixa para lá é complicado mesmo. O problema é que minha mãe não achava nada na minha vida bom. Aí inventou que eu precisava de analise, gente analise é coisa pra maluco ou pra fraco que não sabe se relacionar com o mundo, eu sei me relacionar com o mundo, só não quero. Ela não me ouviu.

– Mãe, por que é que eu preciso de analise? Não vejo necessidade nisso.

– João, por que faz uma semana que você não sai da frente desta televisão, filhote a vida é mais que jogos de vídeo game e internet.

– tem razão Dona Dandara a vida é mais, mais chata, mais difícil e mais traiçoeira, mais sacana, quantos mais você quiser.

– João Spinelli!!! Levanta agora desse sofá e vai trocar de roupa, antes que eu perca a paciência.

– Pô mãe, Spinelli? Spinelli? Você sabe que eu odeio esse nome e isso foi golpe baixo, agora que eu não levanto mesmo.

– João, por favor, eu estou te pedindo filho, vai à consulta, se você não gostar da Dra. Olga, não precisa voltar.

– Ahhh mãe, Olga? Olga?! Isso é nome daquelas senhoras, mal encaradas que vai querer me matar mesmo antes de falar oi, já estou até vendo, baixinha, com uma roupa brega, saiote, com um linguajar perfeitamente chaato e com cara de bulldog, nada contra as Olgas da vida, mas, parece mais nome de planta aquática do que de pessoa.

– João você e vai agora, ou você de arruma ou eu sumo com todos os vídeos games.

– Já fui, levantei, não está vendo, estou pronto- questão de segundos e já estava pronto, também nunca penteava o cabelo, peguei a primeira camiseta listrada que vi e calcei os velhos tênis de sempre.

Minha mãe parou o carro na frente de um prédio, me deu um papel na mão com o numero do andar e do consultório, mas, não ficou pois tinha uma reunião com uns amigos antigos, só ficou esperando eu entrar e gritou do carro que ligaria para o consultório dentro minutos pra saber se eu tinha subido.

Droga! Só por que pensei em sumir. Acabei subindo, a secretária disse que a Doutora estava atendendo um paciente e me direcionou as cadeiras da recepção. Estava preparado para o pior, já tinha lido todas as revistas da mesinha de centro, ou melhor, já tinha folheado todas as imagens daquelas revistas e o mundo continuava o mesmo ou falavam sobre loucos, ou sobre celebridades em suas perfeitas vidas, ou de loucos que viraram celebridades kkkk.

A porta do consultório se abriu e saiu um carinha, os olhos inchados como se tivesse chorado, mas, sua aparência era super animada. A secretária veio até mim e disse que eu podia entrar. Entrei morrendo de medo com o que veria e realmente foi um susto, a Dra Olga, não era um Bulldog de jeito nenhum, Meoo Dellss que mulher gata, morena, corpaço, devia ter uns 35 anos, roupa comportada mas toda justinha e com um decote que quase acorda o Steve, me segurei para não desmaiar com tanta beleza.

– João Spinelli né, prazer eu sou a Dra. Olga, entra, fica a vontade pode sentar onde quiser.

Caraca muleque, que mulher, que voz, até o nome escroto do paistel, ficou perfeito na voz dela, Sxxpinelli, estou no paraíso. Fiquei tão surpreso com a visão que viajei nos pensamentos e só pude ouvir o meu nome bem lá no fundo.

– João? João está tudo bem?

– Ahmm? que? ééé estou bem, bem demais, o que a senhora tinha falado?

– Primeiro não me chame de senhora é Olga – ela disse sorrindo – e o que eu disse foi para você entrar e se sentar.

– Ah sim, sim, pode ser junto com você? Quer dizer, na cadeira ao seu lado? – senti meu rosto queimar, devia estar parecendo um pimentão, Idiota se controla. ela apenas consentiu rindo da situação.

Por mais bonita que ela fosse e por mais admirado que eu estivesse, depois de alguns minutos de conversa, eu estava mais compenetrado no assunto e no quanto ela estava me ajudando do que na sua aparência. Descobri que realmente precisava de analise e ela ajudou, ajuda até hoje. Nem vi o tempo passar, conversamos e eu estava tão nervoso que disparei a falar, nesse dia descobri que quanto mais nervoso eu fico, mais eu falo e quanto mais eu falo mais besteiras saltam da minha boca. Preciso aprender a controlar isso.

– Sabe o que é Dra. eu não sou feliz, nem sei como ser, não aprendi, tirando minha mãe não tem ninguém que eu ame, nem eu mesmo.

– João o amor não é algo que a gente raciocina ou compra, engraçado né, não tem como se ensinar a amar, mas aprendemos a amar. Cada um aprende por si, a sua maneira. Está nos olhares, no abraço, no sorriso, está em escolher fazer bem para outro, em proteger, fazer e ser feliz e você sentirá isso se você permitir que as pessoas entrem, iluminem o buraco negro que você diz ter em si mesmo. Meu conselho aqui é dê uma chance para as pessoas, dê uma chance pra si mesmo, quem sabe você não se surpreenda.

– Sei não Dra, sei não.

– Bom, infelizmente nosso horário acabou, foi muito bom te conhecer e espero que você volte.

Ela se levantou e fique olhando ela caminhar até a porta, até tinha esquecido o quão gostosa ela era, lógico que voltarei perder a chance de passar uma hora conversando com essa beldade e de quebra ainda aprender sobre a vida?

– Claro que volto. Até maisDra. Olga, foi um prazeerrr te conhecer também.

A secretária me avisou que minha mãe já estava me esperando lá embaixo, entrei no elevador pensando sobre o que tínhamos conversado. - dar uma chance para o amor? - Que coisa de novela ou filminho romântico, pena que minha vida seja um trilher ou no máximo uma comédia, daquelas que o cara só se ferra e não pega ninguém.

– E ae filhote, foi boa a consulta? a Dra. Olga é legal? - ela perguntou meio que franzindo a testa com medo da resposta e eu acabei rindo.

– Foi a Dra. Olga é uma gostos... Profissional super competente, até combinei de voltar, eu posso voltar não posso?

– Claro né João, tudo pra te ajudar filho, ah! Minha reunião foi ótima, meus amigos estão montando uma academia de artes e me chamaram para fazer parte e claro eu aceitei, adoro trabalhar com isso você sabe né filhote. Ribalta o nome, legal né?

– Ri-bal-ta, é o nome legal, mas, aposto que não deve ter nada de interessante lá, nem adianta me chamar para ir que eu não vou. Eu e artes nada a ver, nem imagino como seria subir num palco como ator, rsrsrsrs nada a ver.

– Ah João, por que você não dá uma chance quem sabe você se surpreende.

– Nossa! tive a impressão que já ouvi isso, mas, quem sabe um dia Dona Dandara.

Um dia quem sabe...


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem e comentem!



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