O despertador pareceu ter tocado mais alto do que de costume, sendo então, parado pelo movimento quase involuntário de Alex. E quando ela estava quase voltando a dormir, iniciaram-se batidas incessáveis em sua porta, seguidas por uma voz infantil chamando seu nome. Ela chutou as cobertas, indo em direção à porta, abrindo-a em um movimento rápido. A pequena garota à sua frente usava um pijama estampado por borboletas e flores, seus cabelos loiros estavam presos em duas marias-chiquinhas, enquanto seus pés eram acobertados por duas pantufas rosa com o rosto de um coelhinho.

- É hoje! É hoje! É hoje! – Lucy era do tipo que se empolgava com praticamente tudo; se ganhava um urso de pelúcia novo, pulava pela casa inteira, se ganhava uma caneta falha, fazia o mesmo. O excesso de glicose era apenas uma das coisas que aumentava seu estado de empolgação.

- Qual o seu problema, garota? São oito da manhã, e é domingo. Vai dormir – Alex, que já ia fechar a porta, fora arrastada para fora do quarto, e logo acabou descendo as escadas por conta própria.

Ela prendeu os cabelos ruivos em um rabo de cavalo enquanto entrava na cozinha. Só então lembrou que era aniversário de Oliver, o irmão do meio. Alex bagunçou os cabelos do irmão, loiros, como os de Lucy, e sentou-se à mesa, já pegando uma torrada.

- Parabéns garoto – sua mãe parabenizou, assim que entrou no cômodo, e como a filha, bagunçou os cabelos de Oliver. Alex era no mínimo uma cópia de sua mãe, com certas características um pouco mais acentuadas. Alguns momentos depois, Steve chegou ao local, dando um abraço no filho, o parabenizando em seguida.

A garota já havia se acostumado com o fato de seus pais serem “super-heróis” e de irem a missões quase sempre. Não era algo que ela podia contar aos seus amigos, ou colegas de escola, seria algo como, ontem meu pai, que é corretor, vendeu duas casas, e ela diria legal, os meus pais ontem invadiram uma base inimiga e escaparam de várias bombas; meu pai levou um tiro no braço, mas ele tá bem. As únicas pessoas que sabiam disso eram pessoas muito próximas, mais precisamente membros da equipe, ela e seus irmãos. Bem, também tinha o filho de Tony Stark e Pepper Potts, Nicholas, que ela considerava um verdadeiro pé-no-saco, os filhos de Bárbara Morse e Clint Barton, gêmeos, Valentina e Ted, a filha de Wanda e Visão, Kira, sem contar, talvez, os outros filhos de outros heróis da equipe que ela nunca viu ou ouviu falar.

Como de costume, assim que terminou o café da manhã, Alex subiu de volta ao seu quarto, trancando a porta e ligando a música em seu celular no volume máximo. Ela deitou em sua cama, mexendo levemente a cabeça ao ritmo de Can you feel my heart, enquanto lia as últimas mensagens que lhe enviaram pelo Whatsapp.

“Adivinha quem me convidou pra festinha de dezesseis anos?” perguntou Pilar, uma das poucas amigas de Alex na escola. “Deixe-me ver” ela parou para pensar um pouco, mas logo encontrou sua resposta “a vadia da Kathy?”. Pilar logo confirmou suas suspeitas. Frustrada, ela jogou o celular na cama, traçando um caminho com suas mãos do rosto aos cabelos. Ela queria ter problemas normais, problemas comuns na vida de uma garota de quinze anos, não os problemas que ela costumava ter relacionados ao trabalho de seus pais. O belo clichê do “só queria ter uma vida normal”.

Natasha descobriu estar grávida de sua primeira filha, Alexa, ou melhor, Alex, três meses após seu casamento com Steve Rogers. Um ano depois veio Oliver; oito anos depois, Lucy. Alex era a ovelha negra da família. Bem, alguém acabaria sendo de qualquer forma.

Naquela noite, seus pais precisaram sair em uma missão. Alex fez como sempre, deu um abraço em cada um e se recolheu novamente em seu quarto. Mas após mais de duas semanas de espera, ela começou a sentir que algo estava errado. Após quase um mês sem notícias, Alex tinha certeza de que algo estava muito errado.