Víctimas Del Pecado escrita por Miss Addams


Capítulo 52
Epílogo




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O sol naquela tarde estava forte fazia com qualquer um que se atrevesse a sair ficasse desejando um pouco de algum líquido gelado. Qualquer um para matar a sede.

Mesmo assim, ela saiu de casa disposta a torrar naquele sol estava acostumada, caminhava calmamente pelo asfalto quente se vestiu para a ocasião que não deixava de ser surpreendente, como quando era nova, como a jovem da cidade de Puebla.

O vestido era negro, luto, era justo ao seu corpo que adquiriu formas e curvas com o tempo. Contrastava com a pele dela branca apesar de tudo, o que a sustentava era um salto alto também negro, fechado. E mesmo assim ela parecia flutuar com eles, tinha leveza no caminhar, um traçar de pernas que daria trabalho para qualquer modelo de passarela. Muito de longe parecia com a jovem desengonçada do passado.

Subiu degrau por degrau da escadaria, no topo ela deu uma última olhada em um pequeno espelho no seu visual, as olheiras dos últimos dias desapareceram com a maquiagem que também escondeu as poucas imperfeições em seu rosto, o destaque da imagem refletida sem dúvida era a boca num vermelho vivo de sangue e pelo batom forte que ela passou. Guardou o espelho e pegou o véu negro grande colocando na cabeça cobrindo o essencial. Os cachos de seu cabelo e um terço de seu rosto.

Não estava preocupada em ser reconhecida ou não, ela só precisava fazer isso, da pequena bolsa que trazia consigo, tirou um terço completamente branco e olhou o topo da catedral. E entrou.

A Catedral estava vazia e ecoava o som de seus passos, sobre seu salto alto. Ela não se abalou pelas imagens dos santos, as pinturas e até mesmo o Cristo crucificado no centro da Catedral, e foi em frente dele que ela se abaixou rapidamente como sinal de reverência, se tivesse certa o padre estaria onde ela queria no confessionário.

:- Padre? – ela perguntou numa voz firme com educação.

:- Sim, minha filha. – o senhor demorou para responder, porque justamente estava cochilando dentro do confessionário aberto.

:- Quero me confessar. – ela disse ainda de pé o vendo se arrumar numa melhor posição.

:- Claro, minha filha. – ele fechou a pequena porta de madeira e esperou que ela ficasse na sua frente de novo, a estrutura do confessionário era feita de madeira, ela olhou o pequeno estofado e se ajoelhou apertando o terço que tinha nas mãos, subindo o indicador ela fez o sinal da cruz em total respeito em vez de crença, na realidade ela tinha se afastado de sua religião.

:- Perdoname, padre por que he pecado. – Disse olhando para o senhor através da madeira, mesmo que ele já tenha a visto, não a olhava estava de perfil, ela queria demonstrar sinceridade até em suas palavras.

:- Me conte seu pecado, minha filha, a verdade lhe libertará. – ele disse pronto para escutar.

:- Eu fui víctima del pecado padre. – A mulher voltou a falar. – Eu fui vítima do amor e depois do ódio. Por causa de um homem me tornei algo que não desejava, por um homem sofri até me libertar do sofrimento.

:- Minha filha seja mais direta, não estou entendendo.

:- Temos tempo padre? Posso contar a história toda. – ela perguntou esperançosa, não falou isso com mais ninguém, ela não tinha ninguém para confiar o suficiente para dizer o que lhe aconteceu.

:- Temos.

:- Sou da cidade de Puebla e lá a vida é bem diferente daqui, quando eu era jovem me apaixonei perdidamente por um turista, seu nome era Rodrigo de tão apaixonada não me dei conta de quem ele era realmente padre, eu vivia lá com minha abuelita de todos os meus parentes ela foi a única que sobreviveu e quando ela morreu, convenci Rodrigo a morarmos juntos.

O padre a escutava atento e se olhasse para ela poderia ver seus olhos distantes viajando, no passado.

:- Mas, então descobri a verdade que ele estava fugindo da polícia era traficante de drogas e pessoas, me senti traída e o expulsei de casa. Mais tarde descobri que estava grávida eu consegui sobreviver, quando meu bebê nasceu, Rodrigo voltou me pedindo perdão. – ela apertou inconsciente o terço na mão – Só que ele me traiu novamente padre.

Maite parou de falar se lembrando da dor que sentiu.

:- Como ele te traiu? – O Padre lhe perguntou.

:- Ele roubou meu bebê e vendeu para pagar algumas de suas dívidas com seus comparsas, e além de tudo colocou provas de seus crimes em minha casa. Algum tempo depois eu fui presa. – ela falava com ódio por tudo que ela passou por ele.

:- Fiquei anos presa, cumpri minha pena, Padre. Mas, tudo mudou, eu mudei. E tudo o que eu queria a fazer paga-lo por ele ter tirado o que mais amei na vida, meu filho, encontrei seus comparsas e fui em busca do meu filho só que descobri que com quatro anos ele morreu num acidente com seus pais adotivos, no Texas. Eu já fui aquela cidade acreditando que encontraria Rodrigo lá quando na verdade quem estava era o meu filho, mas eu não tinha a menos noção disso. O meu ódio por aquele homem sem coração aumentou sabe padre, o meu único objetivo na vida era acabar com ele.

O Padre temeu pelo pior começando a imaginar coisas terríveis que possam ter acontecido e pelo que essa mulher passou, começou a implorar mentalmente que ela não tenha feito o que ele estava pensando.

:- Com o tempo eu conheci pessoas, fui atrás do passado de Rodrigo, o procurava com desespero. E o encontrei Padre e acredite se quiser ele não mudou, continuava fazendo as pessoas sofrerem e não foi por empatia ou pena delas que eu fiz o que eu fiz. Eu o fiz por mim. – ela disse sem sombra de arrependimento.

:- O que você fez com ele minha filha?

:- O matei. – ela falou simplesmente para depois a acrescentar. – Eu matei o desgraçado assim como ele fez comigo arrancando o meu filho de mim. Ele me matou.

O Padre engoliu saliva lentamente não imaginava que escutaria uma confissão como essa, e se benzeu temendo pela mulher. Mas, se deu conta de onde estavam num confessionário e ele não poderia falar nada a ninguém por mais que ela tenha sofrido não justificava ela ter matado o homem.

O homem de Deus se via dividido no seu dever como Padre perante a Deus e como cidadão perante a sociedade.

:- Padre eu sei que nada sairá daqui nenhuma palavra. Eu apenas estou fazendo uma confissão, não espero nenhuma penitência por que o que eu fiz não tem o perdão, eu vim aqui para falar pela primeira vez e última sobre isso. – se levantou antes que saísse, escutou o Padre dizer.

:- Que Jesus nosso senhor misericordioso tenha piedade de sua alma e a perdoe minha filha.

E ela sorriu e mesmo que o padre não tenha visto ele estava certo se sentia libertada daquele fardo que carregava e falou no mesmo tom para que ele o escutasse.

:- Sei das consequências dos meus atos, Padre e eu também espero que ele me perdoe assim como eu o perdoei por ter me abandonado quando eu mais precisava.

Antes de sair da Catedral, Maite se curvou ligeiramente fazendo o sinal da cruz em frente ao Cristo crucificado, ainda respeitando estranhamente se sentia aliviada por ter confessado seu maior pecado, mas ainda assim não estava arrependida de o ter cometido.

Apressou-se caminhando para a saída tinha que pegar um táxi para ir ao aeroporto, tinha uma viagem definitiva para longe desse país.

A veces la venganza es nuestro peor pecado.

Fim


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Notas finais do capítulo

Esta estória fala de vingança e de como a maldade pode dominar um ser humano até o ponto de ficar cego e morto de fome. Faminto, por poder, dinheiro e sexo. Além disso, essa estória fala sobre ser vítima e sobre ser caçador, cada personagem nasce uma na outra e sem essa não pode existir.


Todos foram vítimas.

Felipe foi Vitima de Eugênio, Eugênio foi Vitima de Felipe, Dulce Vitima de Eugênio, Poncho de Angelique, Gonzalo e Rodrigo vitimas de Felipe. Maite vitima de Rodrigo e ele dela.

O pecado de cada um é ser vítima do outro, de não poder existir sem o outro, suas vidas estão entrelaçadas de uma forma que sem esse nó, tudo se acaba. Uma estória onde vilões se transformam em mocinhos e vice e versa, o perigo se mistura com o amor, ódio e especialmente com o desejo. Se algum momento se identificou com algum trecho dessa estória, então ela foi feita para você leitor, para mexer com seus sentidos e nervos e espero que assim como eu, autora, tenha vontade de ler, reler, reler, reler e reler.

Obrigada.



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